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X Jornada de Estudos da Antiguidade - Festivais, Cultura e Poder

 

- Programação –

 

 

SEGUNDA

 

TERÇA

QUARTA

QUINTA

SEXTA

 

08h às 09h30

Sessões de comunicações 1 e 2

Sessões de comunicações 7 e 8

Sessões de comunicações 13 e 14

Sessões de comunicações 19 e 20

09h30 às 11h

Sessões de comunicações 3 e 4

Sessões de comunicações 9 e 10

Sessões de comunicações 15 e 16

Sessões de comunicações 21 e 22

11h às 12h30

Sessões de comunicações 5 e 6

Sessões de comunicações 11 e 12

Sessões de comunicações 17 e 18

Sessões de comunicações 23 e 24

Minicurso: Poemas Eróticos de Catulo

Minicurso: Poemas Eróticos de Catulo

12h30 às 14h

Intervalo de almoço

Intervalo de almoço

Intervalo de almoço

Intervalo de almoço

15h Abertura::

Apresentação do Coral Audite Noua

e

Conferência:

Os festivais como encenação da sociedade – Prof. Dr. Ciro Flamarion Santana Cardoso

14h às 16h

Mesa-redonda: O homoerotismo na cultura greco-romana

Mesa-redonda: Festivais, cultura e poder no mundo greco-romano

Mesa-redonda: Mito, poder e cultura no Mediterrâneo antigo

Mesa-redonda: O poder simbólico e o Estado no Egito, Grécia e Roma antigos

16h às 18h

Conferência: Considerações sobre o caráter diacrônico das festividades religiosas de Pessach e Shavuot – Prof.ª Dr.ª Cláudia Andréa Prata Ferreira

Apresentação da peça Édipo Tirano com o grupo teatral Cítero.

Conferência: Magia: expressão do poder feminino na cultura helênica – Prof.ª Dr.ª Dulcileide Virginio do Nascimento

Conferência de Encerramento: Ciclos festivos e o processo de formação de identidades no mundo romano – Prof.ª Dr.ª Ana Teresa Marques Gonçalves

18h às 20h

Minicurso:

Festivais, cultura e poder no Egito antigo

18h às 20h

Minicurso: Morte e funerais das sociedades celtas antigas

Minicurso: Morte e funerais das sociedades celtas antigas

Minicurso: Morte e funerais das sociedades celtas antigas

Lançamento dos Cadernos do CEIA

Minicurso: Festivais, cultura e poder no Egito antigo

Minicurso: Festivais, cultura e poder no Egito antigo

Minicurso: Festivais, cultura e poder no Egito antigo

 

 

Segunda-feira, 09 de Junho de 2008

 

Abertura

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 15h

 

Apresentação do Coral Audite Noua

Regente Adelheid Mason (Inst. de Letras – UFF)

 

Conferência:

Os festivais como encenação da sociedade

Prof. Dr. Ciro Flamarion Cardoso (CEIA-UFF)

 

Nesta palestra, tentaremos verificar se é aplicável a exemplos da Antiguidade – um tomado do antigo Egito, outro da Grécia Arcaica – o enfoque usado por Robert Darnton no terceiro ensaio que integra seu livro O grande massacre de gatos (Rio de Janeiro: Graal, 1986), intitulado “Um burguês organiza seu mundo: a cidade como texto”. É nossa opinião que, mutatis mutandis e com emprego de fontes primárias bem diferentes daquela que explorou o historiador-antropólogo norte-americano, tal experiência metodológica é possível e suscetível de arrojar alguma luz a processos da Antiguidade pertinentes para o tema desta Jornada. A finalidade é verificar como, em situações específicas marcadas pelo espaço de festividades e cerimônias, seja reiteráveis, seja ad hoc, a sociedade pode ser categorizada e encenada com certos objetivos que incluem o controle social.

 

Minicurso: Festivais, cultura e poder no Egito antigo

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 18h às 20h

 

Terça-feira, 10 de Junho de 2008

 

Sessão de comunicações 1: Registro de práticas mágicas no texto literário latino: de fins da República ao século dos Antoninos

Coordenadora: Profª. Drª. Lívia Lindóia Paes Barreto (UFF)

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 08h às 09h30

 

A magia e a comicidade no Satyricon de Petrônio

Prof.ª Bruna Prudêncio da Silva (Lato Sensu em Cultura, Língua e Literatura Latina – UFF)

 

A presente comunicação é fruto da Pesquisa de Iniciação Científica Pibic/UFF e orientada pela Profª. Drª. Lívia Lindóia Paes Barreto. A proposta da sessão coordenada é discutir a temática da Magia sob a ótica de diferentes representantes na Literatura Latina. Sendo assim, este trabalho toma como texto fonte o Satyricon de Petrônio. Escrito no século I d. C, o romance narra as aventuras de três jovens rapazes envolvidos em divertidas e inóspitas peripécias. O episódio escolhido para a análise lingüístico-literária tem como ponto de partida o encontro amoroso entre Encólpio, narrador –protagonista, e a bela Circe. Ao constatar sua impotência sexual, Encólpio recorre à magia no intuito de recuperar a virilidade. No decorrer dos acontecimentos, duas velhas feiticeiras aparecem envolvidas com rituais mágicos. Esta comunicação objetiva interpretar e analisar a maneira como Petrônio pinta um quadro que deveria ser carregado de mistério e honras aos deuses. Embora os rituais estejam presentes na narrativa, o autor latino quebra as expectativas do leitor ao temperar as ações com cenas pitorescas e inusitadas. A análise literária está centrada no estudo da semântica do texto: mitologia, rituais mágicos, intertextualidade e comicidade são os elementos que compõem a cena descrita por Petrônio que vê determinadas práticas religiosas sob a ótica satírica. De que maneira Petrônio brinca com esta temática em seu romance? Esta é uma da pergunta a ser desvendada neste trabalho.

 

Encantamentos e magia das feiticeiras Sagana e Canídia na Sátira VIII de Horácio

Prof.ª Isabela Bastos de Carvalho (Lato Sensu em Cultura, Língua e Literatura Latina – UFF)

 

Embora a legislação romana abertamente condenasse a magia – vista como prática estrangeira e oriental -, e, ainda que durante o Principado de Augusto tal prática tenha sido punida com maior severidade, é valioso registrar-se que importantes autores latinos fizeram dela significativa temática. Dentre estes, destaca-se o poeta satírico Quintus Horatius FlaccusHorácio (65 a.C. – 8 a.C.), o qual tornou-se íntimo de Augusto e pode ser considerado um poeta oficial deste Imperador. Esta comunicação objetiva apresentar e discutir os rituais, encantamentos e magias das feiticeiras Sagana e Canídia presentes nas Sátiras do supracitado autor, precisamente na Sátira VIII.

 

A influência mágica da deusa egípcia Ísis no Asno de Ouro de Apuleio

Prof.ª Nathália Esteves da Silva (Lato Sensu em Cultura, Língua e Literatura Latina – UFF)

 

No século II d.C., já durante a dinastia dos Imperadores Antoninos, na altura em que é nítida a crise da religião tradicional romana – puramente ritualística e sem preocupações com a alma, a ética e a moral -, emerge outro expoente da literatura latina a tratar da temática “magia”, a qual, segundo a visão romana, tratava-se de prática religiosa advinda do Oriente, portanto estrangeira. Lucius ApuleiusApuleio (125 – 180 d.C.) -, célebre escritor latino, em sua mais renomada obra, originalmente intitulada Metamorfoseon Libri XI (Onze livros de Metamorfose) , conhecida, também, pelo título O Asno de Ouro, ali lança mão da influência da deusa egípcia Ísis, a quem seu personagem central Lúcio (homônimo do autor), deve o êxito por retornar à forma humana, transformado que fora, em burro, através de práticas de magia.

 

Vergílio: feitiçaria e encantamento na VIII Bucólica

Prof.ª Thaíse Pereira Bastos de Almeida Silva (Latim – UFF / Lato Sensu em Cultura, Língua e Literatura Latina – UFF)

 

As Bucólicas de Vergílio, escritas entre 41 e 37 a.C. tratam, em geral, de assuntos relacionados à vida campestre, tranqüila e harmoniosa, ambiente que propicia a idealização do amor, correspondido ou não.

O amor idealizado é assunto que permeia algumas das composições: os personagens pastores cantam as belezas e os prazeres deste sentimento, podendo recorrer, porventura, a encantamentos e rituais mágicos para possuírem o objeto de desejo, como o que ocorre na VIII Bucólica, datada de 39 a.C..

O presente trabalho destina-se ao estudo semântico-lingüístico da referida Bucólica, com o objetivo de discutir a utilização das práticas de magia, não só nos versos do poeta mantuano, mas também no momento histórico em que se insere, o fim da República.

 

Sessão de comunicações 2: Da antiguidade até os nossos dias: mito, logos e a morte

Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Izabela Bocayuva (UERJ)

Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 08h às 09h30

 

De Heráclito a Nietzsche

Fabio José Alfredo Santos da Rocha (Filosofia – UERJ)

 

Com o vigor da physis em sua análise do real, Heráclito, já no seu fragmento primeiro, afirma que o Logos "é sempre", sem início nem fim, além da dimensão do tempo de cronos. Além do real em suas manifestações múltiplas e que percebemos através do espaço-tempo, Heráclito afirma um real originário e uno, além do tempo, que se esconde dos outros homens (os muitos que dormem, ou os hoi poloi). Mas, assim como Nietzsche, Heráclito destaca também uma constância: a mudança, o devir. Fragmento 84 de Heráclito: "Transformando-se, repousa”.Assim, o devir "é sempre" (sem início ou fim), da mesma maneira que o Logos. Como então afirmar o mobilismo como atribuição corrente feita ao pensamento de Heráclito? Para tratar disso, utilizaremos também as considerações de Nietzsche sobre o pensamento de Heráclito em "A filosofia na idade trágica dos gregos".

 

Quando estudar a Antigüidade não é mera curiosidade

Prof.ª Dr.ª Izabela Bocayuva (Filosofia – UERJ)

 

Estudar o pensamento grego leva-nos a nos depararmos com o impressionantemente atual. Com esse estudo não vamos ao passado meramente, mas chegamos onde nós mesmos estamos, à medida que, apesar dos anos transcorridos, vida enquanto tal não envelhece nem tampouco evolui. Se por um lado o pensamento grego pôs-se a pensar a partir de problemas vigentes em sua época, por outro lado, reconhecemos que na vigência de nossos próprios problemas uma das questões é justamente nos dispormos a despertar novamente para alguns daqueles questionamentos nascidos na antiguidade.

 

Trabalho e ócio na Grécia Antiga

Rebeca Furtado de Melo (Filosofia – UERJ)

 

Através de uma interpretação do Mito de Prometeu, narrado por Protágoras no diálogo, de mesmo nome, de Platão, propõe-se investigar as diversas noções de trabalho para os gregos e sua importância no estabelecimento da Pólis.

É justamente a relação entre a arte técnica e a arte política, que são citadas neste mito como características próprias do homem, que possibilita o modelo de homem grego da Idade Clássica. Este homem que valoriza a vida política e contemplativa, o ócio e a razão, entendidas como características e atividades do homem virtuoso, em detrimento do prático, do utilitário, da técnica que tem relação direta com o trabalho servil.

Por fim, pretende-se, em oposição, analisar a noção unificada que temos de trabalho, atualmente, e as conseqüências observáveis na construção das relações sociais, políticas e educacionais de nossa sociedade.

 

O homem diante da morte: um estudo filosófico

Soraya Monteiro Deminicis (Filosofia – UERJ)

 

O homem comum é aquele que tem medo da morte, esta, aliás, é um dos mais genuínos problemas da condição humana, tendo demandado esforços para o seu entendimento ao longo da História do pensamento ocidental.

Saber-se mortal suscita ao homem a todo momento entender o sentido da vida, investigá-la apenas no âmbito do que é imortal ou infinito. O homem acredita num sentido como sinônimo de valor apenas para aquilo que é eterno, esquecendo-se que o próprio tempo esvai-se a todo momento. O tempo é o exemplo de que tudo passa, mas que apesar de passar não deixa de ter sentido.

O homem diante da morte é um estudo sobre a contribuição da Filosofia na compreensão da morte e como esse tema vem sendo abordado desde os antigos até os dias atuais. O processo de iniciação por que passavam os jovens na Grécia Antiga, o enfrentamento da morte pelos guerreiros, filósofo diante da morte e a morte para o homem comum são as principais questões levantadas.

 

Sessão de comunicações 3: Estudos literários e lingüísticos do mundo clássico

Coordenadora: Profª Mestranda Katia Teonia Costa de Azevedo (UFF)

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 09h30 às 11h

 

Os hexâmetros dactílicos e a definição das fronteiras poéticas na Grécia arcaica (séc. VIII ao VI a.C.)

Prof. Mestrando Alexandre Santos de Moraes (História – UFRJ)

 

Durante o Período Arcaico, a Hélade testemunhou a confluência de três grandes tradições poéticas: a aédica, a lírica e a rapsódica. Os historiadores, convidados a versar sobre o papel social de determinado poeta, precisam lançar mão de estratégias para reconhecer as particularidades em meio às variadas tradições. Nossa comunicação pretende debater de que modo o hexâmetro dactílico, o “rei dos metros clássicos”, pode servir como um importante instrumento para ajudar na definição destas fronteiras e ajudar-nos a entender as técnicas formulares dos aedos gregos.

 

Considerações sobre o processo de formação do gênero romanesco

Camila Lopes Ferreira (Letras Português / Espanhol – UFF)

 

A partir do estudo da obra de Mikhail Bakhtin, especialmente de dois de seus textos, “A pré-história do discurso romanesco” e “Epos e romance”, busca-se uma análise do processo de nascimento e formação do discurso romanesco, processo que surge na Antigüidade Clássica, a partir da degeneração dos gêneros elevados. A inovação da palavra romanesca pode ser revelada no novo tratamento que o gênero dá aos aspectos temporais da narrativa; outra característica importante do romance é o novo tratamento estilístico da obra literária, produzido através do discurso dialógico. A Antigüidade Clássica, por meio da cultura cômica popular e do surgimento dos gêneros sério-cômicos, tem uma importância fundamental para o nascimento dessas principais características do romance; além de ser um período que guarda em si as sementes do grande romance moderno.

