Colunas 2007


"Coluna do Hyder" - Fabio "Hyder" Azevedo

Supremacia da Burrice

 

Até o mesmo o xenófobo Tony George foi obrigado a rever conceitos para evitar a extinção da IRL.

 

O evento mais aguardado do segundo semestre na Champ Car está chegando, o GP de Surfer's Paradise, na Austrália, creio que teremos mais uma grande corrida, mesmo que, matematicamente, o campeonato já esteja decidido de forma merecida, em favor do Sebastien Bourdais. A nós brasileiros, não resta muita coisa a não ser torcer por uma bela exibição de Bruno Junqueira, coisa que tem sido uma grande surpresa, tratando-se dele (essa coluna foi escrita antes da realização da corrida nesse fim de semana).

Tratarei dessa vez de um assunto polêmico. A maioria sabe que, há quase um ano, deixei o Rio de Janeiro e migrei para Porto Alegre por questões profissionais e confesso pessoais também. O ritmo de vida aqui consegue ser bem mais brando em comparação ao eixo RJ-SP, mas existem muitas coisas que gosto mesmo daqui. Porém, algo me deixa muito incomodado. Como brasileiro, não consigo ver gente torcer contra o país assim como não se tratar como brasileiro. Há cerca de 20 anos atrás, um movimento separatista, mais um, surgiu com força aqui na região e o movimento visava separar os estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) do “resto”, como muitos consideram o Brasil.

Irton Marx foi uma dos "cabeças" deste movimento, mas acabou faltando habilidade e a tal "supremacia" que eles diziam ter, não serviu para um parâmetro e, meses depois, o movimento foi sufocado e os seus líderes, foram relegados ao esquecimento. Hoje existe um novo movimento como esse, porém sem destaque como antes. Celso Deucher seria um destes líderes que estariam transmitindo estas idéias. Para mim, isso soa como um grande ato preconceituoso. Gente assim deveria ser expurgada e presa, pois existe uma grande luta pelos direitos humanos e igualdade no mundo inteiro e muitos ainda resolvem agir desta forma atrasada, fora da realidade de um mundo globalizado.

Onde pretendo chegar? Onde entra o automobilismo neste contexto? A Champ Car passou por algo parecido, pois a idéia básica da IRL era fazer uma categoria para norte-americanos, já que eles não tinham um grande espaço na categoria maior, a Champ Car. Com isso, o foco seria trazer os patrocinadores estadunidenses que investiam pequenas fortunas em pilotos estrangeiros. Isso essa situação era muito desagradável, pois o estadunidense, capitalista como é, não quer saber quem está dentro do carro, quer vencer corridas e ganhar muitos dólares em prêmios. Pouco importa se é brasileiro, árabe, francês, judeu ou mesmo um nativo.

O plano de Tony George durou pouco, pois não havia como combater o talento e as equipes grandes da Champ Car trouxe seus estrangeiros e contra a inteligência e capacidade, não há patriotada que resista. Foi assim com o neozelandês Scott Dixon, o brasileiro Tony Kanaan e com os britânicos Dan Wheldon e Dario Franchitti. Em 2006, Sam Hornish Jr. venceu o certame da IRL mais pelo poder de seu time – a mundialmente famosa Penske – e pelo excesso de azar do Hélio Castro Neves, que parece amarelar nos momentos cruciais dos campeonatos. Creio que, no campeonato de 2008 teremos mais um gringo levantando o “caneco”. O restante desta história já é de conhecimento dos fãs que acompanham o automobilismo norte-americano.

Na Champ Car, o cenário não é diferente já que o último norte-americano campeão foi Jimmy Vasser e depois veio o domínio do italiano Zanardi, do colombiano Montoya, dos brasileiros de Ferran e da Matta, do canadense Tracy e do francês Bourdais – este nos quatro últimos anos. Os pilotos norte-americanos podem ainda ser fortes e dominantes na Nascar, mas não tenho dúvidas que, em muito breve, teremos Juan Pablo Montoya, Dario Franchitti e Jacques Villeneuve dominando as ações na principal categoria dos Estados Unidos. E os locais – donos de equipes e patrocinadores – não terão problemas patrióticos para poder vencer, mesmo que isso utilize pilotos estrangeiros.

Pelo que conheci deste meio, na minha época, quando a Penske ainda participava da Champ Car, nunca percebi patriotada, pois o que os eles mais queriam era vencer e receber os polpudos prêmios que a categoria pagava na época. Esta idéia de um campeonato para estadunidenses é algo que, se saísse do papel nunca daria certo. Mesmo na Alemanha esse tipo de bobagem está em grande descrédito, fruto das novas exigências impostas por um mundo globalizado e democrático. Não tenho dúvida se caso um piloto brasileiro, por exemplo, surgisse com um grande patrocínio e tivesse talento, não seria bem visto e aproveitado por uma grande equipe independente da sua nacionalidade. Abaixo ao preconceito e separatistas, para fora!

 

Um grande abraço fiquem com Deus e até a próxima.

 

Fabio "Hyder" Azevedo
http://blogdohyder.blogspot.com                                                                             

 

 

Torcedor do Vasco da Gama e da Associação Atlética Anapolina, fã da Penske, atualmente sou Analista de Tecnologia da Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como nunca. Todas as semanas, falarei sobre as minhas experiências na categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos conhecem.

 

 

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