Boletim Mensal * Ano VI * Março de 2008 * Número 68

           

 

        

   

Um dia no Recife

 

 

 

 

             Logo que tomei conhecimento do lançamento dos livros “Um dia no Recife” e “Um dia em Olinda” achei que seria um sucesso porque, de fato, as duas cidades precisavam que alguém mostrasse aos nossos visitantes, em roteiros históricos, a origem dos monumentos por onde passavam.

            Fiquei com receio que os seus autores narrassem nos livros a história que infelizmente é ensinada nas escolas do Estado e não a verdade histórica dos mesmos.

            Comprei o livro “Um dia no Recife”, cuja foto da capa ilustra este comentário, de Plínio Santos Filho e Francisco Carneiro da Cunha, Editora ERPA, Recife, 2008 e, infelizmente, logo no primeiro roteiro, pagina 17, começamos a ver que eles são muito bem delineados, mas não sucedendo o mesmo com a sua história.

            Vejamos a pag. 17:- “...o Forte do Brum, onde em frente se situa a Praça da Comunidade Luso Brasileira. A praça possui um banco circular...”. No centro dessa praça existe a cópia fiel do padrão que os navegadores portugueses colocavam nos territórios descobertos como se fora um título de posse. O que ali está foi mandado construir pela Comunidade Portuguesa e oferecido ao Recife, no dia 13 de Novembro de 1960, ano do V centenário da morte do Infante D. Henrique.

     

                 Na pag. 19 fala-se do Forte do Brum e nada de valor dele se ensina.

                Vejam a verdade:

                - Os recifenses pediam para que fosse reconstruído e equipado este forte que era essencial para a defesa da cidade caso os flamengos tentassem voltar e que, por ter sido feito de areia e faxina se encontrava em ruínas.      

            Em 15 de Dezembro de 1668, foi nomeado para o cargo de engenheiro de Pernambuco, António Correia Pinto que, após avaliar a situação em que aquele forte se encontrava, elaborou a planta de sua reconstrução, aproveitando as pedras do Forte de São Jorge (feito em pedra pelos portugueses antes da invasão flamenga) que, com o Brum construído não faria falta alguma e estava de tal modo destruído que não valia a pena recuperar.

            A obra começou a cargo da Câmara de Olinda. Entretanto, em 1671, a responsabilidade do trabalho passou para João Fernandes Vieira, na qualidade de Superintendente das Obras de Fortificação da Capitania de Pernambuco.

            Os detalhes da construção deste forte podem ser encontrados no livro “João Fernandes Vieira” (2 volumes), de Jose Antonio Gonsalves de Mello, coleção Restauradores de Pernambuco, Imprensa Universitária, Recife 1967, que vale a pena ler apesar de ser raro e caro.

            Vejamos agora a pagina 24. Os arqueólogos que estudaram as fundações encontradas junto da Torre Malakoff, devem, todos eles terem tirado o seu doutoramento em História na Universidade de Lieden, na Holanda.

            Em 1981, no seu livro “Um mascate e o Recife”, José Antonio Gonsalves de Mello, Fundação de Cultura da Cidade do Recife, mostra onde foi construída a Fortaleza de Madre de Deus e São Pedro pelo mascate António Fernandes de Matos e que passou a ser conhecida por Forte do Matos.
            Toda a obra foi feita em pedra e cal e já estava pronta em 1685 (Gonsalves de Mello indica, com medidas, a localização do forte)
            Com a construção do forte os mangues começaram a ser aterrados e construiram-se muitas casas onde anteriormente não havia terreno para isso.
            Logo que os aterros começaram a prejudicar o porto, nos últimos meses de 1727 e primeiros de 1728 o forte foi destruído. O que dele restou é o que nos mostra o museu a céu aberto, as fundações que podem ser vistas no local, olhando de terra para o mar, pode-se notar, como se pode ver assinalado na foto, são em semi circulo e, o Forte do Matos, foi a única fortaleza desse modelo que foi construída em Pernambuco.
            Na página 29, Sinagoga Kahal Zur Israel. Entre 1638 e 1641, por iniciativa do judeu português Duarte Saraiva, que tinha em sua casa na Boavista uma sinagoga que se tornou pequena para todos os judeus do Recife, foi construída na Rua dos Judeus a primeira sinagoga publica de todo o continente americano.
            O seu primeiro rabino foi também o judeu português Isaac Aboab da Fonseca, nascido no hoje concelho de Castro D’Aire, distrito de Viseu.
            Entretanto, em 1535 chegaram a Pernambuco com Duarte Coelho, os primeiros “cristãos novos”. A um deles, Diogo Fernandes, foram doadas terras onde ele construiu, juntamente com sua mulher, o Engenho Camaragibe, cuja aparente capela era uma sinagoga.
            Oportunamente, quando o tempo e os espaços permitirem, iremos observar os outros itinerários.