 

"Prática e teoria" em Vitrúvio: em abono de uma tradução

Prof. Dr. Eduardo Tuffani (Letras UFF / CEIA)

 

A primeira tradução integral brasileira da obra "Da arquitetura" de Vitrúvio Polião, realizada por Marco Aurélio Lagonegro (São Paulo: Hucitec, 1999), levantou algumas críticas improcedentes. Esta comunicação detém-se na passagem I, 1, 1 do texto de Vitrúvio, buscando justificar a tradução de "fabrica" por "prática", com base em tradutores e comentadores de ontem e hoje do legado vitruviano.

 

A configuração da relação de poder em “Vacca et Capella, Ouis et Leo”: uma análise semiótica e estudo da referenciação na fábula de Fedro

Rachel Maria Campos Menezes de Moraes (Letras Português / Inglês – UFF)

 

Neste trabalho, que faz parte de nossa pesquisa de Iniciação Científica apoiada pela FAPERJ e orientada pela Profa. Dra. Vanda Cardozo de Menezes, faz-se a análise semiótica da fábula "Vacca et Capella, Ouis et Leo", de Fedro. Além disso, analisa-se a Referenciação nesta mesma fábula.

Para a análise Semiótica, apoiamo-nos na teoria desenvolvida por Greimas e descrita por Diana Luz Pessoa de Barros em "Introdução à Lingüística" enquanto que, para a Referenciação, apoiamo-nos na teoria  de Ingedore Koch em "Ler e Compreender os Sentidos do texto", 2006.

Pretende-se, assim, analisar a relação de poder contida no texto.

 

Sessão de comunicações 4: Os primórdios do Livro: Judaísmo e Cristianismo antigos

Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Cláudia Andréa Prata Ferreira (UFRJ)

Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 09h30 às 11h

 

O poder do gênero: a exclusão da mulher no processo de canonicidade das Escrituras

Prof. Ms. Allan Erdy de Souza (STBSB / UERJ)

 

Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar o contexto dos dois primeiros séculos da era cristã e perceber quais são as influências sociais e históricas, que perpassam pela relação de gênero sobre a canonicidade das Escrituras. Basear-se-á na perspectiva da história social, possibilitando ainda, destacar a interdisciplinaridade entre outras esferas do saber. Com isso, pretende-se que este trabalho contribua para uma reflexão atual sobre a questão do gênero e sua inter-relação e influência na canonicidade e formação do texto bíblico, que desconsiderou/excluiu a contribuição feminina em tal processo histórico da antiguidade. A perspectiva feminista e a historiografia social contribuem para esta análise, com a proposta de analisar criticamente e historiograficamente, de uma forma imaginativa, os textos bíblicos e extra-bíblicos  para detectar as possíveis contribuições ou não, no que concerne da participação do feminino, que advém do meio social na era cristã dos dois primeiros séculos para a formação do texto bíblico, suscitando uma pergunta fundamental: Por quê a mulher ficou excluída do processo de canonicidade das Escrituras?

 

O nascimento do judaísmo primitivo: uma análise dos 14 primeiros capítulos do livro de êxodo

Antônio Alves dos Reis Neto (História – UECE)

 

O estudo das religiões por muito tempo ficou no “sótão” dos temas escolhidos pelos historiadores para suas pesquisas até que a Escola dos Annales e/ou a “Nova História” pudesse dar um novo direcionamento e que voltasse, com novos métodos e sob a ótica de novas teorias, o estudo das religiões. A pesquisa foi construída tendo como tema o judaísmo, mais precisamente o judaísmo primitivo e o intuito foi não questionar a historiografia construída em torno deste fato histórico mais sim fazer uma discussão sobre a idéia de que um determinado povo, os hebreus, se localizavam, assim como outros, por toda a região do Crescente Fértil, pois ainda não haviam se fixado ou não haviam passado pelo processo de sedentarização. Ainda discute-se neste trabalho o querer ter um deus próprio ou um deus particular para a partir daí construírem-se como “povo”. O trabalho objetiva mostrar que os autores que foram relacionados para a bibliografia deixaram de abordar alguns temas como imaginário social, mentalidades e relações sociais entre os pequenos grupos que hoje já não podiam mais ser esquecidos e também que as fontes questionadas a partir de seus lugares de produção revelavam outros fatos que também não haviam sido discutidos.

 

Ave, Cesar... ou morte com Cristo

José Marcos Lopes Barbosa (História – UFF)

 

Esta comunicação é o resumo do meu trabalho de monografia que tem como propósito o estudo e a pesquisa, á luz da historiografia, da relação do Império Romano com o movimento cristão primitivo, ao longo de 4 (quatro) séculos (de Augusto á Constantino), a partir das perseguições que ocorrem em dois níveis, popular e estatal, investigando suas causas, motivos e razões. Nesse sentido, perceber o impacto produzido nessa relação e suas conseqüências no campo social, político e no campo das “idéias”, do espírito do homem da época, dialogando com diversos autores e uma gama de hipóteses a fim de comparar, analisar e formar uma conclusão neste recorte histórico, no qual eu destacaria dois pontos: o primeiro o de se considerar a complexidade do assunto do qual há ainda muito que se estudar e pesquisar, de acordo com Aymard & Auboyer, e, segundo, o triunfo histórico do monoteísmo, conforme a conclusão de Simon & Benoir, um clássico do tema.

 

O rito do batismo nas comunidades cristãs do primeiro século

Prof. Mestrando João Oliveira Ramos Neto (PPGHC – UFRJ)

 

O pensamento religioso, para Durkheim, é aquele que distingue entre profano e sagrado e é composto pelas crenças e pelos ritos, isto é, aquelas regras de conduta segundo as quais os homens, no âmbito coletivo, devem se comportar em relação às coisas sagradas. Os ritos são atos formalizados portadores de uma dimensão simbólica e, portanto, portadores de gestos e ações articulados com a crença na transcendência. O batismo como ato de mergulhar na água era um rito praticado desde a Antigüidade em diversas sociedades no sentido de purificação moral e espiritual e foi introduzido no Cristianismo pelos discípulos de Jesus que passaram a fazer o mesmo com os judeus que se tornavam cristãos.

 

Sessão de comunicações 5: Cultura material e arqueologia nas sociedades clássicas

Coordenador: Prof. Dr. Claudio Umpierre Carlan (UNIRIO)

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 11h às 12h30

 

Cultura e poder na Antigüidade Tardia: o papel da numismática

Prof. Dr. Claudio Umpierre Carlan (UNIRIO / CEIA – UFF / NEE / NEA – UERJ)

 

Poucos trabalhos foram realizados sobre a função das imagens no Mundo Romano. Seu papel como agente de uma propaganda político-imperial, legitimou um poder centralizado ou de uma elite dominante, todos aqueles que circulavam pela orla do poder. Nesse mundo, no qual não existiam meios de comunicação iguais aos nossos, as representações monetárias tem uma função ideológica importante, transportando uma mensagem simbólica para as diversas regiões do Império.

Utilizaremos como fonte principal as peças da coleção do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, importante acervo arqueológico brasileiro, ainda pouco explorado.

 

Mare Nostrum: O imaginário marinho da sociedade afro-romana a partir de representações musiva do período do Século II ao V

Danielle Sant’Ana de Albuquerque (História – UFRJ)

 

Desde a Antiguidade o mar desperta um misto de sentimentos no homem por ser fértil e, ao mesmo tempo, pelo seu potencial ameaçador. O fato é que o mar convida o homem a jogar-se nas aventuras do desconhecido que podem trazer sucesso e riqueza ou até mesmo a morte. Deve-se levar em conta que o desconhecido desperta a imaginação. Assim sendo e tendo por base mosaicos romanos da África Proconsular do período que vai do Século II ao V d.C. de temática marinha, o presente trabalho tem como objetivo compreender o imaginário marinho existente nessa sociedade.

 

A região do Kerameikos no período Clássico: um debate historiográfico

Fabiane Silva Martins (História – UERJ)

 

A região do Kerameikos, situada a noroeste da Ágora ateniense configura-se um espaço onde vida e morte convivem, sendo ao mesmo tempo o maior subúrbio ateniense, assim como uma das maiores necrópoles da Ática.

Segundo o Instituto Alemão de Arqueologia em Atenas a ocupação da região do Kerameikos, para fins funerários teve início no final do terceiro milênio antes de Cristo e foi até aproximadamente o século II d.C.

Atualmente arqueólogos estudam incessantemente a região buscando vestígios que possam esclarecer a vida da sociedade ateniense, em diversos períodos.

Estabelecendo o período Clássico (VI - IV séculos a.C.) como marco temporal das pesquisas examinadas, o nosso objetivo é apresentar algumas das principais questões abordadas nesses estudos arqueológicos.

 

A cultura material arqueológica na Sicília romana: o templo da Concórdia como testemunho de estratégia de dominação política através do discurso da deusa Concórdia

Glauce de Souza Luz (História – UNIRIO)

 

As poleis da Magna Grécia conheceram diversos embates entre Cartagineses e Romanos durante o período compreendido entre a 1ª e a 2ª Guerras Púnicas. Em meio a esses confrontos bélico-políticos, seus templos, símbolos de prestígio e imponência político-religiosa das poleis; sofreram redefinições de sentidos sócio-políticos.

Esta conferência busca estudar o caso do Templo da Concórdia em Akagras (Agrigentum-Sicília), denotando a remodelação dos sentidos político-sociais atribuídos ao templo durante o período de conquista romana (210 c.) como decorrente do seu imperialismo e ressaltando o porquê da associação do templo ao discurso da Concórdia.

 

Sessão de comunicações 6: Cristianismo antigo: religião e filosofia

Coordenador: Prof. Ms. Manuel Rolph De Viveiros Cabeceiras (UFF)

Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 11h às 12h30

 

Religião, filosofia e poder na Antiguidade Tardia: estudo de caso

Prof. Doutorando José Petrúcio de Farias Júnior (História – UNESP)

 

Propor-nos-emos discorrer sobre a dinâmica da política imperial no IV século sob a ótica da religião, filosofia e poder, na Antiguidade Tardia, a partir das biografias de Eunápio de Sardes (347-412 d.C.) com a intenção de compreender a estratégia argumentativa utilizada pelo biógrafo para legitimar a representatividade política das elites neoplatônicas da província da Ásia Menor. Tal estudo nos auxiliará na apreensão das especificidades da administração imperial e os recursos de que dispunham as elites locais não-cristãs para se auto-afirmar no cenário político o que nos permite dizer que o conjunto de ações e condutas dos neoplatônicos nos ofícios públicos manifesta a intenção de Eunápio em representá-los como agentes de poder.

 

“Contra as Heresias”: Um instrumento de detração dos gnósticos

Prof. Mestrando Márcio Gonçalves dos Santos (PPGH – UNIRIO)

 

O objetivo desta comunicação é apresentar como a construção de uma obra de cunho dogmático se transformou em um eficaz meio de desqualificação dos gnósticos, “Contra as Heresias” é uma obra confeccionada em meados do século II, no período em que o cristianismo era um mosaico de vários grupos que se denominavam seguidores de Cristo. Irineu, bispo de Lião membro de uma modalidade mais hierarquizada do nascente cristianismo, produziu, sob pedido do papa Vítor, um instrumento para defender e reforçar o cristianismo hierárquico frente às outras modalidades. No entanto, tal obra se apresentou não só como um reforço a fé dos cristãos hierarquizados, mas também como um meio de desqualificar e desacreditar a modalidade gnóstica do cristianismo.

 

Martírio e santidade nos sermões de Santo Agostinho

Prof.ª Doutoranda Miriam Lourdes Impellizieri Silva (História – UERJ / USP)

 

No início do século V, apesar de consolidado como religião oficial do Império, o Cristianismo sente-se ameaçado pelas heresias e interferência do poder imperial nos seus assuntos internos.

Dentre as armas de que dispunha para combater os inimigos da fé e da Igreja, Agostinho, bispo de Hipona, utiliza a do sermão natalício dos santos mártires. Reconhecidos pela Igreja antiga como modelos do verdadeiro cristão e dos seus primeiros santos, os mártires ocupam no pensamento de Agostinho papel de relevo e de destaque. Assim, do conjunto de mais de setenta sermões agostinianos dedicados ao tema, tomaremos como base desta comunicação um pequeno grupo, os relativos a três santos: Estevão, Vicente e Cipriano, datados do período compreendido entre 400 e 425.

 

Cultura e poder: a concepção do livro sagrado. da ‘fundação’ de Roma ao Cristianismo nascente de Constantino (séculos IV – V)

Prof. Dr. Pe. Pedro Paulo Alves dos Santos (Letras – UNESA)

 

Para a leitura do texto cristão, por excelência, a Bíblia foi fundamental à privilegiada primavera da história da literatura, ocorrida sob os estudos da historiografia francesa e européia, em particular, nestes últimos quarenta anos. Neste período, evocava-se o indispensável caráter, de partir ineludivelmente de seus resultados, para avançar em busca da realidade para toda a discussão historiográfica: a releitura dos sentimentos religiosos encarnados no Imaginário da cultura e na mentalidade cristã, européia e medieval. Assim, o conceito de imaginário joga um papel decisivo na recepção de textos antigos, dadas as próprias circunstâncias da cultura religiosa. Sobretudo, ao pensar que a leitura medieval é eminentemente bíblica, e como a arte, esta depende do texto sagrado, como fonte. Os centros de cultura estavam baseados sobre a cópia e a conservação de manuscritos. As questões da interpretação permanecem nos muros dos mosteiros e ambientes eclesiásticos. Em outras palavras, a emergência do Cristianismo antigo está vinculada, desde o inicio, ao desenvolvimento do ‘livro’ como instrumento intrínseco à sua natureza religiosa, e, ao mesmo tempo, crucial à sua estratégia cultural que exerceu sobre a sociedade culta antiga um deslocamento da função e do uso do livro.

