|
X Jornada de Estudos da
Antiguidade - Festivais, Cultura e Poder - Programação – |
SEGUNDA |
|
TERÇA |
QUARTA |
QUINTA |
SEXTA |
|
08h às 09h30 |
Sessões de comunicações 1 e 2 |
Sessões de comunicações 7 e 8 |
Sessões de comunicações 13 e 14 |
Sessões de comunicações 19 e 20 |
09h30 às 11h |
Sessões de comunicações 3 e 4 |
Sessões de comunicações 9 e 10 |
Sessões de comunicações 15 e 16 |
Sessões de comunicações 21 e 22 |
|
11h às 12h30 |
Sessões de comunicações 5 e 6 |
Sessões de comunicações 11 e 12 |
Sessões de comunicações 17 e 18 |
Sessões de comunicações 23 e 24 |
|
Minicurso: Poemas Eróticos de Catulo |
Minicurso: Poemas Eróticos de Catulo |
||||
12h30 às 14h |
Intervalo de almoço |
Intervalo de almoço |
Intervalo de almoço |
Intervalo de almoço |
|
15h Abertura:: Apresentação do Coral Audite Noua e Conferência: Os festivais como encenação da sociedade – Prof. Dr. Ciro Flamarion
Santana Cardoso |
14h às 16h |
Mesa-redonda: O homoerotismo na cultura greco-romana |
Mesa-redonda: Festivais, cultura
e poder no mundo greco-romano |
Mesa-redonda: Mito, poder e cultura no Mediterrâneo antigo |
Mesa-redonda: O poder simbólico e o Estado no Egito, Grécia e Roma antigos |
16h às 18h |
Conferência: Considerações sobre o caráter diacrônico das festividades
religiosas de Pessach e Shavuot – Prof.ª Dr.ª
Cláudia Andréa Prata Ferreira |
Apresentação da peça Édipo Tirano com o grupo teatral Cítero. |
Conferência: Magia: expressão do poder feminino na cultura helênica – Prof.ª Dr.ª Dulcileide Virginio do Nascimento |
Conferência de Encerramento: Ciclos festivos e o processo de formação
de identidades no mundo romano – Prof.ª Dr.ª Ana
Teresa Marques Gonçalves |
|
18h às 20h Minicurso: Festivais, cultura e poder no
Egito antigo |
18h às 20h |
Minicurso: Morte e funerais das sociedades celtas antigas |
Minicurso: Morte e funerais das sociedades celtas antigas |
Minicurso: Morte e funerais das sociedades celtas antigas |
Lançamento dos Cadernos do CEIA |
Minicurso: Festivais, cultura e poder no
Egito antigo |
Minicurso: Festivais, cultura e poder no
Egito antigo |
Minicurso: Festivais, cultura e poder no
Egito antigo |
|
Segunda-feira,
09 de Junho de 2008
Abertura
Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 15h
Apresentação do Coral Audite Noua
Regente Adelheid Mason (Inst. de Letras – UFF)
Conferência:
Os festivais como encenação da sociedade
Prof. Dr. Ciro Flamarion Cardoso (CEIA-UFF)
Nesta palestra, tentaremos verificar se é aplicável
a exemplos da Antiguidade – um tomado do antigo Egito, outro da Grécia Arcaica
– o enfoque usado por Robert Darnton no terceiro ensaio que integra seu livro O
grande massacre de gatos (Rio de Janeiro: Graal, 1986), intitulado “Um
burguês organiza seu mundo: a cidade como texto”. É nossa opinião que, mutatis
mutandis e com emprego de fontes primárias bem diferentes daquela que
explorou o historiador-antropólogo norte-americano, tal experiência
metodológica é possível e suscetível de arrojar alguma luz a processos da
Antiguidade pertinentes para o tema desta Jornada. A finalidade é verificar
como, em situações específicas marcadas pelo espaço de festividades e
cerimônias, seja reiteráveis, seja ad hoc, a
sociedade pode ser categorizada e encenada com certos objetivos que incluem o controle
social.
Minicurso: Festivais, cultura e poder no Egito antigo
Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 18h às 20h
Terça-feira,
10 de Junho de 2008
Sessão de comunicações 1: Registro de práticas mágicas no texto
literário latino: de fins da República ao século dos Antoninos
Coordenadora: Profª. Drª. Lívia Lindóia Paes Barreto (UFF)
Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 08h às 09h30
A magia e a comicidade no Satyricon de Petrônio
Prof.ª Bruna Prudêncio da Silva (Lato Sensu em
Cultura, Língua e Literatura Latina – UFF)
A presente comunicação é fruto da Pesquisa de
Iniciação Científica Pibic/UFF e orientada pela Profª. Drª. Lívia Lindóia Paes
Barreto. A proposta da sessão coordenada é discutir a temática da Magia sob a
ótica de diferentes representantes na Literatura Latina. Sendo assim, este
trabalho toma como texto fonte o Satyricon de Petrônio. Escrito no século I d. C, o romance narra as aventuras de três jovens rapazes
envolvidos em divertidas e inóspitas peripécias. O episódio escolhido para a
análise lingüístico-literária tem como ponto de partida o encontro amoroso
entre Encólpio, narrador –protagonista, e a bela Circe. Ao constatar sua
impotência sexual, Encólpio recorre à magia no intuito de recuperar a
virilidade. No decorrer dos acontecimentos, duas velhas feiticeiras aparecem
envolvidas com rituais mágicos. Esta comunicação objetiva interpretar e
analisar a maneira como Petrônio pinta um quadro que deveria ser carregado de
mistério e honras aos deuses. Embora os rituais estejam presentes na narrativa,
o autor latino quebra as expectativas do leitor ao temperar as ações com cenas
pitorescas e inusitadas. A análise literária está centrada no estudo da
semântica do texto: mitologia, rituais mágicos, intertextualidade e comicidade
são os elementos que compõem a cena descrita por Petrônio que vê determinadas
práticas religiosas sob a ótica satírica. De que maneira Petrônio brinca com
esta temática em seu romance? Esta é uma da pergunta a ser desvendada neste
trabalho.
Encantamentos e magia das feiticeiras Sagana e Canídia na Sátira VIII
de Horácio
Prof.ª Isabela Bastos de Carvalho (Lato Sensu em
Cultura, Língua e Literatura Latina – UFF)
Embora a legislação romana abertamente condenasse a
magia – vista como prática estrangeira e oriental -, e, ainda que durante o
Principado de Augusto tal prática tenha sido punida com maior severidade, é
valioso registrar-se que importantes autores latinos fizeram dela significativa
temática. Dentre estes, destaca-se o poeta satírico Quintus Horatius Flaccus
– Horácio (65 a.C. – 8 a.C.), o qual tornou-se íntimo de Augusto e pode
ser considerado um poeta oficial deste Imperador. Esta comunicação objetiva
apresentar e discutir os rituais, encantamentos e magias das feiticeiras Sagana
e Canídia presentes nas Sátiras do supracitado autor, precisamente na Sátira
VIII.
A influência mágica da deusa egípcia Ísis no Asno de Ouro
de Apuleio
Prof.ª Nathália Esteves da Silva (Lato Sensu em
Cultura, Língua e Literatura Latina – UFF)
No século II d.C., já durante a dinastia dos
Imperadores Antoninos, na altura em que é nítida a crise da religião
tradicional romana – puramente ritualística e sem preocupações com a alma, a ética e a moral -, emerge outro expoente da literatura
latina a tratar da temática “magia”, a qual, segundo a visão romana, tratava-se
de prática religiosa advinda do Oriente, portanto estrangeira. Lucius
Apuleius – Apuleio (125 – 180 d.C.) -, célebre escritor latino, em
sua mais renomada obra, originalmente intitulada Metamorfoseon Libri XI
(Onze livros de Metamorfose) ,
conhecida, também, pelo título O Asno de Ouro, ali lança mão da
influência da deusa egípcia Ísis, a quem seu personagem central Lúcio
(homônimo do autor), deve o êxito por retornar à forma humana, transformado que
fora, em burro, através de práticas de magia.
Vergílio: feitiçaria e encantamento na VIII Bucólica
Prof.ª Thaíse Pereira Bastos de Almeida Silva (Latim –
UFF / Lato Sensu em Cultura, Língua e Literatura Latina – UFF)
As Bucólicas de Vergílio, escritas entre 41 e 37
a.C. tratam, em geral, de assuntos relacionados à vida campestre, tranqüila e harmoniosa, ambiente que propicia a idealização do amor,
correspondido ou não.
O amor idealizado é assunto que permeia algumas das
composições: os personagens pastores cantam as belezas e os prazeres deste
sentimento, podendo recorrer, porventura, a encantamentos e rituais mágicos
para possuírem o objeto de desejo, como o que ocorre na VIII
Bucólica, datada de 39 a.C..
O presente trabalho destina-se ao estudo semântico-lingüístico da
referida Bucólica, com o objetivo de discutir a utilização das práticas de
magia, não só nos versos do poeta mantuano, mas também no momento histórico em
que se insere, o fim da República.
Sessão de comunicações 2: Da antiguidade até os nossos dias: mito, logos
e a morte
Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Izabela Bocayuva
(UERJ)
Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 08h às 09h30
De Heráclito a Nietzsche
Fabio José Alfredo Santos da Rocha (Filosofia – UERJ)
Com o vigor da physis em sua análise do
real, Heráclito, já no seu fragmento primeiro, afirma que o Logos "é
sempre", sem início nem fim, além da dimensão do tempo de cronos. Além do
real em suas manifestações múltiplas e que percebemos através do espaço-tempo,
Heráclito afirma um real originário e uno, além do tempo, que se esconde dos
outros homens (os muitos que dormem, ou os hoi poloi). Mas, assim como
Nietzsche, Heráclito destaca também uma constância: a mudança, o devir.
Fragmento 84 de Heráclito: "Transformando-se, repousa”.Assim, o devir
"é sempre" (sem início ou fim), da mesma maneira que o Logos. Como
então afirmar o mobilismo como atribuição corrente feita ao pensamento de
Heráclito? Para tratar disso, utilizaremos também as considerações de Nietzsche
sobre o pensamento de Heráclito em "A filosofia na idade trágica dos
gregos".
Quando estudar a Antigüidade não é mera curiosidade
Prof.ª Dr.ª Izabela Bocayuva (Filosofia – UERJ)
Estudar o pensamento grego leva-nos a nos
depararmos com o impressionantemente atual. Com esse estudo não vamos ao
passado meramente, mas chegamos onde nós mesmos estamos, à medida que, apesar
dos anos transcorridos, vida enquanto tal não envelhece nem tampouco evolui.
Se por um lado o pensamento grego pôs-se a pensar a partir de problemas
vigentes em sua época, por outro lado, reconhecemos que na vigência de nossos
próprios problemas uma das questões é justamente nos dispormos a despertar
novamente para alguns daqueles questionamentos nascidos na antiguidade.
Trabalho e ócio na Grécia Antiga
Rebeca Furtado de Melo (Filosofia – UERJ)
Através de uma interpretação do Mito de Prometeu,
narrado por Protágoras no diálogo, de mesmo nome, de Platão, propõe-se
investigar as diversas noções de trabalho para os gregos e sua importância no
estabelecimento da Pólis.
É justamente a relação entre a arte técnica e a
arte política, que são citadas neste mito como características próprias do
homem, que possibilita o modelo de homem grego da Idade Clássica. Este homem
que valoriza a vida política e contemplativa, o ócio e a razão, entendidas como
características e atividades do homem virtuoso, em detrimento do prático, do
utilitário, da técnica que tem relação direta com o trabalho servil.
Por fim, pretende-se, em oposição, analisar a noção unificada que temos
de trabalho, atualmente, e as conseqüências observáveis na construção das
relações sociais, políticas e educacionais de nossa sociedade.
O homem diante da morte: um estudo filosófico
Soraya Monteiro Deminicis (Filosofia – UERJ)
Saber-se mortal suscita ao homem a todo momento
entender o sentido da vida, investigá-la apenas no âmbito do que é imortal ou
infinito. O homem acredita num sentido como sinônimo de valor apenas para
aquilo que é eterno, esquecendo-se que o próprio tempo esvai-se a todo momento. O tempo é o exemplo de que tudo passa, mas
que apesar de passar não deixa de ter sentido.
O homem diante da morte é um estudo
sobre a contribuição da Filosofia na compreensão da morte e como esse tema vem
sendo abordado desde os antigos até os dias atuais. O processo de iniciação por
que passavam os jovens na Grécia Antiga, o enfrentamento
da morte pelos guerreiros, filósofo diante da morte e a morte para o homem
comum são as principais questões levantadas.
Sessão de comunicações 3: Estudos literários e lingüísticos do mundo
clássico
Coordenadora: Profª Mestranda Katia Teonia Costa de Azevedo (UFF)
Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 09h30 às 11h
Os hexâmetros dactílicos e a definição das fronteiras poéticas na Grécia
arcaica (séc. VIII ao VI a.C.)
Prof. Mestrando Alexandre Santos de Moraes (História –
UFRJ)
Durante o Período Arcaico, a Hélade testemunhou a
confluência de três grandes tradições poéticas: a aédica, a lírica e a
rapsódica. Os historiadores, convidados a versar sobre o papel social de
determinado poeta, precisam lançar mão de estratégias para reconhecer as
particularidades em meio às variadas tradições. Nossa comunicação pretende
debater de que modo o hexâmetro dactílico, o “rei dos metros clássicos”, pode
servir como um importante instrumento para ajudar na definição destas
fronteiras e ajudar-nos a entender as técnicas formulares dos aedos
gregos.
Considerações sobre o processo de formação do gênero romanesco
Camila Lopes Ferreira (Letras Português / Espanhol – UFF)
A partir do estudo da obra de Mikhail Bakhtin,
especialmente de dois de seus textos, “A pré-história do discurso romanesco” e
“Epos e romance”, busca-se uma análise do processo de nascimento e formação do
discurso romanesco, processo que surge na Antigüidade Clássica, a partir da
degeneração dos gêneros elevados. A inovação da palavra romanesca pode ser
revelada no novo tratamento que o gênero dá aos aspectos temporais da
narrativa; outra característica importante do romance é o novo tratamento
estilístico da obra literária, produzido através do discurso dialógico. A
Antigüidade Clássica, por meio da cultura cômica popular e do surgimento dos
gêneros sério-cômicos, tem uma importância fundamental para o nascimento dessas
principais características do romance; além de ser um período que guarda em si
as sementes do grande romance moderno.
