"Coluna do Hyder" - Fabio
"Hyder" Azevedo
Sala de Imprensa
Não há
nada mais interessante do que a sala de imprensa de um autódromo, mesmo
para ouvir asneiras.
A categoria está em
recesso nesse mês de maio e somente realizou testes em Portland nestes
últimos dias. Talvez o efeito mais importante dos testes tenha sido para
os pilotos se adaptarem a novidade da largada estática. Honestamente não
gostei muito desta modificação, mas se no final das contas isso trazer
competitividade extra, será mais que bem vindo. Porém confesso que sempre
fui entusiasta das largadas em movimento. E quando assistimos na pista o
efeito é incrível. No período que participei ativamente da categoria,
acompanhei algumas largadas das torres de controle junto aos spotters das
equipes, especialmente do carro número 2 do Al Unser Jr. O tricampeão Rick
Mears fazia essa função em algumas ocasiões e no momento de uma largada
não havia melhor lugar no circuito para estar do que naquele ponto
estratégico. Após 5 ou 6 voltas especialmente em ovais, era fácil você
perder um pouco da referência devido à dinâmica da prova, especialmente em
ovais médios ou nos curtos. Nos superspeedways a coisa é um pouco
diferente já que o tempo de volta é maior, assim como o traçado é mais
amplo e, mesmo a quase 400 km/h era fácil distinguir bem os pilotos e a
classificação da corrida.
Só que eu tenho de admitir que não exista lugar mais divertido e
interessante para assistir um Grande Prêmio do que em uma sala de
imprensa. É uma verdadeira loucura, pois existem jornalistas de todo o
mundo que cobrem o dia a dia do evento, os locutores de rádio e emissoras
menores, já que nem todas as emissoras possuem condições financeiras e
preferenciais para possuírem cabines exclusivas, mas todos utilizam
aqueles microfones que isolam o áudio ambiente. Era uma loucura observar
aquela Babel de jornalistas de vários lugares do planeta, da Argentina ao
Canadá, passando por Europa, Ásia e Oceania. Ficava próximo nessa ocasião
da imprensa brasileira e, com a mudança do Gil de Ferran para a Penske, me
aproximei da Kika Conchesto, que era sua assessora de imprensa e depois
foi contratada pela Marlboro e mudou-se para a Grand, empresas de eventos
de Gerry Forsythe. Recebia muitas informações importantes, antes mesmo de
chegar a tradicional Rádio Paddock (central, informal, de fofocas e
boatarias da categoria). Lembro que fiquei sabendo do Greg Moore ter
assinado com a Penske através de uma conversa como essa. Na hora não
acreditei porque a Penske não é da pagar altos salários e sempre priorizou
as premiações. O Greg tinha um bom salário na Forsythe e confesso que fui
surpreendido com a revelação. Até que instante não se sabia das mudanças
na Penske, exceto essa do Moore, a do Gil e a contratação do Tim Cindric.
O resto fio revelado posteriormente.
Outra surpresa, essa nem um pouco agradável, foi descobrir que as finanças
da ISL não estavam bem e que, em poucas semanas, houve o anúncio de sua
falência. Este fato deve efeitos devastadores na Cart Inc., empresa
proprietária na época da então Fórmula Cart. Foi estranho ouvir de um
amigo que a equipe Penske estava migrando para a IRL. Foi um tiro no pé,
já que ninguém esperava uma noticia tão ruim como essa. Então pouco depois
resolvi seguir a minha vida e deixar este mundinho fechado e sem rotina.
Estava cansado de presenciar tantas perdas e ver um sonho ser arruinado
graças a uma péssima e catastrófica gestão de Bobby Rahal. Só que muitas
as pessoas culparam a internacionalização efetuada pelo Andrew Craig pelo
fracasso da categoria no início dos anos 2000, é triste relembrar um
cenário de omissão e incompetência que marcou a administração do Rahal.
É esquisito ver muitos sites e revistas especializadas que começaram e
cresceram em popularidade com os fãs e leitores perceberem que o momento
da Cart não era dos melhores e, de uma hora para a outra, passaram a
criticar o certame indiscriminadamente. Não adianta culpar somente a
Penske, como fazem alguns “entendidos”. Por que não aceitam que a queda da
Cart também se deve a outras pessoas e grupos empresariais e de mídia.
Jurei não citar nomes, mas o momento é propício. Sites como o
Formulanews.com (alguém se lembra?) e o Speedway. São grupos que começaram
a crescer com a Champ Car e na primeira oportunidade, viraram as costas
para categoria. Outros sites, como o Super Licença, diminuíram bastante
seu espaço dedicado ao assunto. Atualmente a Champ Car não tem um pacote
de TV deficitário no Brasil, mas não morreu como muitos acreditam. Com a
mudança de administração da Cart para a Owrs, o certame foi drasticamente
reformulado, mas não foi extinto. Será que é fácil ser espectador de
auditório em programas duvidosos ou apoiar uma linha de pensamento que
sempre acreditamos, mesmo que a atual situação não seja das melhores?
Acredito que todo o trabalho bem feito e esforçado, com alguns poucos
ingredientes, tem tudo pra dar certo. É simples.
Não consigo captar como as pessoas preferem ter codinomes e não dar a cara
a prêmio para assumir certas opiniões. A liberdade de expressão é clara no
Brasil como em qualquer outra nação civilizada, agora é inadmissível
manifestar-se de forma oculta por intermédio de um codinome ou mesmo
julgar pessoas sem embasamento. Afirmar sem comprovar é muito cômodo, mas
assumir o que se diz com transparência, educação e embasamento é coisa que
poucos fazem.
Como disse antes, a informação é divulgada de várias formas, e não há nada
mais interessante do que a sala de imprensa de um autódromo, mesmo que
seja para ficar ouvindo certas asneiras.
Um grande abraço fiquem com Deus e até a próxima.
Fabio "Hyder" Azevedo
http://blogdohyder.blogspot.com
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Torcedor do Vasco da Gama
e da Associação Atlética Anapolina, fã da Penske,
atualmente sou Analista de Tecnologia da
Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como
nunca. Todas as semanas, falarei sobre as minhas experiências na
categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos
conhecem.
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