 

Minicurso: Poemas Eróticos de Catulo

Prof.ª Dr.ª Edna Ribeiro de Paiva (UFF)

Bloco C, sala 307 – 11h às 12h30

 

Mesa redonda: O homoerotismo na cultura greco-romana

Coordenadora: Profª Drª Ana Lúcia Silveira Cerqueira (UFF)

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 14h às 16h

 

O homoerotismo na lírica augustana: a Ars Amandi de Tibulo

Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia Silveira Cerqueira (CEIA-UFF)

 

Há uma variedade de diálogos, que tratam do homoerotismo em Roma. Nos poetas augustanos encontramos Virgílio com seu formoso Aléxis na Bucólica II. Na Eneida, há a alusão de um amor a Niso e Euríalo (En.V,334), Horácio menciona o seu puer delicatus, Ligurino (Ode IV). Propércio adverte ao seu amigo Galo, através do relato da morte de Hylas, ao cuidar do seu puer. Tibulo, contudo, trata deste tema de forma clara e detalhada: são três poemas dedicados ao escravo Márato. Em um deles o poeta, num diálogo com a estátua de Príapo, pede lições de como conquistar os rapazes, a resposta do deus é uma verdadeira “arte de amar”.

 

De líquidos, aromas e desejos... a poesia que fala de um erotismo entre iguais

Prof.ª Dr.ª Fernanda Lima (Farol de Alexandria - UERJ / FGV)

 

O desejo homoerótico, embora ainda não recebesse este nome, esteve presente em várias manifestações artísticas da cultura grega. Desde a pintura de vasos até - e principalmente - a poesia, o desejo erótico entre pessoas do mesmo sexo povoa a arte da Antigüidade helênica e helenística. No trabalho que propomos, pretendemos verificar como o homoerotismo se manifesta em algumas formas de arte, como a poesia de Safo, Anacreonte e Calímaco, sem perder de vista, evidentemente, o contexto histórico-social em que tal produção poética se dá.

 

Juvêncio, o de olhos de mel: a representação da relação homoerótica nos moûsa paidiké

Profª Mestranda Katia Teonia Costa de Azevedo (UFRJ / UFF/ CEIA)

 

Ao longo da obra catuliana, identificamos referências ao homoerotismo em alguns poemas que podem facilmente ser divididos em dois grupos distintos, levando em conta a mudança de tom e o tratamento dado à relação entre iguais. Alternando entre um teor sarcástico e aprazível, Catulo configura uma representação múltipla deste tipo de relação.

Propomo-nos, neste trabalho, observar sob inúmeros aspectos, como o poeta trabalha esta temática e para isto selecionamos os poemas de amor destinados a Juvêncio (moûsa paidiké).

 

Conferência

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 16h às 18h

 

Considerações sobre o caráter diacrônico das festividades religiosas de Pessach e Shavuot

Prof.ª Dr.ª Cláudia Andréa Prata Ferreira (FL – UFRJ / PPGHC – IFCS – UFRJ)

 

Leitura dos sucessivos significados das festividades judaicas de Pessach e Shavuot ao longo do tempo. Considerações sobre o fenômeno da ressignificação na história das religiões, mostrando que nos rituais religiosos o essencial não se encontra no conteúdo do evento em si, mas sim no próprio significante, ou seja na existência das datas fixas, consagradas das festividades, uma ocasião propícia para receber o “significado” que melhor corresponda aos acontecimentos da vida de um grupo e ou de um povo e à ideologia do grupo dominante.

 

Minicurso: Morte e funerais das sociedades celtas antigas

Prof.ª Dr.ª Adriene Baron Tacla (CEIA-UFF)

Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 18h às 20h

 

Minicurso: Festivais, cultura e poder no Egito antigo

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 18h às 20h

 

Quarta-feira, 11 de Junho de 2008

 

Sessão de comunicações 7: Trabalho, atletas, jogos e lazer na Grécia antiga

Coordenador: Prof. Dr. Fabio de Souza Lessa (UFF)

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 08h às 09h30

 

De Olímpia à Pequim: uma análise comparativa entre os festivais esportivos na Grécia Antiga e na Contemporaneidade

Prof. Mestrando Fabio Bianchini Rocha (PPGHC – UFRJ)

 

Entre os festivais esportivos no mundo Antigo, indubitavelmente os realizados em Olímpia detinham maior prestígio e exerciam influência sobre os demais jogos pan-helênicos. Seus ideais, inclusive, serviram de inspiração para que o Barão Pierre de Coubertin reeditasse sua realização ao final do século XIX. Torna-se interessante, portanto, uma análise comparativa entre os eventos realizados no mundo grego Antigo e os jogos modernos e contemporâneos. Para isso, utilizaremos como documentação as imagens pintadas nas cerâmicas áticas do Período Clássico (séculos V e IV a.C.).

 

Atletas gregos em cenas não esportivas

Prof. Dr. Fábio de Souza Lessa (História – UFRJ / LHIA) e Prof.ª Mestranda Vanessa Ferreira de Sá Codeço (PPGHC – UFRJ / UFRJ)

 

Nesta comunicação propomos analisar a dimensão que as práticas esportivas possuíam no processo de formação do cidadão grego. Porém, observar a importância dos aspectos físicos na paideía helênica em cenas de treinamento e/ou competições esportivas não permitiria que visualizássemos a real dimensão que o ideal físico adquiria na ideologia das póleis. Por isso, a opção pela interpretação dos signos que nos remetem ao atleta grego em cenas tipicamente não esportivas representadas nos vasos áticos do Período Clássico (séculos V e IV a.C.).

 

Hesíodo e a dignidade do trabalho como exercício da justa medida

Prof. Doutorando Renato Nunes Bittencourt (PPGF – UFRJ)

 

Nesta apresentação trataremos, mediante a leitura de Os Trabalhos e os Dias de Hesíodo, de uma interpretação acerca do valor ético do labor como um modo do ser humano desenvolver em termos práticos a prédica helênica da justa medida, de tal forma que o homem agrade aos olhares divinos. Nessas condições, o trabalho, longe de colocar o ser humano numa situação de inferioridade diante da classe guerreira, concede-lhe a dignidade, sobretudo se o homem respeita as suas posses sem fazer uso de artifícios desonestos para obter favores especiais dos legisladores, conforme as contínuas repreensões de Hesíodo ao seu irmão Perses, que laureou de dádivas desonestas os “reis comedores de presentes”, em troca de desmedidos e egoístas favorecimentos pessoais. Para Hesíodo, o trabalho não é apenas o meio justo de se conseguir riqueza, mas também o processo que granjeia a estima dos deuses através do esforço dispendido nas atividades cotidianas, enquanto que o ato de não trabalhar torna-se algo aviltante e motivo de vergonha. O cultivo da terra é a melhor maneira do ser humano se manter em estado de equilíbrio, mediante a compreensão do tempo conveniente para o cultivo de cada gênero. Como base para tal pesquisa, utilizaremos como bibliografia complementar textos de Friedrich Nietzsche, Walter Burkert e Bruno Snell.

 

Os jogos e as termas: notas sobre a civilização do lazer

Thiago Eustáquio Araújo Mota (História – UEMG)

 

De um modo geral, o romano, assim como o moderno, não concebia um ideal de lazer apartado do ambiente urbano. Segundo Paul Veyne, o homem romano não podia ser ele mesmo no campo, sentia-se melhor na cidade. Esta era constituída não apenas de ruas familiares e de multidões, mas de comodidades materiais (commoda), como os banhos públicos e edifícios que a enalteciam no espírito de seus moradores e dos visitantes e a tornava bem mais que um vulgar conjunto de habitações. Ali, como em todas as cidades do Império, os espetáculos e comodidades públicas funcionavam à base do evergetismo. Lazer e poder caminhavam juntos na “cidade eterna” e o próprio ocaso do Império fez entrever esta relação. Ao tempo em que a autoridade imperial sofria as investidas do Cristianismo e que as guerras civis chegavam às portas de Roma, a cidade ganhava os balneários artificiais mais suntuosos até então construídos pelas mãos humanas. Por algumas horas do dia, e por um preço módico, o plebeu desfrutava a sensação de ser recebido nos palácios dos reis asiáticos que os gregos denominavam paradisoi.

É nosso intuito nesta comunicação rastrear as categorias de prazer que encerrava a urbes imperial, tentando uma aproximação comparativa com a cidade moderna, não apenas ao nível dos deleites urbanos, mas também dos dilemas, armadilhas e relações de poder que marcam o universo das grandes cidades.

 

Sessão de comunicações 8: Oriente e Ocidente: saberes, ritos e práticas

Coordenadora: Prof.ª Mestranda Liliane Cristina Coelho (CEIA-UFF)

Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 08h às 09h30

 

Práticas religiosas: considerações do culto de Isis na Roma Imperial

Ana Carolina Caldeira Alonso (História – UNIRIO)

 

Pretendemos, com essa comunicação, tecer algumas considerações a respeito do culto de Isis na Roma do Alto Império. Para tanto, usaremos como corpus documental a leitura de dois textos-chave para a compreensão do culto da deusa egípcia, inserido, porém, no contexto da urbs romana, quais sejam, a obra "O Asno de Ouro" de Apuleio e o tratado "Isis e Osíris" de Plutarco. No entanto, ressaltaremos os aspectos essencialmente ritualísticos que denotam as referidas obras, tendo em vista a enorme valorização da execução correta de rituais dentro da cultura religiosa romana. Desse modo, tentaremos expor alguns rituais religiosos dedicados a Isis considerando e evidenciando, ainda, em perspectiva comparativa as transformações ocorridas devido à incorporação por meio do sincretismo religioso da deusa a “religião romana tradicional”.

 

O Oriente sobre a Grécia: divindades órficas e suas raízes

Felipe Hollanda Cavalcanti Velloso (História – UFRJ)

 

O presente trabalho visa investigar as raízes orientais dentro da religiosidade órfica, com ênfase nos vestígios de suas teogonias, em particular a rapsódia e a cosmogonia que a mesma propõe. A partir destes textos faremos uma exegese comparativa com os traços mais marcantes das orientalizações ali presentes, principalmente na construção da identidade divina no primórdio, como Cronos, Fanes e Noite.

 

Concepção, contracepção e nascimento no Egito Antigo: o papiro médico de Kahun

Prof.ª Mestranda Liliane Cristina Coelho (PPGH – UFF / CEIA)

 

Para os egípcios antigos ter uma vasta descendência era algo muito apreciado. Os motivos, longe de se restringirem apenas ao fator emocional, estavam principalmente relacionados a uma razão social: eram os filhos que cuidavam dos pais na velhice e que também herdavam a responsabilidade em torno da manutenção de seu culto funerário. Embora muitas crianças morressem na infância, um número de filhos além do desejado poderia também representar um problema. Dessa maneira, os egípcios tanto criaram métodos para garantir a fertilidade feminina, quando indicavam outros para restringi-la. Tais conhecimentos estão descritos em papiros de diversas épocas, dentre os quais destacam-se os Papiros de Kahun, descobertos por W. M. Flinders Petrie em 1889. Nesta comunicação, apresentaremos a análise destes documentos sobre os métodos prescritos pelos antigos egípcios para garantir a concepção e para evitá-la, assim como faremos uma breve explanação sobre o momento do nascimento, a partir de fontes de outra natureza.

 

O culto de Ísis – do Egito a Roma

Patricia Cardoso Azoubel Zulli (História – UFF / CEIA)

 

Pretendemos fazer uma breve análise da trajetória do culto de Ísis pela Antigüidade. Deste modo observaremos a posição da deusa em seu contexto original, suas modificações para alcançar o público heleno que se estabelecera no Egito e como este antigo culto chega à pragmática Roma e consegue se infiltrar em suas diversas camadas sociais.

 

Sessão de comunicações 9: Religião e cultura no Oriente Próximo: Império Neobabilônico e Judá

Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Rede (UFF)

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 09h30 às 11h

 

Cultura, festividades e poder no Império Neobabilônico

Cinara de Oliveira Machado (História – UEMG)

 

Para este estudo os aspectos que nos interessam dizem respeito à cultura, às festividades, à religiosidade e às representações de poder. Analisaremos o Império Neobabilônico através de sua capital Babilônia, pois segundo Heródoto, esta foi neste período a principal cidade da Mesopotâmia e a qual de acordo com o mesmo, nenhuma outra se igualou na organização e maravilhosas construções. Além deste fato, existe um extenso relato sobre a vida nesta cidade. Neste estudo nos concentraremos, portanto, na Babilônia, descrita por Heródoto na sua História, como grande centro de poder, festividades e cultura. Nesta História o autor nos oferece minuciosos relatos dos habitus, costumes e modos de fazer dos babilônios. E é a partir dessas imagens e das reflexões de Leick, Oppenheim e Wolff, que nos aproximamos daqueles horizontes de tradições e cultura.

 

A Torá como meio de poder no mundo Judaico antigo

Prof. Ms. Frank dos Santos Ramos

 

O objetivo dessa comunicação é evidenciar o uso da Tora como elemento não apenas organizador de cunho religioso, como também mantenedor hierárquico social no mundo judaico antigo.

 

A intervenção neobabilônica em Judá – causas e conseqüências

Lilian de Brito Koplin (História – UFF / CEIA)

 

Esta comunicação tem por objetivo delimitar os aspectos gerais – sejam estes políticos, culturais ou mesmo econômicos – acerca do período de 605 a.C. até 539 a.C., em Judá. Tal período abrange a época de ingerência neobabilônica em tal território; mais ainda, compreende em si um dos momentos decisivos da história hebraica: a capitulação de Jerusalém e o saque do Templo de Salomão.

 

A deusa Asherah e a homossexualidade ritual: relações folclóricas e políticas na terra de Canaã desde o período da conquista até o final do reino de Judá

Prof. Mestrando Sérgio Aguiar Montalvão (FFLCH – USP)

 

A deusa Asherah era vinculada aos rituais de fertilidade e conforme a citação bíblica de 2º Reis 23:7, era também estava ligada ás práticas homossexuais dos seus sacerdotes devotos, os “qdoshim”.  O trabalho tem como objetivo apresentar as relações da divindade, dos rituais sacro-homossexuais em sua devoção, e dos seus sacerdotes devotos na terra de Canaã desde o período da Conquista até o final do reino de Judá nos contextos folclóricos (o significado de Asherah para os cananeus e as crenças à ela vinculadas) e políticos (o papel da divindade nas relações externas com o reino do norte no período do rei Acab, a prostituição ritual no reino do sul acentuada nos reinados de Roboão, Asa e Josafá culminando com a reforma de Josias), comparando as visões cananéias e deuteronomistas de Asherah como deusa da fertilidade e dos rituais homossexuais em sua dedicação.

