É
sempre difícil escrever algo sobre o mês de Abril.
Qual das datas assinalar
e destacar das que nele ocorrem?
O achamento do Brasil no dia 22, no dia 25,
segundo a Casa de Bragança, foi a primeira vez que D. Afonso Henriques usou
o título de Rei de Portugal, nesse mesmo dia, a Família Real, depois de 13
anos, deixou o Brasil de volta a Portugal; o partido comunista construiu uma
ponte sobre o Tejo; uma revolução de cravos fez mais de um milhão de
portugueses se tornarem refugiados políticos, sem nunca terem sido
políticos, e ficarem de mala e cuia procurando pelo mundo onde sobreviver.
Foi nesse dia 25 que acabou a ditadura. Um livro, um
general, uma ilusão e a falta de coragem de cumprir o que prometera fazer
levou o País à beira de uma guerra civil.
Mas o povo, esse povo heróico que, “se mais
mundos houvera, lá chegara” , jamais se acovardou. Lutou do nada a uma
nova vida e, na sua maior parte, venceu.
E hoje? 34 anos passados o que é que esses cravos
enfiados nos canos das espingardas ofereceram aos portugueses?
As aldeias foram abandonadas, as courelas (pequenas
propriedades agrícolas) foram plantadas de pinheiros ou eucaliptos, as
escolas, fechadas, hospitais, emergências medicas e maternidades
desapareceram e, em algumas zonas fronteiriças, as portuguesas vão ter os
filhos em Espanha.
As fabricas mudaram para outros países, o desemprego
aumentou e as aposentadorias e o salário mínimo são dos mais ridículos da
União Européia. Continua-se a emigrar para sobreviver.
Mas temos estradas, muitas e modernas auto-estradas
onde se viaja a mais de 200 quilômetros por hora e morre muito mais gente
do que na guerra colonial. Ninguém chora mais o seu filhinho morto por ter
sido mandado pelos fascistas defender a Pátria, chora-o porque se matou ao
volante.
A droga manda, a segurança pessoal oscila mais do
que o fiel de uma balança falsificada; assalta-se de dia e de noite e
mata-se como se fora a coisa mais natural deste mundo.
E pasmem, uma aluna ataca uma professora, os outros
riem, abrem espaço para outro filmar e somente 3 tentam impedir a agressão
à professora, os outros idiotas não são capazes de ajudar a quem deviam
respeitar.
Camões disse, pouco antes de morrer, a 10 de Junho
de 1580, “morro, mas morro com a Pátria”. Será que teremos de calar de vez
aquela velha canção que nos ensinavam nas aulas de canto coral na Escola
Primária dos anos 50?
“Heróis do mar, nobre povo, Nação Valente e Imortal”
???