Coluna "Acelerando
no Tempo"
- Bobby Rahal
História
dos Circuitos de Corrida - Watkins Glen International
Watkins Glen é uma pequena
localidade situada na região norte do estado norte-americano de Nova York,
numa região chamada Finger Lakes, famosa pela beleza da paisagem e pela
indústria de vinhos. Ela fica próxima aos importantes centros urbanos de
Buffalo, Syracuse, Rochester e Binghamton.
Para quem conhece automobilismo entretanto Watkins Glen é um nome que faz
parte da história e da tradição do automobilismo, graças ao famoso circuito
misto permanente de Watkins Glen International, chamado de "The Glen" ou "Thunder
Road".
Ele foi construído como circuito permanente em 1956, mas desde 1948 por
iniciativa do estudante de direito Cameron Argentsinger aconteciam corridas de
estilo europeu no local, aproveitando as ruas e as estradas da região.
A partir de 1961, o circuito de Watkins Glen tornou-se a sede do Grande Prêmio
dos Estados Unidos de Fórmula 1 e isso tornou o local mundialmente conhecido.
Desde cedo o perigoso circuito com mudanças de elevação marcantes e curvas
rápidas e abauladas tornou-se um lugar de acontecimentos extraordinários para
a história do automobilismo americano e mundial.
Foi ali, no ano de estréia do circuito no calendário da Fórmula 1 em 1961, que
o piloto inglês Innes Ireland venceu a primeira prova da lendária equipe
Lotus, iniciando uma trajetória vitoriosa da equipe que levaria a várias
vitórias e títulos mundiais.
Foi em Watkins Glen que em 1970 o jovem piloto brasileiro Émerson Fittipaldi,
no seu ano de estréia na categoria, obteve a primeira de suas 14 vitórias na
Fórmula 1. A vitória de Émerson em Watkins Glen garantiu matematicamente o
título da temporada de 1970 para o piloto austríaco Jochen Rindt, companheiro
de Emerson na equipe Lotus, que havia morrido num acidente nos treinos para a
prova anterior, em Monza. Rindt sagrou-se em Watkins Glen o único piloto
campeão do mundo póstumo da história da Fórmula 1.
Também foi em Watkins Glen que Emerson assegurou o título mundial da temporada
de 1974 com a McLaren, ao derrotar Clay Regazzoni, da Ferrari, na última prova
daquela temporada.
A carreira de Émerson Fittipaldi na Fórmula 1 terminaria seis anos depois, em
1980, justamente em Watkins Glen. Aquela foi a última prova de Émerson na
categoria, abalado por um acidente múltiplo na prova anterior em Montreal (no
GP do Canadá) e disposto a prosseguir na categoria apenas como dono de equipe.
A prova de 1980 foi também a última da Fórmula 1 em Watkins Glen, pois naquela
época o circuito passou a enfrentar sérias dificuldades financeiras que quase
levaram ao seu fechamento. Após uma prova da Fórmula Cart disputada em 1981, o
circuito de Watkins Glen não receberia qualquer prova importante nos 3 anos
seguintes.
A salvação viria em 1983, quando o circuito foi adquirido pela Corning
Enterprises (uma subsidiária da Corning Glass Works, fabricante de vidros
pirex) em associação com a International Speedway Corp. (ISC).
Isso permitiu que em 1986 o circuito entrasse para o calendário da divisão
principal da Nascar e se reerguesse como um dos mais importantes do país. Esse
foi um fato que teve significado mais do que simbólico, pois a primeira
corrida profissional disputada no circuito permanente aconteceu em 1957 e foi
justamente uma prova de Nascar vencida por Buck Baker.
Em 1997 a ISC compraria a parte da Corning no negócio e se tornaria a única
proprietária do circuito de Watkins Glen, como é até hoje.
Finalmente, em 2005 o automobilismo de monopostos fez o seu retorno triunfal
ao velho circuito, após uma ausência de 24 anos desde a prova da Fórmula Cart
de 1981. Foi o "Watkins Glen Indy Grand Prix presented by Argent Mortgage" no
dia 25 de setembro, que resgatou também a tradicional data de início do outono
quando acontecia antigamente o GP dos Estados Unidos de Fórmula 1, mas agora
com os monopostos da IRL. A corrida teve 60 voltas num circuito de 3,370
milhas (5,430 km), totalizando aproximadamente 200 milhas de extensão.
Como curiosidade histórica, o circuito resgatou com a IRL um trecho conhecido
como "The Boot" (A Bota) que fica logo após a maior reta do circuito e que foi
inaugurado no GP dos Estados Unidos de 1972, mas que não vinha sendo utilizado
nas corridas da Nascar.