"Prática e teoria" em Vitrúvio: em abono de uma tradução
Prof. Dr. Eduardo Tuffani (Letras UFF / CEIA)
A primeira tradução integral brasileira da obra
"Da arquitetura" de Vitrúvio Polião, realizada por Marco Aurélio Lagonegro
(São Paulo: Hucitec, 1999), levantou algumas críticas improcedentes. Esta
comunicação detém-se na passagem I, 1, 1 do texto de Vitrúvio, buscando
justificar a tradução de "fabrica" por "prática", com base
em tradutores e comentadores de ontem e hoje do legado vitruviano.
A configuração da relação de poder em “Vacca et Capella, Ouis et Leo”:
uma análise semiótica e estudo da referenciação na fábula de Fedro
Rachel Maria Campos Menezes de Moraes (Letras Português / Inglês – UFF)
Neste trabalho, que faz parte de nossa pesquisa de
Iniciação Científica apoiada pela FAPERJ e orientada pela Profa. Dra. Vanda
Cardozo de Menezes, faz-se a análise semiótica da fábula "Vacca et
Capella, Ouis et Leo", de Fedro. Além disso, analisa-se a Referenciação
nesta mesma fábula.
Para a análise Semiótica, apoiamo-nos
na teoria desenvolvida por Greimas e descrita por Diana Luz Pessoa de Barros em
"Introdução à Lingüística" enquanto que, para a Referenciação,
apoiamo-nos na teoria de Ingedore Koch
em "Ler e Compreender os Sentidos do texto", 2006.
Pretende-se, assim, analisar a relação de poder
contida no texto.
Sessão de comunicações 4: Os primórdios do Livro: Judaísmo e
Cristianismo antigos
Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Cláudia Andréa Prata
Ferreira (UFRJ)
Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 09h30 às 11h
O poder do gênero: a exclusão da mulher no processo de canonicidade das
Escrituras
Prof. Ms. Allan Erdy
de Souza (STBSB / UERJ)
Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar o contexto
dos dois primeiros séculos da era cristã e perceber quais são as influências
sociais e históricas, que perpassam pela relação de gênero sobre a canonicidade
das Escrituras. Basear-se-á na perspectiva da história social, possibilitando
ainda, destacar a interdisciplinaridade entre outras esferas do saber. Com
isso, pretende-se que este trabalho contribua para uma reflexão atual sobre a
questão do gênero e sua inter-relação e influência na canonicidade e formação
do texto bíblico, que desconsiderou/excluiu a contribuição feminina em tal
processo histórico da antiguidade. A perspectiva feminista e a historiografia
social contribuem para esta análise, com a proposta de analisar criticamente e
historiograficamente, de uma forma imaginativa, os textos bíblicos e extra-bíblicos para
detectar as possíveis contribuições ou não, no que concerne da participação do
feminino, que advém do meio social na era cristã dos dois primeiros séculos
para a formação do texto bíblico, suscitando uma pergunta fundamental: Por quê
a mulher ficou excluída do processo de canonicidade das Escrituras?
O nascimento do judaísmo primitivo: uma análise dos 14 primeiros
capítulos do livro de êxodo
Antônio Alves dos Reis Neto (História – UECE)
O estudo das religiões por muito tempo ficou no
“sótão” dos temas escolhidos pelos historiadores para suas pesquisas até que a
Escola dos Annales e/ou a “Nova História” pudesse dar um novo
direcionamento e que voltasse, com novos métodos e sob a ótica de novas
teorias, o estudo das religiões. A pesquisa foi construída tendo como tema o
judaísmo, mais precisamente o judaísmo primitivo e o intuito foi não questionar
a historiografia construída em torno deste fato histórico mais sim fazer uma
discussão sobre a idéia de que um determinado povo, os hebreus, se localizavam,
assim como outros, por toda a região do Crescente Fértil, pois ainda não haviam
se fixado ou não haviam passado pelo processo de sedentarização. Ainda
discute-se neste trabalho o querer ter um deus próprio ou um deus particular
para a partir daí construírem-se como “povo”. O trabalho
objetiva mostrar que os autores que foram relacionados para a
bibliografia deixaram de abordar alguns temas como imaginário social,
mentalidades e relações sociais entre os pequenos grupos que hoje já não podiam
mais ser esquecidos e também que as fontes questionadas a partir de seus
lugares de produção revelavam outros fatos que também não haviam sido
discutidos.
Ave, Cesar... ou morte com Cristo
José Marcos Lopes Barbosa (História – UFF)
Esta comunicação é o resumo do meu trabalho de monografia que tem como
propósito o estudo e a pesquisa, á luz da historiografia, da relação do Império
Romano com o movimento cristão primitivo, ao longo de 4 (quatro) séculos (de
Augusto á Constantino), a partir das perseguições que ocorrem em dois níveis,
popular e estatal, investigando suas causas, motivos e razões. Nesse sentido,
perceber o impacto produzido nessa relação e suas conseqüências no campo
social, político e no campo das “idéias”, do espírito do homem da época,
dialogando com diversos autores e uma gama de hipóteses a fim de comparar,
analisar e formar uma conclusão neste recorte histórico, no qual eu destacaria
dois pontos: o primeiro o de se considerar a complexidade do assunto do qual há
ainda muito que se estudar e pesquisar, de acordo com Aymard & Auboyer, e,
segundo, o triunfo histórico do monoteísmo, conforme a conclusão de Simon &
Benoir, um clássico do tema.
O rito do batismo nas comunidades cristãs do primeiro século
Prof. Mestrando João Oliveira Ramos Neto (PPGHC – UFRJ)
O pensamento religioso, para Durkheim, é aquele que distingue entre
profano e sagrado e é composto pelas crenças e pelos ritos, isto é, aquelas
regras de conduta segundo as quais os homens, no âmbito coletivo, devem se
comportar em relação às coisas sagradas. Os ritos são atos formalizados
portadores de uma dimensão simbólica e, portanto, portadores de gestos e ações
articulados com a crença na transcendência. O batismo como ato de mergulhar na
água era um rito praticado desde a Antigüidade em diversas sociedades no
sentido de purificação moral e espiritual e foi introduzido no Cristianismo
pelos discípulos de Jesus que passaram a fazer o mesmo com os
judeus que se tornavam cristãos.
Sessão de comunicações 5: Cultura material e arqueologia nas sociedades
clássicas
Coordenador: Prof. Dr. Claudio Umpierre Carlan (UNIRIO)
Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 11h às 12h30
Cultura e poder na Antigüidade Tardia: o papel da numismática
Prof. Dr. Claudio Umpierre Carlan (UNIRIO / CEIA – UFF / NEE / NEA –
UERJ)
Poucos trabalhos foram realizados sobre a função
das imagens no Mundo Romano. Seu papel como agente de uma propaganda
político-imperial, legitimou um poder centralizado ou de uma elite dominante,
todos aqueles que circulavam pela orla do poder. Nesse mundo, no qual não
existiam meios de comunicação iguais aos nossos, as representações monetárias
tem uma função ideológica importante, transportando uma mensagem simbólica para
as diversas regiões do Império.
Utilizaremos como fonte principal as peças da coleção do Museu Histórico Nacional, Rio de
Janeiro, importante acervo arqueológico brasileiro, ainda pouco explorado.
Mare Nostrum: O imaginário marinho da sociedade afro-romana a
partir de representações musiva do período do Século II ao V
Danielle Sant’Ana de Albuquerque (História – UFRJ)
Desde a Antiguidade o mar desperta um misto de
sentimentos no homem por ser fértil e, ao mesmo tempo, pelo seu potencial
ameaçador. O fato é que o mar convida o homem a jogar-se nas aventuras do
desconhecido que podem trazer sucesso e riqueza ou até mesmo a morte. Deve-se
levar em conta que o desconhecido desperta a imaginação. Assim sendo e tendo
por base mosaicos romanos da África Proconsular do período que vai do Século II
ao V d.C. de temática marinha, o presente trabalho tem como objetivo
compreender o imaginário marinho existente nessa sociedade.
A região do Kerameikos no período Clássico: um debate historiográfico
Fabiane Silva Martins (História – UERJ)
A região do Kerameikos, situada a noroeste da Ágora
ateniense configura-se um espaço onde vida e morte convivem, sendo ao mesmo
tempo o maior subúrbio ateniense, assim como uma das maiores necrópoles da
Ática.
Segundo o Instituto Alemão de Arqueologia em Atenas
a ocupação da região do Kerameikos, para fins funerários teve início no final
do terceiro milênio antes de Cristo e foi até aproximadamente o século II d.C.
Atualmente arqueólogos estudam incessantemente a
região buscando vestígios que possam esclarecer a vida da sociedade ateniense,
em diversos períodos.
Estabelecendo o período Clássico (VI - IV séculos
a.C.) como marco temporal das pesquisas examinadas, o nosso objetivo é
apresentar algumas das principais questões abordadas nesses estudos
arqueológicos.
A cultura material arqueológica na Sicília romana: o templo da Concórdia
como testemunho de estratégia de dominação política através do discurso da
deusa Concórdia
Glauce de Souza Luz (História – UNIRIO)
As poleis da Magna Grécia conheceram
diversos embates entre Cartagineses e Romanos durante o período compreendido
entre a 1ª e a 2ª Guerras Púnicas. Em meio a esses confrontos
bélico-políticos, seus templos, símbolos de prestígio e imponência
político-religiosa das poleis; sofreram redefinições de sentidos
sócio-políticos.
Esta conferência busca estudar o caso do Templo da
Concórdia em Akagras (Agrigentum-Sicília), denotando a
remodelação dos sentidos político-sociais atribuídos ao templo durante o
período de conquista romana (210 c.) como decorrente do seu imperialismo
e ressaltando o porquê da associação do templo ao discurso da Concórdia.
Sessão de comunicações 6: Cristianismo antigo: religião e filosofia
Coordenador: Prof. Ms. Manuel Rolph De Viveiros
Cabeceiras (UFF)
Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 11h às 12h30
Religião, filosofia e poder na Antiguidade Tardia: estudo de caso
Prof. Doutorando José Petrúcio de Farias Júnior
(História – UNESP)
Propor-nos-emos discorrer sobre a dinâmica da
política imperial no IV século sob a ótica da religião, filosofia e poder, na
Antiguidade Tardia, a partir das biografias de Eunápio de Sardes (347-412 d.C.)
com a intenção de compreender a estratégia argumentativa utilizada pelo
biógrafo para legitimar a representatividade política das elites neoplatônicas
da província da Ásia Menor. Tal estudo nos auxiliará na apreensão das
especificidades da administração imperial e os recursos de que dispunham as
elites locais não-cristãs para se auto-afirmar no cenário político o que nos
permite dizer que o conjunto de ações e condutas dos neoplatônicos nos ofícios
públicos manifesta a intenção de Eunápio em representá-los como agentes de
poder.
“Contra as Heresias”: Um instrumento de detração dos gnósticos
Prof. Mestrando Márcio Gonçalves dos Santos (PPGH –
UNIRIO)
O objetivo desta comunicação é apresentar como a
construção de uma obra de cunho dogmático se transformou em um eficaz meio de
desqualificação dos gnósticos, “Contra as Heresias” é uma obra confeccionada em
meados do século II, no período em que o cristianismo era um mosaico de vários grupos que se
denominavam seguidores de Cristo. Irineu, bispo de Lião membro de
uma modalidade mais hierarquizada do nascente cristianismo, produziu, sob
pedido do papa Vítor, um instrumento para defender e reforçar o cristianismo
hierárquico frente às outras modalidades. No entanto, tal obra se apresentou
não só como um reforço a fé dos cristãos
hierarquizados, mas também como um meio de desqualificar e desacreditar a
modalidade gnóstica do cristianismo.
Martírio e santidade nos sermões de Santo Agostinho
Prof.ª Doutoranda Miriam Lourdes Impellizieri Silva
(História – UERJ / USP)
No início do século V, apesar de consolidado como
religião oficial do Império, o Cristianismo sente-se ameaçado pelas heresias e
interferência do poder imperial nos seus assuntos internos.
Dentre as armas de que dispunha para combater os inimigos da fé e da
Igreja, Agostinho, bispo de Hipona, utiliza a do
sermão natalício dos santos mártires. Reconhecidos pela Igreja antiga como
modelos do verdadeiro cristão e dos seus primeiros santos, os mártires ocupam
no pensamento de Agostinho papel de relevo e de destaque. Assim, do conjunto de
mais de setenta sermões agostinianos dedicados ao tema, tomaremos como base
desta comunicação um pequeno grupo, os relativos a três santos: Estevão,
Vicente e Cipriano, datados do período compreendido entre 400 e 425.
Cultura e poder: a concepção do livro sagrado. da ‘fundação’ de Roma ao
Cristianismo nascente de Constantino (séculos IV – V)
Prof. Dr. Pe. Pedro Paulo Alves dos Santos (Letras – UNESA)
Para a leitura do texto cristão, por excelência, a
Bíblia foi fundamental à privilegiada primavera da história da literatura,
ocorrida sob os estudos da historiografia francesa e européia, em particular,
nestes últimos quarenta anos. Neste período, evocava-se o indispensável
caráter, de partir ineludivelmente de seus resultados, para avançar em busca da
realidade para toda a discussão historiográfica: a releitura dos sentimentos
religiosos encarnados no Imaginário da cultura e na mentalidade cristã,
européia e medieval. Assim, o conceito de imaginário joga um papel decisivo na
recepção de textos antigos, dadas as próprias circunstâncias da cultura
religiosa. Sobretudo, ao pensar que a leitura medieval é eminentemente bíblica,
e como a arte, esta depende do texto sagrado, como fonte. Os centros de cultura
estavam baseados sobre a cópia e a conservação de manuscritos. As questões da
interpretação permanecem nos muros dos mosteiros e ambientes eclesiásticos. Em
outras palavras, a emergência do Cristianismo antigo está vinculada, desde o
inicio, ao desenvolvimento do ‘livro’ como instrumento intrínseco à sua
natureza religiosa, e, ao mesmo tempo, crucial à sua estratégia cultural que
exerceu sobre a sociedade culta antiga um deslocamento da função e do uso do
livro.
Minicurso: Poemas Eróticos de Catulo
Prof.ª Dr.ª Edna Ribeiro de Paiva (UFF)
Bloco C, sala 307 – 11h às 12h30
Mesa redonda: O homoerotismo na cultura greco-romana
Coordenadora: Profª Drª Ana Lúcia Silveira Cerqueira (UFF)
Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 14h às 16h
O homoerotismo na lírica augustana: a Ars Amandi de Tibulo
Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia Silveira Cerqueira (CEIA-UFF)
Há uma variedade de diálogos, que tratam do
homoerotismo em Roma. Nos poetas augustanos encontramos
Virgílio com seu formoso Aléxis na Bucólica II. Na Eneida, há a
alusão de um amor a Niso e Euríalo (En.V,334),
Horácio menciona o seu puer delicatus, Ligurino (Ode IV).
