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Colunista Prof. Emanuel Leite
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Colunista A Faculdade Empreendorismo |
CRIAR NOVAS EMPRESAS: DESAFIO DOS EMPREENDEDORES
De um
dia para outro, a vida de muitos brasileiros sofreu uma transformação
radical: estão com alguns milhares de reais no bolso, frutos de uma
indenização, mas com muita angústia e incertezas para enfrentar. São
obrigados pelas circunstâncias a ter que arregaçarem as mangas e recomeçar
tudo, criando o seu próprio emprego. Histórias de despedidos nem sempre têm um final feliz. Existem angústias para gerir, auto-confiança que se perde, valores destruídos e depressões que batem à porta. Muitos, até de forma atabalhoada, partem, desesperadamente, à procura de criar uma empresa e ai descobrem que há sempre uma parte de empreendedor de cada um deles.
Defendemos a tese de que o processo de criação de empresas é um
fenômeno comportamental que envolve questões como: acreditar nas suas
capacidades criativas, não ter receio de errar, estar preparado para fazer
coisas que nunca pensou em realizar antes, trabalhar muito, procurar o apoio
de padrinhos, indivíduos que podem ajudar clarificar a idéia do negócio a
ser criado (uma sistemática originalmente desenvolvida pelos franceses). A
criação de novas empresas é um objetivo importante em todas as economias,
principalmente pela sua contribuição para o emprego e para a inovação,
especialmente diante da realidade brasileira onde o emprego e a inovação
andam escassos. Da mesma forma é conhecido o fato de, em todo o mundo,
particularmente no Brasil, serem relativamente baixa percentagens de sucesso
das empresas criadas e muito elevado o índice dos fracassos. A
elevada mortalidade das empresas no seu início de vida é compreensível
pelas mais diversas razões: quase nenhuma vivência na área de administração,
recursos financeiros insuficientes, pouca experiência na definição dos
produtos ou serviços, pouco conhecimento do negócio em que se vai
envolver, tentar que exista o mínimo de endividamento possível, o não
recrutamento de sócios para o projeto que tenham competências que
complementam entre si. Todavia,
o fator determinante para os fracassos é a freqüente ausência da
componente inovação/diferenciação dos produtos ou serviços, seja nos
produtos, nas tecnologias, na comercialização, ou seja, no que for,
relativamente ao que for oferecido pela concorrência. Porque ainda que
todos conheçamos casos de sucesso de novos empreendedores que são
vencedores, onde outros não passaram de uma posição mediana, a realidade
nos ensina que os custos para entrar nos mercados já existentes, para
tentar fazer o mesmo e de forma semelhante às empresas já estabelecidas são,
com freqüência, excessivamente elevados, mesmo quando o resto é feito
corretamente. Por
isso, uma boa idéia para qualquer novo empreendedor é começar por estudar
a concorrência na área em que pretende iniciar a sua atividade, fazendo na
ótica do mercado e começando por se questionar o que é que os clientes
gostariam de ver de diferente nos produtos ou serviços existentes e na
forma como esses produtos ou serviços são oferecidos. Como, no caso de não
existir ainda uma área concreta para realizar o investimento, é uma boa prática
fazer um levantamento dos desejos e necessidades dos indivíduos ou da
sociedade, que não encontram resposta adequada no mercado, procurando
especular sobre a evolução futura dessas necessidades ou desejos.
Há muitos empreendedores concentrados nos lucros do que nos
produtos/serviços, mas aquilo que recompensa aos verdadeiros empreendedores
são os bons produtos/serviços, porque são estes que seguram os clientes.
A mensagem é clara, não as modernas técnicas praticadas por
profissionais da administração que levam as empresas ao sucesso e ao
crescimento. É o espírito empreendedor, até pouco tempo atrás
considerado fora de moda. Na verdade, a promessa feita pelas mega-empresas,
de que seriam os motores da prosperidade, com seu racionalismo, revelou-se
um mito. Os fatos demonstram que o real crescimento de qualquer economia
resulta do trabalho de novas, entretanto mais empreendedoras, micro e
pequenas empresas.
O bom senso nos diz que, se pretendemos realmente conhecer o que é básico
em qualquer negócio, devemos olhar aqueles que foram mestres nisso - os
empreendedores. As grandes lições de como administrar não nos são dadas
pelas corporações burocráticas; também não nos chegam através das
escolas de administração e muito menos de MBA's, onde somente aprende-se a
contar dinheiro do que a fazer dinheiro.
Qualquer um que se disponha a procurar, encontrará os fundamentos da
empresa empreendedora: coisas simples, práticas básicas, implantadas com
obsessão.
As regras de ouro da inovação rápida são: a necessidade de
inventar, liberdade para agir que estão respaldada em outro fator que
acreditamos ser de fundamental importância: gente auto-motivada, pessoas
comuns fazendo coisas extraordinárias.
O principal trunfo de uma organização empreendedora é saber que o
verdadeiro negócio é o produto/serviço e o consumidor, que é preciso
também ser rápido e ter plena consciência de que as inovações são a
arma contra as grandes concorrentes; perseguirem uma missão; criarem
valores genuínos para seus clientes, empregados, fornecedores. Conhecer bem
"o quê" e o "como" são requisitos fundamentais para se
ter uma missão realizável. Dicas
aos candidatos a empreendedores: ame o que você faz, compartilhe sucesso e
fracassos, reserve o melhor de si para clientes e produtos/serviço.
Finalmente, é bom sempre ter em mente que podemos ter uma empresa
sem sócios, sem empregados, porém nunca sem clientes. Em resumo, uma estratégia correta para iniciar uma empresa passa pela prioridade à inovação, por procurar a eficácia dos capitais investidos e pela devoção ao cliente. Emanuel
Ferreira Leite. Doutor
em Empreendedorismo - Universidade do Porto
Professor
de Criação de Empresas da FCAP – UPE Autor
de “O Fenômeno do Empreendedorismo Criando Riquezas – 2ª edição –
Bagaço- 2001. Prêmio
Belmiro Siqueira- 2001 – modalidade livro – concedido pelo Conselho
Federal de Administração. |
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