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N . Gervasio Lucas Annes

 

 

 

Nasceu a 10 de Abril de 1853 em Cruz Alta. Em 1870 veio morar em Passo Fundo, sendo logo nomeado escrivão da Coletoria, e dado seus esforços, em breve advogado. Seus irmãos e irmã logo vieram também para Passo Fundo. Em 1879 ingressou no Partido Republicano.

Era um homem de grande objetividade e ponderação.

 

 

 

 

 

----- Era advogado, político, Deputado Estadual no Império pelo Partido Conservador, e na República pelo Partido Republicano,  do qual era o líder. Dirigiu a redação do semanário "Éco da Verdade" de Passo Fundo. Solicitou e conseguiu a 10 de abril de 1891, (como presente de aniversário), a elevação da então Vila do Passo Fundo, à categoria de cidade. Integrou a Assembléia Constituinte do Rio Grande do Sul em 14 de Julho de 1891. Promotor público em Passo Fundo de 4 de Abril de 1878 a 8 de Março de 1881, e de 20 de Dezembro de 1889 a 15 de Fevereiro de 1890.

Tomou parte nos combates de 4 de Junho de 1893, aquém do Pinheiro Torto, e no de 16 de Janeiro de 1894, travado na coxilha do Umbu, entre São Miguel e Pinheiro Torto, ocasião em que foi gravemente ferido.

 

 

 

 

Levado para Porto Alegre, onde submeteu-se a prolongado tratamento,  regressou a Passo Fundo em fins de 1895,  reassumindo a direção política da cidade.

 

 

 

 

Nos quatriênios de 1896 a 1900, e de 1908 a 1912 foi Intendente Municipal.  

Seu passamento ocorreu a 4 de Abril de 1917,  recebendo então eloquentes homenagens de seus amigos e correligionários, os quais no trigésimo dia de seu falecimento, lhe consagraram solene sessão comemorativa, no Teatro Avenida.

 

 

 

 

 

 

Como resultado do movimento dos mesmos, a 27 de Fevereiro de 1921, foi inaugurado seu busto na Praça Tamandaré. (Transcrito de "A Família Lucas Annes" - Marina X. e Oliveira Annes, pg.11)

 

 

 

 

 

Gervasio Lucas Annes foi fundador da Colônia do Alto Jacuí, que deu origem a dois municípios; Tapera e Não Me Toque, e que pelo número de imigrantes alcançado e pela área atingida, foi a que teve mais influência no município de Carazinho .

 

------ Em 1897 o Coronel Gervasio Lucas Annes, líder político em Passo Fundo, adquiriu do Governo Federal grande área de terra situada na região denominada Alto Jacuí, abrangendo território hoje ocupado pelos municípios de Tapera e Não Me Toque.

 

--------Convidou para sócio Alberto Schmitt, também morador de Passo Fundo, que seria o encarregado da colonização.

Foram medidos e demarcados 674 lotes com área superficial de 329.634.394 metros quadrados. (32.963 hectares - 48,9 hec. por lote)

 

------- Feito esse trabalho inicial passou-se à fase de propaganda, Começou Schmitt a escrever cartas aos conhecidos nas antigas colônias. Várias vezes viajou a são Leopoldo, São Sebastião do Caí, Santa Cruz do Sul e Garibaldi.

 

------- Porem não só de alemães foi feita a colonização.

Tendo chegado a Passo Fundo José Baggio, procedente de Nova Palma, após ter viuvado e procurando iniciar nova vida, contatou com o Coronel Gervasio Annes, o qual o convidou para trabalhar no Alto Jacuí.

Iniciou trabalho semelhante ao de Schmitt, porem na sua área, de colonização italiana.

(Excertos do livro" Do Caapi ao Carazinho" -  Alvaro Rocha Vargas, pags. 76 a 78 ).

 

Outrora o município de Tapera, denominava-se Coronel Gervasio em homenagem a seu criador.

 

------- O Cel. Gervasio casou-se em primeiras núpcias, a 28 de Março de 1878 com Etelvina Emília d’Araújo filha do Capitão Manoel José d’Araújo e de D. Emilia Schell d’Araújo. Foram testemunhas Adão Schell e Martim Francisco do Amaral Monteiro.