 

Sessão de comunicações 10: Economia e sociedade na Roma antiga

Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Sônia Regina Rebel de Araújo (UFF)

Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 09h30 às 11h

 

Moses Finley e a economia antiga

Prof. Dr. Alexandre Galvão Carvalho (História – UESB)

 

O livro “Economia Antiga” de Moses Finley, publicado no início da década de 70, foi um marco nos estudos da economia no mundo antigo. Abordando temas como mercado, escravidão, relações entre cidade e campo, status e classe, explorados por Max Weber, Johannes Hasebroek, Karl Polanyi, autores paradigmáticos do debate entre primitivistas e modernista e substantivistas e formalistas, Finley fundou uma “nova ortodoxia” neste centenário debate. Procuraremos neste trabalho investigar o quanto Finley se afasta e se aproxima destes autores e os limites de seu modelo teórico.

 

Vilicus e Magister Pecoris em Varrão, R.R. 1.17 e 2.10.: As características necessárias aos chefes escravos

José Ernesto Moura Knust (História – UFF / CEIA)

 

Nos capítulos dedicados à mão-de-obra necessária à agricultura e ao pastoreio, nos livros primeiro e segundo, respectivamente, de sua Res Rustica, Marcos Terêncio Varrão demonstra ávida preocupação com as características que aqueles escravos designados para liderar o restante devem ter. A partir das predições varronianas acerca deste ponto, acreditamos ser possível identificarmos certos elementos fundamentais da ideologia escravista presentes no tratado varroniano.

 

O fascínio da cidade sobre o camponês

Leonardo Ferreira de Almeida (Letras Português/Latim – UFF)

 

A nossa proposta é apresentar a questão do fascínio exercido pelos luxos e riquezas da Urbs sobre o rude camponês a partir de uma análise semântica do texto. Tomamos como fonte para os nossos comentários a Bucólica VII de Calpurnius Siculus, poeta latino que provavalmente viveu no tempo de Nero. Em um diálogo entre dois pastores, Corydon e Lycotas, o poeta nos mostra a admiração do camponês diante das maravilhas arquitetônicas que ele presenciara na visita a Urbs, a ponto de se retardar deixando de participar dos festivais campestres – Parilia – realizados durante sua ausência do campo.

 

A “Comédia da Marmita” de Plauto: Uma Reflexão Sobre as Relações de Patronato e Amizade

Mateus Henriques Buffone (História – UFRJ)

 

O estudo da atuação social das organizações e redes de grupos informais foi uma prática de grande importância para as sociedades mediterrâneas da Antigüidade e, o seu estudo continua pertinente para as sociedades atuais. Nesta comunicação temos como objetivo discutir as relações de patronato e amizade, com base na análise da obra “Comédia da Marmita” do autor romano Plauto (c. 250-184 a.C.). Esta problemática está relacionada ao estudo das formas de funcionamento das sociedades complexas e ao questionamento do pressuposto de que a estrutura social não é essencialmente integrada por grupos ou instituições formais. Pretendemos discutir que na  dinâmica da complexidade social romana as relações informais surgidas pelos laços de casamento, amizade, parentesco e patronato suavizavam a verticalidade da estratificação social romana, permitindo  um consenso social ao redor das elites.

 

Sessão de comunicações 11: Romanização, cristianização e identidade: a experiência imperialista romana em perspectiva

Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Norma Musco Mendes (UFRJ)

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 11h às 12h30

 

O imperialismo romano e a construção de cidades: um estudo de caso sobre a fundação de Augusta Emérita

Prof.ª Mestranda Airan dos Santos Borges (PPGHC – UFRJ)

 

O Império Romano não foi homogêneo e sua dominação não foi baseada somente na força e na coerção pelas armas. Este posicionamento analítico se vincula à vertente historiográfica que percebe o Império Romano como uma construção que foi usada para unir e dar sentido simbólico de coerência à numerosas experiências culturais. Tal fato nos leva a compreender que a consolidação do domínio romano nas regiões teve, em seu bojo, o processo de divulgação dos fatores caros ao ideal de ser romano por diversas vias, tais como: a construção de cidades, a adoção de Instituições romanas, o uso do latim, entre outros.

Buscamos, nesta comunicação, apresentar a pesquisa iniciada neste ano no curso de mestrado do programa de Pós-Graduação em História Comparada / UFRJ que tem como foco de análise a relação entre a expansão do Império Romano na península ibérica e a divulgação do modelo greco-romano de cidades, centrando no estudo de caso da fundação da cidade de Augusta Emérita no século I d.C.

 

O processo de cristianização e a intolerância religiosa no Império Romano no século IV

Prof. Mestrando Diogo Pereira da Silva (PPGHC – UFRJ)

 

A cristianização do mundo romano foi geralmente analisada como o triunfo irresistível da religião cristã – que após 312 passou a contar com o patrocínio imperial – sobre um paganismo deveras moribundo. Esta leitura, entretanto, se baseia em um estudo que descontextualiza o relacionamento identitário entre o imperador, os cristãos e aqueles que seriam identificados posteriormente como paganus.

Nesta comunicação temos por objetivo examinar um aspecto deste processo de cristianização: a conexão entre o poder imperial romano e a religião cristã, tendo em vista o desenvolvimento da intolerância religiosa após o governo de Constantino I.

 

Tolerância e resistência na Judéia Romana

Prof. Mestrando Jorwan Gama da Costa Junior (PPGHC – UFRJ)

 

O domínio romano na Judéia, apesar de bem sucedido no âmbito político, não apresenta o mesmo sucesso no campo cultural, tanto que seria um equívoco falar de uma ampla romanização da Judéia. Buscamos aqui apresentar a peculiaridade da Judéia no Império Romano, analisando sua situação a partir de dois conceitos específicos: o de tolerância e resistência. Enquanto o primeiro é visto em alguns atos romanos, o segundo pode ser vislumbrado através de práticas de grupos judeus.

 

Imperialismo romano e a construção de uma identidade imperial

Prof. Mestrando Kimon Speciale B. Ferreira (PPGHC – UFRJ)

 

O Império Romano foi constantemente utilizado como referência para os impérios modernos. No entanto, diferindo dos imperialismos modernos, os quais são marcados pela exclusão e pela aculturação, manteve-se forjado no diálogo e no hibridismo cultural.

Buscamos nesta comunicação refletir sobre as bases que permitiram a constituição de uma identidade imperial romana, a qual pode ser reconhecida entre os séculos I e III A.D.

 

Sessão de comunicações 12: A política e as leis: estudos sobre Direito na Antiguidade

Coordenador: Prof. Dr. Luis Eduardo Lobianco (CEIA-UFF)

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 11h às 12h30

 

O duplo discurso político do Banquete de Trimalquião

Prof. Mestrando André Eduardo da Silva Soares (História – UNIRIO)

 

Este texto faz parte da pesquisa desenvolvida no Mestrado em História do Programa de Pós-graduação em História da UNIRIO. Pretendemos analisar o ritual do banquete romano enquanto discurso político, com pretensões de instituir e legitimar o espaço social do agente em um grupo específico e em relação a outros grupos. Isto será feito tendo como referência o relato de banquete mais detalhado nos chegou da antiguidade, a Cena Trimalchionis, contida no Satyricon de Petrônio (XXVII - LXXVIII). Como um agente que possui capital econômico, quiçá cultural, como veremos, institui e legitima o espaço social e seu lugar em um grupo, será o nosso problema central. Nada melhor para ilustrar esta situação do que a inquietação das elites, como é o caso de Petrônio que escreve para satirizar estas pretensões.

 

A Ação Popular e a Instituição do Voto Escrito em Roma

Prof.ª Ms. Gisele Oliveira Ayres Barbosa (História – USS / UGB)

 

A presente comunicação tem como objetivo apresentar algumas reflexões acerca dos acontecimentos que cercaram a instituição do voto escrito em Roma procurando identificar no processo vestígios de uma ação da oposição contra o controle absoluto que a aristocracia senatorial procurava exercer sobre a República. Será dada maior ênfase aos acontecimentos que cercaram a aprovação da Lei Gabínia (139 a.C.) e da Lei Papíria (131 a.C.) as quais instituíram a utilização do voto escrito na eleição de magistrados e na aprovação ou rejeição das leis respectivamente.

 

Leis após o caos: o direito como ferramenta na manutenção de uma nova ordem na antigüidade

Prof. Marcelo Senna Miranda

 

Durante a Antigüidade, o direito figurou em diversas sociedades desenvolvidas, auxiliando no convívio, na civilidade e na ordem. Esta comunicação trata da influência que o direito teve em sociedades que experimentaram certo período de desordem em sua história. Serão analisadas duas das grandes civilizações da Antigüidade que passaram por processos semelhantes, de grande mudança: Roma e China; ambas saindo de um longo período de guerra civil e seguindo rumo a uma nova ordem governamental. Esse período de mudança resulta no surgimento por um lado, do Império Romano, por outro, na unificação da China. Com base nesses períodos de mudança, esta comunicação pretende demonstrar como o direito foi uma ferramenta importante para assegurar a permanência dessas novas ordens instaurada, que acabariam por levar ambas civilizações ao seu auge.

 

O Senatus consultum ultimum na República romana tardia – a retórica da exceção

Prof.ª Mestranda Shirley Mariano da Costa Sanchez (História – UNIRIO)

 

O Estado de Exceção é tema ainda bastante debatido entre historiadores, sociólogos e cientistas políticos modernos, que buscam compreender a lógica que move a Razão de Estado. Na defesa do Estado e das instituições democráticas a nossa constituição brasileira vislumbra um estado de defesa e um estado de sítio, como instrumento coercitivo temporário que visa sanar a anormalidade, podendo se perpetuar, desde que o próprio Estado julgue que as causas que lhe deram origem ainda persistam. A proposta do nosso trabalho tenta resgatar esse conceito na Antiguidade, a partir do Senatus consultum ultimum, uma função outorgada pelo Senado de Roma, que justificava uma atuação excepcional em nome da salvação da res publica. O conceito de exceção surge então como chave para a nossa tentativa de interpretação de uma normativa constitucional muito utilizada na república romana tardia, e evocada nos discursos que justificaram medidas excepcionais, e mesmo violentas, por parte do senado romano.

 

Minicurso: Poemas Eróticos de Catulo

Prof.ª Dr.ª Edna Ribeiro de Paiva (UFF)

Bloco C, sala 203 – 11h às 12h30

 

Mesa-redonda: Festivais, cultura e poder no mundo greco-romano

Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Sônia Regina Rebel de Araújo (UFF)

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 14h às 16h

 

Festas, Ritos e Entidades Sobrenaturais em Corinto

Prof. Dr. Alexandre Carneiro Cerqueira Lima (História – UFF / CEIA)

 

A comunicação tem como objetivo identificar os espaços representados pelo artesão em um skýphos coríntio do VI século a. C. No artefato, o pintor representou o herói Héracles combatendo a Hydra de Lerna e o kômos, a procissão catártica. A festa, o sagrado e signos que nos remetem ao aspecto da selvageria estão mesclados nas cenas do vaso coríntio.

 
O mar, seus deuses e rituais
Prof.ª Dr.ª Ana Lívia Bomfim Vieira (UEMA)
 
Este trabalho tem como objetivo compreender o mar como um espaço de poder político e de atuação de um imaginário ligado aos deuses. Analisaremos alguns rituais que contribuíram para a construção de uma identidade ambivalente ligada ao mar.

 

Fortuna, uirtus e o carpe diem de Horácio

Prof.ª  Dr.ª Claudia Beltrão da Rosa (História – UNIRIO / CEIA – UFF)

 

Buscaremos uma apreciação do célebre carpe diem, de Horácio, em sua ligação com a imagem do feminino que assoma no Carmen Saecularis, composto para ser entoado nos Ludi Saecularis de 17 a.C,  no qual o poeta apresenta o tema do controle da mulher – identificada com a Fortuna – mediante o casamento, como fundamento da restauração da uirtus e da própria urbs sob Augusto, após as décadas turbulentas da guerra civil, como garantia da felicidade

 

Tempo de trabalho, tempo de festa: apropriação cultural do tempo na África Romana através do discurso imagético musivo

Prof.ª Dr.ª Regina Maria da Cunha Bustamante (LHIA – UFRJ / PPGHC)

 

Le Goff (1984), no seu estudo sobre o Calendário, pontuou que a sua função essencial era ritmar a dialética do trabalho e do tempo livre, entrecruzando os dois tempos: o linear do trabalho e o cíclico da festa. Para esta apresentação, selecionamos o mosaico de chão da “Casa dos Meses”, localizado na cidade de Thysdrus (moderna El Djem) na África Proconsular (atual Tunísia) e datado da primeira metade do século III. Objetivamos identificar e analisar as implicações culturais, religiosas e políticas presentes no discurso imagético musivo escolhido, buscando compreender o processo de apropriação cultural do tempo na África Romana.

 

A Festa de Navegação de Ísis e o Festival Osiriano no século II d. C. Um estudo de religiosidades populares no mundo romano a partir de O Asno de Ouro

Prof.ª Dr.ª Sônia Regina Rebel de Araújo (História – UFF / CEIA)

 

A presente comunicação apresenta uma análise de alguns festivais presentes na obra de Apuleio O Asno de Ouro, e a discussão centra-se na oposição entre rituais populares e o culto romanizado de deuses nilóticos. Trata-se de perceber aspectos da religiosidade popular no mundo romano tendo como guia o relato apuleiano que narra, a princípio, o Festival do Deus Riso, (Livro III, 1-10) em que Lúcio foi transformado magicamente em estátua, prenunciando as desventuras por que vai passar e, no Livro XI, a descrição dos ritos de Ísis e Osíris a cujo culto Lúcio, o herói da narrativa, se iniciou e dedicou depois de recuperar a forma humana em sua segunda metamorfose. Esta metamorfose significou que Lúcio, uma vez devolvido à forma humana, transformou-se e, de indivíduo curioso por magia e divertimentos servis, tornou-se um cidadão religioso, um dos quindecenvirii, apto a decifrar os livros sibilinos.

