ACRA - Associação dos Cabocos e Ribeirinhos da Amazônia

Enfrentando a Cobra-Grande

O QUE É A ACRA?

A ACRA é a Associação dos Cabocos e Ribeirinhos da Amazônia, uma organização dedicada, entre outras, à promoção de políticas públicas em defesa dos cabocos, outros indiodescendentes e populações ribeirinhas amazônicas, ao fortalecimento de sua unidade, ao reconhecimento destas populações como herdeiras culturais e territoriais dos povos nativos e de outros dos quais descendam e à defesa contra agressões a seus direitos de origem.

QUEM É O INDIODESCENDENTE?

Indiodescendente é qualquer pessoa que descenda dos povos nativos da América, mas que não se identifique como pertencente a uma etnia indígena determinada. Os indiodescendentes em sua maioria, embora saibam descender de indígenas, desconhecem e não têm mais identidade com os povos nativos dos quais descendem. Além da origem nativa, os indiodescendentes também possuem outras origens. Cabocos e cafuzos são dois exemplos de indiodescendentes.

QUEM É O CABOCO?

Caboco é uma pessoa mestiça que descendente de indígenas e brancos; é o mestiço da Amazônia. O caboco é, assim, um indiodescendente. A identidade caboca não está ligada ao lugar de residência: cabocos vivem tanto na zona urbana quanto na rural e na ribeirinha.

COMO SURGIRAM OS CABOCOS?

Depois do indígena e do branco, o caboco foi o terceiro grupo étnico a surgir no Brasil e na Amazônia. Embora as uniões entre indígenas e brancos ocorressem freqüentemente entre pessoas livres, uma das principais origens dos cabocos foram as populações nativas escravizadas – os cabocos são os descendentes dos índios escravizados na Amazônia, tendo havido também escravos cabocos. As uniões ocorreram principalmente entre homens brancos e mulheres indígenas. O sotaque do português falado no Brasil é reflexo dessas uniões: as crianças cabocas tendiam primeiro a aprender o idioma indíegena materno para só depois aprender o idioma português paterno. Além do português e idiomas indígenas, muitos cabocos falavam o nheengatu, ou língua geral, um idioma desenvolvido pelos jesuítas a partir de outras línguas e que já foi o idioma mais falado no Brasil, até o português começar a prevalecer a partir do séc. XVII. Somando o conhecimento nativo sobre o território e a natureza do continente com a tecnologia dos europeus, os cabocos tiveram fundamental participação na construção do Brasil atual.

CABOCOS / CABOCLOS / MAMELUCOS

A origem da palavra caboco (ou caboclo) é controversa: pode derivar da palavra tupi caa-boc, “o que vem da floresta”, ou de kari’boca, “filho do homem branco”.

Os mestiços de branco e indígena são também chamados de mamelucos, palavra de origem portuguesa. Na Amazônia dos países nascidos da colonização espanhola, são chamados de mestizos, chunchos ou cholos. Existe o Dia do Caboclo, comemorado em 24 de junho, e a Jornada da Consciência Caboca, em 13 de maio (homenagem aos cabocos mortos na resistência à retomada de Belém pelas forças da Regência durante a Cabanagem).

QUEM SÃO OS RIBEIRINHOS

Os ribeirinhos são os habitantes das margens dos rios da Amazônia. Podem ou não ser cabocos ou indiodescendentes, embora o sejam em sua maioria.

O ATAQUE DA COBRA-GRANDE

Há uma Cobra-Grande racista que deseja devorar o caboco e riscá-lo do mapa da Amazônia. Enfrentando esta Cobra-Grande, o caboco tem sido atacado pelo mesmo veneno empregado para matar outras identidades mestiças: a negação de sua existência. Como uma Cobra-Grande devoradora, os inimigos do caboco desejam enrolá-lo e engolir a ele e a seus direitos. Adverte Gursen de Miranda, “Em verdade, verifico um movi­mento para desacreditar o mais legítimo sujeito da Amazônia, com convicção sobre sua realidade.

“É bem mais fácil criar denominações para manipulação e divulgação pela mídia, mas que não representa os verdadeiros interesses do sujeito amazônida, seja Povos da Floresta, Populações Tradicionais, Pescadores Artesanais ou Mulheres da Floresta. São expressões vazias, artificiais, imposta pelos que se preocupam apenas com os bichinhos e plantinhas da Amazônia e, não por acaso, esquecem o ser humano que nasce, vive e pensa em morrer na Amazônia. Expressões que nada dizem para os amazônidas”.

Nem índios, nem “homens brancos”, os cabocos têm sido ameaçados pela destruição de suas fontes de sustento e constrangidos a optar entre ser expulsos das suas terras por políticas públicas que negam sua identidade e seus direitos históricos e de origem ou, então, assumir uma identidade étnica indígena.

COMO POSSO ME ASSOCIAR À ACRA?

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