Propércio adverte ao seu amigo Galo, através do relato da morte de Hylas, ao
cuidar do seu puer. Tibulo, contudo, trata deste tema de forma clara e
detalhada: são três poemas dedicados ao escravo Márato. Em um deles o poeta,
num diálogo com a estátua de Príapo, pede lições de como conquistar os rapazes,
a resposta do deus é uma verdadeira “arte de amar”.
De líquidos, aromas e desejos... a poesia que fala de um erotismo entre
iguais
Prof.ª Dr.ª Fernanda Lima (Farol de Alexandria - UERJ /
FGV)
O desejo homoerótico, embora ainda não recebesse
este nome, esteve presente em várias manifestações artísticas da cultura grega.
Desde a pintura de vasos até - e principalmente - a poesia, o desejo erótico
entre pessoas do mesmo sexo povoa a arte da Antigüidade helênica e helenística.
No trabalho que propomos, pretendemos verificar como o homoerotismo se
manifesta em algumas formas de arte, como a poesia de Safo, Anacreonte e
Calímaco, sem perder de vista, evidentemente, o contexto histórico-social em
que tal produção poética se dá.
Juvêncio, o de olhos de mel: a representação da relação
homoerótica nos moûsa paidiké
Profª Mestranda Katia Teonia Costa de Azevedo (UFRJ / UFF/ CEIA)
Ao longo da obra catuliana, identificamos
referências ao homoerotismo em alguns poemas que podem facilmente ser divididos em dois grupos distintos, levando em conta a
mudança de tom e o tratamento dado à relação entre iguais. Alternando entre um
teor sarcástico e aprazível, Catulo configura uma representação múltipla deste
tipo de relação.
Propomo-nos, neste trabalho, observar sob inúmeros
aspectos, como o poeta trabalha esta temática e para isto selecionamos os
poemas de amor destinados a Juvêncio (moûsa paidiké).
Conferência
Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 16h às 18h
Considerações sobre o caráter diacrônico das festividades religiosas de
Pessach e Shavuot
Prof.ª Dr.ª Cláudia Andréa Prata Ferreira (FL – UFRJ /
PPGHC – IFCS – UFRJ)
Leitura dos sucessivos significados das
festividades judaicas de Pessach e Shavuot ao longo do tempo. Considerações
sobre o fenômeno da ressignificação na história das religiões, mostrando que
nos rituais religiosos o essencial não se encontra no conteúdo do evento em si,
mas sim no próprio significante, ou seja na existência
das datas fixas, consagradas das festividades, uma ocasião propícia para
receber o “significado” que melhor corresponda aos acontecimentos da vida de um
grupo e ou de um povo e à ideologia do grupo dominante.
Minicurso: Morte e funerais das sociedades celtas antigas
Prof.ª Dr.ª Adriene Baron Tacla (CEIA-UFF)
Auditório Ismael Coutinho – Bl. C,
sala 218 – 18h às 20h
Minicurso: Festivais, cultura e poder no Egito antigo
Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 18h às 20h
Quarta-feira,
11 de Junho de 2008
Sessão de comunicações 7: Trabalho, atletas, jogos e lazer na Grécia antiga
Coordenador: Prof. Dr. Fabio de Souza Lessa (UFF)
Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 08h às 09h30
De Olímpia à Pequim: uma análise comparativa entre os festivais
esportivos na Grécia Antiga e na Contemporaneidade
Prof. Mestrando Fabio Bianchini Rocha (PPGHC – UFRJ)
Entre os festivais esportivos no mundo Antigo,
indubitavelmente os realizados em Olímpia detinham maior prestígio e exerciam
influência sobre os demais jogos pan-helênicos. Seus ideais, inclusive,
serviram de inspiração para que o Barão Pierre de Coubertin reeditasse sua
realização ao final do século XIX. Torna-se interessante, portanto, uma análise
comparativa entre os eventos realizados no mundo grego Antigo e os jogos
modernos e contemporâneos. Para isso, utilizaremos como documentação as imagens
pintadas nas cerâmicas áticas do Período Clássico (séculos V e IV a.C.).
Atletas gregos em cenas não esportivas
Prof. Dr. Fábio de Souza Lessa (História – UFRJ / LHIA) e Prof.ª Mestranda Vanessa Ferreira de Sá Codeço (PPGHC – UFRJ
/ UFRJ)
Nesta comunicação propomos analisar a dimensão que
as práticas esportivas possuíam no processo de formação do cidadão grego.
Porém, observar a importância dos aspectos físicos na paideía helênica
em cenas de treinamento e/ou competições esportivas não permitiria que
visualizássemos a real dimensão que o ideal físico adquiria na ideologia das póleis.
Por isso, a opção pela interpretação dos signos que nos remetem ao atleta grego
em cenas tipicamente não esportivas representadas nos vasos áticos do Período
Clássico (séculos V e IV a.C.).
Hesíodo e a dignidade do trabalho como exercício da justa medida
Prof. Doutorando Renato Nunes Bittencourt (PPGF – UFRJ)
Nesta apresentação trataremos, mediante a leitura
de Os Trabalhos e os Dias de Hesíodo, de uma interpretação acerca do
valor ético do labor como um modo do ser humano desenvolver em termos práticos
a prédica helênica da justa medida, de tal forma que o homem agrade aos olhares
divinos. Nessas condições, o trabalho, longe de colocar o ser humano numa
situação de inferioridade diante da classe guerreira, concede-lhe a dignidade,
sobretudo se o homem respeita as suas posses sem fazer uso de artifícios
desonestos para obter favores especiais dos legisladores, conforme as contínuas
repreensões de Hesíodo ao seu irmão Perses, que laureou de dádivas desonestas
os “reis comedores de presentes”, em troca de desmedidos e egoístas
favorecimentos pessoais. Para Hesíodo, o trabalho não é apenas o meio justo de
se conseguir riqueza, mas também o processo que granjeia a estima dos deuses
através do esforço dispendido nas atividades cotidianas, enquanto que o ato de
não trabalhar torna-se algo aviltante e motivo de vergonha. O cultivo da terra
é a melhor maneira do ser humano se manter em estado de equilíbrio, mediante a
compreensão do tempo conveniente para o cultivo de cada gênero. Como base para
tal pesquisa, utilizaremos como bibliografia complementar textos de Friedrich
Nietzsche, Walter Burkert e Bruno Snell.
Os jogos e as termas: notas sobre a civilização do lazer
Thiago Eustáquio Araújo Mota (História – UEMG)
De um modo geral, o romano, assim como o moderno,
não concebia um ideal de lazer apartado do ambiente urbano. Segundo Paul Veyne,
o homem romano não podia ser ele mesmo no campo, sentia-se melhor na cidade.
Esta era constituída não apenas de ruas familiares e de multidões, mas de
comodidades materiais (commoda), como os banhos públicos e edifícios que
a enalteciam no espírito de seus moradores e dos visitantes e a tornava bem
mais que um vulgar conjunto de habitações. Ali, como em todas as cidades do
Império, os espetáculos e comodidades públicas funcionavam à base do
evergetismo. Lazer e poder caminhavam juntos na “cidade eterna” e o próprio
ocaso do Império fez entrever esta relação. Ao tempo em que a autoridade
imperial sofria as investidas do Cristianismo e que as guerras civis chegavam
às portas de Roma, a cidade ganhava os balneários artificiais mais suntuosos
até então construídos pelas mãos humanas. Por algumas horas do dia, e por um
preço módico, o plebeu desfrutava a sensação de ser recebido nos palácios dos
reis asiáticos que os gregos denominavam paradisoi.
É nosso intuito nesta comunicação rastrear as
categorias de prazer que encerrava a urbes imperial, tentando uma
aproximação comparativa com a cidade moderna, não apenas ao nível dos deleites
urbanos, mas também dos dilemas, armadilhas e relações de poder que marcam o
universo das grandes cidades.
Sessão de comunicações 8: Oriente e Ocidente: saberes, ritos e práticas
Coordenadora: Prof.ª Mestranda Liliane Cristina
Coelho (CEIA-UFF)
Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 08h às 09h30
Práticas religiosas: considerações do culto de Isis na Roma Imperial
Ana Carolina Caldeira Alonso (História – UNIRIO)
Pretendemos, com essa comunicação, tecer algumas
considerações a respeito do culto de Isis na Roma do Alto Império. Para
tanto, usaremos como corpus documental a
leitura de dois textos-chave para a compreensão do culto da deusa egípcia,
inserido, porém, no contexto da urbs romana, quais sejam, a obra "O
Asno de Ouro" de Apuleio e o tratado "Isis e Osíris" de
Plutarco. No entanto, ressaltaremos os aspectos essencialmente ritualísticos que
denotam as referidas obras, tendo em vista a enorme valorização da execução
correta de rituais dentro da cultura religiosa romana. Desse modo, tentaremos
expor alguns rituais religiosos dedicados a Isis considerando e
evidenciando, ainda, em perspectiva comparativa as transformações ocorridas
devido à incorporação por meio do sincretismo religioso da deusa a “religião
romana tradicional”.
O Oriente sobre a Grécia: divindades órficas e suas raízes
Felipe Hollanda Cavalcanti Velloso (História – UFRJ)
O presente trabalho visa investigar as raízes
orientais dentro da religiosidade órfica, com ênfase nos vestígios de suas
teogonias, em particular a rapsódia e a cosmogonia que a mesma propõe. A partir
destes textos faremos uma exegese comparativa com os traços mais marcantes das
orientalizações ali presentes, principalmente na construção da identidade
divina no primórdio, como Cronos, Fanes e Noite.
Concepção, contracepção e nascimento no Egito Antigo: o papiro médico de
Kahun
Prof.ª Mestranda Liliane Cristina Coelho (PPGH – UFF /
CEIA)
Para os egípcios antigos ter uma vasta descendência
era algo muito apreciado. Os motivos, longe de se restringirem apenas ao fator
emocional, estavam principalmente relacionados a uma razão social: eram os
filhos que cuidavam dos pais na velhice e que também herdavam a
responsabilidade em torno da manutenção de seu culto funerário. Embora muitas
crianças morressem na infância, um número de filhos além do desejado poderia
também representar um problema. Dessa maneira, os egípcios tanto criaram
métodos para garantir a fertilidade feminina, quando indicavam outros para
restringi-la. Tais conhecimentos estão descritos em papiros de diversas épocas,
dentre os quais destacam-se os Papiros de Kahun, descobertos por W. M. Flinders
Petrie em 1889. Nesta comunicação, apresentaremos a análise destes documentos
sobre os métodos prescritos pelos antigos egípcios para garantir a concepção e
para evitá-la, assim como faremos uma breve explanação sobre o momento do
nascimento, a partir de fontes de outra natureza.
O culto de Ísis – do Egito a Roma
Patricia Cardoso Azoubel Zulli (História – UFF / CEIA)
Pretendemos fazer uma breve análise da trajetória
do culto de Ísis pela Antigüidade. Deste modo observaremos a posição da deusa em
seu contexto original, suas modificações para alcançar o público heleno que se
estabelecera no Egito e como este antigo culto chega à pragmática Roma e
consegue se infiltrar em suas diversas camadas sociais.
Sessão de comunicações 9: Religião e cultura no Oriente Próximo: Império
Neobabilônico e Judá
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Rede (UFF)
Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 09h30 às 11h
Cultura, festividades e poder no Império Neobabilônico
Cinara de Oliveira Machado (História – UEMG)
Para este estudo os aspectos que nos interessam
dizem respeito à cultura, às festividades, à religiosidade e às representações
de poder. Analisaremos o Império Neobabilônico através de sua capital
Babilônia, pois segundo Heródoto, esta foi neste período a principal cidade da
Mesopotâmia e a qual de acordo com o mesmo, nenhuma outra se igualou na
organização e maravilhosas construções. Além deste fato, existe um extenso
relato sobre a vida nesta cidade. Neste estudo nos concentraremos, portanto, na
Babilônia, descrita por Heródoto na sua História, como grande centro de
poder, festividades e cultura. Nesta História o autor nos oferece
minuciosos relatos dos habitus, costumes e modos de fazer dos
babilônios. E é a partir dessas imagens e das reflexões de Leick, Oppenheim e
Wolff, que nos aproximamos daqueles horizontes de tradições e cultura.
A Torá como meio de poder no mundo Judaico antigo
Prof. Ms. Frank dos Santos Ramos
O objetivo dessa comunicação é evidenciar o uso da
Tora como elemento não apenas organizador de cunho religioso, como também
mantenedor hierárquico social no mundo judaico antigo.
A intervenção neobabilônica em Judá – causas e conseqüências
Lilian de Brito Koplin (História – UFF / CEIA)
Esta comunicação tem por objetivo delimitar os
aspectos gerais – sejam estes políticos, culturais ou mesmo econômicos – acerca
do período de 605 a.C. até 539 a.C., em Judá. Tal período abrange a época de
ingerência neobabilônica em tal território; mais ainda, compreende em si um dos
momentos decisivos da história hebraica: a capitulação de Jerusalém e o saque
do Templo de Salomão.
A deusa Asherah e a homossexualidade ritual: relações folclóricas e
políticas na terra de Canaã desde o período da conquista até o final do reino
de Judá
Prof. Mestrando Sérgio Aguiar Montalvão (FFLCH – USP)
A deusa Asherah era vinculada aos rituais de
fertilidade e conforme a citação bíblica de 2º Reis 23:7, era também estava
ligada ás práticas homossexuais dos seus sacerdotes devotos, os “qdoshim”. O trabalho tem como objetivo apresentar as
relações da divindade, dos rituais sacro-homossexuais em sua devoção, e dos
seus sacerdotes devotos na terra de Canaã desde o período da Conquista até o
final do reino de Judá nos contextos folclóricos (o significado de Asherah para
os cananeus e as crenças à ela vinculadas) e políticos
(o papel da divindade nas relações externas com o reino do norte no período do
rei Acab, a prostituição ritual no reino do sul acentuada nos reinados de
Roboão, Asa e Josafá culminando com a reforma de Josias), comparando as visões
cananéias e deuteronomistas de Asherah como deusa da fertilidade e dos rituais
homossexuais em sua dedicação.
Sessão de comunicações 10: Economia e sociedade na Roma antiga
Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Sônia Regina Rebel de
Araújo (UFF)
Auditório Ismael Coutinho – Bl. C, sala 218 – 09h30 às 11h
Moses Finley e a economia antiga
Prof. Dr. Alexandre Galvão Carvalho (História – UESB)
O livro “Economia Antiga” de Moses Finley,
publicado no início da década de 70, foi um marco nos estudos da economia no
mundo antigo. Abordando temas como mercado, escravidão, relações entre cidade e
campo, status e classe, explorados por Max Weber, Johannes Hasebroek, Karl
Polanyi, autores paradigmáticos do debate entre primitivistas e modernista e
substantivistas e formalistas, Finley fundou uma “nova ortodoxia” neste
centenário debate. Procuraremos neste trabalho investigar o quanto Finley se
afasta e se aproxima destes autores e os limites de seu modelo teórico.