 

Teatro: Encenação da peça “Édipo Tirano

Grupo teatral Cítero

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 16h às 18h

 

Minicurso: Morte e funerais das sociedades celtas antigas

Prof.ª Dr.ª Adriene Baron Tacla (CEIA-UFF)

Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 18h às 20h

 

Minicurso: Festivais, cultura e poder no Egito antigo

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 18h às 20h

 

Quinta-feira, 12 de Junho de 2008

 

Sessão de comunicações 13: O gênero bucólico e sua permanência nas culturas de língua grega, latina e portuguesa

Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Edna Ribeiro de Paiva (UFF)

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 08h às 09h30

 

A construção do Bucolismo virgiliano

Prof.ª Dr.ª Edna Ribeiro Paiva (Letras – UFF)

 

A luta pela sobrevivência nos grandes centros urbanos leva o homem a idealizar o campo como o lugar mais adequado a uma vida tranqüila, afastado, seja de ambições político-militares, seja da cupidez do ganho, dedicando-se apenas ao gozo do tão sonhado “otium”. Isso ainda ocorre no mundo moderno, tanto quanto ocorria há séculos, na Grécia ou em Roma.

As Bucólicas de Virgílio, obra composta de dez peças, pequenos quadros dramáticos, nos mostram cenas da vida pastoril – amores, sofrimentos e alegrias, atividades e preocupações de pastores ingênuos, interagindo com a natureza e divindades campestres.

Neste trabalho pretendemos examinar o modo com Virgílio construiu sua obra, analisando o que deve aos modelos alexandrinos, sobretudo a Teócrito, e o que constitui o legado que transmitiu aos poetas que o imitarão por toda a posteridade.

 

A utilização dos elementos da natureza como recurso expressivo nas Bucólicas, de Virgílio

Prof.ª Maria Lúcia Malheiros Cardoso (Especialização em Cultura, Literatura e Língua Latina – UFF)

 

Nas Bucólicas, os elementos da natureza (plantas, córregos, rios, fontes, animais) são utilizados pelo poeta, não só como partes integrantes do cenário campestre ideal em que cantam os pastores, mas também como recursos expressivos de sentimentos e pensamentos. Assim, na Bucólica X, por exemplo, a natureza, personificada, compartilha a dor de Cornélio Galo, amigo de Virgílio, que sofre pela tílio, que sofre pela traição de sua amada – “até os loureiros, até os tamarineiros o choraram”. Em seguida, pela boca do deus Pã, o poeta afirma que não há medida para o amor, pois ele “não se sacia com lágrimas” e, buscando na natureza um termo de comparação, declara: “nem as ervas [se saciam] com a água, nem as abelhas com o codeço, nem as cabras com a folhagem”.

No presente trabalho, estudamos esses recursos como elementos constitutivos da intensidade poética alcançada por Virgílio, tomando como ponto de partida a Bucólica X e procurando outros exemplos nos demais poemas.

 

Permanência do bucólico na literatura brasileira

Prof.ª Dr.ª Maria Bernadete Carvalho da Rocha (Instituto de Letras FURG - UFF)

 

O bucólico, gênero surgido na Grécia e desenvolvido na Roma antiga, na literatura brasileira tem sua maior representação nos autores mineiros da época da Inconfidência. Pretendemos, nessa comunicação apresentar um estudo etimológico dos nomes utilizados de forma recorrente por alguns desses autores, ao designar ou caracterizar elementos constitutivos do universo pastorial, de modo a verificar a permanência (ou não) dos étimos nesses nomes.

 

As expressões de amor na Bucólica II de Virgílio

Prof.ª Maria Nazaré Achão Assunção (Especialização em Cultura, Literatura e Língua Latina – UFF)

 

Nas Bucólicas de Virgílio encontramos as mais variadas expressões do amor, o que nos possibilita ter uma visão dos valores e sentimentos válidos na cultura romana na época de Augusto.

Neste trabalho, examinaremos sobretudo na Bucólica II, a paixão do pastor Córidon pelo escravo citadino Aléxis, propriedade do seu senhor, analisando as diversas facetas do amor que nela se manifestam.

 

Sessão de comunicações 14: Estudos célticos: gênero, identidade e poder

Coordenador: Prof. Dr. Filippo Lourenço Olivieri (CEIA-UFF)

Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 08h às 09h30

 

Saber local e “techné” no culto ao guerreiro nas sociedades celtas: uma comparação da estatuária hallstattiana e lateniana

Erick Carvalho de Mello (História – UFF/ CEIA)

 

O presente trabalho visa discutir as especificidades da “techné” dos artesãos celtas, afastando-nos da concepção de uma arte lateniana helenizada. Para tanto, analisaremos as imagens utilizadas no culto do guerreiro nas sociedades celtas, comparando as estelas funerárias de guerreiros do período hallstattiano com a estatuária encontrada em santuários latenianos do Languedoc e Provence a partir da noção de “saber local” segundo Clifford Geertz e da análise iconográfica proposta por Colin Renfrew.

 

A instauração do Culto Imperial em Lugdunum (Lyon) na Gália: apropriação de uma celebração celta em prol do poder romano

Prof. Dr. Filippo Lourenço Olivieri (CEIA – UFF)

 

Em 12 a.C., durante o Principado de Augusto, algumas décadas após a conquista da Gália por César, foi instaurado um altar em Lugdunum para o Culto Imperial. Este altar passou a ser presidido por um sacerdote escolhido entre os aristocratas celtas e tornou-se referência para os povos da Gália. Este culto buscou capitalizar uma celebração celta consagrada ao deus Lug para os interesses do poder romano. Tal fato não se deu sem a participação da elite celta, particularmente dos druidas.

O objetivo do nosso trabalho é contribuir para o estudo desse fenômeno de apropriação de uma celebração celta em sua origem para a política provincial romana na Gália.

 

Uma crítica às teorias de gênero relacionadas aos Celtas a partir dos textos gregos e latinos

Pedro Vieira da Silva Peixoto (História – UFRJ / LHIA / CEIA – UFF)

 

Nesta pesquisa propomos discutir algumas das teorias de gênero relacionadas aos Celtas a partir da documentação produzida na Antigüidade Clássica. Trabalharemos tanto com os relatos gregos quanto os romanos que dizem respeito ao papel de algumas mulheres gaulesas, gálatas e britânicas. Dessa forma, através de uma comparação entre os textos antigos, almejaremos mostrar o ‘quadro’ que é construído em relação a ‘mulher celta’ no Mediterrâneo, problematizando tal imagem a partir das relações entre o Mundo Mediterrâneo e os Celtas, e da própria dinâmica de gênero presentes nessas sociedades.

 

Sessão de comunicações 15: Filosofia: linguagem e poder

Coordenador: Prof. Dr. Luís Eduardo Lobianco (CEIA-UFF)

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 09h30 às 11h

 

Sofista 236e-241e: sobre identidade, predicação e existência

Prof. Mestrando Rafael Huguenin (Filosofia – PUC-Rio)

 

Esta comunicação examinará uma pequena, mas importante passagem da parte central do diálogo Sofista, de Platão. Circunscrevendo nossa análise ao trecho compreendido entre 236e e 241e, faremos uma breve exposição dos problemas decorrentes da noção de imagem e de discurso falso, tentando compreender, a partir dos termos mesmos em que a questão é colocada, porque constituíam efetivamente problemas.

 

O Não-Ser não é: Parmênides e a impossibilidade da linguagem

Renato Matoso Ribeiro Gomes Brandão (Filosofia – Puc-Rio)

 

Enquanto Parmênides desenvolve uma rica teoria sobre o ser em seu poema, a noção de não ser é descartada logo nas primeiras estrofes. Com bases nos estudos do verbo ser grego, apresentaremos algumas possibilidades de compreensão para esta rejeição.

 

Da linguagem à lingüística: a construção de uma memória discursiva sobre a linguagem

Prof. Doutoranda Rívia Silveira Fonseca (UNICAMP / UFF)

 

Esta comunicação é parte de minha pesquisa de doutorado sobre as reflexões acerca da linguagem no pensamento de Aristóteles, especialmente, daquelas que ele desenvolve no Sobre a interpretação, obra pertencente ao conjunto de textos denominado Órganon. Nesta apresentação, analiso os discursos construídos sobre a linguagem, sobretudo na Antigüidade, com o intuito de delinear o interdiscurso, isto é a memória discursiva, o já-dito sobre a linguagem que constitui o imaginário do ocidente a respeito de tal fenômeno. São três os discursos em questão: o mítico, o racional-filosófico e o científico.

 

Techné e Espisteme: a dimensão epistemológica da crítica platônica à retórica sofística

Prof. Mestrando Victor Sales Pinheiro (Filosofia – PUC-Rio)

 

A crítica platônica aos sofistas se dá em vários níveis, que são estritamente interconectados e articulados entre si. No Protágoras o teor é predominantemente ético-político, onde a pedagogia sofística é ferida em sua dignidade de poder formar “bons cidadãos” consoante o exercício da “arte da política” (Prot. 319a). No Górgias, a autoridade da retórica (Górg. 456a) se vê trepidada pela sua desqualificação de ser “arte”, sendo relegada ao plano de “bajulação” (Górg. 463a). Em ambos os casos, Platão sustenta a sua crítica através da delimitação rigorosa que concede ao conceito de “arte”, em sua vinculação inarredável e indissociável à “ciência”. Pela ótica socrática, tratava-se de pseudo-artes, pois baseadas em “ciência da aparência” (Sof. 233c) (falseamento da “verdadeira arte política”) (Górg. 521d). Por meio do fio condutor do conceito de “arte”, este estudo visa relacioná-lo à noção de “ciência”, demonstrando o alcance epistemológico da crítica platônica à retórica sofística, reforçando a inseparabilidade e complementaridade destas dimensões. Trata-se da complementaridade da crítica ético-político-pedagógica (tal como se apresenta no Protágoras), retórica (traçada no Górgias) e epistemológica (delineada no Teeteto). Portanto, busca-se demonstrar a relação complementar entre essas dimensões críticas, chegando à conclusão da unidade do cometimento platônico nestes diálogos.

 

Sessão de comunicações 16: Antigo Egito: arte, arquitetura e religião

Coordenador: Prof. Doutorando Moacir Elias dos Santos (CEIA-UFF)

Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 09h30 às 11h

 

A imagem do soberano: representações faraônicas na escultura egípcia

Prof.ª Mestranda Aline Fernandes de Sousa (PPGH – UFF / CEIA)

 

A arte canônica egípcia manteve seus preceitos básicos quase que sem grandes modificações ao longo de todo o período faraônico. Em parte, isso se deve a institucionalização da mesma, que atuava dentro de regras rígidas e tinha sua função circunscrita ao âmbito religioso e político. Assim, as representações do faraó ocupavam lugar central na iconografia e enfatizavam a característica sagrada da realeza. Dentre as imagens do soberano, podemos destacar as tridimensionais que, ao estabelecerem uma dimensão humana, criavam uma realidade tangível. Esta comunicação tem por objetivo analisar as esculturas faraônicas dentro de um contexto religioso e de divulgação do poder real no Egito Antigo.

 

O estilo artístico amarniano e a legitimação do poder real durante o reinado de Akhenaton (1353–1335 a.C.)

Prof.ª Ms. Gisela Chapot (CEIA – UFF)

 

O objetivo desta comunicação é demonstrar como o faraó Akhenaton, durante a chamada Reforma de Amarna (1353 – 1335 a.C) , se utilizou de um novo estilo artístico para legitimar sua  ideologia real. Com base em material iconográfico, pretendemos apresentar os elementos os quais auxiliaram o monarca a construir uma “nova ordem” em um dos episódios mais controversos da história faraônica.

 

O templo egípcio como reprodução do cosmos

Prof.ª Ms. Giselle Marques Câmara (História – PUC-Rio)

 

Introduzir os participantes a uma reflexão sobre a cosmovisão que permeou o universo sócio-cultural do Egito no tempo dos faraós - que por durante quase três milênios manteve uma estrutura social profundamente arraigada à manutenção e reprodução da tradição mítica -, através do estudo do simbolismo do templo egípcio. O templo, tanto em seu aspecto arquitetônico como nos ritos que abrigava, servirá de eixo para que se possa estabelecer algumas conexões entre a estrutura sócio-política da sociedade egípcia com o seu universo mítico/cosmológico, uma vez que o templo é compreendido como um microcosmos, reflexo da criação divina, portanto um centro de força, um coração, essencial para a sobrevivência e para o funcionamento da sociedade egípcia como um todo.

 

As tumbas tebanas do Reino Novo

Prof. Doutorando Moacir Elias Santos (PPGH – UFF / CEIA)

 

No antigo Egito construir uma tumba, ou uma casa da eternidade conforme a língua egípcia, era uma maneira de garantir a preservação do corpo mumificado e de manter o enxoval funerário próximo do morto. Entretanto, tais costumes não esgotam a sua utilidade, visto que a sua estrutura e o seu interior estão repletos de significados que refletem o imaginário sobre a vida post-mortem. Durante os cinco séculos que compuseram a história do Reino Novo (c. 1550-1070 a.C.), tanto as tumbas reais quanto as privadas passaram por diversas alterações não só na forma como no conteúdo. Nesta comunicação veremos, a partir de alguns exemplos, como as tumbas eram planejadas, construídas e decoradas e apontaremos quais foram as suas mudanças mais significativas, contextualizando-as com a situação política da XVIII, XIX e XX dinastias.

 

Sessão de comunicações 17: Antiguidade: permanência e apropriações

Coordenadora: Prof.ª Mestranda Evelyne Azevedo (CEIA-UFF)

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 11h às 12h30

 

Apropriação de signos greco-romanos nos monumentos funerários do século XIX no Rio de Janeiro

Claudia dos Santos Gomes (História – UFRJ)

 

A pesquisa objetiva demonstrar a apropriação e resignificação dos signos greco-romanos e a permanência do ideal estético clássico, através da análise comparada de esquemas imagéticos da mitologia politeísta em contexto funerário cristão, mais especificamente na estatuária e arquitetura expressas nos túmulos dos Cemitérios do Rio de Janeiro. Abordaremos a importância da cultura greco-romana para a formação da identidade da Europa Ocidental, inserida no contexto dos Estados imperialistas dos séculos XVIII e XIX, os quais consideravam o Império Romano como um “modelo cognitivo de Império”.

 

Contribuições dos gramáticos gregos para a Lingüística contemporânea

Débora Amaral da Costa (Letras Português / Inglês – UFF)

 

Este trabalho tem por objetivo mostrar o desenvolvimento dos estudos gramaticais realizados pelos gregos na Antigüidade, como parte de sua cultura, e a herança que nos deixaram, servindo de ponto de partida para o desenvolvimento de teorias da linguagem. Para tal análise, mostraremos abordagens de Platão e Aristóteles, a contribuição dos estóicos e a descrição da gramática grega de Dionísio da Trácia, bem como a sua divisão das classes de palavras. Com esses dados, mostraremos de que maneira o pensamento grego sobre a linguagem permaneceu até os nossos dias, e como continuam a influenciar os estudos de nossa língua.

