Colunas 2006


"Coluna do Hyder" - Fabio "Hyder" Azevedo

A essência do automobilismo - Pilotos

 

Danny Sullivan: ele tinha a atitude que anda faltando para nossos representantes.

 

Olá amigos, como de costume escrevo sempre antes dos GPs, pois não quero ser mais um "profeta do acontecido" e prefiro ficar na expectativa dos acontecimentos. O meu desejo é que os brasileiros façam um belo papel e, se possível, com uma bela vitória. Tanto para o Cristiano como ao Bruno Junqueira, já está na hora de pararem de se lamentarem e começarem a correr como se fosse sua última atitude deles como ser humano. Acho que as críticas são muito importantes para o desenvolvimento pessoal e o meu já tradicional duro julgamento as atuações do Bruno Junqueira (piloto e não ser humano) é justamente neste sentido. É cansativo ver um cara que se formou na escola brasileira contentar-se apenas com posições intermediárias. Já disse várias vezes que a grande corrida desse representante das Minas Gerais foi aquela que ele não ganhou. Em Las Vegas 2004 quando ele estava com a faca entre os dentes, correu muito e mereceu demais vencer. Mas gostei de ver a sua atitude de leão e depois cobrar uma postura mais adequada ao Paul Newman após a prova.

 

Relembrando o assunto da última coluna, estive assistindo alguns vídeos na Internet e não houve como não emocionar-me com corridas do passado e pilotos que não estão mais atuando ou que, infelizmente, deixaram de nos dar alegrias e estão "in memorian". Era evidente perceber como Rick Mears era um piloto diferenciado em sua maneira astuta de pilotar, assim como os dois Al Unser (pai e filho) e os Andretti (Mario e Michael), Emerson, Nigel Mansell (mesmo ficando apenas duas temporadas), Danny e o Bobby. O mais interessante é que mesmo perceber a técnica apurada deles com carros difíceis de pilotar como eram os March, o Chaparral e Lolas. A Penske sempre teve tarefas que, inicialmente eram bem complicadas, mas, depois de realizado o trabalho, sempre se tornavam tendências. Os bicos afilados para "superspeedways", o "fundo chato" e por acreditar em pilotos que muitas vezes poderiam ser considerados aberrações para alguns. O Danny Sullivan era considerado um piloto abaixo das qualificações para estar no time, mas foi campeão, venceu e ajudou muito no desenvolvimento dos carros.

 

Existem pilotos que ganham títulos sem serem tão brilhantes. Bobby Rahal mesmo é um caso a ser estudado e seguido neste exemplo, pois seu último título foi conquistado com uma eficiência incrível. Nos boxes. Carl Hogan era uma raposa no que diz respeito a estratégias e Rahal, sendo um grande piloto, aliado a esta ajudinha do seu sócio sendo campeão naquele ano sem expor-se em comparação a Al Unser Jr. e Michael Andretti. No ano seguinte o certame estava muito equilibrado, pois além de Emerson, Paul Tracy, Mario Andretti, Al Jr., Arie Luyendyk, Bobby Rahal, como atual campeão e desenvolvendo os problemáticos Honda, Raul Boesel (andando até mais que seu carro, um Lola da pequenina Simon), "Il Leone" Nigel Mansell estaria chegando e mostrando as suas garras. É incrível ver como estes caras fazia parecer fácil a arte de pilotar um carro a quase 400 km/h em pistas como Indianápolis e Michigan ou então fazer tudo parecer um jogo de xadrez em pistas saudosas como Mid-Ohio ou Road América.

 

Um pouco mais a frente, fomos agraciados com uma geração que se não começou tão técnica, era dotada de uma garra e disposição de acelerar tão grande, que enchia os olhos de pessoas, mesmo não sendo fãs da categoria, percebiam que era uma geração vencedora. Jacques Villeneuve, Greg Moore, Alessandro Zanardi, Jimmy Vasser, Juan Montoya, André Ribeiro, Gil de Ferran, Christian Fittipaldi, Mark Blundell (este um pouco veterano, mas sempre com o pé pesado), e depois Hélio Castro Neves e Tony Kanaan (provenientes da antiga Indy Lights), Cristiano da Matta, Alex Tagliani, entre tantos outros. Basta ver os vídeos e perceber como era bom vê-los guiando sempre no ápice da velocidade. Uma menção honrosa para os pilotos mexicanos que sempre demonstraram talento, mas muitas vezes não tiveram equipamentos condizentes. Adrian Fernandez era sempre um piloto constante, que tornou-se um piloto de ponta apenas no final de sua história na Cart e Michel Jourdain Jr., outro batalhador, um grande amigo e piloto.

 

Sei que muitos outros não estão sendo citados aqui, mesmo brasileiros, mas perdoem-me. Alguns por esquecimento mesmo e outros por não crer que foram tão velozes assim. Acho que estes eu não precisarei citar os nomes, pois não seria cortês, mas mesmo assim, fizeram parte da história de suas equipes ou da categoria. Vejo que hoje em dia o nível técnico caiu bastante, pois não temos peças de substituição caso Paul Tracy e Sebastien Bourdais resolvessem não correr mais na Champ Car. Lembre-se que quando Zanardi acertou sua ida para a Williams, a categoria trouxe Montoya, mas existiam nomes de peso como Andretti, Unser, Gil, Hélio, Greg, o próprio Tracy para preencher a lacuna.

 

Em relação aos pilotos brasileiros, sinto que Cristiano da Matta pode fazer melhor se estiver motivado e em condições melhores técnicas. Agora que entrou agora na equipe do Carl Russo e ainda tem de pegar o jeito do carro e o Bruno está na hora de acelerar, mas não acredito que ele esqueceu como se pilota. Tenho em mente o Bruno campeão em 2000 na F-3000, o mesmo que calou o Chip Ganassi em 2001 e 2002 quando sempre era colocado de lado em relação aos outros pilotos (como Kenny Brack, Memo Giddley e Scott Dixon). Lembro do Bruno esnobando a Target que estava indo indo para a IRL e preferiu ficar com a Cart e lembro, mais uma vez, de sua grande corrida em Las Vegas. Acho que este estimulo está faltando nele.

 

Atitude. Essa é a característica que separa os homens dos meninos e acredito que muitos pilotos sentem o peso de estar em uma categoria topo de linha. Mesmo pilotos que não tiveram seus nomes citados acima podem sentir-se orgulhosos por correrem em uma categoria tão competitiva como essa. Exceto claro, aqueles pilotos que utilizam e/ou utilizaram meios políticos e para conquistar uma vaga. Infelizmente este exemplo é brasileiro, mas, graças a Deus, não está mais nas pistas.

 

Um grande abraço e até a próxima.

 

Fabio "Hyder" Azevedo
                                                                                                                              

 

 

Torcedor do Vasco da Gama e da Associação Atlética Anapolina, fui membro da Penske, atualmente sou Analista de Tecnologia da Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como nunca. Nas quartas-feiras, falarei sobre as minhas experiências na categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos conhecem.

 

 

 

 

 

Voltar


 

Copyright© 2005 Champ Car Brasil.