Vilicus e Magister Pecoris em Varrão, R.R. 1.17 e 2.10.: As
características necessárias aos chefes escravos
José Ernesto Moura Knust (História – UFF / CEIA)
Nos capítulos dedicados à mão-de-obra necessária à
agricultura e ao pastoreio, nos livros primeiro e segundo, respectivamente, de
sua Res Rustica, Marcos Terêncio Varrão demonstra ávida preocupação com
as características que aqueles escravos designados para liderar o restante
devem ter. A partir das predições varronianas acerca deste ponto, acreditamos
ser possível identificarmos certos elementos fundamentais da ideologia
escravista presentes no tratado varroniano.
O fascínio da cidade sobre o camponês
Leonardo Ferreira de Almeida (Letras Português/Latim – UFF)
A nossa proposta é apresentar a questão do fascínio
exercido pelos luxos e riquezas da Urbs sobre o rude camponês a partir
de uma análise semântica do texto. Tomamos como fonte para os nossos
comentários a Bucólica VII de Calpurnius Siculus, poeta latino que
provavalmente viveu no tempo de Nero. Em um diálogo entre dois pastores,
Corydon e Lycotas, o poeta nos mostra a admiração do camponês diante das
maravilhas arquitetônicas que ele presenciara na visita a Urbs, a ponto
de se retardar deixando de participar dos festivais campestres – Parilia
– realizados durante sua ausência do campo.
A “Comédia da Marmita” de Plauto: Uma Reflexão Sobre as Relações de
Patronato e Amizade
Mateus Henriques Buffone (História – UFRJ)
O estudo da atuação social das organizações e redes
de grupos informais foi uma prática de grande importância para as sociedades
mediterrâneas da Antigüidade e, o seu estudo continua pertinente para as
sociedades atuais. Nesta comunicação temos como objetivo discutir as relações
de patronato e amizade, com base na análise da obra “Comédia da Marmita” do
autor romano Plauto (c. 250-184 a.C.). Esta problemática está relacionada ao
estudo das formas de funcionamento das sociedades complexas e ao questionamento
do pressuposto de que a estrutura social não é essencialmente integrada por
grupos ou instituições formais. Pretendemos discutir que na dinâmica da
complexidade social romana as relações informais surgidas pelos laços de
casamento, amizade, parentesco e patronato suavizavam a verticalidade da
estratificação social romana, permitindo um consenso social ao redor das
elites.
Sessão de comunicações 11: Romanização, cristianização e identidade: a
experiência imperialista romana em perspectiva
Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Norma Musco Mendes
(UFRJ)
Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 11h às 12h30
O imperialismo romano e a construção de cidades: um estudo de caso sobre
a fundação de Augusta Emérita
Prof.ª Mestranda Airan dos Santos Borges (PPGHC – UFRJ)
O Império Romano não foi homogêneo e sua dominação não foi baseada
somente na força e na coerção pelas armas. Este posicionamento analítico se
vincula à vertente historiográfica que percebe o Império Romano como uma
construção que foi usada para unir e dar sentido simbólico de coerência à numerosas experiências culturais. Tal fato nos leva a
compreender que a consolidação do domínio romano nas regiões teve, em seu bojo,
o processo de divulgação dos fatores caros ao ideal de ser romano por diversas
vias, tais como: a construção de cidades, a adoção de Instituições romanas, o
uso do latim, entre outros.
Buscamos, nesta comunicação, apresentar a pesquisa
iniciada neste ano no curso de mestrado do programa de Pós-Graduação em
História Comparada / UFRJ que tem como foco de análise a relação entre a
expansão do Império Romano na península ibérica e a divulgação do modelo
greco-romano de cidades, centrando no estudo de caso da fundação da cidade de
Augusta Emérita no século I d.C.
O processo de cristianização e a intolerância religiosa no Império
Romano no século IV
Prof. Mestrando Diogo Pereira da Silva (PPGHC – UFRJ)
A cristianização do mundo romano foi geralmente
analisada como o triunfo irresistível da religião cristã – que após 312 passou
a contar com o patrocínio imperial – sobre um paganismo deveras moribundo. Esta
leitura, entretanto, se baseia em um estudo que
descontextualiza o relacionamento identitário entre o imperador, os cristãos e
aqueles que seriam identificados posteriormente como paganus.
Nesta comunicação temos por objetivo examinar um
aspecto deste processo de cristianização: a conexão entre o poder imperial
romano e a religião cristã, tendo em vista o desenvolvimento da intolerância
religiosa após o governo de Constantino I.
Tolerância e resistência na Judéia Romana
Prof. Mestrando Jorwan Gama da Costa Junior (PPGHC –
UFRJ)
O domínio romano na Judéia, apesar de bem sucedido
no âmbito político, não apresenta o mesmo sucesso no campo cultural, tanto que
seria um equívoco falar de uma ampla romanização da Judéia. Buscamos aqui
apresentar a peculiaridade da Judéia no Império Romano, analisando sua situação
a partir de dois conceitos específicos: o de tolerância e resistência. Enquanto
o primeiro é visto em alguns atos romanos, o segundo pode ser vislumbrado
através de práticas de grupos judeus.
Imperialismo romano e a construção de uma identidade imperial
Prof. Mestrando Kimon Speciale B. Ferreira (PPGHC –
UFRJ)
O Império Romano foi constantemente utilizado como
referência para os impérios modernos. No entanto, diferindo dos imperialismos
modernos, os quais são marcados pela exclusão e pela aculturação, manteve-se
forjado no diálogo e no hibridismo cultural.
Buscamos nesta comunicação refletir sobre as bases
que permitiram a constituição de uma identidade imperial romana, a qual pode
ser reconhecida entre os séculos I e III A.D.
Sessão de comunicações 12: A política e as leis: estudos sobre Direito
na Antiguidade
Coordenador: Prof. Dr. Luis Eduardo Lobianco (CEIA-UFF)
Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 11h às 12h30
O duplo discurso político do Banquete de Trimalquião
Prof. Mestrando André Eduardo da Silva Soares (História
– UNIRIO)
Este texto faz parte da pesquisa desenvolvida no
Mestrado em História do Programa de Pós-graduação em História da UNIRIO.
Pretendemos analisar o ritual do banquete romano enquanto discurso político,
com pretensões de instituir e legitimar o espaço social do agente em um grupo
específico e em relação a outros grupos. Isto será feito tendo como referência
o relato de banquete mais detalhado nos chegou da antiguidade, a Cena
Trimalchionis, contida no Satyricon de Petrônio (XXVII - LXXVIII).
Como um agente que possui capital econômico, quiçá cultural, como veremos,
institui e legitima o espaço social e seu lugar em um grupo, será o nosso
problema central. Nada melhor para ilustrar esta situação do que a inquietação
das elites, como é o caso de Petrônio que escreve para satirizar estas
pretensões.
A Ação Popular e a Instituição do Voto Escrito em Roma
Prof.ª Ms. Gisele Oliveira Ayres Barbosa (História – USS
/ UGB)
A presente comunicação tem como objetivo apresentar
algumas reflexões acerca dos acontecimentos que cercaram a instituição do voto
escrito em Roma procurando identificar no processo vestígios de uma ação da
oposição contra o controle absoluto que a aristocracia senatorial procurava
exercer sobre a República. Será dada maior ênfase aos acontecimentos que
cercaram a aprovação da Lei Gabínia (139 a.C.) e da Lei Papíria (131 a.C.) as
quais instituíram a utilização do voto escrito na eleição de magistrados e na
aprovação ou rejeição das leis respectivamente.
Leis após o caos: o direito como ferramenta na manutenção de uma nova
ordem na antigüidade
Prof. Marcelo Senna Miranda
Durante a Antigüidade, o direito figurou em
diversas sociedades desenvolvidas, auxiliando no convívio, na civilidade e na
ordem. Esta comunicação trata da influência que o direito teve em sociedades
que experimentaram certo período de desordem em sua história. Serão analisadas
duas das grandes civilizações da Antigüidade que passaram por processos
semelhantes, de grande mudança: Roma e China; ambas saindo de um longo período
de guerra civil e seguindo rumo a uma nova ordem governamental. Esse período de
mudança resulta no surgimento por um lado, do Império Romano, por outro, na
unificação da China. Com base nesses períodos de mudança, esta comunicação
pretende demonstrar como o direito foi uma ferramenta importante para assegurar
a permanência dessas novas ordens instaurada, que acabariam por levar ambas
civilizações ao seu auge.
O Senatus consultum ultimum na República romana tardia – a
retórica da exceção
Prof.ª Mestranda Shirley Mariano da Costa Sanchez
(História – UNIRIO)
O Estado de Exceção é tema ainda bastante debatido
entre historiadores, sociólogos e cientistas políticos modernos, que buscam
compreender a lógica que move a Razão de Estado. Na defesa do Estado e
das instituições democráticas a nossa constituição brasileira vislumbra um estado
de defesa e um estado de sítio, como instrumento coercitivo
temporário que visa sanar a anormalidade, podendo se perpetuar, desde que o
próprio Estado julgue que as causas que lhe deram origem ainda persistam. A
proposta do nosso trabalho tenta resgatar esse conceito na Antiguidade, a
partir do Senatus consultum ultimum, uma função outorgada pelo Senado de
Roma, que justificava uma atuação excepcional em nome da salvação da res
publica. O conceito de exceção surge então como chave para a nossa
tentativa de interpretação de uma normativa constitucional muito utilizada na
república romana tardia, e evocada nos discursos que justificaram medidas
excepcionais, e mesmo violentas, por parte do senado romano.
Minicurso: Poemas Eróticos de Catulo
Prof.ª Dr.ª Edna Ribeiro de Paiva (UFF)
Bloco C, sala 203 – 11h às 12h30
Mesa-redonda: Festivais, cultura e
poder no mundo greco-romano
Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Sônia Regina Rebel de
Araújo (UFF)
Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 14h às 16h
Festas, Ritos e Entidades Sobrenaturais em Corinto
Prof. Dr. Alexandre Carneiro Cerqueira Lima (História – UFF / CEIA)
A comunicação tem como objetivo identificar
os espaços representados pelo artesão em um skýphos coríntio do VI
século a. C. No artefato, o pintor representou o herói Héracles combatendo a
Hydra de Lerna e o kômos, a procissão catártica. A festa, o sagrado e
signos que nos remetem ao aspecto da selvageria estão mesclados nas cenas do
vaso coríntio.
O mar, seus deuses e rituais
Prof.ª Dr.ª Ana Lívia Bomfim Vieira (UEMA)
Este trabalho tem como objetivo compreender o mar como um espaço de poder político e de atuação de um imaginário ligado aos deuses. Analisaremos alguns rituais que contribuíram para a construção de uma identidade ambivalente ligada ao mar.
Fortuna, uirtus e o carpe diem de Horácio
Prof.ª Dr.ª Claudia Beltrão da Rosa
(História – UNIRIO / CEIA – UFF)
Buscaremos uma apreciação
do célebre carpe diem, de Horácio, em sua ligação com a imagem do
feminino que assoma no Carmen Saecularis, composto para ser entoado
nos Ludi
Saecularis de 17 a.C, no qual o
poeta apresenta o tema do controle da mulher – identificada com a Fortuna –
mediante o casamento, como fundamento da restauração da uirtus
e da própria urbs sob Augusto, após as décadas turbulentas da guerra
civil, como garantia da felicidade
Tempo de
trabalho, tempo de festa: apropriação cultural do tempo na África Romana
através do discurso imagético musivo
Prof.ª Dr.ª Regina
Maria da Cunha Bustamante (LHIA – UFRJ / PPGHC)
Le Goff (1984),
no seu estudo sobre o Calendário, pontuou que a sua função essencial era ritmar
a dialética do trabalho e do tempo livre, entrecruzando os dois tempos: o
linear do trabalho e o cíclico da festa. Para esta apresentação, selecionamos o
mosaico de chão da “Casa dos Meses”, localizado na cidade de Thysdrus
(moderna El Djem) na África Proconsular (atual Tunísia) e datado da primeira
metade do século III. Objetivamos identificar e analisar as implicações
culturais, religiosas e políticas presentes no discurso imagético musivo
escolhido, buscando compreender o processo de apropriação cultural do tempo na
África Romana.
A Festa de
Navegação de Ísis e o Festival Osiriano no século II d. C. Um estudo de
religiosidades populares no mundo romano a partir de O Asno de Ouro
Prof.ª Dr.ª Sônia
Regina Rebel de Araújo (História – UFF / CEIA)
A presente
comunicação apresenta uma análise de alguns festivais presentes na obra de
Apuleio O Asno de Ouro,
e a discussão centra-se na oposição entre rituais populares e o
culto romanizado de deuses nilóticos. Trata-se de perceber aspectos da
religiosidade popular no mundo romano tendo como guia o relato apuleiano que
narra, a princípio, o Festival do Deus Riso, (Livro III, 1-10) em que Lúcio foi
transformado magicamente em estátua, prenunciando as desventuras por que vai
passar e, no Livro XI, a descrição dos ritos de Ísis e Osíris a cujo culto
Lúcio, o herói da narrativa, se iniciou e dedicou depois de recuperar a forma
humana em sua segunda metamorfose. Esta metamorfose significou que Lúcio, uma
vez devolvido à forma humana, transformou-se e, de indivíduo curioso por magia
e divertimentos servis, tornou-se um cidadão religioso, um dos quindecenvirii, apto a decifrar os
livros sibilinos.
Teatro: Encenação da peça
“Édipo Tirano”
Grupo teatral
Cítero
Auditório
Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 16h às 18h
Minicurso: Morte e funerais
das sociedades celtas antigas
Prof.ª Dr.ª Adriene
Baron Tacla (CEIA-UFF)
Auditório Ismael Coutinho – Bl. C,
sala 218 – 18h às 20h
Minicurso: Festivais, cultura e poder no Egito antigo
Auditório
Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 18h às 20h
Quinta-feira, 12 de Junho de 2008
Sessão de
comunicações 13: O gênero bucólico e sua permanência nas culturas de língua
grega, latina e portuguesa
Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Edna Ribeiro de Paiva (UFF)
Auditório
Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 08h às 09h30
A construção do
Bucolismo virgiliano
Prof.ª Dr.ª Edna
Ribeiro Paiva (Letras – UFF)
A luta pela
sobrevivência nos grandes centros urbanos leva o homem a idealizar o campo como
o lugar mais adequado a uma vida tranqüila, afastado, seja de ambições
político-militares, seja da cupidez do ganho,
dedicando-se apenas ao gozo do tão sonhado “otium”. Isso ainda ocorre no mundo
moderno, tanto quanto ocorria há séculos, na Grécia ou em Roma.