De fato o circuito de Watkins Glen onde a IRL corre difere significativamente
do circuito da Nascar pela inclusão da parte da "Bota" e pela exclusão de um
trecho chamado de "Inner Loop", uma chicane no final da maior reta do
circuito.
O circuito de Watkins Glen onde a Nascar Nextel Cup corre: sem a "Bota" e com
o "Inner Loop", tem a extensão de 2,450 milhas (3,900 km). O circuito "Grand
Prix" de Watkins Glen onde a Fórmula 1 correu um dia e a IRL corre: com a
"Bota" e sem o "Inner Loop", extensão de 3,370 milhas (5,430 km).
As curvas de Watkins Glen são uma atração a parte. Embora seja um circuito
misto permanente, as curvas possuem inclinações variando de 6 a 10 graus. Por
outro lado, em se tratando de uma pista antiga, a largura é em média de apenas
38 pés (cerca de 11,5 metros), o que durante a corrida poderá ser pouco,
tornando o circuito estreito. Exemplificando, a prova em Watkins Glen poderá
eventualmente ser como em Sonoma, onde um carro lento poderá seguir
trajetórias defensivas e segurar todo mundo atrás dele, tornando as
ultrapassagens escassas e difíceis.
Mas isso são apenas detalhes. Rever Watkins Glen será reviver a própria
história do automobilismo, pois o traçado da pista está praticamente como era
em 1972, com pouquíssimas modificações. Continua sendo um circuito muito
rápido e assustador, de deixar os cabelos em pé. Imperdível para quem gosta de
automobilismo.
Watkins Glen
International (Estados Unidos).
Watkins Glen International |
Extensão |
Misto
- 3,400 milhas |
Curvas |
11 |
Reta principal |
655,32 metros |
Reta oposta |
792,48 metros |
Largura da pista |
11 a
14,63 metros |
Inclinação |
6 a
10 graus |
Capacidade |
41.000 pessoas |
Inauguração |
1948
|
Direto do Túnel do Tempo
Émerson Fittipaldi vence
em Watkins Glen o GP dos Estados Unidos de 1970 a bordo do Lotus, com o número
24 pintado no carro. No Brasil esse número é mal visto e Emerson sempre fez
piada do fato.
François Cevert e Jackie
Stewart eram pilotos da Tyrrel em 1973. O título de Stewart já estava
garantido por antecipação quando equipes e pilotos chegaram a Watkins Glen
para a última prova da temporada de 1973 e aquela prova seria a centésima
prova de Stewart na Fórmula 1, que se aposentaria logo após. Não houve tempo
para isso. Cevert, considerado herdeiro natural do tricampeão Stewart, morreu
nos treinos do sábado em Watkins Glen, num acidente no trecho de "esses" em
subida logo após a curva 1. O acidente foi violento e cruel, com a Tyrrel de
Cevert sendo praticamente arremessada de cima para baixo sobre as lâminas
afiadas do guard rail. Dizem que Cevert morreu degolado pelo acidente. Stewart,
amargurado nem disputou a prova do dia seguinte e abandonou a Fórmula 1 sem
ter completado as 100 corridas na carreira.
Os guard-rails de
Watkins Glen, chamados de Armco Barriers, eram assassinos. Um ano depois da
morte de Cevert, outro piloto de Fórmula 1 morreria durante o GP dos Estados
Unidos de 1974. Era o austríaco Helmut Koinigg. Segundo dizem, o carro bateu
de frente em um desses guard-rails, que cedeu. Digamos que o carro entrou
através da cerca mas a cabeça do piloto ficou...
Em 1980 aconteceu o último GP dos Estados Unidos de Fórmula 1 em Watkins Glen.
Foi também a despedida de Émerson Fittipaldi da Fórmula 1.
Um abraço, cuidem-se bem e
tenham uma grande semana!
Bobby Rahal
bobby-rahal@bol.com.br
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Uso o nick de "Bobby Rahal" mas devo dizer que nem fã dele eu sou e
muito menos sósia. Esse nick surgiu quando eu era forista do saudoso
fórum Warmup (do site do Flavio Gomes) e um colega meu (esse sim um
careca sósia do Bobby Rahal) postou no fórum Warmup com esse nick e
foi embora deixando o cadastro feito. Sendo assim, já que estava
cadastrado mesmo, continuei usando o nick até que o fórum Warmup
acabou. Fui para o fórum SuperLicença e me cadastrei como "Bobby
Rahal", já que estava acostumado com o nick e assim permaneço até
hoje com ele.
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