"Coluna do
Hyder"
-
Fabio "Hyder" Azevedo
O injustiçado
Moreno
poderia ter
sido um dos grandes heróis do automobilismo se não fosse a falta de
patrocínios.
Olá amigos, depois de quase um mês revigorante de descanso e comemorações pelo meu aniversário – aproveitando este espaço
para agradecer a lembrança dos amigos pelos 30 anos de vida. Muito obrigado
mesmo, cada mensagem foi muito importante e mostrou que, além do carinho dos
familiares, o nosso site tem crescido. – estamos de volta a doce rotina de
lembrar e relembrar cada vez mais esta categoria que mesmo sem tanto brilho
vem sobrevivendo e buscando nos elementos de sua história forças para
ressurgir das cinzas. Há tempos venho pensando em escrever sobre este sujeito,
mas sempre algo impedia que isso tornasse realidade. Mas aproveitei à volta as
atividades e vamos lembrar os três momentos deste herói não apenas por ser um
grande piloto, mas por ser sim um vencedor, nas pistas e na vida. A coluna de
hoje é dedicada a Roberto Pupo Moreno.
Roberto talvez seja um dos caras mais injustiçados dos anos 1980. De grande
talento, campeão mundial de Fórmula Ford, querido por Enzo Ferrari (e quem conhecia
o Il Commentatore sabe que não se gostava de alguém que não mostrasse talento.
Olhos bonitos não conquistavam o velho Ferrari) e eleito por ninguém menos que
Nélson Piquet como um grande gênio passou a ser um piloto medíocre,
ultrapassado e ineficaz. Isso tudo é verdade? Acho que este breve resumo
poderá tirar algumas dúvidas. Roberto já tem uma grande história com a Cart
desde os tempos de Indy Car nos anos 1980 quando corria de March em diversas
equipes pequenas antes de tentar a aventura da Fórmula 1. Em 1996 ele estaria
retornando a categoria pela Payton Coyne e um patrocínio de uma extinta escola
de informática (Data Control). Fazia milagres com aquele Lola-Ford XB (quando
quase todos já utilizavam à versão evoluída XD). Com a perda de patrocínio
perdeu a vaga, mas isso não pode ser considerada uma derrota para o
"Baixo". Com o grave acidente de Christian Fittipaldi na Austrália, o
piloto carioca assumiu o volante do Swift Ford e de cara, classificou-se em
segundo lugar para a Hollywood 400 (GP do Rio de Janeiro). Quis o destino que ele
sairia da prova em um enrosco com Mauricio Gugelmin (pole daquela edição). Fez
outras boas apresentações pelo time, mas isso em nada garantia sua permanência no
campeonato.
A grande chance surgiu em 1999 quando Mark Blundell sofreu um violento
acidente em St. Louis num teste privado antes do GP Telemar Rio 200. Moreno
foi convocado às pressas e fez um belo trabalho não apenas nesta prova, mas em
várias outras até entregar o volante do Reynard Mercedes na etapa de Mid-Ohio.
Logo depois estaria reassumindo a Newman Haas devido ao forte acidente de
Fittipaldi – sempre em St. Louis – e Moreno teve como melhor participação o
segundo lugar em Laguna Seca. Em Fontana estava à disposição da Forsythe, até
mesmo com macacão e banco prontos para substituir Greg Moore. O canadense
estava disposto a sair do time em grande estilo e, infelizmente, quis o
destino que meu grande amigo não tivesse a chance de sair vivo daquele
acidente. Mas este ano tinha sido muito bom para Moreno, o que lhe rendeu um
ano de contrato com a Patrick Racing para o ano 2000. De cara, um segundo
lugar em Miami e uma visível mudança na postura de testes e desenvolvimento da
equipe, pois ele assumiu o lugar de Adrian neste setor e os resultados foram
incríveis. Moreno debutaria em Cleveland no circo dos vencedores depois de
atuações impecáveis. Foi emocionante o "Operário da Velocidade", como o Téo
José chamava-o, vencer e dando show. Chegou à terceiro no campeonato – muito
por problemas de estratégia da equipe e alguns erros dele mesmo.
Em 2001 as coisas estavam diferentes para todos na Cart e a Patrick já acenava
com a possibilidade de uma dupla norte-americana depois da saída de Adrian Fernadez
para a concepção de seu próprio time e a chegada do Jimmy Vasser. Este segundo
norte-americano seria Townsend Bell, que chegou a correr as etapas européias e
alguns ovais, sempre com muitos estragos. Moreno venceu a etapa de Vancouver
dando um show de competência e estratégia culminando com uma linda
ultrapassagem sobre Gil de Ferran. Desde então estaria fazendo corridas
avulsas (chegou a fazer até uma boa seqüência pela Herdez em 2003, mas como instrutor
do Mario Dominguez, por questões claras de patrocinadores).
O grande lamento que este colunista tem é que este piloto poderia ter sido um
dos grandes heróis com grandes conquistas. Talvez, se isso ocorresse, alguns
"entendidos" talvez deixassem de falar e escrever tantas besteiras. Mas para
os verdadeiros fãs e apreciadores de grandes talentos vão concordar comigo
quando falarem, daqui a alguns anos, quem foi este brilhante "Operário da
Velocidade".
Um grande abraço e até a próxima.
Fabio "Hyder" Azevedo
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Torcedor do Vasco da Gama e da
Associação Atlética Anapolina, fui
membro da Penske,
atualmente sou Analista de
Tecnologia da Informação mas continuo
apaixonado pelas corridas como nunca. Nas quartas-feiras, falarei sobre as
minhas experiências na categoria, além de contar histórias dos bastidores que
poucos conhecem.
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