Colunas 2007


"Coluna do Hyder" - Fabio "Hyder" Azevedo

Sala de Imprensa

 

Não há nada mais interessante do que a sala de imprensa de um autódromo, mesmo para ouvir asneiras.


A categoria está em recesso nesse mês de maio e somente realizou testes em Portland nestes últimos dias. Talvez o efeito mais importante dos testes tenha sido para os pilotos se adaptarem a novidade da largada estática. Honestamente não gostei muito desta modificação, mas se no final das contas isso trazer competitividade extra, será mais que bem vindo. Porém confesso que sempre fui entusiasta das largadas em movimento. E quando assistimos na pista o efeito é incrível. No período que participei ativamente da categoria, acompanhei algumas largadas das torres de controle junto aos spotters das equipes, especialmente do carro número 2 do Al Unser Jr. O tricampeão Rick Mears fazia essa função em algumas ocasiões e no momento de uma largada não havia melhor lugar no circuito para estar do que naquele ponto estratégico. Após 5 ou 6 voltas especialmente em ovais, era fácil você perder um pouco da referência devido à dinâmica da prova, especialmente em ovais médios ou nos curtos. Nos superspeedways a coisa é um pouco diferente já que o tempo de volta é maior, assim como o traçado é mais amplo e, mesmo a quase 400 km/h era fácil distinguir bem os pilotos e a classificação da corrida.

Só que eu tenho de admitir que não exista lugar mais divertido e interessante para assistir um Grande Prêmio do que em uma sala de imprensa. É uma verdadeira loucura, pois existem jornalistas de todo o mundo que cobrem o dia a dia do evento, os locutores de rádio e emissoras menores, já que nem todas as emissoras possuem condições financeiras e preferenciais para possuírem cabines exclusivas, mas todos utilizam aqueles microfones que isolam o áudio ambiente. Era uma loucura observar aquela Babel de jornalistas de vários lugares do planeta, da Argentina ao Canadá, passando por Europa, Ásia e Oceania. Ficava próximo nessa ocasião da imprensa brasileira e, com a mudança do Gil de Ferran para a Penske, me aproximei da Kika Conchesto, que era sua assessora de imprensa e depois foi contratada pela Marlboro e mudou-se para a Grand, empresas de eventos de Gerry Forsythe. Recebia muitas informações importantes, antes mesmo de chegar a tradicional Rádio Paddock (central, informal, de fofocas e boatarias da categoria). Lembro que fiquei sabendo do Greg Moore ter assinado com a Penske através de uma conversa como essa. Na hora não acreditei porque a Penske não é da pagar altos salários e sempre priorizou as premiações. O Greg tinha um bom salário na Forsythe e confesso que fui surpreendido com a revelação. Até que instante não se sabia das mudanças na Penske, exceto essa do Moore, a do Gil e a contratação do Tim Cindric. O resto fio revelado posteriormente.

Outra surpresa, essa nem um pouco agradável, foi descobrir que as finanças da ISL não estavam bem e que, em poucas semanas, houve o anúncio de sua falência. Este fato deve efeitos devastadores na Cart Inc., empresa proprietária na época da então Fórmula Cart. Foi estranho ouvir de um amigo que a equipe Penske estava migrando para a IRL. Foi um tiro no pé, já que ninguém esperava uma noticia tão ruim como essa. Então pouco depois resolvi seguir a minha vida e deixar este mundinho fechado e sem rotina. Estava cansado de presenciar tantas perdas e ver um sonho ser arruinado graças a uma péssima e catastrófica gestão de Bobby Rahal. Só que muitas as pessoas culparam a internacionalização efetuada pelo Andrew Craig pelo fracasso da categoria no início dos anos 2000, é triste relembrar um cenário de omissão e incompetência que marcou a administração do Rahal.

É esquisito ver muitos sites e revistas especializadas que começaram e cresceram em popularidade com os fãs e leitores perceberem que o momento da Cart não era dos melhores e, de uma hora para a outra, passaram a criticar o certame indiscriminadamente. Não adianta culpar somente a Penske, como fazem alguns “entendidos”. Por que não aceitam que a queda da Cart também se deve a outras pessoas e grupos empresariais e de mídia. Jurei não citar nomes, mas o momento é propício. Sites como o Formulanews.com (alguém se lembra?) e o Speedway. São grupos que começaram a crescer com a Champ Car e na primeira oportunidade, viraram as costas para categoria. Outros sites, como o Super Licença, diminuíram bastante seu espaço dedicado ao assunto. Atualmente a Champ Car não tem um pacote de TV deficitário no Brasil, mas não morreu como muitos acreditam. Com a mudança de administração da Cart para a Owrs, o certame foi drasticamente reformulado, mas não foi extinto. Será que é fácil ser espectador de auditório em programas duvidosos ou apoiar uma linha de pensamento que sempre acreditamos, mesmo que a atual situação não seja das melhores? Acredito que todo o trabalho bem feito e esforçado, com alguns poucos ingredientes, tem tudo pra dar certo. É simples.

Não consigo captar como as pessoas preferem ter codinomes e não dar a cara a prêmio para assumir certas opiniões. A liberdade de expressão é clara no Brasil como em qualquer outra nação civilizada, agora é inadmissível manifestar-se de forma oculta por intermédio de um codinome ou mesmo julgar pessoas sem embasamento. Afirmar sem comprovar é muito cômodo, mas assumir o que se diz com transparência, educação e embasamento é coisa que poucos fazem.

Como disse antes, a informação é divulgada de várias formas, e não há nada mais interessante do que a sala de imprensa de um autódromo, mesmo que seja para ficar ouvindo certas asneiras.

 

Um grande abraço fiquem com Deus e até a próxima.

 

Fabio "Hyder" Azevedo
http://blogdohyder.blogspot.com                                                                             

 

 

Torcedor do Vasco da Gama e da Associação Atlética Anapolina, fã da Penske, atualmente sou Analista de Tecnologia da Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como nunca. Todas as semanas, falarei sobre as minhas experiências na categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos conhecem.

 

 

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