As Bucólicas
de Virgílio, obra composta de dez peças, pequenos quadros dramáticos, nos
mostram cenas da vida pastoril – amores, sofrimentos e alegrias, atividades e
preocupações de pastores ingênuos, interagindo com a natureza e divindades
campestres.
Neste trabalho
pretendemos examinar o modo com Virgílio construiu sua obra, analisando o que
deve aos modelos alexandrinos, sobretudo a Teócrito, e o que constitui o legado
que transmitiu aos poetas que o imitarão por toda a posteridade.
A utilização dos
elementos da natureza como recurso expressivo nas Bucólicas, de Virgílio
Prof.ª Maria Lúcia
Malheiros Cardoso (Especialização em Cultura, Literatura e Língua Latina – UFF)
Nas Bucólicas, os
elementos da natureza (plantas, córregos, rios, fontes, animais) são utilizados
pelo poeta, não só como partes integrantes do cenário campestre ideal em que
cantam os pastores, mas também como recursos expressivos de sentimentos e
pensamentos. Assim, na Bucólica X, por exemplo, a natureza, personificada,
compartilha a dor de Cornélio Galo, amigo de Virgílio, que sofre pela tílio,
que sofre pela traição de sua amada – “até os loureiros, até os tamarineiros o
choraram”. Em seguida, pela boca do deus Pã, o poeta afirma que não há medida
para o amor, pois ele “não se sacia com lágrimas” e, buscando na natureza um
termo de comparação, declara: “nem as ervas [se saciam] com a água, nem as
abelhas com o codeço, nem as cabras com a folhagem”.
No presente
trabalho, estudamos esses recursos como elementos constitutivos da intensidade
poética alcançada por Virgílio, tomando como ponto de partida a Bucólica X e procurando
outros exemplos nos demais poemas.
Permanência do
bucólico na literatura brasileira
Prof.ª Dr.ª Maria
Bernadete Carvalho da Rocha (Instituto de Letras FURG - UFF)
O bucólico,
gênero surgido na Grécia e desenvolvido na Roma antiga, na literatura
brasileira tem sua maior representação nos autores mineiros da época da
Inconfidência. Pretendemos, nessa comunicação apresentar um estudo etimológico
dos nomes utilizados de forma recorrente por alguns desses autores, ao designar
ou caracterizar elementos constitutivos do universo pastorial, de modo a
verificar a permanência (ou não) dos étimos nesses nomes.
As expressões de
amor na Bucólica II de Virgílio
Prof.ª Maria Nazaré
Achão Assunção (Especialização em Cultura, Literatura e Língua Latina – UFF)
Nas Bucólicas de
Virgílio encontramos as mais variadas expressões do amor, o que nos possibilita
ter uma visão dos valores e sentimentos válidos na cultura romana na época de
Augusto.
Neste trabalho,
examinaremos sobretudo na Bucólica II, a paixão do
pastor Córidon pelo escravo citadino Aléxis, propriedade do seu senhor,
analisando as diversas facetas do amor que nela se manifestam.
Sessão de
comunicações 14: Estudos célticos: gênero, identidade e poder
Coordenador:
Prof. Dr. Filippo Lourenço Olivieri (CEIA-UFF)
Auditório Ismael
Coutinho – Bl. C, sala 218 – 08h às 09h30
Saber local e “techné”
no culto ao guerreiro nas sociedades celtas: uma comparação da estatuária
hallstattiana e lateniana
Erick Carvalho de
Mello (História – UFF/ CEIA)
O presente
trabalho visa discutir as especificidades da “techné” dos artesãos
celtas, afastando-nos da concepção de uma arte lateniana helenizada. Para
tanto, analisaremos as imagens utilizadas no culto do guerreiro nas sociedades
celtas, comparando as estelas funerárias de guerreiros do período hallstattiano
com a estatuária encontrada em santuários latenianos do Languedoc e Provence a
partir da noção de “saber local” segundo Clifford Geertz e da análise
iconográfica proposta por Colin Renfrew.
A instauração do Culto
Imperial em Lugdunum (Lyon) na Gália: apropriação de uma celebração celta em
prol do poder romano
Prof. Dr. Filippo
Lourenço Olivieri (CEIA – UFF)
Em 12 a.C.,
durante o Principado de Augusto, algumas décadas após a conquista da Gália por
César, foi instaurado um altar em Lugdunum para o Culto Imperial. Este altar
passou a ser presidido por um sacerdote escolhido entre os aristocratas celtas
e tornou-se referência para os povos da Gália. Este culto buscou capitalizar
uma celebração celta consagrada ao deus Lug para os interesses do poder romano.
Tal fato não se deu sem a participação da elite celta, particularmente dos
druidas.
O objetivo do
nosso trabalho é contribuir para o estudo desse fenômeno de apropriação de uma
celebração celta em sua origem para a política provincial romana na Gália.
Uma crítica às
teorias de gênero relacionadas aos Celtas a partir dos textos gregos e latinos
Pedro Vieira da
Silva Peixoto (História – UFRJ / LHIA / CEIA – UFF)
Nesta pesquisa
propomos discutir algumas das teorias de gênero relacionadas aos Celtas a
partir da documentação produzida na Antigüidade Clássica. Trabalharemos tanto
com os relatos gregos quanto os romanos que dizem respeito ao papel de algumas
mulheres gaulesas, gálatas e britânicas. Dessa forma, através de uma comparação
entre os textos antigos, almejaremos mostrar o ‘quadro’ que é construído em
relação a ‘mulher celta’ no Mediterrâneo,
problematizando tal imagem a partir das relações entre o Mundo Mediterrâneo e
os Celtas, e da própria dinâmica de gênero presentes nessas sociedades.
Sessão de
comunicações 15: Filosofia: linguagem e poder
Coordenador: Prof. Dr. Luís Eduardo Lobianco
(CEIA-UFF)
Auditório
Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 09h30 às 11h
Sofista
236e-241e: sobre identidade, predicação e existência
Prof. Mestrando Rafael
Huguenin (Filosofia – PUC-Rio)
Esta comunicação
examinará uma pequena, mas importante passagem da parte central do diálogo
Sofista, de Platão. Circunscrevendo nossa análise ao trecho compreendido entre
236e e 241e, faremos uma breve exposição dos problemas decorrentes da noção de
imagem e de discurso falso, tentando compreender, a partir dos termos mesmos em
que a questão é colocada, porque constituíam efetivamente problemas.
O Não-Ser não é:
Parmênides e a impossibilidade da linguagem
Renato Matoso
Ribeiro Gomes Brandão (Filosofia – Puc-Rio)
Enquanto
Parmênides desenvolve uma rica teoria sobre o ser em seu poema, a noção de não
ser é descartada logo nas primeiras estrofes. Com bases nos estudos do verbo ser
grego, apresentaremos algumas possibilidades de compreensão para esta rejeição.
Da linguagem à
lingüística: a construção de uma memória discursiva sobre a linguagem
Prof. Doutoranda Rívia
Silveira Fonseca (UNICAMP / UFF)
Esta comunicação
é parte de minha pesquisa de doutorado sobre as reflexões acerca da linguagem
no pensamento de Aristóteles, especialmente, daquelas que ele desenvolve no Sobre
a interpretação, obra pertencente ao conjunto de textos denominado Órganon.
Nesta apresentação, analiso os discursos construídos sobre a linguagem,
sobretudo na Antigüidade, com o intuito de delinear o interdiscurso, isto é a
memória discursiva, o já-dito sobre a linguagem que constitui o imaginário do
ocidente a respeito de tal fenômeno. São três os discursos em questão: o
mítico, o racional-filosófico e o científico.
Techné e Espisteme:
a dimensão epistemológica da crítica platônica à retórica sofística
Prof. Mestrando Victor
Sales Pinheiro (Filosofia – PUC-Rio)
A crítica
platônica aos sofistas se dá em vários níveis, que são estritamente
interconectados e articulados entre si. No Protágoras o teor é
predominantemente ético-político, onde a pedagogia sofística é ferida em sua
dignidade de poder formar “bons cidadãos” consoante o exercício da “arte da
política” (Prot. 319a). No Górgias, a autoridade da retórica (Górg. 456a) se vê
trepidada pela sua desqualificação de ser “arte”, sendo relegada ao plano de
“bajulação” (Górg. 463a). Em ambos os casos, Platão sustenta
a sua crítica através da delimitação rigorosa que concede ao conceito de
“arte”, em sua vinculação inarredável e indissociável à “ciência”. Pela ótica
socrática, tratava-se de pseudo-artes, pois baseadas em “ciência da aparência”
(Sof. 233c) (falseamento da “verdadeira arte política”) (Górg. 521d). Por meio
do fio condutor do conceito de “arte”, este estudo visa relacioná-lo à noção de
“ciência”, demonstrando o alcance epistemológico da crítica platônica à
retórica sofística, reforçando a inseparabilidade e complementaridade destas
dimensões. Trata-se da complementaridade da crítica ético-político-pedagógica
(tal como se apresenta no Protágoras), retórica (traçada no Górgias) e
epistemológica (delineada no Teeteto). Portanto, busca-se demonstrar a relação
complementar entre essas dimensões críticas, chegando à conclusão da unidade do
cometimento platônico nestes diálogos.
Sessão de
comunicações 16: Antigo Egito: arte, arquitetura e religião
Coordenador: Prof. Doutorando Moacir Elias dos Santos (CEIA-UFF)
Auditório Ismael
Coutinho – Bl. C, sala 218 – 09h30 às 11h
A imagem do
soberano: representações faraônicas na escultura egípcia
Prof.ª Mestranda Aline
Fernandes de Sousa (PPGH – UFF / CEIA)
A arte canônica
egípcia manteve seus preceitos básicos quase que sem grandes modificações ao
longo de todo o período faraônico. Em parte, isso se deve a institucionalização
da mesma, que atuava dentro de regras rígidas e tinha sua função circunscrita
ao âmbito religioso e político. Assim, as representações do faraó ocupavam
lugar central na iconografia e enfatizavam a característica sagrada da realeza.
Dentre as imagens do soberano, podemos destacar as tridimensionais que, ao
estabelecerem uma dimensão humana, criavam uma realidade tangível. Esta
comunicação tem por objetivo analisar as esculturas faraônicas dentro de um
contexto religioso e de divulgação do poder real no Egito Antigo.
O estilo
artístico amarniano e a legitimação do poder real durante o reinado de
Akhenaton (1353–1335 a.C.)
Prof.ª Ms. Gisela Chapot (CEIA – UFF)
O objetivo desta comunicação
é demonstrar como o faraó Akhenaton, durante a chamada Reforma de Amarna (1353
– 1335 a.C) , se utilizou de um novo estilo artístico
para legitimar sua ideologia real. Com
base em material iconográfico, pretendemos apresentar os elementos os quais auxiliaram o monarca a construir uma “nova ordem” em um dos
episódios mais controversos da história faraônica.
O templo egípcio
como reprodução do cosmos
Prof.ª Ms. Giselle
Marques Câmara (História – PUC-Rio)
Introduzir os
participantes a uma reflexão sobre a cosmovisão que permeou o universo
sócio-cultural do Egito no tempo dos faraós - que por durante quase três
milênios manteve uma estrutura social profundamente arraigada à manutenção e
reprodução da tradição mítica -, através do estudo do simbolismo do templo
egípcio. O templo, tanto em seu aspecto arquitetônico como nos ritos que
abrigava, servirá de eixo para que se possa
estabelecer algumas conexões entre a estrutura sócio-política da sociedade
egípcia com o seu universo mítico/cosmológico, uma vez que o templo é
compreendido como um microcosmos, reflexo da criação divina, portanto um centro
de força, um coração, essencial para a sobrevivência e para o funcionamento da
sociedade egípcia como um todo.
As tumbas tebanas
do Reino Novo
Prof. Doutorando
Moacir Elias Santos (PPGH – UFF / CEIA)
No antigo Egito
construir uma tumba, ou uma casa da eternidade conforme a língua egípcia, era
uma maneira de garantir a preservação do corpo mumificado e de manter o enxoval
funerário próximo do morto. Entretanto, tais costumes não esgotam a sua
utilidade, visto que a sua estrutura e o seu interior estão repletos de
significados que refletem o imaginário sobre a vida post-mortem. Durante
os cinco séculos que compuseram a história do Reino Novo (c. 1550-1070 a.C.),
tanto as tumbas reais quanto as privadas passaram por diversas alterações não
só na forma como no conteúdo. Nesta comunicação veremos, a partir de alguns
exemplos, como as tumbas eram planejadas, construídas e decoradas e apontaremos
quais foram as suas mudanças mais significativas, contextualizando-as com a
situação política da XVIII, XIX e XX dinastias.
Sessão de
comunicações 17: Antiguidade: permanência e apropriações
Coordenadora: Prof.ª Mestranda Evelyne Azevedo (CEIA-UFF)
Auditório
Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 11h às 12h30
Apropriação de
signos greco-romanos nos monumentos funerários do século XIX no Rio de Janeiro
Claudia dos
Santos Gomes (História – UFRJ)
A
pesquisa objetiva demonstrar a apropriação e resignificação dos signos
greco-romanos e a permanência do ideal estético clássico, através da análise
comparada de esquemas imagéticos da mitologia politeísta em contexto funerário
cristão, mais especificamente na estatuária e arquitetura expressas
nos túmulos dos Cemitérios do Rio de Janeiro. Abordaremos a importância da
cultura greco-romana para a formação da identidade da Europa Ocidental,
inserida no contexto dos Estados imperialistas dos séculos XVIII e XIX, os
quais consideravam o Império Romano como um “modelo cognitivo de Império”.
Contribuições dos
gramáticos gregos para a Lingüística contemporânea
Débora Amaral da
Costa (Letras Português / Inglês – UFF)
Este trabalho tem
por objetivo mostrar o desenvolvimento dos estudos gramaticais realizados pelos
gregos na Antigüidade, como parte de sua cultura, e a herança que nos deixaram,
servindo de ponto de partida para o desenvolvimento de teorias da linguagem.
Para tal análise, mostraremos abordagens de Platão e Aristóteles, a
contribuição dos estóicos e a descrição da gramática grega de Dionísio da
Trácia, bem como a sua divisão das classes de palavras. Com esses dados,
mostraremos de que maneira o pensamento grego sobre a linguagem permaneceu até
os nossos dias, e como continuam a influenciar os estudos de nossa língua.
