Colunas 2006


"Coluna do Hyder" - Fabio "Hyder" Azevedo

Ascensão e queda - a história das transmissões da Champ Car no Brasil

 

Luciano do Valle foi um dos responsáveis pelo início das transmissões da Champ Car no Brasil.

 

Olá amigos, hoje estaremos abordando mais uma lembrança da Cart. Desde a pioneira chegada na categoria com o nosso sempre embaixador Émerson Fittipaldi – sim, mesmo que muitos “entendidos ou viúvas” achem que muitas coisas que acontecem com os rumos da categoria no país sejam simplesmente por sua culpa, vejam. Ele é um herói brasileiro, não um espertalhão como estes “empresários” nem sei de que, que estavam postulando o tão falado Team Brazil. Desculpem pelo o desabafo, mas li e ouvi muita asneira, para não dizer outra coisa. Este país precisa aprender a celebrar seus ídolos em vida, apenas depois de morrerem não dá. Já pensaram se acontece com Emmo o mesmo que aconteceu com Krosnoff, Dana, entre outros? Ninguém sabia quem eram esses pilotos, mas só pelo fato de terem morrido nas pistas viraram estrelas nos meios virtuais de muita gente que desconhece a grandeza dos feitos de nossos heróis tupiniquins.

 

Voltando ao assunto da coluna, a Cart começou a ser transmitida no Brasil em eventos esporádicos pela antiga Rede Bandeirantes de TV (Hoje Rede Band) e era em um esquema totalmente amador, pois não existia a Internet, o dólar era valorizado, a inflação sempre altíssima, a F-1 estava em sua grande ebulição com os títulos recentes de Nélson Piquet e de um novo talento brasileiro. Seu nome: Ayrton Senna.

 

Luciano do Valle (O primeiro "Seu Bolacha"), Elias Jr., Técio de Lima, Silvia Vinhas, Maria do Carmo Fúlfaro (ex-senhora "Bolacha") entre outros foram os responsáveis pelas primeiras transmissões. Normalmente a cobertura era realizada a partir do Brasil mesmo, mas com muito esforço, Luciano do Valle e equipe conseguiram mandar uma equipe para os Estados Unidos e com a companhia do "Professor" Júlio Mazzey, as transmissões ganhavam certa notoriedade no Brasil. Durante muitos anos a emissora paulista amargou diversos prejuízos, pois era um evento totalmente novo na cultura automobilística brasileira. Foi através de uma vibrante locução que eu pude acompanhar, da minha casa em Brasília, o título chegar, direto de Nazareth. A cobertura após a corrida foi tremenda. Trataram um herói de maneira devia.

 

Em 1990, a Band começou a transmitir a maioria das corridas in locco (direto do local) tendo o maior destaque, óbvio, para as 500 milhas de Indianápolis. Foi um tempo de “amadorismo” (percebam que coloquei amadorismo com aspas, pois não tinha o primor que esperávamos nas percebia-se, claramente, que era algo feito com amor, com muita vontade) No final de 1992, o mundo do automobilismo receberia uma notícia bombástica. Nigel Mansell chegava à categoria através da Newman Haas. Fora os boatos e depois o teste de Ayrton Senna na Penske.

 

Com isso, houve a primeira mudança na transmissão da categoria. A Bloch Editores havia reassumido o controle da Rede Manchete e novas atrações estavam sendo colocadas na grande, entre elas, a nossa amada categoria. A equipe também mudou bastante. Téo José, um promissor locutor, o tarimbado Luis Carlos Azenha e Dedê Gomez (ex-navegador de rali) assumiam a cobertura da categoria. A categoria cresceu absurdamente, mas a TV não acompanhou o nível de crescimento. Fez-se necessário, em 1994, a fusão da transmissão. Com isso nasceu a Rede Indy de Velocidade, um pool de transmissão entre a Gazeta, CNT, Rede OM e Rede Manchete. A estrutura era a mesma do ano anterior, mas via-se a qualidade piorava cada vez mais.

 

Em 1995 a categoria viveu seu grande momento no Brasil quando o SBT assumiu as transmissões imprimindo um grande investimento e a manutenção da equipe de sucesso. Os programas e atividades extra-prova, além de toda a transmissão com equipe no local e muita divulgação. Isso era a peça-chave do sucesso. Enquanto ocorria um grande jejum de vitórias dos nossos pilotos, o SBT, com um grande esquema publicitário, proporcionava aos fãs uma grande cobertura. Até a "batalha de Fontana", como ficou conhecida a decisão da Indy Lights em 1997 entre Helinho e Tony foi transmitida ao vivo. Tudo ia bem até um ser pernicioso, que prefiro não citar o seu nome para não gerar mais Ibope para ele, inventar que as corridas davam prejuízo e baixarias e coisas afins seriam mais interessantes para a emissora.

 

Então as corridas a partir de 1999 foram transferidas para o horário das 23h00 em VT, a equipe que estava nos Estados Unidos foi dissolvida e a categoria começou a experimentar uma queda definitiva no Brasil. A decisão do título de 2000, um momento mágico na história do automobilismo nacional, foi tratado com um desdém inimaginável.

 

Em 2001 a Rede Record acena com a possibilidade da transmissão direta e com mudanças claras na equipe. Oscar Ulysses e André Ribeiro, seguidos de Celso Miranda formavam a nova equipe Champ Car no Brasil. A emissora foi considerada a mais "pé quente", pois em dois anos de transmissão, duas conquistas. Uma em 2001 com Gil de Ferran e outra em 2002 com Cristiano da Matta. Mas novamente as transmissões ao vivo deram lugar aos VTs. Parecia um carma.

 

A Rede TV! assumiria as transmissões em 2003 com uma dupla, digamos, sem comentários. Fernando – alô você! – Vanucci e Celso Itiberê. Não havia reportagem local e nenhuma etapa foi transmitida diretamente da praça onde a corrida era realizada. Nem preciso dizer que mais uma vez, houve um tremendo fracasso. Hoje estamos sem transmissão em TV aberta, e a transmissão a cabo não é das melhores.

 

Sempre fui contra a reunificação da categoria, mas se isso permitir que a categoria volte a receber a transmissão de TV aberta para todos nós fãs da Champ Car World Series, já valerá a pena.

 

Um forte abraço.

 

Fabio "Hyder" Azevedo
                                                                                                                              

 

 

Torcedor do Vasco da Gama e da Associação Atlética Anapolina, fui membro da Penske, atualmente sou Analista de Tecnologia da Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como nunca. Nas quartas-feiras, falarei sobre as minhas experiências na categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos conhecem.

 

 

 

 

 

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