Nesse ano o carnaval capixaba foi marcado muito mais pela
emoção que pela ostentação de grandes carros alegóricos e bonitas fantasias.
Não que isso tenha faltado, muito pelo contrário, teve em quantidade e com
qualidade. Mas, o que não estava estampado em nenhuma fantasia foram os
momentos protagonizados pelos privilegiados expectadores dessa festa que a
cada ano se torna mais bonita e completa. Como poderemos esquecer a tristeza
dos componentes da Andaraí, da MUG e de todos que amam o carnaval e torcem
pelo brilho de todas as escolas, ao verem um ano de trabalho e dedicação
serem atropelados por um imprevisto, por um carro alegórico quebrado?
Tristeza essa, que se transformou em lágrimas e emocionou a todos. Ver
Robertinho passar em prantos, juntamente com toda sua escola, nos
mostrou que o luxo e a grandiosidade do carnaval, dependem do nosso amor por
nossas
queridas
agremiações, que sobrevivem com dificuldades e tentam crescer ano a ano em
meio a falta de recursos.
Mas o que mais emocionou e mostrou que o capixaba, além de
talento e competência para fazer um bonito carnaval, possui também emoção e
amor no coração para defender sua escola na avenida, foi o episódio da
Porta-Bandeira do Barreiros
O casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, vinha em sua
evolução pela avenida com toda a beleza que é peculiar aos representantes do
símbolo maior de sua escola. Sem que ninguém esperasse, sua fantasia
demonstrava cansaço e começou a se desfazer. Mas o mesmo não se verificava
nos rostos da Porta-bandeira e de sua coreógrafa. Nesse momento a
preocupação e a aflição começaram a tomar conta de todos nós. A PB, em vão
tentava segurar sua saia ao mesmo tempo em que tentava evoluir, até que se
tornou inviável conciliar seus graciosos movimentos e a fantasia junto ao
seu corpo. Isso a tornou imóvel, sem brilho, como uma flor que desabrocha e
ao mesmo tempo murcha nos privando de sua beleza assim que nos acostumamos
com sua magnitude. Mas uma PB não pode nos privar de sua alegria e de seus
movimentos devido um problema em sua fantasia. Foi nesse momento que
presenciamos o mais belo espetáculo da avenida. Como uma borboleta que deixa
o casulo, a PB abandonou parte de sua fantasia, se libertando de sua
temporária imobilidade, como uma lagarta que tem de passar pela metamorfose
para bailar livremente sobre as flores. Sua coreógrafa em lágrimas traduziu
o sentimento de todos nós ali presentes, inclusive dos jurados. Ao vê-la
voltar com seus graciosos movimentos, nos fez resgatar a esperança de que
podemos voltar a brilhar, mesmo com todas as dificuldades que temos de
enfrentar para fazer nosso carnaval.
Nada
o que aconteça pode apagar a emoção que sentimos ao ver o quanto o carnaval
capixaba evolui e poderá evoluir em meio a tantos desafios, imprevistos e
falta de recursos. São nesses momentos que temos de superar todas as
dificuldades para ver nossa lagarta se transformar nessa linda borboleta que
hoje são os nossos desfiles. O principal o capixaba já possui, que é o amor
pelas nossas escolas. É isso que vale a pena, que nos emociona e nos faz
superar todas as dificuldades para que no próximo ano possamos reagir e
fazer com que nossas escolas voltem para a avenida.