A escrita
hieroglífica e sua interpretação pelo jesuíta alemão Athanasius Kircher
Prof.ª Mestranda
Evelyne Azevedo (História da Arte – UNICAMP / CEIA – UFF)
No século XVII, o
jesuíta alemão Athanasius Kircher acreditou ter desvendado os mistérios da escrita
hieroglífica. A partir do que acreditou ser seu significado, ele traduziu
muitos dos obeliscos da Roma de sua época, entre eles o obelisco Agonale, mais
conhecido como Obelisco Pamphilio, em honra do Papa Inocêncio X. Inocêncio X, o
Papa Pamphili, mandou construir no centro da Piazza
Navona uma fonte sobre a qual o escultor e arquiteto Gian Lorenzo Bernini
deveria colocar o obelisco. O evento ganhou uma publicação em sua homenagem: o
Obeliscus Pamphilius. Nela, o jesuíta descreve a origem dos obeliscos, o
significado dos hieróglifos e da religião egípcia. O presente trabalho
discutirá as raízes deste pensamento no século XV, procurando mostrar a
apropriação dos hieróglifos pelo Cristianismo até a construção de um imaginário
egipcizante no século XVII.
Símbolo e
significado em Gustav Klimt
Prof.ª Mestranda Manan
Terra Cabo (Artes – UERJ)
Gustav Klimt teve
uma formação acadêmica influenciada pela estética Neoclássica, assim exibia os
valores de sua sociedade. Durante sua fase Neoclássica, utilizou diversos
elementos clássicos desde os greco-romanos a elementos egípcios, estes
entendidos como uma vertente do movimento classicizante. Como em O teatro da
Taormina, em que vemos uma arquitetura clássica com colunas e capteis, a qual
dá destaque ao símbolo dos liberais: a Palas Atenas. Ao fundo encontramos ainda
um grifu mesopotâmico e a direita, homens vestidos à maneira grega apreciam uma
dançarina ao som de uma flautista, as quais portam adereços egípcios.
Entretanto, na fase seguinte suas pinturas ganham rigidez nos traços,
planaridade formal e estilização dos ornamentos, distanciando-se da estética
Neoclássica, mas se apropriando ainda dos símbolos clássicos. Procuraremos
classificar esses símbolos e estabelecer sua relação junto à simbologia
clássica, a fim de compreendermos seu significado na obra de Klimt.
Sessão de
comunicações 18: Virgílio, Ovídio, Horácio e Augusto: literatura e poder na
Roma antiga
Coordenadora:
Profª Mestranda Katia Teonia Costa de Azevedo (UFF)
Auditório Ismael
Coutinho – Bl. C, sala 218 – 11h às 12h30
Humor e
decadência: uma leitura do Catalepton, atribuído a Virgílio
Prof. Dr. Acácio
Luiz Santos (Letras – UFF)
Neste trabalho,
procuro ler o Catalepton, atribuído a Virgílio, dando destaque aos aspectos técnicos
e temáticos da obra, e a suas particulares representações antropológicas: a
estrutura epigramática; humor e ironia, sarcasmo e notação realista; paródia e
educação; e, finalmente, o discurso da decadência.
A efígie de
Augusto em duas sátiras de Horácio
Prof.ª Dr.ª Arlete
José Mota (Letras Latim – UFRJ)
Horácio imprimiu
em algumas de suas sátiras, caracterizadas por cuidadosa elaboração formal,
elementos típicos do texto narrativo. Tal fato sugere, além da vivacidade e
certo movimento, uma aproximação maior com o leitor. Assim, seus personagens,
convivendo no imaginário de seu interlocutor/leitor, podem cumprir um papel
fundamental para a veiculação dos ideais políticos – e, diríamos, filosóficos –
do satirista. A partir desses questionamentos o presente
trabalho objetiva destacar e comentar duas sátiras de cunho narrativo,
enfatizando os elementos lingüísticos e literários que refletem um
comprometimento do poeta com os ideais de Augusto.
Uma análise
crítica e semântica das Metamorfoses
Nilcileia da
Silva Rosário (Letras Latim – UFF)
O presente
trabalho tem por objetivo de mostrar como se organiza a estrutura das Metamorfoses
de Ovídio, de acordo com a proposta de trabalho apresentada pelo poeta nos
versos 1-5 do livro: narrar as metamorfoses dos corpos em novos corpos, ao
suplicar aos deuses que lhe enviem inspiração para cantar as origens do mundo
até o seu tempo. Para isso, tomaremos por fontes de nossos comentários os
versos do livro I, 1-150, além das obras teóricas.
Virgílio, Ovídio
e Augusto: Poesia, Mito e História no Principado de Augusto
Thiago de Almeida
Lourenço Cardoso Pires (História – UFF / CEIA)
Esta comunicação
pretende apresentar os primeiros resultados decorrentes da pesquisa monográfica
desenvolvida sob o título: “Augusto, Virgílio e Ovídio: O mito de Enéias e o
início do Principado na Roma antiga”, que busca averiguar sob quais óticas os
referidos autores exploram o mito de Enéias, durante o contexto do Principado
de Augusto.
Mesa-redonda: Mito, poder e
cultura no Mediterrâneo antigo
Coordenador: Prof. Ms. Manuel Rolph De Viveiros Cabeceiras (UFF)
Auditório
Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 14 às 16h
Ritualização e
poder nas sociedades hallstattianas ou em busca da realeza sagrada?
Prof.ª Dr.ª Adriene
Baron Tacla (CEIA-UFF)
Desde os anos 70,
as questões do poder e da complexidade social tem sido o centro do debate
acadêmico sobre as sociedades hallstattianas. As descobertas de tumbas
faustosas levaram num primeiro momento a comparações com o modelo de sociedade
feudal, sendo, pois, essas sociedades qualificadas como ‘principescas’. Em fins
dos anos 90, novos métodos de análise e vias de interpretação da cultura
material despertaram o interesse dos pesquisadores acerca da relação entre o
poder e o sagrado, e a possível existência de uma realeza sagrada nas
sociedades hallstattianas tardias. No seio de tal debate, o presente trabalho
vem discutir esta premissa de uma realeza hallstattiana, tendo por base os
achados de Vix e de Eberdingen-Hochdorf, as interpretações acerca da realeza
sagrada céltica, e a noção das formas de ritualização como arenas políticas em
tais sociedades.
Nilo, Euthénia e Deméter:
Mito, Religião e Poder no Egito Romano (século II d.C.)
Prof. Dr. Luís
Eduardo Lobianco (CEIA-UFF)
Por volta de 440
a.C., Heródoto de Halicarnasso, no Livro II de sua célebre obra Histórias, cunhou a conhecida expressão:“...[h~]Ai#guptoς... e*stiV ... dw~ron tou~ potamou~ ... – ... o Egito ... é ... um presente do rio
...”. Este curso fluvial – o Nilo – não só
possibilitou o florescimento da civilização faraônica, bem como deu vida aos
dois períodos históricos subseqüentes do Egito, na Antigüidade: o ptolomaico e
o romano. Na esfera religiosa, a
enchente anual do Nilo – e sua conseqüente ação fertilizadora – e não o rio em
si, foi deificada no período faraônico como Hapi. Na época helenística, a iconografia já revela
o culto ao deus Nilo, o qual no período romano é uma divindade associada
ao rio homônimo e à deusa alexandrina, originalmente helênica, - personificação
da Abundância - Eu*qhvnia – Euthénia.
Nilo e Euthénia podem ser considerados, na época romana, marido e
mulher, e tendo em vista a origem desta, não há como não estabelecer um elo com
a deusa grega dos cereais, dos grãos e da agricultura: Dhmhvthr – Deméter.
O
presente trabalho objetiva dissertar, tendo Hapi – Nilo, Euthénia
e Deméter como base de reflexão, sobre três questões: a) a
mitológica; b) a iconografia religiosa numismática de Alexandria no século II
d.C., aqui apresentada e avaliada através da metodologia da análise de
conteúdo; e, c) a apropriação que os Imperadores Antoninos fizeram destes
deuses.
As Graças/Cárites
e os mitos de prosperidade e abundância no Mare Nostrum romano
Prof. Ms. Manuel Rolph
De Viveiros Cabeceiras (CEIA - UFF)
As Graças (em grego
Khárites) eram de início deusas da vegetação, depois da beleza, mas
nunca perderam esse caráter inicial, sempre responsáveis, em
um e outro caso, pela alegria festiva que alimenta o coração dos homens
e dos deuses. Em meio à grande variedade de nomes, número,
composição, genealogia e associações é nosso propósito estabelecer o seu quadro
de significações no bojo da sociedade helenístico-romana imperial.
O 'deus' uno dos
filósofos
Prof. Dr. Marcos
José de Araújo Caldas (UFRRJ / CEIA-UFF)
A
opinião comum de que na antiguidade clássica, helenística
e tardia, gregos e romanos reverenciavam e temiam distintas
divindades, transfiguradas em mitos, fundamentando a crença
politeísta, em oposição a judeus e, posteriormente, a cristãos
monoteístas, precisa ser hoje revisita. Desde aproximadamente o
século VI a.C., pensadores gregos e romanos esboçaram o desenvolvimento de um
discurso theo-logico monista, em cuja base estava assente, não uma
doutrina, mas antes uma concepção racional da divindade una e indivisível.
Nesta comunicação farei um breve balanço do discurso theo-logico da
antiguidade clássica helenística e tardia.
Conferência
Auditório
Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 16h às 18h
Magia: expressão
do poder feminino na cultura helênica
Prof.ª Dr.ª Dulcileide
Virginio do Nascimento (UERJ/FGV)
A prática da
magia, segundo Tupet, era exercida, por meio de palavras e gestos, por mulheres
que detinham certos conhecimentos que as capacitavam a produzir resultados de
toda ordem. Os procedimentos mágicos descritos em vários textos, bem como as
releituras feitas a partir do material iconográfico existente, permitiram-nos
delinear o caminho dessa atividade que transformou uma habilidade feminina,
embora não seja exclusiva a mulheres, em uma expressão de poder, manifesta a
partir de uma téchne.
Nosso objetivo,
portanto, ao descrever alguns procedimentos e relacioná-los a figuras míticas,
como Medéia, Simeta, Circe e Hécate, será questionar em que consistia esse
poder e por que tal
prática foi relegada a um plano inferior em relação à filosofia e às teorias
políticas.
Minicurso: Morte e funerais
das sociedades celtas antigas
Prof.ª Dr.ª Adriene
Baron Tacla (CEIA-UFF)
Auditório Ismael Coutinho – Bl. C,
sala 218 – 18h às 20h
Minicurso: Festivais, cultura e poder no Egito antigo
Auditório
Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 18h às 20h
Sexta-feira, 13 de Junho de 2008
Sessão de
comunicações 19: Grécia antiga: a Tragédia, os deuses e os heróis
Coordenador: Prof. Ms. Guilherme Moerbeck (UNIG)
Auditório Macunaíma
– Bl. B, sala 405 – 08h às 09h30
A natureza de
Odisseu em Filoctetes de Sófocles
Prof. Mestrando
Alexandre dos Santos Rosa (UFRJ)
Diferentemente do
herói épico, em Filoctetes, revela-se o herói com outro perfil, um homem
obstinado a cumprir sua missão, isto é, apoderar-se do arco de Héracles, do
qual o tessálio Filoctetes tinha a posse. É evidente que o sucesso da empresa,
dirigida por Odisseu, não traria benefícios somente para ele, mas para todo o
exército aqueu. Porém, o que se constata é que o herói assume, no texto de
Sófocles, um caráter questionável. Os recursos empregados no discurso de
Odisseu para persuadir Filoctetes traçam o perfil de um homem capaz de cometer
atos vis e proferir mentiras, para cumprir sua missão, mesmo por meio de falsidades.
A partir da análise de algumas passagens de Filoctetres, pretende-se, nesse
trabalho, discutir aspectos relevantes do discurso de Odisseu, capazes de
delinear o caráter desse herói.
A finalidade da
tragédia grega, segundo Aristóteles
Caetano Ferreira
Santos (Filosofia – UFMT)
Aristóteles, por
meio de uma das suas obras magníficas, “Arte Poética”, nos deixou a maior
informação que o mundo possuí atualmente, sobre a estrutura e partes de uma
tragédia grega. Tentar entender o trágico da Grécia antiga é tentar compreender
o pensamento do grego na antiguidade. Talvez Heródoto não acreditasse que o
pensamento do homem grego poderia ser mudado pois
teríamos, nos seus escritos, informações sobre o trágico. Aristóteles explicou
muito bem que o papel do historiador é diferente da poesia, ou seja, das artes.
Enquanto a história se preocupa em relatar fatos, a arte procura demonstrar o
que está na psykhé do homem,
como o verossímil. Por isso que o filósofo grego disse que a poesia é mais
filosófica que a história, pois trata de ações humanas. Por se tratar da πραξις (práksis= ação) humana, as tragédias gregas nos ensinam a sua
finalidade: a “κάθαρσις” (kátharsis=expurgação, purificação). Esta realiza o efeito
trágico de expurgar sentimentos de tremor e temor, pelas representações de
ações que demonstram os tais. Procuro, neste trabalho, demonstrar, por meio da
filosofia aristotélica, a importância da tragédia com o pensamento do homem
grego e relacioná-la com o efeito trágico.
Os heróis nas
tragédias de Sófocles: Ájax e Odisseu
Prof.ª Mestranda
Carmen Lucia Martins Sabino (PPGHC – UFRJ)
A tragédia grega apresentava, por meio da linguagem
diretamente acessível da emoção, uma reflexão sobre o homem e também portadoras
de valores
culturais, transformações e originalidades vividas pelos poetas. Construídas sobre contrastes sucessivos, as peças
de Sófocles colocam a honra em primeiro lugar entre as razões de viver e os
heróis sofoclianos estão sempre prontos a abdicar de tudo pela honra. Buscamos,
nesta comunicação, analisar a aposição entre dois heróis, Ájax e Odisseu, nas
obras de Sófocles.
Dionisismo e
Bacantes em Atenas do V século a.C.
Marcio Mendes de
Lima (História – UFF / CEIA)
A comunicação
enfocará o culto dionisíaco por meio da tragédia euripidiana As Bacantes.
O nosso objetivo consiste em explorar o transe e a lýssa lançados por
Dionisos às mulheres de Tebas.
