Colunas 2006


"Coluna do Hyder" - Fabio "Hyder" Azevedo

Uma mudança de vida

 

Túnel de vento da Lola Cars sendo usado para o desenvolvimento dos chassis da Champ Car.

 

Olá pessoal. As notícias da recuperação do Cristiano da Matta são cada vez mais animadoras e a saída da UTI está marcada para algumas horas. Depois de um susto grande, é muito bom ver a melhora do Kiki, daquela maneira bem constante e consistente. Foi muito legal relembrar a Galmer e agora vamos falar de uma das maiores parceiras da Cart em toda a sua existência. A Lola Cars que desde 1979 (estreou nas 500 milhas de Indianápolis) venceu 173 corridas, conquistou 169 pole positions, marcou mais de 22 mil pontos e liderou 409.393 voltas.

A história de sucesso desta fábrica não se limita apenas Cart, pois ela tem várias conquistas em diversas categorias e um recente fracasso num ingresso frustrado na Fórmula 1. É importante lembrar também que o pacote da Cart após 2002 tem uma tendência muito forte da Lola. Eu explico: A idéia de Chris Pook era utilizar os motores aspirados da MG-Roover em detrimento aos Ford XD Turbo V8. Mas estes motores teriam de receber carros novos e a grande idéia, digamos assim, da nova Cart era ter uma categoria competitiva com custos mais baixos e um carro novo não estava sendo cogitado por ninguém naquele momento critico. Acredito que os dirigentes da época acertaram, pois logo depois a MG descontinuou sua linha de motores para carros Fórmula, que havia sido criada recentemente. E a Ford entrou nesta história não apenas como fornecedora dos motores, mas como elemento forte de marketing também. Hoje o cenário é diferente, pois como fornecedora exclusiva, a fabricante passou a dominar as regras e tendo um custo mais elevado aos chefes de equipe, sem contar que este carro atual é um projeto, revisado anualmente, de 2001. Como estamos caminhando para a segunda metade de 2006, já são quase cinco anos de um projeto que nasceu vencedor, mas que, sem a concorrência esperada, acomodou-se.

Um pouco desta vitoriosa história será apresentada. Nos anos 1980 a Lola era considerada o chassi básico da categoria, pois a March já se encontrava em franca decadência e não sendo competitivo em todas as pistas do PPG Cup e os carros da Penske eram quase que exclusivos da equipe de Reading, com raríssimas exceções, como no caso das extintas Bettenhausen Motorsports e Patrick Racing. Os carros da Lola tinham grande vantagem de ter, na maioria das equipes, a mais concentrada base de informações, pois com a variedade de pistas (ovais curtos, médios e superspeedways e mistos temporários e permanentes) a fábrica conseguia não apenas um, mas vários acertos básicos possíveis para geração de asas e peças sobressalentes exclusivas.

Um dos grandes parceiros da Lola sempre foi a Newman Haas. Tanto que o pior período passado pela fabricante foi quando a equipe de Lincolnshire resolveu adotar os carros da Swift (uma parceria entre Carl Haas e Hiro Matsushita). Outras equipes estavam migrando suas atenções e operações para a emergente Reynard e os carros Eagle de Dan Gurney não apresentavam grande competitividade para disputar um título e era um produto muito mais barato. Uma idéia clara é que a Lola em 1998 tinha como cliente apenas a Davis Racing e eles tiveram muito trabalho naquele ano, pois o Arnd Meyer era o condutor do carro - não se pode chamá-lo de piloto. Em 1999 as coisas melhoraram um pouco com equipes como Hogan e Payton Coyne utilizando os carros Lola, visivelmente melhorados. Mas o grande impulso da Lola foi à reutilização dos carros pela Newman Haas depois de três anos sem muito sucesso utilizando os chassis "próprios". Até mesmo a Penske já utilizou os carros Lola em 1999, notícia esta marcada felá infelicidade do falecimento de Gonzalo Rodrigues em Laguna Seca.

A Lola já mostrava uma grande evolução com novas asas dianteiras e adaptou-se melhor ao novo regulamento da Cart à época. A penske deixaria de produzir seus próprios carros e a Eagle também deixaria de correr, tanto como fabricante de chassis como equipe, pois as equipes AAR, Team Gordon desapareceram e a Della Penna Motorsports simplesmente passou a ser sombra do que um dia cogitou ser em meados de 1997.

No início de 2002 a Lola e todos os membros da comunidade da Cart receberam a surpreendente notícia da falência da Reynard Cars. De repente, a Lola passou a ser a fornecedora de carros para as principais equipes devido às peças atualizadas. E no final desta temporada a Lola despede-se da Champ Car depois de mais de 20 anos de parceria vitoriosa. Pelos menos por três anos, que o contrato com a Panoz exige exclusividade. E a Silly Season for confirmada, teremos, pelo menos, 22 novos DP01 no grid de largada da abertura do campeonato em Long Beach ano que vem.

Vira-se uma página cheia de vitórias, grandes conquistas e uma tremenda lealdade e parte-se para um futuro de disputar num mercado cada vez mais competitivo e atualizado depois de anos de constância e uma excelente parceria. Uma nova era têm início e com isso, uma era de prosperidade para a Champ Car, na sua luta para ser estabelecida e restabelecida no cenário local e internacional. Mesmo que isso custe o ego de certos "entendidos".

* Jacques Villeneuve pode ser anunciado para ser o substituto de Cristiano da Matta na Rusport. Jacques tenha certeza que a Champ Car é mais segura que outras categorias, disso não tenha dúvidas.

 

Um grande abraço e até a próxima.
 

Fabio "Hyder" Azevedo
                                                                                                                              

 

 

Torcedor do Vasco da Gama e da Associação Atlética Anapolina, fui membro da Penske, atualmente sou Analista de Tecnologia da Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como nunca. Nas quartas-feiras, falarei sobre as minhas experiências na categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos conhecem.

 

 

 

 

 

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