Colunas 2006


"Coluna do Hyder" - Fabio "Hyder" Azevedo

O injustiçado

 

Moreno poderia ter sido um dos grandes heróis do automobilismo se não fosse a falta de patrocínios.

 

Olá amigos, depois de quase um mês revigorante de descanso e comemorações pelo meu aniversário – aproveitando este espaço para agradecer a lembrança dos amigos pelos 30 anos de vida. Muito obrigado mesmo, cada mensagem foi muito importante e mostrou que, além do carinho dos familiares, o nosso site tem crescido. – estamos de volta a doce rotina de lembrar e relembrar cada vez mais esta categoria que mesmo sem tanto brilho vem sobrevivendo e buscando nos elementos de sua história forças para ressurgir das cinzas. Há tempos venho pensando em escrever sobre este sujeito, mas sempre algo impedia que isso tornasse realidade. Mas aproveitei à volta as atividades e vamos lembrar os três momentos deste herói não apenas por ser um grande piloto, mas por ser sim um vencedor, nas pistas e na vida. A coluna de hoje é dedicada a Roberto Pupo Moreno.

Roberto talvez seja um dos caras mais injustiçados dos anos 1980. De grande talento, campeão mundial de Fórmula Ford, querido por Enzo Ferrari (e quem conhecia o Il Commentatore sabe que não se gostava de alguém que não mostrasse talento. Olhos bonitos não conquistavam o velho Ferrari) e eleito por ninguém menos que Nélson Piquet como um grande gênio passou a ser um piloto medíocre, ultrapassado e ineficaz. Isso tudo é verdade? Acho que este breve resumo poderá tirar algumas dúvidas. Roberto já tem uma grande história com a Cart desde os tempos de Indy Car nos anos 1980 quando corria de March em diversas equipes pequenas antes de tentar a aventura da Fórmula 1. Em 1996 ele estaria retornando a categoria pela Payton Coyne e um patrocínio de uma extinta escola de informática (Data Control). Fazia milagres com aquele Lola-Ford XB (quando quase todos já utilizavam à versão evoluída XD). Com a perda de patrocínio perdeu a vaga, mas isso não pode ser considerada uma derrota para o "Baixo". Com o grave acidente de Christian Fittipaldi na Austrália, o piloto carioca assumiu o volante do Swift Ford e de cara, classificou-se em segundo lugar para a Hollywood 400 (GP do Rio de Janeiro). Quis o destino que ele sairia da prova em um enrosco com Mauricio Gugelmin (pole daquela edição). Fez outras boas apresentações pelo time, mas isso em nada garantia sua permanência no campeonato.

A grande chance surgiu em 1999 quando Mark Blundell sofreu um violento acidente em St. Louis num teste privado antes do GP Telemar Rio 200. Moreno foi convocado às pressas e fez um belo trabalho não apenas nesta prova, mas em várias outras até entregar o volante do Reynard Mercedes na etapa de Mid-Ohio. Logo depois estaria reassumindo a Newman Haas devido ao forte acidente de Fittipaldi – sempre em St. Louis – e Moreno teve como melhor participação o segundo lugar em Laguna Seca. Em Fontana estava à disposição da Forsythe, até mesmo com macacão e banco prontos para substituir Greg Moore. O canadense estava disposto a sair do time em grande estilo e, infelizmente, quis o destino que meu grande amigo não tivesse a chance de sair vivo daquele acidente. Mas este ano tinha sido muito bom para Moreno, o que lhe rendeu um ano de contrato com a Patrick Racing para o ano 2000. De cara, um segundo lugar em Miami e uma visível mudança na postura de testes e desenvolvimento da equipe, pois ele assumiu o lugar de Adrian neste setor e os resultados foram incríveis. Moreno debutaria em Cleveland no circo dos vencedores depois de atuações impecáveis. Foi emocionante o "Operário da Velocidade", como o Téo José chamava-o, vencer e dando show. Chegou à terceiro no campeonato – muito por problemas de estratégia da equipe e alguns erros dele mesmo.

Em 2001 as coisas estavam diferentes para todos na Cart e a Patrick já acenava com a possibilidade de uma dupla norte-americana depois da saída de Adrian Fernadez para a concepção de seu próprio time e a chegada do Jimmy Vasser. Este segundo norte-americano seria Townsend Bell, que chegou a correr as etapas européias e alguns ovais, sempre com muitos estragos. Moreno venceu a etapa de Vancouver dando um show de competência e estratégia culminando com uma linda ultrapassagem sobre Gil de Ferran. Desde então estaria fazendo corridas avulsas (chegou a fazer até uma boa seqüência pela Herdez em 2003, mas como instrutor do Mario Dominguez, por questões claras de patrocinadores).


O grande lamento que este colunista tem é que este piloto poderia ter sido um dos grandes heróis com grandes conquistas. Talvez, se isso ocorresse, alguns "entendidos" talvez deixassem de falar e escrever tantas besteiras. Mas para os verdadeiros fãs e apreciadores de grandes talentos vão concordar comigo quando falarem, daqui a alguns anos, quem foi este brilhante "Operário da Velocidade".

 

Um grande abraço e até a próxima.

 

Fabio "Hyder" Azevedo
                                                                                                                              

 

 

Torcedor do Vasco da Gama e da Associação Atlética Anapolina, fui membro da Penske, atualmente sou Analista de Tecnologia da Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como nunca. Nas quartas-feiras, falarei sobre as minhas experiências na categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos conhecem.

 

 

 

 

 

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