Sessão de
comunicações 20: Identidade, memória e poder no mundo antigo
Coordenador: Prof. Doutorando Cristiano Bispo (UERJ)
Auditório Ismael Coutinho
– Bl. C, sala 218 – 08h às 09h30
O Hóplita e o
Mercenário: duas faces da mesma moeda
Alair Figueiredo
Filosofia (NEA – UERJ)
O surgimento da
falange dos Hóplitas com sua disciplina e obediência às leis, pode ser
considerado um dos elementos que estruturaram a democracia vivida pela polis
ateniense no V século a.C.. Contudo a especialização dos cidadãos no ofício da
guerra somado a problemas político-sociais das Cidades-Estado tornou habitual a
prestação de serviços no campo das armas em troca de um valor em dinheiro
(soldo). Percebendo a dicotomia existente entre estes dois modelos de
combatentes, faremos uma breve análise da conduta ética.
O poder do
discurso: Heródoto e o sistema classificatório das etnias africanas
Prof. Doutorando
Cristiano Pinto de Moraes Bispo (PPGH – UERJ / NEA)
A presente
comunicação visa apresentar o conteúdo normativo e classificatório do discurso
de Heródoto. Acreditamos que ao realizar uma longa discussão sobre a identidade
e alteridade dos grupos que tiveram participação nas guerras greco-pérsicas,
Heródoto elaborou um complexo sistema de classificação para representar os
“outros” de forma inteligível para os receptores de sua narrativa.
Nesta complexa
estrutura normativa, daremos destaque para suas observações sobre os grupos
étnicos localizados no norte da África.
Sepultamentos:
Sacralidade e legitimação. No Egito Antigo (3000 – 2649 a.C)
Prof. Everaldo
Atanásio de Oliveira (FEUDUC / NEA – UERJ)
Nos dias atuais
há uma demonstração de afeto, por parte da parentela, ao sepultarem seus mortos
e às vezes achamos que isto é um fato presente apenas nas sociedades modernas;
entretanto no Antigo Egito os ritos fúnebres já eram efetuados. Isto se
evidencia nas descobertas dos túmulos antigos, datados do período pré-Dinástico
(3000 – 2920 a.C.), quando ocorrem sepultamentos simples; no entanto há um
desenvolvimento e um constatado aprimoramento. Estes sepulcros chamados
mastabas recebem certas alterações e requintes e dependendo do seu
proprietário, evoluem até chegarem ao formato piramidal. O faraó, por sua vez,
não era sepultado numa simples mastaba, mas numa pirâmide, o que destaca o
caráter legal e sagrado do rei.
A via Ápia nas
relações de poder entre Roma e o Egito
Ronald Wilson Marques
Rosa (NEA / Farol de Alexandria – UERJ)
As vias romanas
tinham como função principal o uso militar, a deslocação rápida das legiões
romanas. Mas os negociatores, comerciantes italianos, as utilizavam para
os seus negócios de grandes distâncias. Outra utilização das vias romanas, a
que mais nos interessa, era a de exposição de monumentos funerários nas vias de
maior movimento para a preservação da memória do morto e da sua família.
Pretendemos,
nesta comunicação, ligar as vias romanas, utilizando a via Ápia como exemplo,
às atividades mercantis e sua utilização nas relações de poder entre Roma e
Egito no séc. I a.C..
Sessão de
comunicações 21: Festival, corpo e poder
Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Maria Regina Candido (UERJ)
Auditório
Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 09h30 às 11h
Funerais de
Pátroclo na Ilíada de Homero – elemento de construção da figura do
herói, representação da realidade ou um caso atípico?
Prof.ª Mestranda
Alessandra Serra Viegas (PPGHC – UFRJ / NEA – UERJ)
O presente
trabalho pretende comentar os ritos fúnebres da sociedade do período arcaico
grego, a partir dos elementos encontrados no texto homérico, especificamente a Ilíada,
referentes aos ritos dos funerais do herói-guerreiro Pátroclo, lamentado e
homenageado por seus companheiros, entre os quais se distingue Aquiles.
De mesmo modo,
buscar-se-á mostrar, brevemente, a importância e o crescimento do personagem
Pátroclo na construção da narrativa homérica e a relação com seu funeral, o
qual possui o mais detalhado relato da Ilíada, tido até mesmo como
ritual atípico para a sociedade em tela.
Os Katadesmoi no templo de
Demeter: religião e magia
Prof. Ms José Roberto de Paiva Gomes (NEA-UERJ)
Abordaremos os katadesmoi
ou lâminas de maldição como um fenômeno políade. Analisaremos porque estas
lâminas de chumbo foram encontradas no templo de Demeter em Mytilene em Lesbos
e que tipo de praticantes estavam envolvidos com esse tipo de magia grega de
fazer mal ao inimigo.
Roma e os reinos
helenísticos--uma reflexão sobre as relações de poder no mundo antigo
Maria do Carmo
Parente Santos (UERJ)
Roma no século II
A.C apresenta características que a diferenciam fortemente da antiga
cidade-estado surgida no Lácio no século VIII. O poder político já não é mais
exclusividade do patriciado, uma vez que o enriquecimento de numerosas famílias
plebéias abriu o caminho do cursus honorum também para seus
filhos.Além disso, a conquista de numerosos territórios
geraram recursos que possibilitaram uma melhoria na situação dos mais
pobres. Após a conquista e destruição de Cartago, os romanos tornam-se senhores
do Mediterrâneo ocidental . Tal fato trouxe profundas mudanças na
estrutura política , fazendo com que gradativamente o
poder do Senado fosse decaindo ao mesmo tempo em que se afirmava o poder
carismático dos grandes generais. Os interesses deste
novo Estado romano faz com que ele se volte para o oriente
helenístico , acabando por participar da intrincada política dos reinos
localizados nesta região.
O resultado disto
é a unificação política do Mediterrâneo sob a égide romana. O tema de nosso
trabalho é uma reflexão sobre as relações de poder
estabelecida por Roma com os Estados helenísticos antes que os
exércitos romanos conquistassem a região.
Atenas e o
festival das Anthestérias
Prof.ª Dr.ª Maria
Regina Candido (NEA – UERJ)
Para os
atenienses o meio mais eficaz de entrar em contato com o sagrado era através
dos rituais e festivais em homenagem as divindades gregas. Nesta comunicação
nos propomos analisar alguns aspectos do Ritual da Anthesterias em Atenas,
especificamente, os recipientes de vinhos denominados de choes. A festival
congrega a sacralização de três rituais, a saber: o resultado
da colheita da uva com a fermentação do vinho novo, ratifica o processo
da aquisição da cidadania aos jovens filhos dos atenienses e a celebração do
dia dos mortos.
Atenas: magia e
poder no período clássico
Tricia Magalhães
Carnevale (NEA – UERJ)
Os gregos,
especificamente, os atenienses costumavam usar da magia dos katádesmoi
ou defixiones, como forma de fazer valer o seu desejo em remover os
obstáculos. O katádesmos constituiu-se de finas lâminas de chumbo, com
imprecações gravadas em sua superfície, foram encontradas em fendas de templos
dos deuses ctônicos, poços d’água, leito do rio Eridamos e na mão
direita de mortos enterrados no cemitério do Kerameikos, em Atenas. As
inscrições apontam para uma acentuada animosidade do solicitante que através de
maldições, interagia com o mago visando solicitar as divindades ctônicas,
permissão para utilizar as almas das pessoas mortas antes do tempo, fora do
ciclo de vida determinadas pelas Moiras.
Sessão de
comunicações 22: A mulher grega: arte, cultura e religião
Coordenador: Prof. Ms. Guilherme Moerbeck (UNIG)
Auditório Ismael
Coutinho – Bl. C, sala 218 – 09h30 às 11h
Panathéneias – integração e
religiosidade
Angélica Barros
Gama Mesquita (História – UFRJ)
A prática
religiosa estava inserida na cultura da vida social do cidadão grego. Sendo
carregado de simbolismos, o exercício cívico dessa religiosidade se constituía
em rituais, cultos e festivais dedicados à suas divindades. Em Atenas, a mais
importante comemoração era o festival das Panathéneias, em homenagem à deusa
protetora da pólis, Athená. Esta comunicação busca a visualização desse
festival, como uma comemoração que agregava o feminino e o masculino e que
representava, dentro do cenário políade grego, um dos momentos mais importantes
de celebração e integração do território ático.
As mulheres no
poder: a administração feminina na perspectiva da comédia aristofânica
Prof.ª Doutoranda Greice
Ferreira Drumond Kibuuka (Letras Clássicas – UFRJ)
Em duas de suas
comédias, Lisístrata e Assembléia de Mulheres, Aristófanes mostra
a administração da cidade sob o domínio das mulheres. Essas são as únicas peças
cômicas gregas supérstites que têm como protagonistas personagens femininas:
Lisístrata e Praxágora, respectivamente. Sabemos que as mulheres não tinham
acesso ao poder público no mundo grego antigo; por isso, verificaremos como
determinados elementos cênicos são usados na representação da tomada de poder
feita pelas mulheres nas duas peças aristofânicas.
Tesmofórias e
ritos de fertilidade em Atenas Clássica
Mariana
Figueiredo Virgolino (História – UFF / CEIA)
O objetivo da
presente comunicação consiste em compreender a atuação das mulheres atenienses
no culto destinado à Deméter. Enfocaremos os ritos de fertilidade praticados
durante as tesmofórias, bem como os relatos míticos envolvendo Deméter e sua
filha Perséfone.
O sono dos justos
– a bacante adormecida
Profª Tatiana
Bernacci Sanchez (Letras Português / Grego – UERJ / FGV)
Contemplando a
escultura de uma bacante adormecida, reconhecemos não uma mulher específica, e
sim todas. Reconhecemos o partilhar, partilhar-se, do princípio dionisíaco.
Essa obra de arte, generosamente, é inspiração, e oferece o tema deste trabalho
– reflexões sobre a doçura e a delicadeza em Dioniso e em seu culto dentro da
cultura grega.
Sessão de
comunicações 23: Império Romano: guerra e relações inter-étnicas
Coordenador: Prof. Mestrando Bernardo Milazzo (CEIA-UFF)
Auditório
Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 11h às 12h30
Imperialismo e
romanização pela perspectiva da fronteira étnica: o caso de Carataco na
Britânia Romana
Prof. Mestrando
Bernardo Luiz Martins Milazzo (PPGH – UFF / CEIA)
A presente
comunicação é resultado de minha dissertação de mestrado, em fase de
desenvolvimento, que analisa a questão da romanização e do imperialismo romano
na província da Britânia pela ótica da teoria da fronteira étnica, segundo Barth.
Como estudo de caso, abordaremos o caso de Carataco, integrante de uma elite
nativa que irá resistir contra a dominação romana. Como fonte, temos a obra Anais, de Tácito, e para analisá-la, será
utilizado o método de leitura isotópica.
Descaracterização
do domínio romano na Britânia
Érika Vital
Pedreira (História – UFRJ)
Embora o processo
de romanização/dominação na Britânia não tenha obtido tanto êxito como em
outras regiões; e pode-se afirmar que isso muito se deveu a alguns movimentos
de resistência, tanto aramados, quanto pacíficos; percebem-se traços da
influência romana no que diz respeito ao aproveitamento do espaço físico,
observado na construção da civitas. O objetivo deste trabalho é analisar
como se deu a descaracterização deste domínio romano na região da Brtânia,
quando da desagregação do Império. Estudo de caso cidade de Londres.
A
representatividade dos guerreiros na antiguidade: um olhar sobre a relação
romano-germânica no império de Augusto
Otto Carlos
Barreto Neto (História – UNIRIO)
Em 102 a. C. os
romanos foram atacados ao norte da península itálica pelas tribos germânicas
dos Teutões e Cimbrios. A partir desse confronto Roma tomou ciência de um
perigoso inimigo distribuído ao norte do continente europeu e que faria parte
de sua história até a queda do império. Na administração de Augusto foi o
momento em que os romanos investiram contra as tribos germânicas no próprio
território destes, alargando seu território até as margens do Reno e somente
freada após o desastre de Teutoburgo. É no império de Augusto que pretendo
analisar as especificidades de dois personagens que primeiramente entraram em
choque militar e cultural: o soldado e o guerreiro. É nas diferenças técnicas e
sociais que trabalharei nesta comunicação, o profissionalismo do soldado romano
nos tempos de Augusto e as modificações que este promoveu no exército em contra
partida ao espírito guerreiro dos germânicos que não viam em suas funções
militares uma obrigatoriedade, e sim o sentido da vida.
A construção da
imagem de Sertório em Vidas Paralelas de Plutarco
Prof.ª Mestranda
Vanessa Vieira de Lima (PPGH – UFF)
Quinto Sertório
foi um militar romano que participou das guerras civis de fins da República ao
lado do grupo popular, atuando como um foco opositor ao governo de Sula. Sua
resistência, conhecida como a “Revolta de Sertório”, localizou-se na Península
Ibérica e atraiu diferentes segmentos sociais, englobando romanos e hispanos. Tal personagem histórico, portanto, constitui um elo relevante para a compreensão dos desdobramentos
políticos da República Tardia Romana. Assim, o presente trabalho se propõe a
analisar, por via da leitura isotópica, como Sertório foi visto e traduzido em Vidas
Paralelas de autoria de Plutarco, obra esta que embasa em larga medida a
construção da imagem de Sertório até a atualidade.
Sessão de
comunicações 24: Relações de poder e cultura no mundo antigo
Coordenadora: Prof.ª Ms. Maria Helena Abrantes Pitta (UFRJ)
Auditório Ismael
Coutinho – Bl. C, sala 218 – 11h às 12h30
A Assabyah e a Murúwa – a
constituição do poder pré-islâmico no mundo antigo
Prof.ª Ms. Andréa
Álvares da Cunha
O objetivo dessa
comunicação é evidenciar a importância política, social e cultural dos valores
da Assabyah e da Murúwa para a constituição dos laços de poder para a
sustentação do ‘embrião do Islã’. A personificação desses valores culturais vai
representar futuramente, o ponto nevrálgico da nascente religião, marcada pelas
permanências do mundo antigo pré-islâmico.
As relações de
poder existentes entre democratas e oligarcas na Atenas no final do século V a.C
Felipe Nascimento
de Araújo (História – UERJ)
O autor conhecido
como “Velho Oligarca” divide os grupos sociais atenienses em duas categorias:
os favorecidos e os desfavorecidos. De um lado encontramos as classes populares
como os estrangeiros residentes (metoikoi), os pobres (penetes), os piores
(ponerói), os inferiores (Keirous) e outros grupos oriundos das massas
populares classificados como "aqueles que a democracia representa".
Este discurso, claramente de natureza pró-oligarca, situa-se dentro de um
período da História de Atenas aonde estão presentes
numerosas tensões político-sociais resultantes dos anos finais da Guerra do
Peloponeso.