Vigário José Cyrillo da Cunha (Livro 2 , fls 130 e verso).

A cerimônia do enlace realizou-se na residência do Dr. Luiz Morsch, sita à Rua do Comércio nº 132 (atual Av. Brasil).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

D. Etelvina nascida 20 de Junho de 1860, faleceu a 20 de Abril de 1901.  

(A Família Lucas Annes - Marina Xavier e Oliveira Annes) 

 

 

 

 

Contava-se que um fazendeiro diante de uma desavença com seu vizinho, veio buscar a opinião do Cel. Gervasio, expondo-lhe sua versão dos fatos. O Coronel escutou atentamente, e disse-lhe: Você tem razão!

Mais tarde o antagonista também veio até ao Cel. Gervasio, pelos mesmos motivos. Este escutou-o também, com atenção, dizendo-lhe: Você tem razão! D. Etelvina que presenciara os depoimentos de ambos os litigiantes, disse então: Como é isso Gervasio? Você deu razão ao primeiro, e agora dá razão ao segundo? Respondeu-lhe então o Cel.Gervasio: Você também tem razão, Etelvina!

D. Etelvina faleceu prematuramente aos 41 anos de idade, de apendicite, doença fatal na época.

D. Etelvina tinha "cabeça boa" para dar idéias e sugestões. Muitas pessoas vinham  em busca de seu conselho sobre negócios e assuntos diversos, e diziam que este dava certo.

 

Artigo publicado no jornal passofundense "O Nacional", exemplar de quinta-feira,

 31 de Janeiro de 1957, pelo Dr. Herculano Araújo Annes.

 

Passo Fundo em 1891 - Orçamento Municipal nesse ano.

Como se viajava de Passo Fundo a Porto Alegre naquela época.

 

O que vai abaixo é cópia fiel de parte de um caderno de apontamentos deixado pelo Cel. Gervasio Lucas Annes. Apenas, para facilidade de leitura, foi alterada a ortografia e posto em cruzeiros o que, no original, está naturalmente em mil réis.

                                                                                                        Herculano Araújo Annes

 

Impressões de viagem

 

Saí de Passo Fundo para Porto Alegre, afim de tomar assento no Congresso do Estado, no dia 23 de setembro de 1891.

 

 

Nesse dia fui ficar no D.Pedro (1) e no dia seguinte na vila de Soledade. 

No dia 27 vim ao Constantino Ortiz e daí, no dia 28, fiquei em casa de Pedro Balbina.

No dia 29 desci a serra e fiquei em casa do capitão Medina.

No dia 30 cheguei no Bexiga (2) onde fiquei até o dia 1° de outubro, dia em que segui para Porto Alegre, onde cheguei à noite. ( 3) .  Fui para o Siglo, quarto n° 9. (4)

No dia 2 apresentei-me no Congresso e dali fui ao Palácio.

Chegando em casa, (ao hotel) lí o orçamento apresentado pelo Presidente do Estado e então vi, com pesar, que a nossa política ia mal.

Raciocinei fria e calmamente em todo esse dia a respeito das conseqüências que esse orçamento traria à política Republicana no Estado e confesso - pela primeira vez tive medo da República. (5)

Fui ao Palácio no dia 2 e lá conversando com  Júlio (6) e  João Abott, signifiquei-lhes as minhas justas apreensões, mas subiu de porte a minha admiração quando notei que ambos ligaram diminuta ou nenhuma importância às justas observações que eu fazia, com a mais sincera intenção.

O Abott chegou a dizer que nós "sempre andávamos mendigando coisinhas para a toca". Declarei-lhes com energia, que nada precisava do Governo e que não era funcionário público; que o único interesse que me guiava neste negócio era a conveniência partidária; que os municípios não podiam viver e que, em conseqüência de tal desastre, a nossa queda era inevitável.

O Júlio limitou-se a dizer me si Passo Fundo não podia viver era porque era pobre.

 

 

 

 

 

Eu lhe repliquei: "e noentanto é um dos mais ricos da região serrana, avalie os outros."

