NO MAR DO CARIBE

Por Milton Faro
    O cruzeiro pelo Caribe começou com um upgrade. Para quem não sabe o que é um upgrade, a coisa funciona assim. Imagine que você e sua amiga vão se encontrar com o namorado dela que deseja lhe apresentar um amigo. A amiga mostrou uma foto e o amigo é a cara do Renato Aragão. Na hora “h”, o cover do “trapalhão” fica doente e o namorado chama outro amigo que é o Antonio Banderas sem tirar nem por.

     Você já está sorrindo, não está? É assim mesmo. É à toa. E incontrolável. Nossa entrada no navio deu-se com um upgrade. Havíamos comprado cabine interna. Ganhamos cabine externa e o tal sorriso incontrolável. Não tem como não ficar feliz. Se eu fosse agência de turismo mentiria a cada venda dizendo que o passageiro estaria comprando uma categoria inferior e na hora “H”...Tchan, tchan, tchan, tchan: da última fileira do avião para primeira classe, da romiseta ao Mercedes conversível, do quarto sem banheiro para suíte com banheira.

    
Não.

     Na verdade não é preciso mentiras. Mesmo porque se o upgrade não tivesse acontecido, o passeio teria sido nota 10. Navio é divertido de qualquer jeito. O upgrade só foi o responsável pela sensação de êxtase e descontrole. Inevitável. O tal sorriso demorou uns dois ou três minutos para ir embora. (Não posso mentir: o tal sorriso permaneceu quase que o tempo todo, mas a gente disfarçou por uns dois ou três minutos, até pelo menos voltar para cabine – aquela, sabe? A externa que fica bem na frente...Sinto muito, não dá para evitar o assunto....).
    
     Legal, né? Põe legal nisso. Porque navio é divertido. Nos dias em pleno alto mar é ele a atração número 1. Navio, para quem ainda não foi, é um prédio, e dos grandes, que anda na água. Sem exageros. Ou com todos aqueles que você espera ou nem pensa existir em um cruzeiro. Atrações é o que não falta. E mesmo que você se predisponha a fazer tudo que o navio oferece, não dá tempo.
    
     No caso do Triumph, da linha Carnival, são 104 toneladas de puro exagero. Doze andares de altura, elevadores panorâmicos, um sem número de bares, danceterias e restaurantes, para alimentar e mimar os seus quase 3000 passageiros, que semana sim, semana não, revezam Caribe Leste e Caribe Oeste. Chato, né?
     
     A tripulação do Carnival Triumph é também um exagero: mais de 1000. Ou seja: é como se você fosse jogar buraco em duplas e um parceiro é sempre aquele que deixa passar mesa boa, joga canastra limpa na mesa, deixa todo mundo bater, inclusive o próprio parceiro que tem vontade de meter uma bolacha.

     Ou seja, de cada quatro pessoas, uma está ali para, de um modo ou de outro, para tornar sua viagem a mais agradável possível. E isso faz com que eles estejam por todos os lados: você sai da cabine para o café da manhã e quando volta, seu quarto já está arrumado. Volta da piscina e encontra toalhas novas. Volta do jantar e os lençóis da cama estão esperando pelo seu sono e um bombom, no travesseiro, para sua gula. Você não agüenta mais ver comida, mas quem está falando em ver.
     
      Comida é o que não falta. E muito menos gente disposta a comê-la. É inacreditável.
      Toma-se café da manhã bom e farto. Toma-se café da manhã farto e bom. Toma-se café da manhã bom e farto. Isso mesmo. As pessoas vão e repetem o café da manhã o tempo todo.
      Depois sobem para o deck 9, o do breakfast estilo buffet, e fazem mais uma boquinha. E lá vão alguns tomar um sorvetinho ou um frozen yogurt que estão ali, de graça, 24 horas por dia. Na volta, um hambúrguer, com fritas, salada e pão.

     E não é que pouco antes do almoço, faz-se um stop para um suquinho, uma limonada, disponíveis full-time. Pode ser um sorvetinho ou uma pizza – também ali dia e noite só para rebater a sobremesa. Até que chega o jantar, em alto estilo, alguma vezes de gala, outras, informais. Mas que não significam o fim da comida. A pizza continua, o hamburger idem, à espera da ceia da meia-noite.

     É um spa ao contrário. Devia se chamar epa.

     Só se pára de comer quando se desce do navio (em termos). E se desce três vezes em uma semana: San Juan, San Thomas e Saint Martin. Mas, o  navio continua sendo a principal atração e isso não tem o que tirar nem por. O tempo de permanência na ilha é muito curto. Dá pra se ter um gostinho. É um aperitivo antes de provar as delícias de um Caribe que vale a pena voltar...

      Por falar em aperitivo...Não está na hora de voltar ao navio?
Voltar à Página Inicial