A dupla realeza
lacedemônia nas investigações de Heródoto: poder régio e governo do povo
Prof. José Luiz
Pereira Rebelo (CEIA – UFF)
Nos relatos de
suas investigações Heródoto fez da resposta ao questionamento sobre qual melhor
forma de governo tanto um elemento distintivo da identidade helênica frente às bárbaras quanto o valor base para graduar as poleis
helênicas entre si. Sendo para ele o melhor governo o “governo do povo”,
sinônimo de isonomia. Este é compatível com um poder régio, pois para Heródoto
o melhor governo é estabelecido quando as decisões políticas são submetidas à
aprovação da maioria. Neste contexto a constituição lacedemônia é apresentada
como a melhor entre as das poleis helênicas, mesmo diante das disputas
dinásticas e pelo poder entre os dois reis.
Sátira e Tática
Política
Rodrigo Afonso
Magalhães (História – UFF)
Análise
se concentrará no uso que o Imperador Julianus (361-362} fez da retórica
para responder às críticas e ofensas sofidas pela cidade de Antioquia, tal
ressentimento o fez compor uma obra - cinica e aparentemente dirigida contra si
mesmo - chamada Misopogón, literalmente o "aquele que odeia barbas".
Neste texto composto em sua estadia na cidade de Antioquia em preparação para a
guerra contra a Pérsia, encontram-se as supostas razões pelas quais Imperador e
Cidade não se harmonizaram. No testemunho de Julianus podemos ver desde razões
banais e puramente estéticas, o desgosto a população com sua barba hirsuta que
inspira o título da obra, até a alta dos preços da comida na
cidade, provavelmente efeito ou da presença do exército e sua bagagem de
custos sobre a cidade, ou o efeito de uma política econômica populista do
Imperador (em Ammianus Livro 22, XIV, 1). A barba é a imagem que concentrou e
velou toda esta rede social em que conspiram, numa obra retórica, desde o
atrito cosmológico da Cristianismo e Paganismo, até os vícios estruturais
econômicos próprios do império. Em outros episódios a
frivolidade da cidade com relação aos sacrifícios cívicos realizados pelo
imperador, simbolizaram a recusa e a insatisação frente ao governo do apóstata,
através de versos anapaesticos e mímicas burlescas do ascetismo imperial. A
pessoa do Imperador, em contrapartida, nunca adimitiu conceder sua presença
quaisquer dos jogos espetaculares e aos teatros populares, tal o idealismo de
sua formação neoplatônica. O povo, parece-nos, recusa
mais profundamente o aristocratismo neoplatônico assumindo-se a favor da
piedade coletiva cristã já enraizada. Num outro patamar a resposta do Imperador
poetiza e aparentemente suaviza as formas de controle imperiais, expressas na
instituição do exército. Julianus, que favorecia o modelo de
cidades estados e queria restaurar esta vida curial, municipal, teve de
responder a este modelo de civilidade helenístico-cristã que está representado
em Antioquia, através de sátira e violência política. Aqui principalmente fica
patente o fracasso de sua restauração e da repopularização do paganismo nas
províncias orientais. Mas em algum momento tudo que estava num patamar
discursivo transmutam-se e tomam gestos: num, o povo
cristão piedoso incendiou uma obra pública como a do templo de Apolo, noutro
Julianus, arremata sua vingança contra a cidade antes de deixá-la, nomeando um
dos seus quadros mais cruéis para administrar a Síria. O episódio tem o
desfecho de humor negro.
Mesa-redonda: O poder simbólico
e o Estado no Egito, Grécia e Roma antigos
Coordenador: Prof. Ms. Guilherme Moerbeck (UNIG)
16h às 18h
Auditório Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 14 às 16h
Escravidão,
festivais e poder à época de Nero
Prof. Dr. Fábio
Duarte Joly (UFRB)
Nero caracterizou
seu governo pela realização de festivais que buscavam realçar seu poder por
meio de uma íntima relação com a arte, sobretudo com a promoção de jogos e
peças teatrais. Em algumas dessas festas foi comum uma inversão de papéis entre
o imperador e seus libertos, com a transfiguração de libertos imperiais em
esposas de Nero e vice-versa. Parte da historiografia moderna interpreta essas
uniões como cerimônias de iniciação a religiões orientais de mistério, visando
argumentar que Nero assumiu uma ideologia do poder imperial que tinha por base uma teologia solar, associada ao culto de Apolo e Mitra.
Contudo, em vez de compartilhar essa interpretação, pretende-se aqui situar
tais eventos no contexto da tradicional festividade romana da Saturnália, em
que uma de suas características era a inversão de papéis entre senhores e
escravos.
O Festival Sed
como celebração imperial na XVIIIª Dinastia (1550-1323 a.C.)
Prof. Mestrando Fábio
Frizzo (PPGH-UFF / CEIA)
O heb sed
(Festival Sed) era um jubileu celebrado desde o Reino Antigo, comumente
após três décadas de reinado de um faraó e, então, a cada três ou quatro anos.
Sua principal função era a renovação cíclica dos poderes reais, através de
ritos públicos e reservados. Durante o Reino Novo, período de expansão e
consolidação imperial, o Festival Sed serviu para exaltar a figura do
faraó como grande conquistador, a ponto de ser celebrado em templos espalhados
pelas áreas estrangeiras do império. Por outro lado, as festividades ocorridas
na capital imperial, por ocasião do jubileu, contavam com a presença de
príncipes das nações dominadas e aliadas, que observavam o apogeu do monarca.
Buscaremos apontar, na presente comunicação, estes e mais elementos que ligavam
tal festival ao processo do imperialismo na XVIIIª Dinastia.
Representação,
campo político e poder: a democracia e o teatro grego nas Grandes Dionísias
Prof. Ms. Guilherme
Moerbeck (UNIG /CEIA-UFF)
No decorrer do
século V a. C., a cidade de Atenas, após se ver livre da ameaça persa,
incrementa uma festa criada em homenagem a Dioniso. Os cidadãos atenienses
aplaudem, choram e gargalham com a encenação de tragédias e comédias nas
Grandes Dionisias. Esta festa, no entanto, não somente coloca em cena seus
atores, mas ritualiza o poder da cidade perante seus aliados da Liga de Delos.
Por meio de algumas tragédias áticas e outras fontes de época, esta comunicação
levanta algumas questões acerca das relações estabelecidas entre a coregia, as
Grandes Dionisias e a democracia ateniense.
No terraço do
Grande Deus: Osíris e os festivais de renovação anuais de Abidos
Profª Ms. Maria
Thereza David João (CEIA-UFF)
A cidade de
Abidos, no Egito antigo, foi por muito tempo palco da realização de festivais
anuais em honra do deus Osíris, também conhecidos como Festivais Khoiakh. Os
rituais realizados durante estes festivais visavam assegurar a prosperidade do
mundo natural, como o sucesso das plantações, bem como a continuidade do mundo
egípcio, o que era conseguido através da encenação da vitória de Osíris sobre seu
irmão Seth - que simbolizava, por sua vez, a vitória da ordem (maat) sobre o
caos (isfet). Milhares de peregrinos iam todos os anos a Abidos para participar
destas festividades, na esperança de que, associando-se aos mistérios de Osíris
ali encenados, pudessem também elas ter a esperança de regeneração,
especialmente na vida após a morte, que era vista em termos de renascimento
cíclico. Nesta exposição, veremos, primeiramente, como a importância cada vez
maior adquirida pelos elementos osirianos na religião funerária egípcia está
ligada a um processo conhecido pelos egiptólogos como “democratização” da
imortalidade e, posteriormente, verificaremos de que maneira os rituais
celebrados em Abidos contribuíam para a manutenção de certas hierarquias
sociais, ao confirmar os papéis de cada um na manutenção do mundo ordenado que
culminaria, em última instância, na eficácia da instituição monárquica.
Conferência de
encerramento
Auditório
Macunaíma – Bl. B, sala 405 – 16h às 18h
Ciclos Festivos e
o Processo de Formação de Identidades no Mundo Romano
Prof.ª Dr.ª Ana Teresa
Marques Gonçalves (UFG)
As festas e
cerimônias públicas tiveram um importante lugar na vida política romana. As
tradições eram mantidas pelo rememorar constante de fatos, feitos e datas, que
auxiliavam na construção de identidades no seio do Império. Assim, objetivamos
nesta conferência analisar as funções simbólicas e identitárias assumidas pelos
ciclos festivos na sociedade romana antiga.
Lançamento
Cadernos do CEIA
Auditório Macunaíma
– Bl. B, sala 405 – 18h
***
Ementas dos
minicursos:
Poemas Eróticos
de Catulo
Prof.ª Dr.ª Edna
Ribeiro de Paiva (UFF)
Terça e
quarta-feira, 11h às 12h30
Após os
minicursos “Poemas de Catulo Pertencentes ao Ciclo de Lésbia” (IX Jornada de Estudos
da Antiguidade) e “Poemas de Catulo de Cunho Satírico” (XIX Seminário de
Estudos Clássicos), encerraremos agora esse ciclo com “Poemas Eróticos de
Catulo”.
Catulo é o poeta
amoroso por excelência, notabilizado sobretudo por
composições a sua amada Lésbia. Nelas o vemos dirigir-se ao objeto de sua
paixão com os termos mais carinhosos que é possível um homem encontrar. Mas nos
seus percalços, provocados pela repetidas infidelidades de sua amada, o vemos
também agressivo, sobretudo no final, quando não mais depositava esperanças
nesse amor. Aí ele dirige, não só a ela, mas aos seus rivais, palavras cruas,
que descrevem o que lhe vai na alma.
Pré-requisito:
Ter completado o Latim IV.
Morte e funerais
das sociedades celtas antigas
Prof.ª Dr.ª Adriene Baron
Tacla (CEIA-UFF)
Terça à
quinta-feira, 18h às 20h
Ementa: O estudo
da Idade do Ferro européia é prioritariamente marcado pelos achados de
enterramentos, de modo que a maior parte de nosso conhecimento advém da análise
funerária. Este curso pretende, pois, ser uma introdução ao estudo das práticas
funerárias nas sociedades da Idade do Ferro na Europa Ocidental. Assim,
apresentaremos as principais linhas de análise de funerais e estudos das
diferentes formas de tratamento do morto, a construção de monumentos e os
depósitos funerários, tendo sempre em destaque sua relevância e implicações
sócio-políticas para os casos das sociedades celtas.
Objetivos:
Discutir a questão da morte a partir da antropologia e a aplicabilidade de tais
teorias à pré-história européia. Discutir a relação entre vivos e mortos,
destacando a interligação entre ritual e vida quotidiana. Analisar as
diferentes formas de monumentos, enterramentos e tratamento do morto na Idade
do Ferro na Europa Ocidental. Apresentar as novas vertentes da arqueologia
funerária para a Idade do Ferro na Europa Centro-Ocidental. Introduzir os
alunos ao estudo do mobiliário funerário e suas implicações sócio-econômicas e
políticas.
Roteiro:
1. Introdução aos
estudos funerários – teoria e métodos
2. A problemática
do funeral na arqueologia
3. Crítica e
interpretação dos achados: o limite da interpretação
4. Breve
introdução aos estudos da Idade do Ferro na Europa Centro-Ocidental
5. A cultura
material e práticas funerárias da Idade do Ferro (casos da Alemanha, França e
Suíça)
5.1. O tratamento
do corpo
5.2. Sepulturas e
monumentos
5.3. Questões de
gênero
5.4. Depósitos
funerários
6. As
transformações nos funerais da Primeira e da Segunda Idades
do Ferro
7. Status,
hierarquização e o tratamento do morto
8. Morte, funeral
e memória
Festivais, cultura e poder no Egito antigo
Segunda à
quinta-feira, 18h às 20h
Ementa: Por meio
das fontes, que resistiram ao aniquilamento do tempo e da ação humana, pode-se
verificar que no Egito antigo a forma de pensamento refletia uma unidade, onde
todas as coisas integravam um mundo único, como numa grande rede biológica.
Assim, não havia separação entre o mundo dos deuses, dos vivos e dos mortos.
Todo este conjunto era mantido por Maat, deusa que personificava o equilíbrio/
unidade/ medida, por meio da ação ritual que era levada a cabo em todos os
templos egípcios. Tal culto às divindades, bem como os festivais rendidos em
suas homenagens, preservavam o estado das coisas e também auxiliavam na
justificação do poder real. Da mesma forma que os deuses, os mortos também eram
agraciados com festivais, nos quais gerações eram reunidas para a celebração da
vida e de sua continuidade. Neste minicurso estes serão alguns dos aspectos
abordados pelos ministrantes, a partir de subdivisões nas esferas: dos deuses,
dos reis, dos vivos e dos mortos.
Objetivos:
Apresentar a forma de pensamento dos antigos egípcios a partir de teorias
atuais; Analisar as diferentes concepções expostas nos mitos cosmogônicos e
cosmológicos; Apresentar uma panorâmica
da visão egípcia sobre o Estado e a organização político e administrativa tendo
como eixo a figura do Faraó; Discutir, a partir de diferentes tipos de fontes,
variados temas sobre o templo no antigo Egito; Analisar a forma que os egípcios
encaravam a morte; Apresentar os rituais ligados à morte; Discorrer sobre as
idéias de vida além-túmulo; Analisar a participação de vivos e mortos nos
festivais. Analisar as idéias religiosas da reforma de Amarna; Demonstrar como
Akhenaton utilizou o elemento artístico/arquitetônico para legitimar sua nova
divindade; Discorrer a respeito do culto do deus Aton bem como uma análise da
versão amarniana para a vida post mortem.
Roteiro:
Primeira Aula: Prof.ª Mestranda Liliane Cristina Coelho (CEIA-UFF)
1. A forma de
pensamento dos antigos egípcios: uma questão teórica;
2. As escolas
teológicas no Egito antigo;
3. O templo:
fundação, arquitetura e utilização;
4. Os festivais
divinos: exemplos e peculiaridades.
Segunda Aula: Prof. Doutorando Moacir Elias Santos (CEIA-UFF)
1. A morte e os
mortos no Egito antigo;
2. Os rituais
funerários e o enterro;
3. As crenças de
vida além-túmulo;
4. Os vivos e os
mortos nos festivais.
Terceira Aula: Prof.ª Doutoranda Nely Feitoza Arrais (CEIA-UFF)
1. A Cosmogonia e a origem do Egito;
2. ta
meryt, a terra amada: identidade e Estado;
3. A “era dos deuses” e a “era dos homens”;
4. A Realeza Divina e o Estado Egípcio: o
Faraó, a união entre os deuses e os homens.
Quarta Aula: Prof.ª Ms. Gisela Chapot (CEIA-UFF)
1. Akhenaton e a
construção de uma nova ordem;
2. Algumas
considerações sobre a reforma amarniana;
3. O conteúdo
religioso: os hinos a Aton;
4. Uma nova
versão do mundo post-mortem.