Domingo, 4 de outubro, passei lendo o dia inteiro no hotel; não saí à rua.

Segunda 5, fui a Palácio ver a medição do David e fui à repartição da agricultura ver o título de minha posse e o da de João Balbina.

No Palácio estive com Júlio e pedi-lhe providências sobre os bugres. Respondeu-me que, si eles furtavam, era negócio com a polícia, que o Governo nada podia fazer.

Estava com ele o João Abott e eu lhes disse que ia aconselhar os fazendeiros que fossem reagindo, que procurar bugres é escrever na agua.

 

Fui de lá ao Tesouro do Estado falar ao Possidonio para mandar pagar a professora de Nonoai. Tomou nota e prometeu mandar expedir a ordem, mas por mais segurança fui pedir ao Carvalho que tomou igual compromisso.

Com o Possidonio tivemos nova discussão a respeito de orçamento, mas este, delicado e inteligente, procurou convencer-me da impossibilidade de fazer-se mais, mas entendia que não se deviam desprezar as minhas reclamações.

Dali saí e fui ao Congresso onde achei o José Gabriel (7) incomodado também, declarando que não aceitaria a Intendência; que seu município não viveria com a décima que lhe davam; que podiam anexá-lo a outro, pois melhor era como estávamos, antes da República.

 

 

 

 

 

Efetivamente, a votar-se o orçamento como está, o Estado equilibra sua receita com a despesa, não obstante estipendiar prodigamente a todos os funcionários da capital.

Nada mais se pretende do que reviver o feudalismo, com a diferença porém, de excluir as individualidades, exercendo o Estado sobre o município uma tirânica e ignominiosa autoridade, despótica e absoluta. É uma pretensão absurda e perigosíssima.

Raciocinando, pesei as conseqüências dessa descentralização mistificada que nos há de, fatalmente, conduzir à ruína, si o patriotismo do Congresso não nos salvar.

 

Finanças Municipais 

Tomemos por base o município de Passo Fundo que conhecemos e é um dos mais importantes da região da serra.

A Câmara arrecada anualmente 6.000,00, mais ou menos.

Agreguemos a esta importância a de 1.900.00 de décimos e teremos 7.900,00.  

Esta a receita atual.

 

Vejamos a despesa imprescindível:

 

       
  12 praças de polícia a 24,00 por mês          3.456,00
  Luz para o quartel               36,00
  Armas, cavalos, fardamentos             300,00
  Aluguel de casas para o quartel e cadeia             500,00 
  Luz para a cadeia               36,00
  Sustento de presos pobres e utensílios para a cadeia          1.000,00
  Iluminação da cidade             400,00
  Juízes distritais , 2 a 25,00 mensais             600,00
  Sub-intendentes 3, a 50,00 e um a 60,00           1.440,00
  Intendente a 100,00           1.200,00
  Secretário, (ano)              800,00
  Tesoureiro e escrivão, (ano)           1.560,00
  3 guardas para porteiro contínuo, arrumador, aferidor e zelador do cemitério.           1.080,00
  Expediente para júri, eleições, Intendência e impressão do expediente do Conselho e  do                                                                                                                          Intendente                   600,00
  Potreiro para animais da polícia              120,00
                                                                                                                         TOTAL        13.128,00
   

 

Donde tirar os 5.228,00 que faltam?

Dirão: lancem impostos; mas sobre o que?

Não; esta questão é transcendente e é necessário olhá-la com muita calma e não menor patriotismo; si não for assim, estamos liquidados.

Esperemos pois, que a comissão de orçamento apresente o seu parecer para então, apreciando as disposições do Congresso, avaliarmos a nossa situação e determinar o nosso procedimento.

Não consigo notícias de casa desde o dia que dali saí. Hoje, porém, 7 de outubro, o Soares apareceu cedo, 7 da manhã, disse-me que tudo ia bem em Passo Fundo, com o que fiquei muito satisfeito. 