 

A escrita hieroglífica e sua interpretação pelo jesuíta alemão Athanasius Kircher

Prof.ª Mestranda Evelyne Azevedo (História da Arte – UNICAMP / CEIA – UFF)

 

No século XVII, o jesuíta alemão Athanasius Kircher acreditou ter desvendado os mistérios da escrita hieroglífica. A partir do que acreditou ser seu significado, ele traduziu muitos dos obeliscos da Roma de sua época, entre eles o obelisco Agonale, mais conhecido como Obelisco Pamphilio, em honra do Papa Inocêncio X. Inocêncio X, o Papa Pamphili, mandou construir no centro da Piazza Navona uma fonte sobre a qual o escultor e arquiteto Gian Lorenzo Bernini deveria colocar o obelisco. O evento ganhou uma publicação em sua homenagem: o Obeliscus Pamphilius. Nela, o jesuíta descreve a origem dos obeliscos, o significado dos hieróglifos e da religião egípcia. O presente trabalho discutirá as raízes deste pensamento no século XV, procurando mostrar a apropriação dos hieróglifos pelo Cristianismo até a construção de um imaginário egipcizante no século XVII.

 

Símbolo e significado em Gustav Klimt

Prof.ª Mestranda Manan Terra Cabo (Artes – UERJ)

 

Gustav Klimt teve uma formação acadêmica influenciada pela estética Neoclássica, assim exibia os valores de sua sociedade. Durante sua fase Neoclássica, utilizou diversos elementos clássicos desde os greco-romanos a elementos egípcios, estes entendidos como uma vertente do movimento classicizante. Como em O teatro da Taormina, em que vemos uma arquitetura clássica com colunas e capteis, a qual dá destaque ao símbolo dos liberais: a Palas Atenas. Ao fundo encontramos ainda um grifu mesopotâmico e a direita, homens vestidos à maneira grega apreciam uma dançarina ao som de uma flautista, as quais portam adereços egípcios. Entretanto, na fase seguinte suas pinturas ganham rigidez nos traços, planaridade formal e estilização dos ornamentos, distanciando-se da estética Neoclássica, mas se apropriando ainda dos símbolos clássicos. Procuraremos classificar esses símbolos e estabelecer sua relação junto à simbologia clássica, a fim de compreendermos seu significado na obra de Klimt.

 

Sessão de comunicações 18: Virgílio, Ovídio, Horácio e Augusto: literatura e poder na Roma antiga

Coordenadora: Profª Mestranda Katia Teonia Costa de Azevedo (UFF)

Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 11h às 12h30

 

Humor e decadência: uma leitura do Catalepton, atribuído a Virgílio

Prof. Dr. Acácio Luiz Santos (Letras – UFF)

 

Neste trabalho, procuro ler o Catalepton, atribuído a Virgílio, dando destaque aos aspectos técnicos e temáticos da obra, e a suas particulares representações antropológicas: a estrutura epigramática; humor e ironia, sarcasmo e notação realista; paródia e educação; e, finalmente, o discurso da decadência.

 

A efígie de Augusto em duas sátiras de Horácio

Prof.ª Dr.ª Arlete José Mota (Letras Latim – UFRJ)

 

Horácio imprimiu em algumas de suas sátiras, caracterizadas por cuidadosa elaboração formal, elementos típicos do texto narrativo. Tal fato sugere, além da vivacidade e certo movimento, uma aproximação maior com o leitor. Assim, seus personagens, convivendo no imaginário de seu interlocutor/leitor, podem cumprir um papel fundamental para a veiculação dos ideais políticos – e, diríamos, filosóficos – do satirista. A partir desses questionamentos o presente trabalho objetiva destacar e comentar duas sátiras de cunho narrativo, enfatizando os elementos lingüísticos e literários que refletem um comprometimento do poeta com os ideais de Augusto.

 

Uma análise crítica e semântica das Metamorfoses

Nilcileia da Silva Rosário (Letras Latim – UFF)

 

O presente trabalho tem por objetivo de mostrar como se organiza a estrutura das Metamorfoses de Ovídio, de acordo com a proposta de trabalho apresentada pelo poeta nos versos 1-5 do livro: narrar as metamorfoses dos corpos em novos corpos, ao suplicar aos deuses que lhe enviem inspiração para cantar as origens do mundo até o seu tempo. Para isso, tomaremos por fontes de nossos comentários os versos do livro I, 1-150, além das obras teóricas.

 

Virgílio, Ovídio e Augusto: Poesia, Mito e História no Principado de Augusto

Thiago de Almeida Lourenço Cardoso Pires (História – UFF / CEIA)

 

Esta comunicação pretende apresentar os primeiros resultados decorrentes da pesquisa monográfica desenvolvida sob o título: “Augusto, Virgílio e Ovídio: O mito de Enéias e o início do Principado na Roma antiga”, que busca averiguar sob quais óticas os referidos autores exploram o mito de Enéias, durante o contexto do Principado de Augusto.

 

Mesa-redonda: Mito, poder e cultura no Mediterrâneo antigo

Coordenador: Prof. Ms. Manuel Rolph De Viveiros Cabeceiras (UFF)

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 14 às 16h

 

Ritualização e poder nas sociedades hallstattianas ou em busca da realeza sagrada?

Prof.ª Dr.ª Adriene Baron Tacla (CEIA-UFF)

 

Desde os anos 70, as questões do poder e da complexidade social tem sido o centro do debate acadêmico sobre as sociedades hallstattianas. As descobertas de tumbas faustosas levaram num primeiro momento a comparações com o modelo de sociedade feudal, sendo, pois, essas sociedades qualificadas como ‘principescas’. Em fins dos anos 90, novos métodos de análise e vias de interpretação da cultura material despertaram o interesse dos pesquisadores acerca da relação entre o poder e o sagrado, e a possível existência de uma realeza sagrada nas sociedades hallstattianas tardias. No seio de tal debate, o presente trabalho vem discutir esta premissa de uma realeza hallstattiana, tendo por base os achados de Vix e de Eberdingen-Hochdorf, as interpretações acerca da realeza sagrada céltica, e a noção das formas de ritualização como arenas políticas em tais sociedades.

 

Nilo, Euthénia e Deméter: Mito, Religião e Poder no Egito Romano (século II d.C.)

Prof. Dr. Luís Eduardo Lobianco (CEIA-UFF)

 

Por volta de 440 a.C., Heródoto de Halicarnasso, no Livro II de sua célebre obra  Histórias, cunhou a conhecida expressão:“...[h~]Ai#guptoς... e*stiV ... dw~ron tou~ potamou~ ... –  ... o Egito ... é ... um presente do rio ...”.  Este curso fluvial – o Nilo – não só possibilitou o florescimento da civilização faraônica, bem como deu vida aos dois períodos históricos subseqüentes do Egito, na Antigüidade: o ptolomaico e o romano.  Na esfera religiosa, a enchente anual do Nilo – e sua conseqüente ação fertilizadora – e não o rio em si, foi deificada no período faraônico como Hapi.  Na época helenística, a iconografia já revela o culto ao deus Nilo, o qual no período romano é uma divindade associada ao rio homônimo e à deusa alexandrina, originalmente helênica, - personificação da Abundância - Eu*qhvnia – Euthénia.  Nilo e Euthénia podem ser considerados, na época romana, marido e mulher, e tendo em vista a origem desta, não há como não estabelecer um elo com a deusa grega dos cereais, dos grãos e da agricultura: Dhmhvthr – Deméter.

O presente trabalho objetiva dissertar, tendo HapiNilo, Euthénia e Deméter como base de reflexão, sobre três questões: a) a mitológica; b) a iconografia religiosa numismática de Alexandria no século II d.C., aqui apresentada e avaliada através da metodologia da análise de conteúdo; e, c) a apropriação que os Imperadores Antoninos fizeram destes deuses.

 

As Graças/Cárites e os mitos de prosperidade e abundância no Mare Nostrum romano

Prof. Ms. Manuel Rolph De Viveiros Cabeceiras (CEIA - UFF)

 

As Graças (em grego Khárites) eram de início deusas da vegetação, depois da beleza, mas nunca perderam esse caráter inicial, sempre responsáveis, em um e outro caso, pela alegria festiva que alimenta o coração dos homens e dos deuses.   Em meio à grande variedade de nomes, número, composição, genealogia e associações é nosso propósito estabelecer o seu quadro de significações no bojo da sociedade helenístico-romana imperial.

 

O 'deus' uno dos filósofos

Prof. Dr. Marcos José de Araújo Caldas (UFRRJ / CEIA-UFF)

 

A opinião comum de que na antiguidade clássica, helenística e tardia, gregos e romanos reverenciavam e temiam distintas divindades, transfiguradas em mitos, fundamentando a crença politeísta, em oposição a judeus e, posteriormente, a cristãos monoteístas, precisa ser hoje revisita. Desde aproximadamente o século VI a.C., pensadores gregos e romanos esboçaram o desenvolvimento de um discurso theo-logico monista, em cuja base estava assente, não uma doutrina, mas antes uma concepção racional da divindade una e indivisível. Nesta comunicação farei um breve balanço do discurso theo-logico da antiguidade clássica helenística e tardia.

 

Conferência

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 16h às 18h

 

Magia: expressão do poder feminino na cultura helênica

Prof.ª Dr.ª Dulcileide Virginio do Nascimento (UERJ/FGV)

 

A prática da magia, segundo Tupet, era exercida, por meio de palavras e gestos, por mulheres que detinham certos conhecimentos que as capacitavam a produzir resultados de toda ordem. Os procedimentos mágicos descritos em vários textos, bem como as releituras feitas a partir do material iconográfico existente, permitiram-nos delinear o caminho dessa atividade que transformou uma habilidade feminina, embora não seja exclusiva a mulheres, em uma expressão de poder, manifesta a partir de uma téchne.

Nosso objetivo, portanto, ao descrever alguns procedimentos e relacioná-los a figuras míticas, como Medéia, Simeta, Circe e Hécate, será questionar em que consistia esse poder e por que  tal prática foi relegada a um plano inferior em relação à filosofia e às teorias políticas.

 

Minicurso: Morte e funerais das sociedades celtas antigas

Prof.ª Dr.ª Adriene Baron Tacla (CEIA-UFF)

Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 18h às 20h

 

Minicurso: Festivais, cultura e poder no Egito antigo

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 18h às 20h

 

Sexta-feira, 13 de Junho de 2008

 

Sessão de comunicações 19: Grécia antiga: a Tragédia, os deuses e os heróis

Coordenador: Prof. Ms. Guilherme Moerbeck (UNIG)

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 08h às 09h30

 

A natureza de Odisseu em Filoctetes de Sófocles

Prof. Mestrando Alexandre dos Santos Rosa (UFRJ)

 

Diferentemente do herói épico, em Filoctetes, revela-se o herói com outro perfil, um homem obstinado a cumprir sua missão, isto é, apoderar-se do arco de Héracles, do qual o tessálio Filoctetes tinha a posse. É evidente que o sucesso da empresa, dirigida por Odisseu, não traria benefícios somente para ele, mas para todo o exército aqueu. Porém, o que se constata é que o herói assume, no texto de Sófocles, um caráter questionável. Os recursos empregados no discurso de Odisseu para persuadir Filoctetes traçam o perfil de um homem capaz de cometer atos vis e proferir mentiras, para cumprir sua missão, mesmo por meio de falsidades. A partir da análise de algumas passagens de Filoctetres, pretende-se, nesse trabalho, discutir aspectos relevantes do discurso de Odisseu, capazes de delinear o caráter desse herói.

 

A finalidade da tragédia grega, segundo Aristóteles

Caetano Ferreira Santos (Filosofia – UFMT)

 

Aristóteles, por meio de uma das suas obras magníficas, “Arte Poética”, nos deixou a maior informação que o mundo possuí atualmente, sobre a estrutura e partes de uma tragédia grega. Tentar entender o trágico da Grécia antiga é tentar compreender o pensamento do grego na antiguidade. Talvez Heródoto não acreditasse que o pensamento do homem grego poderia ser mudado pois teríamos, nos seus escritos, informações sobre o trágico. Aristóteles explicou muito bem que o papel do historiador é diferente da poesia, ou seja, das artes. Enquanto a história se preocupa em relatar fatos, a arte procura demonstrar o que está na psykhé do homem, como o verossímil. Por isso que o filósofo grego disse que a poesia é mais filosófica que a história, pois trata de ações humanas. Por se tratar da πραξις (práksis= ação) humana, as tragédias gregas nos ensinam a sua finalidade: a “κάθαρσις” (kátharsis=expurgação, purificação). Esta realiza o efeito trágico de expurgar sentimentos de tremor e temor, pelas representações de ações que demonstram os tais. Procuro, neste trabalho, demonstrar, por meio da filosofia aristotélica, a importância da tragédia com o pensamento do homem grego e relacioná-la com o efeito trágico.

 

Os heróis nas tragédias de Sófocles: Ájax e Odisseu

Prof.ª Mestranda Carmen Lucia Martins Sabino (PPGHC – UFRJ)

 

A tragédia grega apresentava, por meio da linguagem diretamente acessível da emoção, uma reflexão sobre o homem e também portadoras de valores culturais, transformações e originalidades vividas pelos poetas. Construídas sobre contrastes sucessivos, as peças de Sófocles colocam a honra em primeiro lugar entre as razões de viver e os heróis sofoclianos estão sempre prontos a abdicar de tudo pela honra. Buscamos, nesta comunicação, analisar a aposição entre dois heróis, Ájax e Odisseu, nas obras de Sófocles.

 

Dionisismo e Bacantes em Atenas do V século a.C.

Marcio Mendes de Lima (História – UFF / CEIA)

 

A comunicação enfocará o culto dionisíaco por meio da tragédia euripidiana As Bacantes. O nosso objetivo consiste em explorar o transe e a lýssa lançados por Dionisos às mulheres de Tebas.

