Colunas 2006


"Coluna do Hyder" - Fabio "Hyder" Azevedo

Unificação das Indys - entenda a bagunça

 

Tony George e Bobby Rahal: ninguém supera essa dupla na incompetência administrativa.

 

Olá amigos, as notícias vindo de Indianápolis são quentes, pois, extra-oficialmente, a reunificação já foi consumada, faltando ainda alguns detalhes burocráticos e contratuais. Isso não significar maravilhas imediatas, muito menos alguma garantia para a sobrevivência esportiva de todos os envolvidos. Estou escrevendo de uma forma sincera, pois tenho visto e lido gente escrevendo que será o paraíso à volta do antigo campeonato. Não é bem assim, pois apesar de serem todos norte-americanos, acreditem, a cultura é totalmente diferente, ainda mais quando se trata de gente como Tony George envolvida...

 

Estou afirmando isso, pois há pouco mais de 10 anos toda esta bulha tornou-se oficial. Mas o boato era conhecido antes mesmo de 1995. Em 1992, nosso ilustre administrador do IMS (Indianápolis Motor Speedway) já acenava com uma idéia de categoria norte-americana para norte-americanos, pois a primeira fase de internacionalização da Cart (mais uma vez, sem este lance de Formula Mundial, espero que esta maldição acabe!) era trazer grandes astros estrangeiros para agregar valor ao campeonato com os pilotos estrangeiros que ali estavam e os astros norte-americanos. Isso era excelente, pois a F-1 sentiu muito este golpe e as empresas que patrocinavam e investiam na categoria eram norte-americanas e teriam uma grande exposição mundial, pois existiam nomes “desconhecidos” como Émerson Fittipaldi, Nigel Mansell e Mario Andretti (italiano naturalizado norte-americano). Três grandes campeões do mundo de F-1, fora que a Marlboro Team Penske manteve contatos com Ayrton Senna durante a pré-temporada de 1993. Imaginem uma categoria interiorana dos Estados Unidos, em uma simples tacada, "roubar" as maiores estrelas da maior categoria do automobilismo? Mas, quem assistiu ao filme "Advogado do Diabo" vai lembrar da famosa frase... "A vaidade é dos pecados, o meu favorito..." Com tudo isso, Tony George estava ficando para trás, pois o trabalho de Andrew Craig estava sendo premiado por um estupendo retorno comercial e uma exposição que a categoria nunca antes tinha visto. Isso sem contar que o Mr. Craig – como me referia a ele – era uma simpatia de pessoa. Por isso era respeitado e admirado, sempre conseguindo um sim de um futuro investidor.

 

Acredito que não foi pelo suposto crescimento da IRL como alguns gostam de afirmar para exaltar o trabalho do Tony George, que de tão fracassado foi substituído pelo próprio conselho da categoria e hoje é uma figura quase patética na organização da IRL. Acho que a Cart começou a cair quando a ISL – grande investidora de marketing e divulgação internacional da categoria anunciou, da noite para o dia sua falência, deixando um cenário de caos, pois as premiações dos GPs, os direitos de arena de pilotos, equipes e parte dos promotores não foram pagos. O transporte internacional e a maior cota de patrocínio continuavam sendo da Fedex, mas as coisas estavam mudadas. Gente como Bobby Rahal, Pat Patrick, Chip Ganassi eram a favor do congelamento das ações disponíveis na NYSE (New York Stock Exchange) – a bolsa de Nova York. A divisão de interesses era muito ruim para a categoria, mas eles conseguiram votos de outros chefes de equipe e com isso veio à demissão de Andrew Craig. Adivinhem que assumiu a categoria? Ele, um dos seres mais bestiais já nascidos neste meio, Bobby Rahal *, que conseguiu proezas... Por causa dessa estratégia equivocada, a Honda mostrou-se insatisfeita já que havia comprado alguns milhões de dólares dessas ações e de repente seu dinheiro foi embora. Para completar o estrago, Bobby Rahal resolveu dar uma “mãozinha” para a Toyota colocando um dispositivo na válvula do turbo nos motores Ford e Honda. Desta forma, os Toyota teriam vantagem em relação à concorrência. A citada válvula (pop-off) foi desenvolvida pela (vamos lá, que sabe a resposta?) Toyota. Com isso tudo acontecendo, a Honda anunciou que estava saindo da categoria, levando consigo muitas equipes de ponta. Isso sem contarmos que a Penske já havia deixado há categoria um ano antes, provocando um terremoto na Cart.

 

Então foi a vez da Ganassi, Green (logo depois se tornou a Andretti Green) entre outras equipes menores seguiram o caminho da Honda, Toyota e Penske. Eles não foram embora porque a IRL era um sucesso e sim incentivados pelo período decadente da categoria quando gente como Rahal, Patrick, Ganassi e Walker trataram a categoria como se fosse o mini feudo deles. Que empresa teria segurança em investir alguns milhões de dólares em um campeonato administrado dessa maneira? Joseph Heitzler (novo presidente da Cart depois do tornado chamado Rahal) chegou com muitos projetos e idéias incríveis, mas sempre esbarrava nestes sujeitos perniciosos, mesmo assim, conseguiu ter alguns projetos bem-sucedidos. Depois de decretada falência e vendido os espólios, a categoria teve alguns presidentes, mas sem tanta expressão, principalmente pela mesma ser agora dirigida por um triunvirato. Kevin Kalkoven, Gerry Forsythe e Paul Gentillozzi formaram o consórcio OWRS (Open Wheel Racing Series) e administram tudo desde 2004. As parcerias com a ALMS e com a Grand-Am além da reunificação da Cart com a IRL podem fazer milagres, mas não em curto prazo. O incrível é que isso já causa uma tremenda dor de cabeça no Bill France Jr. e de todo o conselho da Nascar.

 

Um forte abraço.

 

* O Bobby "Barbie" Rahal é o verdadeiro – por mais falso que seja – e se trata de nenhuma agressão verbal ao companheiro colunista Bobby Rahal. Uma pequena sugestão: por que não passar seu nome para Al Unser Jr. ou Rick Mears !!??

 

Fabio "Hyder" Azevedo
                                                                                                                              

 

 

Torcedor do Vasco da Gama e da Associação Atlética Anapolina, fui membro da Penske, atualmente sou Analista de Tecnologia da Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como nunca. Nas quartas-feiras, falarei sobre as minhas experiências na categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos conhecem.

 

 

 

 

 

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