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A revolução que se avizinhou pôs termo aos trabalhos do Congresso; predominou, no momento o interesse partidário, adiando-se a questão  do orçamento. (8)

Notas:

1 - Trata-se de Pedro Aguerre (não Aguirre) que tinha uma casa de    negócios em Resvalador, cerca de uma       légua distante do Tope , entre    Passo Fundo e Soledade.( Informação do sr. Francisco Antonino  Xavier e Oliveira.)

 

2 - No original está "no bexiga" simplesmente, com toda a certeza, se trata da estação Bexiga, próxima a Rio Pardo. Talvez o Bexiga tenha  tenha sido um morador local que deu nome à estação.

 

3 - Do exposto se verifica que a viagem de P. Fundo a P. Alegre, naquela época, era feita a cavalo, de P. Fundo até a estação Bexiga (6 dias  bem aproveitados) ; de Bexiga até Santo Amaro, pela via férrea já  existente entre Santa Maria e Santo Amaro. E desta última localidade  até P. Alegre ia-se por via fluvial , pelo rio Jacuí.

 

4 - Esse hotel não mais existe.

 

5 - Convém notar que a república havia sido  recentemente proclamada naquela época.

 

6 - Julio Prates de castilhos, presidente do Estado

7 - José Gabriel da Silva Lima, chefe republicano em Cruz Alta.

 

8- A revolução efetivamente veio e o autor destas notas, Cel. Gervasio  Lucas Annes, quase perdeu nela a vida, pois foi ferido gravemente  por bala, sofrendo ainda outros ferimentos menores, causados por balins, no combate do Umbú, travado próximo a esta cidade no qual  a força republicana foi derrotada.

 

 

 

Artigo e foto publicados pelo  jornal de Porto Alegre “O Independente”, no Domingo, 14 de Maio de 1905, ano 5º,  edição Nº 357.  Conservada a ortografia original.  

 

 

 

Coronel  Gervasio Lucas Annes  

 

                                          

 

 

 

 

Com verdadeiro e intimo prazer  prestamos hoje uma dupla homenagem aos dois homens que mais em destaque se apresentam no scenario político no município de Passo Fundo.

O nosso prezado amigo, cujo nome encima este pálido artigo, sabemo-lo, sentir-se-á ferido na sua extrema modestia, vendo-se  assim posto em pleno destaque; é porém systema nosso o não respeitarmos a modestia quando esta é demasiada e busca  furtar á justa homenagem publica um cidadão digno de todo o acatamento popular, de todo o respeito  e estima dos seus concidadãos, como é o coronel Gervasio Lucas Annes.

Nascido em Cruz Alta aos 10 de abril de 1853, filho de João Lucas Annes  e da exma. Sra. D. Gertrudes do Pillar Annes, o nosso biographado transferiu para o Passo Fundo a sua residência, em 1870.  Logo foi nomeado escrivão da Collectoria.  Como em tal cargo lhe sobrasse tempo para outros trabalhos, espírito  ansioso de  atividade e de conhecimentos, consagrou  inteiramente seus lazeres ao honroso labor de ornar o seu espírito, entregando-se ao estudo e abraçando em breve a profissão de advogado.

Era por esse tempo prestigioso chefe político local, senhor de quase todos os elementos  de Passo Fundo,  o major  Prestes Guimarães, extremado liberal.

Com a sua orientação política não concordou o nosso biographado que desde logo  rompeu em franca e destemida  opposição.

Vários amigos o cercaram e appoiados pelos opposicionistas  que até então não tinham conseguido se arregimentar, organizaram o partido conservador  de que lhe deram a chefia.  Entre esses amigos distinguia-se  op dr. Candido Lopes de Oliveira, pae do tenente-coronel  Pedro Lopes de Oliveira , cujo retrato  tambem  hoje  publicamos,  que lhe proporcionou  grande auxílio  no ingente trabalho de organizar  um partido  com elementos dispersos e desanimados.

No logar de chefe do partido, graças ao seu  reconhecido critério e espírito de justiça, conseguiu o nosso amigo grangear cada vez mais sympathias, conquistando  adhesões  e outros elementos  para o nascente partido que em breve era bastante forte.

