CPI conclui que R$ 1,7 bi foi desviado do PAS em 5 anos
GUTO GONÇALVES
da Folha Online
A CPI do PAS da Câmara Municipal, apurou que cerca de R$ 1,7 bilhão foi desviado dos
cofres públicos durante as gestões dos ex-prefeitos Paulo Maluf
(PPB) e Celso Pitta (PTN). No total, a Secretaria municipal da Saúde
repassou para as cooperativas do PAS (Plano de Atendimento à Saúde)
R$ 2,7 bilhões.
Durante os 6 meses de investigação da CPI foram ouvidas 90
pessoas. Entre elas, o ex-prefeito Celso Pitta e os ex-secretários
Roberto Paulo Richter (Saúde), Massato Yokota (Saúde), José Antônio
de Freitas (Finanças) e Carlos Alberto Velucci (Saúde).
Segundo o presidente da comissão, vereador Adriano Diogo (PT-SP), o
PAS serviu para a "lavagem do dinheiro público e foi um dos
maiores golpes do colarinho branco que já aconteceu nesse país,
com um rombo de R$ 1,7 bilhão".
Das
14 cooperativas, a CPI investigou três;O PAS
funcionou como um sistema financeiro, ou seja, um sistema de evasão
de dinheiro público de grandes proporções", disse.
Concluído o relatório e votado, o texto será encaminhado ao
Ministério Público. "Infelizmente a nossa legislação é
lenta. Acho difícil que o dinheiro desviado volte aos cofres públicos
ou que os responsáveis parem na cadeia, razões para isso existem e
estão documentadas", afirma Diogo.
Na avaliação do vereador, o principal papel da CPI foi contribuir
para a extinção do sistema na cidade. "Provamos que o PAS
serviu apenas para a corrupção", disse.
Mar de lama
Entre as irregularidades apuradas pela CPI estão os empréstimos
contraídos por doze cooperativas com os bancos Shahin Cury e Pine
no valor total de R$56,2 milhões, que foram pagos pela prefeitura,
numa operação ilegal sem a autorização da Câmara Municipal.
O Tribunal de Contas do Município julgou os empréstimos ilegais e
requereu o ressarcimento aos cofres público de R$ 7 milhões
referentes aos juros.
A CPI apurou também que 22 toneladas de medicamentos foram
encontradas no almoxarifado central da secretaria de Saúde,
estocados desde 1992 e incinerados em dezembro de 2000, no final da
gestão de Celso Pitta. Entre os medicamentos haviam remédios
doados pelo Ministério da Saúde e materiais hospitalares em
perfeitas condições de uso, mas que foram queimados.
"O estoque da secretaria foi feito para privilegiar o cartel de
empresas que forneciam remédios superfaturados para o PAS. Esse é
um dos maiores crimes já cometidos contra a Saúde Municipal',
disse Diogo. Compras superfaturadas de medicamentos e materiais
hospitalares eram uma prática constante das cooperativas que
gerenciavam o plano.
Depoimentos à CPI revelaram que vereadores aliados de Pitta e Maluf
mantinham o controle de todos os módulos do sistema. Depoentes
revelaram os nomes de vereadores que utilizaram o PAS em benefício
próprio.
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