Colunas 2006


"Coluna do Hyder" - Fabio "Hyder" Azevedo

Paul Tracy - o Mito

 

Paul Tracy em 1991: ele deixou de ser "o senhor apronta tudo" para ser o queridinho da torcida.

 

Olá amigos, depois das “emoções” do Milwalkee Mile Day em West Allis, estamos de volta. Para variar, existe o Mário Dominguez para estragar a estratégia e o bom final de semana de um piloto competente, ou vários. Mas isso, infelizmente, acaba sendo coisa de corrida. A coluna de hoje é dedicada a um piloto que hoje é muito referenciado e reverenciado pelo seu brilho e garra na arte de pilotar um carro de corrida. Estou falando de Paul Tracy. O mesmo Paul Tracy de hoje era o Mário Dominguez de outras épocas.

 

O Paul era uma "cria" da Penske e sua estréia na antiga PPG-Indy Car Series ocorreu em 1991 pela Penske – na verdade pela Penske Coyne, já que o regulamento da época limitava as equipes a dois carros no máximo, mas isso poderia ser resolvido com associações. Isso, claro, foi removido das normas do certame no final daquele ano. O carro tinha o mesmo esquema de pintura dos Marlboro Penske Cars, mas ao invés do vermelho da Marlboro, predominava o azul forte da Mobil 1. Era uma pintura até interessante, mas a corrida do jovem canadense, campeão da Indy Lights e grande promessa do futuro do campeonato não durou muito. Era a sua estréia na saudosa Michigan 500 – 500 milhas de Michigan. Acabou machucando os dois tornozelos e ficou fora do certame, mas já havia deixado claro nos treinos que se tratava de um piloto “bota” (aquele quem acelera muito), impressionando a todos. No ano seguinte, formaria o segundo Dream Trio da Penske junto de Emerson e Rick Mears mas um forte acidente no período de classificação acabou deixando Rick com uma tremenda lesão nos ligamentos e ele antecipou a sua aposentadoria. Ele venceu algumas provas, mas ficou conhecido como o encrenqueiro do certame, pois as batidas e encostões nos muros eram marcas registradas.

 

Em 1994, integrava o terceiro Dream Trio, agora com Al Unser Jr. e sempre com Emerson Fittipaldi. Foi um mega sucesso, com os três pilotos na frente, conquistando tudo e não dando chance aos rivais. Durante todo o campeonato, a equipe correu com os motores Ilmor (Uma derivação do Mercedes Benz) enquanto nas 500 milhas de Indianápolis, eles usaram os potentes Mercedes Benz. Não havia chances para mais ninguém. No final de este ano, seguindo, mas um ano de tradição sobre os boatos que anunciavam a separação definitiva de Carl Haas e Paul Newman (desde aquela época já ouvíamos isso), Paul foi "emprestado" para que a equipe pudesse voltar a ter dois carros apenas – puramente questão de negócio. Venceu algumas provas, bateu de frente com Michael Andretti, enquanto isso, testou a Benetton Renault com Michael Schumacher, mas não quis assinar o "contrato" com Flavio Briatore (mais um gente boa) e resolveu permanecer nos Estados Unidos. Em 1996, estaria de volta na equipe Penske. Emerson Fittipaldi estaria "migrando" para a equipe Mobil 1 Marlboro Hogan Penske, onde encerraria ali sua vitoriosa carreira. Tracy ainda venceria mais provas em 1996 e 1997 e sempre arrumando confusão.

 

Em 1998, surpreendeu a todos com o acordo amigável de rescisão de contrato com a Penske e mudou-se para a Kool Green com os potentes Honda. Teria como companheiro Dario Franchitti e mostraria ali muito mais arrogância, confusão, poucos resultados e uma tremenda antipatia por parte da imprensa, pilotos e público. As coletivas que ele dava eram sempre sobre a tutela da Cart, que ajudou muito o Paul neste período. Talvez seja por isso que, no momento mais difícil da Champ Car, ele resolveu não seguir a demanda para a IRL e manteve-se fiel a Cart e aos fãs da categoria. Depois de assinar com Gerry Forsythe e ser o merecido campeão da temporada de 2003, superando o grande favorito – Bruno Junqueira - que até hoje não disse a que veio na Newman Haas.

 

Mas depois da suspensão imposta pela Cart na primeira etapa de 1999, depois das travessuras aprontadas em Houston em 1998 e outras mais, parece que o Paul resolveu colocar a cabeça no lugar. Começou a conter mais o ímpeto, e usar a inteligência aliado ao grande talento que sempre teve. É incrível ver como seu estilo de pilotagem, mesmo com os anos e a queda dos poucos cabelos, ainda sobram na turma e muitos garotos ainda não conseguem emparelhar com ele, mesmo guiando carros inferiores.

 

Mais uma vez escrevo que foi o único piloto de ponta que não sucumbiu ao interesse de ir para a IRL no final de 2002 e mostrou isso, sempre muito claro, pelo amor que sente pela categoria e pelo retorno que sempre teve. Até pouco tempo atrás, ele falava sobre Nascar e depois de guiar um carro da Stock norte-americana, resolveu ficar onde é mais que querido e idolatrado! Com a reunificação, é o cara que vai ser mais badalado, pois foi o único que realmente acreditou. E é isso, além do grande estilo de pilotagem, que fazem dele, um grande ídolo!

 

Um grande abraço.

 

Fabio "Hyder" Azevedo
                                                                                                                              

 

 

Torcedor do Vasco da Gama e da Associação Atlética Anapolina, fui membro da Penske, atualmente sou Analista de Tecnologia da Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como nunca. Nas quartas-feiras, falarei sobre as minhas experiências na categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos conhecem.

 

 

 

 

 

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