 

Quando,  em Junho de1879,  as mutações súbitas  e inesperadas da política imperial fizeram baquear o ministério conservador, o nosso amigo rompeo decididamente com o governo e, assim como muitos outros chefes conservadores  passou para o partido republicano que começava então  a se formar e agitar. Desde essa época  nunca mais abandonou  as fileiras desse partido, combatendo  com a palavra  e com a penna pelos ideais que alfim, com grande prazer, viu  proclamados  e realizados  em 15 de Novembro de 1889.

De então para cá foi sempre o chefe do partido republicano local com geral agrado de todos os que  combatem  sob a bandeira desse partido,  aoqual tem prestado innumeraveis  serviços.

Nos cargos de delegado de policia, intendente e outros, sempre incansavel  no bem servir a causa publica , o coronel  Gervasio  Annes tem tido múltiplas  occasiões de justificar a estima e o  bom conceito de que é alvo.

Quando sobre o nosso amado torrão se abateu a borrasca revolucionaria,  ele foi infatigável,  tendo prestado  grandes e inolvidaveis serviços á causa da legalidade.

Ainda hoje, á testa  do partido republicano em Passo Fundo, elle  prossegue sem ter outro cuidado que não o bem publico, o progresso  da causa que chefia.

Por essa rápida noticia pódem os leitores  julgar o quanto é digno o coronel Gervasio Lucas Annes  da homenagem que lhe presta  O Independente.

 

 

 

Dez de Abril 

 

  "Passará amanhã a data de aniversário da Vila de Passo Fundo à categoria de cidade, em 1891, pelo então governador provisório do Estado dr. Fernando Abbott.

Rememorando tal fato, não se pode por justiça omitir a participação que nele teve o coronel Gervásio Lucas Annes, tanto mais meritória quanto é certo que esse ilustre chefe do Partido republicano de Passo Fundo, hoje vivendo no plano para que o levou a sua desencarnação em 1917, solicitou e conseguiu no dia de seu natalício, por motivo do qual desejava qualquer coisa fazer em benefício da terra em que, desde a juventude, vinha a batalhar como profissional e político, e com a qual, portanto, estava identificado pelo coração e pelo espírito."

(Antonino Xavier e Oliveira, 9.4.1932  -  Seara Velha, pág. 79 - Tip. Indep.)

   

 

 

No inverno de 1893, encontrava-se o Cel. Gervasio acamado com paralisia de movimentos causada por uma forte crise de gota, quando foram avisados de que os Federalistas encontravam-se a curta distância, e que em poucas horas tomariam a cidade de Passo Fundo, na ocasião desguarnecida de forças Republicanas.   Era imperioso abandonar a cidade imediatamente. O frio era cortante !    O Cel. Gervasio foi amarrado sobre o cavalo, enrolado em cobertores.  Durante o saque, os Federalistas tentaram arrombar o cofre do Cel. Gervasio. Talvez iludidos pela sua pintura que imitava madeira, utilizaram machados, que só produziram alguns riscos. Setenta e sete anos mais tarde, em 1970, sendo perdida sua única chave, serralheiros precisaram trabalhar 4 dias para abri-lo!

Embora por muito pouco não tenha perdido a vida na sangrenta Revolução de 1893, na qual seus meio-irmãos Felizberto e Maximiano Lucas Annes foram degolados pelos Federalistas, o Cel. Gervasio podia ver a vida com horizontes mais amplos, e nunca incorporou a violência ao seu modo de ser, nem tampouco a aceitou como a maneira ideal de dirimir divergências.

 

Conta-se que quando o "Barão" retornou a Passo Fundo, depois da Revolução de 1893, após permanecer alguns anos no Uruguai, alguns  correligionários, foram ao Cel. Gervasio, dizendo-lhe de sua intenção de fazerem um desaforo, ou algo que magoasse profundamente o recém chegado.    Uma espécie de "Seja bem vindo", às avessas, mas com força suficiente para desencorajá-lo a reiniciar sua vida na cidade.

 

--- Não faremos isso!    Vamos fazer-lhe  algo pior ! Disse o Cel. Gervasio.

O quê Coronel? Dar-lhe uma sova?

