Reportagens 2007


Galeria da Fama: Cristiano da Matta

 

Por Wallace Michel

 

Cristiano da Matta possui 1 título, 12 vitórias, 20 pódios, 7 poles e 101 largadas na Champ Car.

 

Cristiano Monteiro da Matta nasceu em 19 de setembro de 1973 em Belo Horizonte, Brasil, e sendo de uma família onde se respirava automobilismo por todos os lados. Seu pai, Toninho da Matta, havia sido campeão brasileiro de turismo em 14 ocasiões e contava com uma carreira de mais de 30 anos. Em 1990 Cristiano começou a competir no kart e desde o princípio sua trajetória foi acompanhada de êxito. Com um capacete idêntico ao utilizado por seu pai, apenas alterando a cor vermelha pela azul, e em dois anos e meio este jovem brasileiro já havia conquistado todos os títulos que disputou nessa modalidade.

Cristiano venceu o campeonato de mineiro em 1990 e 1991, o campeonato brasileiro de 1991, o campeonato Rio-Minas de 1992, e o campeonato paulista de 1992. O próximo passo da meteórica carreira de Da Matta foi a Fórmula Ford brasileira no ano seguinte, onde também se sagrou campeão com quatro vitórias.

Em 1994 transferiu-se para a Fórmula 3 brasileira, onde novamente conquistou o título, também quatro vitórias e com duas provas por antecipação. Um ano depois dava o salto para Europa estreando na Fórmula 3 inglesa onde venceu uma etapa e terminou a temporada em sétimo. Ainda disputou o Campeonato de Fórmula 3000, pela equipe Pacific, terminando em oitavo. Sem obter grande sucesso na Europa, Cristiano resolveu considerar seriamente a possibilidade de competir nos Estados Unidos e em 1997 foi participar da Indy Lights pela equipe Brian Stewart. Em sua primeira temporada acabou na terceira posição, conquistou três vitórias e foi escolhido o Novato do Ano.

Em 1998 mudou para a equipe Tasman e ganhou o título com duas provas de antecipação, conquistando quatro vitórias. A ida para a Champ Car se consumou em 1999. A equipe Arciero Wells, que contava com os motores Toyota, apostou no brasileiro e ele não decepcionou. Em sua corrida de estréia conseguiu uma fenomenal sexta posição no grid de largada. Seu melhor resultado em corrida foi uma quarta posição, no oval de Nazareth, finalizando a temporada na décima oitava colocação.

Em 2000, com um equipamento Reynard Toyota um pouco mais competitivo, Cristiano chegou a sua primeira vitória na Champ Car. Pilotando para a equipe PPI (antes Arciero Wells) conseguiu subir ao alto do pódio no oval de Chicago, terminando aquela temporada em décimo. O seu desempenho chamou a atenção da equipe Newman Haas, uma das mais vencedoras da categoria, que o contratou para substituir o norte-americano Michael Andretti, campeão em 1991. No ano de 2001 foram três vitórias e cinco pódios, o que colocou Da Matta como um dos principais nomes da competição e favorito ao título.

O ano de 2002 foi o da consagração ao ser proclamando campeão da Champ Car. Cristiano dominou o campeonato com autoridade, acumulando sete vitórias, sete poles e um total de onze pódios, e o título com duas etapas de antecipação, ajudando a Toyota a conseguir o seu único campeonato na Champ Car além do primeiro da Newman Haas desde 1993, com o inglês Nigel Mansell.

Com o título, muitas portas se abrem para ele na Fórmula 1 e após alguns testes na Europa é convidado pela equipe Toyota para ser o companheiro do francês Olivier Panis para a temporada de 2003. Apesar de contar com o maior orçamento da categoria, a Toyota não possuía um equipamento competitivo, e Cristiano em seus 18 meses na equipe não teve a oportunidade de demonstrar a sua grande capacidade. Seu momento marcante aconteceu no GP da Inglaterra de 2003 em Silverstone, quando liderou a corrida durante 18 voltas, após a entrada do safety car. Foram 10 pontos na sua primeira temporada, quatro a mais do que o seu experiente companheiro Panis, com dois sextos e dois sétimos lugares, terminando com a décima terceira posição.

Em 2004, uma temporada para ser esquecida. Da Matta acabou sendo substituído nas seis últimas corridas pelo reserva Ricardo Zonta após se desentender com o inglês sobre os rumos do desenvolvimento do carro. Cristiano dizia que o problema do chassi na época era mecânico, principalmente na suspensão. Mas Mike Gascoyne, Diretor Técnico que se comenta ter sido o responsável pela saída do brasileiro da equipe, direcionava o desenvolvimento para a parte aerodinâmica, ignorando os pedidos do brasileiro. Seu melhor resultado foi no GP de Mônaco, quando terminou em sexto.

Porém Cristiano da Matta não ficou muito tempo desempregado. Em 2005 foi contratado pela equipe PKV, retornando para a Champ Car. Não foi um ano dos mais tranqüilos, pois a equipe não era das mais competitivas apesar de que possuía recursos e potencial de crescimento. Mesmo fazendo uma temporada irregular, cheia de acidentes e quebras, conseguiu vencer a etapa de Portland graças à estratégia ousada da equipe, chamando Cristiano sempre mais cedo para os pit stops e terminou a temporada em décimo primeiro, sua pior colocação na Champ Car desde 1999.

Na temporada de 2006 transferiu-se para modesta equipe Dale Coyne, onde ficou até a etapa de Milwaukee, quando se mudou para a Rusport em substituição ao norte-americano A.J. Allmendinger, que foi correr na Forsythe. Seu melhor resultado foi o segundo lugar em San Jose que lhe deixou na sexta posição no campeonato. Então no dia 3 de agosto, durante uma sessão de testes no circuito de Road America em Elkhart Lake, sua pista favorita, o piloto sofreu um grave acidente ao atropelar um cervo e depois bater no muro de proteção. Da Matta estava a uns 120 km/h quando em uma curva seu carro se chocou com o animal. Tentou desviar, mas infelizmente não conseguiu.

Acredita-se que quando atingido pelo animal, Cristiano ficou inconsciente imediatamente. Mesmo assim, quando os médicos chegaram para retirá-lo do carro, seu pé continuava no freio. Da Matta ficou internado no Theda Clark Medical Center em Neenah, Wisconsin, onde foi feita a cirurgia que retirou um pedaço do crânio para aliviar a pressão. Foi ainda induzido ao coma. A partir daí passou por uma recuperação lenta, porém constante e surpreendente.

Em 24 de setembro daquele ano, durante a etapa que aconteceu na mesma pista do acidente, Cristiano deu a tradicional ordem de largada "start your engines" direito de sua casa em Miami. Agora que foi liberado pelos médicos para voltar ao automobilismo, Da Matta não decidiu se pára ou ainda retorna a competir. Ele já esteve em contato com equipes da Grand-Am e não descarta a Stock Car.

Da Matta sempre leva sua guitarra nas viagens, e quando tem uma oportunidade fica tocando blues, rock clássico além de um pouco de bossa nova. Ele tem o esporte no sangue. Durante cinco anos (dos 10 aos 15 anos) ele fez parte do time de ginástica olímpica do Flamengo Esporte Clube e do Minas Tênis Clube, conseguindo vitórias também neste esporte. Também gosta de esportes aquáticos e mountain biking.

 

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