Boletim Mensal * Ano V * Abril de 2008 * N.º 60

           

Abril... Águas mil

   
         É sempre difícil escrever algo sobre o mês de Abril.
Qual das datas assinalar e destacar das  que nele ocorrem?
         O achamento  do  Brasil no dia 22, no dia 25, segundo a Casa de Bragança, foi a  primeira vez que D. Afonso Henriques usou o título de Rei de Portugal, nesse mesmo dia, a Família Real, depois de 13 anos, deixou o Brasil de volta a Portugal; o partido comunista construiu uma ponte sobre o Tejo; uma revolução de cravos fez mais de um milhão de portugueses se tornarem refugiados políticos, sem nunca terem sido políticos, e ficarem de mala e cuia procurando pelo mundo onde sobreviver.
         Foi nesse dia 25 que acabou a ditadura. Um livro, um general, uma ilusão e a falta de coragem de cumprir o que prometera fazer levou o País à beira de uma guerra civil.
         Mas o povo, esse povo heróico que, “se mais mundos houvera, lá chegara” , jamais se acovardou. Lutou do nada a uma nova vida e, na sua maior parte, venceu.
         E hoje? 34 anos passados o que é que esses cravos enfiados nos canos das espingardas ofereceram aos portugueses?
         As aldeias foram abandonadas, as courelas (pequenas propriedades agrícolas) foram plantadas de pinheiros ou eucaliptos, as escolas, fechadas, hospitais, emergências medicas e maternidades desapareceram e, em algumas zonas fronteiriças, as portuguesas vão ter os filhos em Espanha.
         As fabricas mudaram para outros países, o desemprego aumentou e as aposentadorias e o salário mínimo são dos mais ridículos da União Européia. Continua-se a emigrar para sobreviver.
         Mas temos estradas, muitas e modernas auto-estradas onde se viaja a mais de 200 quilômetros por hora  e morre muito mais gente do que na guerra colonial. Ninguém chora mais o seu filhinho morto por ter sido mandado pelos fascistas defender a Pátria, chora-o porque se matou ao volante.
         A droga manda, a segurança pessoal oscila mais do que o fiel de uma balança falsificada; assalta-se de dia e de noite e mata-se como se fora a coisa mais natural deste mundo.
         E pasmem, uma aluna ataca uma professora, os outros riem, abrem espaço para outro filmar e somente 3 tentam impedir  a agressão à professora, os outros idiotas não são capazes de ajudar a quem deviam respeitar.
         Camões disse, pouco antes de morrer, a 10 de Junho de 1580, “morro,  mas morro com a Pátria”. Será que teremos de calar de vez aquela velha canção que nos ensinavam nas aulas de canto coral na Escola Primária dos anos 50?
         “Heróis do mar, nobre povo, Nação Valente e Imortal” ???
         Deus nos ajude.
Na foto a Ponte feita num dia.