--- Algo pior ! Tornou a dizer o Cel.

Devemos matá-lo?

--- Algo ainda pior ! Disse o Cel. Gervasio.

Mas então o quê Coronel?

--- Vamos causar-lhe  prejuízo ! Vamos construir um cemitério em seu campo, e vamos ainda passar a estrada de ferro em suas terras.

Assim o Cel. Gervasio satisfazia às reivindicações dos correligionários mais extremados, enquanto resolvia problemas da cidade, cujo antigo cemitério situado onde hoje é o Banrisul da Av. General Neto, ficara pequeno e encravado entre residências. O atual Cemitério da Vera Cruz, foi construído em área expropriada, no "campo do Barão".

 

No escritório de advocacia do Cel. Gervasio, trabalhava também como advogado o Sr. José Prestes, filho do General Prestes, seu principal adversário político e militar.

O Cel. Gervasio apreciava a leitura, e gostava de escrever os relatos de suas viagens.

Tocava piston, e também concertina, uma espécie de sanfona portátil.

Sua residência na Rua do Comércio, hoje Av. Brasil, em Passo Fundo, construída antes de 1900, contava com um interessante e polêmico modernismo: Um banheiro dentro de casa. O primeiro da cidade.

A casa possuía uma adega sob o assoalho. Um dia o Cel. Gervasio, encarregou seu filho Herculano ainda menino, de desocupar uma pipa de vinho, transferindo seu conteúdo para garrafas.

Herculano não chegou ao fim da tarefa, ficando totalmente inebriado. . . segundo ele, unicamente pela emanação do vinho, do qual afirmava não haver bebido sequer uma gota.

No centro do teto da sala da casa havia uma pintura com anjos.

Alem de sua residência, o Cel . Gervasio tinha a casa em sua chácara, à margem do rio Passo Fundo, da qual ainda existem meias paredes, vizinhas ao atual Super Mercado Bourbon.

Também tinha seu escritório na Rua Teixeira Soares, entre a Av. Brasil e a Rua Paissandu. Os três locais tinham "Telephone".

Também tinha uma casa de descanso numa baixada ao lado oposto da Av. Brasil, próxima a um lajeado onde corria uma água cristalina, em que o Cel. gostava de banhar-se.

 

Nos últimos tempos de sua vida, o Coronel Gervasio vinha sofrendo de crises de falta de ar.  A medicina da época não tinha recursos capazes de  auxilia-lo. Além do terrível tormento da asfixia, tinha sua coragem posta à prova, ante a evidencia de que estava prestes a sucumbir ante uma dessas crises, cada vez mais fortes.

Durante as crises ficava sentado, ofegante,  com as mãos sobre sua  mesa.  Cobrando de si mesmo  uma conduta corajosa, mesmo em tão   penosa prova, ficava quase aos estertores da morte, murmurando ; “Vamos a ver , palhaço”.  Assim foram os  últimos momentos de sua vida.  A doença e a morte o levaram mas não  venceram seu ânimo.

Situação semelhante à que passou Julio Prates de Castilhos, a quem o médico  disse :  “Tenha coragem” .  E Julio de Castilhos, balbuciante, replicou em suas últimas palavras ;   “ Coragem eu tenho, falta-me o ar."

 

 

 

 

 

 

Filhos do casal Gervasio Lucas Annes e Etelvina Araújo Annes:

 

Armando Araújo Annes

Branca Araújo Annes

Antenor Araújo Annes 

Morena Araújo Annes

Herculano Araújo Annes

Gervasio Araújo Annes                             Bisnetos 

 

 

   

N . Gervasio Lucas Annes em segundas núpcias, casou-se com Ambrosina Pinto de Morais, viúva do Major Osório de Morais Silveira, que suicidou-se a 16 de Março de 1903.   O casamento realizou-se antes de 1906.

Pais de:

Lourdes Morais Annes                          Bisneta 

 

BN . Lourdes de Morais Annes casou-se com o engenheiro civil Moacir Barcelos, estabelecido com firma construtora em Porto Alegre e depois no Rio de janeiro. Houve descendência.   Faltam dados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

        

                          

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