 

Sessão de comunicações 20: Identidade, memória e poder no mundo antigo

Coordenador: Prof. Doutorando Cristiano Bispo (UERJ)

Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 08h às 09h30

 

O Hóplita e o Mercenário: duas faces da mesma moeda

Alair Figueiredo Filosofia (NEA – UERJ)

 

O surgimento da falange dos Hóplitas com sua disciplina e obediência às leis, pode ser considerado um dos elementos que estruturaram a democracia vivida pela polis ateniense no V século a.C.. Contudo a especialização dos cidadãos no ofício da guerra somado a problemas político-sociais das Cidades-Estado tornou habitual a prestação de serviços no campo das armas em troca de um valor em dinheiro (soldo). Percebendo a dicotomia existente entre estes dois modelos de combatentes, faremos uma breve análise da conduta ética.

 

O poder do discurso: Heródoto e o sistema classificatório das etnias africanas

Prof. Doutorando Cristiano Pinto de Moraes Bispo (PPGH – UERJ / NEA)

 

A presente comunicação visa apresentar o conteúdo normativo e classificatório do discurso de Heródoto. Acreditamos que ao realizar uma longa discussão sobre a identidade e alteridade dos grupos que tiveram participação nas guerras greco-pérsicas, Heródoto elaborou um complexo sistema de classificação para representar os “outros” de forma inteligível para os receptores de sua narrativa.

Nesta complexa estrutura normativa, daremos destaque para suas observações sobre os grupos étnicos localizados no norte da África.

 

Sepultamentos: Sacralidade e legitimação. No Egito Antigo (3000 – 2649 a.C)

Prof. Everaldo Atanásio de Oliveira (FEUDUC / NEA – UERJ)

 

Nos dias atuais há uma demonstração de afeto, por parte da parentela, ao sepultarem seus mortos e às vezes achamos que isto é um fato presente apenas nas sociedades modernas; entretanto no Antigo Egito os ritos fúnebres já eram efetuados. Isto se evidencia nas descobertas dos túmulos antigos, datados do período pré-Dinástico (3000 – 2920 a.C.), quando ocorrem sepultamentos simples; no entanto há um desenvolvimento e um constatado aprimoramento. Estes sepulcros chamados mastabas recebem certas alterações e requintes e dependendo do seu proprietário, evoluem até chegarem ao formato piramidal. O faraó, por sua vez, não era sepultado numa simples mastaba, mas numa pirâmide, o que destaca o caráter legal e sagrado do rei.

 

A via Ápia nas relações de poder entre Roma e o Egito

Ronald Wilson Marques Rosa (NEA / Farol de Alexandria – UERJ)

 

As vias romanas tinham como função principal o uso militar, a deslocação rápida das legiões romanas. Mas os negociatores, comerciantes italianos, as utilizavam para os seus negócios de grandes distâncias. Outra utilização das vias romanas, a que mais nos interessa, era a de exposição de monumentos funerários nas vias de maior movimento para a preservação da memória do morto e da sua família.

Pretendemos, nesta comunicação, ligar as vias romanas, utilizando a via Ápia como exemplo, às atividades mercantis e sua utilização nas relações de poder entre Roma e Egito no séc. I a.C..

 

Sessão de comunicações 21: Festival, corpo e poder

Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Maria Regina Candido (UERJ)

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 09h30 às 11h

 

Funerais de Pátroclo na Ilíada de Homero – elemento de construção da figura do herói, representação da realidade ou um caso atípico?

Prof.ª Mestranda Alessandra Serra Viegas (PPGHC – UFRJ / NEA – UERJ)

 

O presente trabalho pretende comentar os ritos fúnebres da sociedade do período arcaico grego, a partir dos elementos encontrados no texto homérico, especificamente a Ilíada, referentes aos ritos dos funerais do herói-guerreiro Pátroclo, lamentado e homenageado por seus companheiros, entre os quais se distingue Aquiles.

De mesmo modo, buscar-se-á mostrar, brevemente, a importância e o crescimento do personagem Pátroclo na construção da narrativa homérica e a relação com seu funeral, o qual possui o mais detalhado relato da Ilíada, tido até mesmo como ritual atípico para a sociedade em tela.

 

Os Katadesmoi no templo de Demeter: religião e magia

Prof. Ms José Roberto de Paiva Gomes (NEA-UERJ)

 

Abordaremos os katadesmoi ou lâminas de maldição como um fenômeno políade. Analisaremos porque estas lâminas de chumbo foram encontradas no templo de Demeter em Mytilene em Lesbos e que tipo de praticantes estavam envolvidos com esse tipo de magia grega de fazer mal ao inimigo.

 

Roma e os reinos helenísticos--uma reflexão sobre as relações de poder no mundo antigo

Maria do Carmo Parente Santos (UERJ)

 

Roma no século II A.C apresenta características que a diferenciam fortemente da antiga cidade-estado surgida no Lácio no século VIII. O poder político já não é mais exclusividade do patriciado, uma vez que o enriquecimento de numerosas famílias plebéias abriu o caminho do cursus honorum também para seus filhos.Além disso, a conquista de numerosos territórios geraram recursos que possibilitaram uma melhoria na situação dos mais pobres. Após a conquista e destruição de Cartago, os romanos tornam-se senhores do Mediterrâneo ocidental . Tal fato trouxe profundas mudanças na estrutura política , fazendo com que gradativamente o poder do Senado fosse decaindo ao mesmo tempo em que se afirmava o poder carismático dos grandes generais. Os interesses deste novo Estado romano faz com que ele se volte para o oriente helenístico , acabando por participar da intrincada política dos reinos localizados nesta região.

O resultado disto é a unificação política do Mediterrâneo sob a égide romana. O tema de nosso trabalho é uma reflexão sobre as relações de poder estabelecida por Roma com os Estados helenísticos antes que os exércitos romanos conquistassem a região.

 

Atenas e o festival das Anthestérias

Prof.ª Dr.ª Maria Regina Candido (NEA – UERJ)

 

Para os atenienses o meio mais eficaz de entrar em contato com o sagrado era através dos rituais e festivais em homenagem as divindades gregas. Nesta comunicação nos propomos analisar alguns aspectos do Ritual da Anthesterias em Atenas, especificamente, os recipientes de vinhos denominados de choes. A festival congrega a sacralização de três rituais, a saber: o resultado da colheita da uva com a fermentação do vinho novo, ratifica o processo da aquisição da cidadania aos jovens filhos dos atenienses e a celebração do dia dos mortos.

 

Atenas: magia e poder no período clássico

Tricia Magalhães Carnevale (NEA – UERJ)

 

Os gregos, especificamente, os atenienses costumavam usar da magia dos katádesmoi ou defixiones, como forma de fazer valer o seu desejo em remover os obstáculos. O katádesmos constituiu-se de finas lâminas de chumbo, com imprecações gravadas em sua superfície, foram encontradas em fendas de templos dos deuses ctônicos, poços d’água, leito do rio Eridamos e na mão direita de mortos enterrados no cemitério do Kerameikos, em Atenas. As inscrições apontam para uma acentuada animosidade do solicitante que através de maldições, interagia com o mago visando solicitar as divindades ctônicas, permissão para utilizar as almas das pessoas mortas antes do tempo, fora do ciclo de vida determinadas pelas Moiras.

 

Sessão de comunicações 22: A mulher grega: arte, cultura e religião

Coordenador: Prof. Ms. Guilherme Moerbeck (UNIG)

Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 09h30 às 11h

 

Panathéneias – integração e religiosidade

Angélica Barros Gama Mesquita (História – UFRJ)

 

A prática religiosa estava inserida na cultura da vida social do cidadão grego. Sendo carregado de simbolismos, o exercício cívico dessa religiosidade se constituía em rituais, cultos e festivais dedicados à suas divindades. Em Atenas, a mais importante comemoração era o festival das Panathéneias, em homenagem à deusa protetora da pólis, Athená. Esta comunicação busca a visualização desse festival, como uma comemoração que agregava o feminino e o masculino e que representava, dentro do cenário políade grego, um dos momentos mais importantes de celebração e integração do território ático.

 

As mulheres no poder: a administração feminina na perspectiva da comédia aristofânica

Prof.ª Doutoranda Greice Ferreira Drumond Kibuuka (Letras Clássicas – UFRJ)

 

Em duas de suas comédias, Lisístrata e Assembléia de Mulheres, Aristófanes mostra a administração da cidade sob o domínio das mulheres. Essas são as únicas peças cômicas gregas supérstites que têm como protagonistas personagens femininas: Lisístrata e Praxágora, respectivamente. Sabemos que as mulheres não tinham acesso ao poder público no mundo grego antigo; por isso, verificaremos como determinados elementos cênicos são usados na representação da tomada de poder feita pelas mulheres nas duas peças aristofânicas.

 

Tesmofórias e ritos de fertilidade em Atenas Clássica

Mariana Figueiredo Virgolino (História – UFF / CEIA)

 

O objetivo da presente comunicação consiste em compreender a atuação das mulheres atenienses no culto destinado à Deméter. Enfocaremos os ritos de fertilidade praticados durante as tesmofórias, bem como os relatos míticos envolvendo Deméter e sua filha Perséfone.

 

O sono dos justos – a bacante adormecida

Profª Tatiana Bernacci Sanchez (Letras Português / Grego – UERJ / FGV)

 

Contemplando a escultura de uma bacante adormecida, reconhecemos não uma mulher específica, e sim todas. Reconhecemos o partilhar, partilhar-se, do princípio dionisíaco. Essa obra de arte, generosamente, é inspiração, e oferece o tema deste trabalho – reflexões sobre a doçura e a delicadeza em Dioniso e em seu culto dentro da cultura grega.

 

Sessão de comunicações 23: Império Romano: guerra e relações inter-étnicas

Coordenador: Prof. Mestrando Bernardo Milazzo (CEIA-UFF)

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 11h às 12h30

 

Imperialismo e romanização pela perspectiva da fronteira étnica: o caso de Carataco na Britânia Romana

Prof. Mestrando Bernardo Luiz Martins Milazzo (PPGH – UFF / CEIA)

 

A presente comunicação é resultado de minha dissertação de mestrado, em fase de desenvolvimento, que analisa a questão da romanização e do imperialismo romano na província da Britânia pela ótica da teoria da fronteira étnica, segundo Barth. Como estudo de caso, abordaremos o caso de Carataco, integrante de uma elite nativa que irá resistir contra a dominação romana. Como fonte, temos a obra Anais, de Tácito, e para analisá-la, será utilizado o método de leitura isotópica.

 

Descaracterização do domínio romano na Britânia

Érika Vital Pedreira (História – UFRJ)

 

Embora o processo de romanização/dominação na Britânia não tenha obtido tanto êxito como em outras regiões; e pode-se afirmar que isso muito se deveu a alguns movimentos de resistência, tanto aramados, quanto pacíficos; percebem-se traços da influência romana no que diz respeito ao aproveitamento do espaço físico, observado na construção da civitas. O objetivo deste trabalho é analisar como se deu a descaracterização deste domínio romano na região da Brtânia, quando da desagregação do Império. Estudo de caso cidade de Londres.

 

A representatividade dos guerreiros na antiguidade: um olhar sobre a relação romano-germânica no império de Augusto

Otto Carlos Barreto Neto (História – UNIRIO)

 

Em 102 a. C. os romanos foram atacados ao norte da península itálica pelas tribos germânicas dos Teutões e Cimbrios. A partir desse confronto Roma tomou ciência de um perigoso inimigo distribuído ao norte do continente europeu e que faria parte de sua história até a queda do império. Na administração de Augusto foi o momento em que os romanos investiram contra as tribos germânicas no próprio território destes, alargando seu território até as margens do Reno e somente freada após o desastre de Teutoburgo. É no império de Augusto que pretendo analisar as especificidades de dois personagens que primeiramente entraram em choque militar e cultural: o soldado e o guerreiro. É nas diferenças técnicas e sociais que trabalharei nesta comunicação, o profissionalismo do soldado romano nos tempos de Augusto e as modificações que este promoveu no exército em contra partida ao espírito guerreiro dos germânicos que não viam em suas funções militares uma obrigatoriedade, e sim o sentido da vida.

 

A construção da imagem de Sertório em Vidas Paralelas de Plutarco

Prof.ª Mestranda Vanessa Vieira de Lima (PPGH – UFF)

 

Quinto Sertório foi um militar romano que participou das guerras civis de fins da República ao lado do grupo popular, atuando como um foco opositor ao governo de Sula. Sua resistência, conhecida como a “Revolta de Sertório”, localizou-se na Península Ibérica e atraiu diferentes segmentos sociais, englobando romanos e hispanos. Tal personagem histórico, portanto, constitui um elo relevante para a compreensão dos desdobramentos políticos da República Tardia Romana. Assim, o presente trabalho se propõe a analisar, por via da leitura isotópica, como Sertório foi visto e traduzido em Vidas Paralelas de autoria de Plutarco, obra esta que embasa em larga medida a construção da imagem de Sertório até a atualidade.

 

Sessão de comunicações 24: Relações de poder e cultura no mundo antigo

Coordenadora: Prof.ª Ms. Maria Helena Abrantes Pitta (UFRJ)

Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 11h às 12h30

 

A Assabyah  e a Murúwa – a constituição do poder pré-islâmico no mundo antigo

Prof.ª Ms. Andréa Álvares da Cunha

 

O objetivo dessa comunicação é evidenciar a importância política, social e cultural dos valores da Assabyah e da Murúwa para a constituição dos laços de poder para a sustentação do ‘embrião do Islã’. A personificação desses valores culturais vai representar futuramente, o ponto nevrálgico da nascente religião, marcada pelas permanências do mundo antigo pré-islâmico.

 

As relações de poder existentes entre democratas e oligarcas na Atenas no final do século V a.C

Felipe Nascimento de Araújo (História – UERJ)

 

O autor conhecido como “Velho Oligarca” divide os grupos sociais atenienses em duas categorias: os favorecidos e os desfavorecidos. De um lado encontramos as classes populares como os estrangeiros residentes (metoikoi), os pobres (penetes), os piores (ponerói), os inferiores (Keirous) e outros grupos oriundos das massas populares classificados como "aqueles que a democracia representa". Este discurso, claramente de natureza pró-oligarca, situa-se dentro de um período da História de Atenas aonde estão presentes numerosas tensões político-sociais resultantes dos anos finais da Guerra do Peloponeso.

 

A dupla realeza lacedemônia nas investigações de Heródoto: poder régio e governo do povo

Prof. José Luiz Pereira Rebelo (CEIA – UFF)

 

Nos relatos de suas investigações Heródoto fez da resposta ao questionamento sobre qual melhor forma de governo tanto um elemento distintivo da identidade helênica frente às bárbaras quanto o valor base para graduar as poleis helênicas entre si. Sendo para ele o melhor governo o “governo do povo”, sinônimo de isonomia. Este é compatível com um poder régio, pois para Heródoto o melhor governo é estabelecido quando as decisões políticas são submetidas à aprovação da maioria. Neste contexto a constituição lacedemônia é apresentada como a melhor entre as das poleis helênicas, mesmo diante das disputas dinásticas e pelo poder entre os dois reis.

 

Sátira e Tática Política

Rodrigo Afonso Magalhães (História – UFF)

 

Análise se concentrará no uso que o Imperador Julianus (361-362} fez da retórica para responder às críticas e ofensas sofidas pela cidade de Antioquia, tal ressentimento o fez compor uma obra - cinica e aparentemente dirigida contra si mesmo - chamada Misopogón, literalmente o "aquele que odeia barbas". Neste texto composto em sua estadia na cidade de Antioquia em preparação para a guerra contra a Pérsia, encontram-se as supostas razões pelas quais Imperador e Cidade não se harmonizaram. No testemunho de Julianus podemos ver desde razões banais e puramente estéticas, o desgosto a população com sua barba hirsuta que inspira o título da obra, até a alta dos preços da comida na cidade, provavelmente efeito ou da presença do exército e sua bagagem de custos sobre a cidade, ou o efeito de uma política econômica populista do Imperador (em Ammianus Livro 22, XIV, 1). A barba é a imagem que concentrou e velou toda esta rede social em que conspiram, numa obra retórica, desde o atrito cosmológico da Cristianismo e Paganismo, até os vícios estruturais econômicos próprios do império. Em outros episódios a frivolidade da cidade com relação aos sacrifícios cívicos realizados pelo imperador, simbolizaram a recusa e a insatisação frente ao governo do apóstata, através de versos anapaesticos e mímicas burlescas do ascetismo imperial. A pessoa do Imperador, em contrapartida, nunca adimitiu conceder sua presença quaisquer dos jogos espetaculares e aos teatros populares, tal o idealismo de sua formação neoplatônica. O povo, parece-nos, recusa mais profundamente o aristocratismo neoplatônico assumindo-se a favor da piedade coletiva cristã já enraizada. Num outro patamar a resposta do Imperador poetiza e aparentemente suaviza as formas de controle imperiais, expressas na instituição do exército. Julianus, que favorecia o modelo de cidades estados e queria restaurar esta vida curial, municipal, teve de responder a este modelo de civilidade helenístico-cristã que está representado em Antioquia, através de sátira e violência política. Aqui principalmente fica patente o fracasso de sua restauração e da repopularização do paganismo nas províncias orientais. Mas em algum momento tudo que estava num patamar discursivo transmutam-se e tomam gestos: num, o povo cristão piedoso incendiou uma obra pública como a do templo de Apolo, noutro Julianus, arremata sua vingança contra a cidade antes de deixá-la, nomeando um dos seus quadros mais cruéis para administrar a Síria. O episódio tem o desfecho de humor negro.

 

Mesa-redonda: O poder simbólico e o Estado no Egito, Grécia e Roma antigos

Coordenador: Prof. Ms. Guilherme Moerbeck (UNIG)

16h às 18h Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 14 às 16h

 

Escravidão, festivais e poder à época de Nero

Prof. Dr. Fábio Duarte Joly (UFRB)

 

Nero caracterizou seu governo pela realização de festivais que buscavam realçar seu poder por meio de uma íntima relação com a arte, sobretudo com a promoção de jogos e peças teatrais. Em algumas dessas festas foi comum uma inversão de papéis entre o imperador e seus libertos, com a transfiguração de libertos imperiais em esposas de Nero e vice-versa. Parte da historiografia moderna interpreta essas uniões como cerimônias de iniciação a religiões orientais de mistério, visando argumentar que Nero assumiu uma ideologia do poder imperial que tinha por base uma teologia solar, associada ao culto de Apolo e Mitra. Contudo, em vez de compartilhar essa interpretação, pretende-se aqui situar tais eventos no contexto da tradicional festividade romana da Saturnália, em que uma de suas características era a inversão de papéis entre senhores e escravos.

 

O Festival Sed como celebração imperial na XVIIIª Dinastia (1550-1323 a.C.)

Prof. Mestrando Fábio Frizzo (PPGH-UFF / CEIA)

 

O heb sed (Festival Sed) era um jubileu celebrado desde o Reino Antigo, comumente após três décadas de reinado de um faraó e, então, a cada três ou quatro anos. Sua principal função era a renovação cíclica dos poderes reais, através de ritos públicos e reservados. Durante o Reino Novo, período de expansão e consolidação imperial, o Festival Sed serviu para exaltar a figura do faraó como grande conquistador, a ponto de ser celebrado em templos espalhados pelas áreas estrangeiras do império. Por outro lado, as festividades ocorridas na capital imperial, por ocasião do jubileu, contavam com a presença de príncipes das nações dominadas e aliadas, que observavam o apogeu do monarca. Buscaremos apontar, na presente comunicação, estes e mais elementos que ligavam tal festival ao processo do imperialismo na XVIIIª Dinastia.

 

Representação, campo político e poder: a democracia e o teatro grego nas Grandes Dionísias

Prof. Ms. Guilherme Moerbeck (UNIG /CEIA-UFF)

 

No decorrer do século V a. C., a cidade de Atenas, após se ver livre da ameaça persa, incrementa uma festa criada em homenagem a Dioniso. Os cidadãos atenienses aplaudem, choram e gargalham com a encenação de tragédias e comédias nas Grandes Dionisias. Esta festa, no entanto, não somente coloca em cena seus atores, mas ritualiza o poder da cidade perante seus aliados da Liga de Delos. Por meio de algumas tragédias áticas e outras fontes de época, esta comunicação levanta algumas questões acerca das relações estabelecidas entre a coregia, as Grandes Dionisias e a democracia ateniense.

 

No terraço do Grande Deus: Osíris e os festivais de renovação anuais de Abidos

Profª Ms. Maria Thereza David João (CEIA-UFF)

 

A cidade de Abidos, no Egito antigo, foi por muito tempo palco da realização de festivais anuais em honra do deus Osíris, também conhecidos como Festivais Khoiakh. Os rituais realizados durante estes festivais visavam assegurar a prosperidade do mundo natural, como o sucesso das plantações, bem como a continuidade do mundo egípcio, o que era conseguido através da encenação da vitória de Osíris sobre seu irmão Seth - que simbolizava, por sua vez, a vitória da ordem (maat) sobre o caos (isfet). Milhares de peregrinos iam todos os anos a Abidos para participar destas festividades, na esperança de que, associando-se aos mistérios de Osíris ali encenados, pudessem também elas ter a esperança de regeneração, especialmente na vida após a morte, que era vista em termos de renascimento cíclico. Nesta exposição, veremos, primeiramente, como a importância cada vez maior adquirida pelos elementos osirianos na religião funerária egípcia está ligada a um processo conhecido pelos egiptólogos como “democratização” da imortalidade e, posteriormente, verificaremos de que maneira os rituais celebrados em Abidos contribuíam para a manutenção de certas hierarquias sociais, ao confirmar os papéis de cada um na manutenção do mundo ordenado que culminaria, em última instância, na eficácia da instituição monárquica.

 

Conferência de encerramento

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 16h às 18h

 

Ciclos Festivos e o Processo de Formação de Identidades no Mundo Romano

Prof.ª Dr.ª Ana Teresa Marques Gonçalves (UFG)

 

As festas e cerimônias públicas tiveram um importante lugar na vida política romana. As tradições eram mantidas pelo rememorar constante de fatos, feitos e datas, que auxiliavam na construção de identidades no seio do Império. Assim, objetivamos nesta conferência analisar as funções simbólicas e identitárias assumidas pelos ciclos festivos na sociedade romana antiga.

 

Lançamento

Cadernos do CEIA

Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 18h

 

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Ementas dos minicursos:

 

Poemas Eróticos de Catulo

Prof.ª Dr.ª Edna Ribeiro de Paiva (UFF)

Terça e quarta-feira, 11h às 12h30

 

Após os minicursos “Poemas de Catulo Pertencentes ao Ciclo de Lésbia” (IX Jornada de Estudos da Antiguidade) e “Poemas de Catulo de Cunho Satírico” (XIX Seminário de Estudos Clássicos), encerraremos agora esse ciclo com “Poemas Eróticos de Catulo”.

Catulo é o poeta amoroso por excelência, notabilizado sobretudo por composições a sua amada Lésbia. Nelas o vemos dirigir-se ao objeto de sua paixão com os termos mais carinhosos que é possível um homem encontrar. Mas nos seus percalços, provocados pela repetidas infidelidades de sua amada, o vemos também agressivo, sobretudo no final, quando não mais depositava esperanças nesse amor. Aí ele dirige, não só a ela, mas aos seus rivais, palavras cruas, que descrevem o que lhe vai na alma.

 

Pré-requisito: Ter completado o Latim IV.

 

Morte e funerais das sociedades celtas antigas

Prof.ª Dr.ª Adriene Baron Tacla (CEIA-UFF)

Terça à quinta-feira, 18h às 20h

 

Ementa: O estudo da Idade do Ferro européia é prioritariamente marcado pelos achados de enterramentos, de modo que a maior parte de nosso conhecimento advém da análise funerária. Este curso pretende, pois, ser uma introdução ao estudo das práticas funerárias nas sociedades da Idade do Ferro na Europa Ocidental. Assim, apresentaremos as principais linhas de análise de funerais e estudos das diferentes formas de tratamento do morto, a construção de monumentos e os depósitos funerários, tendo sempre em destaque sua relevância e implicações sócio-políticas para os casos das sociedades celtas.

 

Objetivos: Discutir a questão da morte a partir da antropologia e a aplicabilidade de tais teorias à pré-história européia. Discutir a relação entre vivos e mortos, destacando a interligação entre ritual e vida quotidiana. Analisar as diferentes formas de monumentos, enterramentos e tratamento do morto na Idade do Ferro na Europa Ocidental. Apresentar as novas vertentes da arqueologia funerária para a Idade do Ferro na Europa Centro-Ocidental. Introduzir os alunos ao estudo do mobiliário funerário e suas implicações sócio-econômicas e políticas.

 

Roteiro:

 

1. Introdução aos estudos funerários – teoria e métodos

2. A problemática do funeral na arqueologia

3. Crítica e interpretação dos achados: o limite da interpretação

4. Breve introdução aos estudos da Idade do Ferro na Europa Centro-Ocidental

5. A cultura material e práticas funerárias da Idade do Ferro (casos da Alemanha, França e Suíça)

5.1. O tratamento do corpo

5.2. Sepulturas e monumentos

5.3. Questões de gênero

5.4. Depósitos funerários

6. As transformações nos funerais da Primeira e da Segunda Idades do Ferro

7. Status, hierarquização e o tratamento do morto

8. Morte, funeral e memória

 

Festivais, cultura e poder no Egito antigo

Segunda à quinta-feira, 18h às 20h

 

Ementa: Por meio das fontes, que resistiram ao aniquilamento do tempo e da ação humana, pode-se verificar que no Egito antigo a forma de pensamento refletia uma unidade, onde todas as coisas integravam um mundo único, como numa grande rede biológica. Assim, não havia separação entre o mundo dos deuses, dos vivos e dos mortos. Todo este conjunto era mantido por Maat, deusa que personificava o equilíbrio/ unidade/ medida, por meio da ação ritual que era levada a cabo em todos os templos egípcios. Tal culto às divindades, bem como os festivais rendidos em suas homenagens, preservavam o estado das coisas e também auxiliavam na justificação do poder real. Da mesma forma que os deuses, os mortos também eram agraciados com festivais, nos quais gerações eram reunidas para a celebração da vida e de sua continuidade. Neste minicurso estes serão alguns dos aspectos abordados pelos ministrantes, a partir de subdivisões nas esferas: dos deuses, dos reis, dos vivos e dos mortos.

 

Objetivos: Apresentar a forma de pensamento dos antigos egípcios a partir de teorias atuais; Analisar as diferentes concepções expostas nos mitos cosmogônicos e cosmológicos; Apresentar uma panorâmica da visão egípcia sobre o Estado e a organização político e administrativa tendo como eixo a figura do Faraó; Discutir, a partir de diferentes tipos de fontes, variados temas sobre o templo no antigo Egito; Analisar a forma que os egípcios encaravam a morte; Apresentar os rituais ligados à morte; Discorrer sobre as idéias de vida além-túmulo; Analisar a participação de vivos e mortos nos festivais. Analisar as idéias religiosas da reforma de Amarna; Demonstrar como Akhenaton utilizou o elemento artístico/arquitetônico para legitimar sua nova divindade; Discorrer a respeito do culto do deus Aton bem como uma análise da versão amarniana para a vida post mortem.

 

Roteiro:

Primeira Aula: Prof.ª Mestranda Liliane Cristina Coelho (CEIA-UFF)

1. A forma de pensamento dos antigos egípcios: uma questão teórica;

2. As escolas teológicas no Egito antigo;

3. O templo: fundação, arquitetura e utilização;

4. Os festivais divinos: exemplos e peculiaridades.

 

Segunda Aula: Prof. Doutorando Moacir Elias Santos (CEIA-UFF)

1. A morte e os mortos no Egito antigo;

2. Os rituais funerários e o enterro;

3. As crenças de vida além-túmulo;

4. Os vivos e os mortos nos festivais.

 

Terceira Aula: Prof.ª Doutoranda Nely Feitoza Arrais (CEIA-UFF)

1. A Cosmogonia e a origem do Egito;

2. ta meryt, a terra amada: identidade e Estado;

3. A “era dos deuses” e a “era dos homens”;

4. A Realeza Divina e o Estado Egípcio: o Faraó, a união entre os deuses e os homens.

 

Quarta Aula: Prof.ª Ms. Gisela Chapot (CEIA-UFF)

1. Akhenaton e a construção de uma nova ordem;

2. Algumas considerações sobre a reforma amarniana;

3. O conteúdo religioso: os hinos a Aton;

4. Uma nova versão do mundo post-mortem.