"Coluna do
Hyder"
-
Fabio "Hyder" Azevedo
O mercado
e a política no automobilismo
Projetos como o Brahma Sports Team é coisa do passado.
Olá pessoal,
novamente retornamos ao nosso encontro semanal. Em um feriado
prolongado aqui no Rio estou de plantão na empresa, tudo está bem
tranqüilo, e a cabeça já começa a trabalhar os planos para o ano de
2007 que, queiram ou não, já está arrumando as malas para chegar.
Desde que voltei a escrever para o site e, conseqüentemente, para a
Revista Faster, resolvi colocar coisas que enalteceram a Cart em
frente a qualquer outra categoria, tanto por seu passado brilhante
como pelo seu futuro promissor. Mas uma informação deixou uma ponta
de curiosidade no ar.
Desde a falência da antiga Cart Inc., a empresa de capital aberto na
Bolsa de Nova Iorque que geria o campeonato da Champ Car que passou
pelo processo do leilão dos espólios (contratos, carros, motores)
até os dias atuais a nova empresa – o consórcio OWRS (formado por
Kevin Kalkhoven, Gerald Forsythe e Paul Gentillozzi) tem conseguido
proezas. Em três anos, a nova Champ car apresentou um lucro de US$
100.000,00 (isso após pagar os acordos judiciais assumidos com as
cortes e falência de Nova Iorque e Michigan). Mas ainda assim a
situação não está muito fácil, pois a recessão que está acontecendo
nos Estados Unidos reduz os investimentos em setores como o
automobilismo, que em momento de crise são os primeiros a sofrerem
cortes. Digo isso, pois no governo de George Bush (Pai), após oito
anos de Ronald Reagan, a recessão do pós-guerra do Golfo arruinou
muitos negócios, inclusive no esporte. Equipes não desapareceram por
muito pouco, mas a situação começou a melhorar com o mandato de Bill
Clinton que fez a economia norte-americana reascendeu e a Cart teve
neste período seu ápice financeiro, em marketing e na divulgação de
marca.
Grandes empresas como Pennzoil, K-Mart, Budweiser, Ralph´s, LCI, MCI
World.com abandonaram a categoria por causa da cisão Cart x IRL e
preferiram investir na Nascar onde à audiência e a preferência do
público – razão de qualquer negócio sério – eram maiores, outras
faliram ou foram envolvidas em escândalos internacionais e optaram
por abandonar cotas tradicionais. Teve uma empresa brasileira que
começou forte nas competições e depois saiu de uma forma covarde. A
atual AmBev, através de sua marca Brahma, chegou a ter uma equipe
própria ao bancar o carro da equipe de Barry Green, tinha rompido
uma antiga parceria com Gerry Forsythe.
Quem não lembra do Brahma Sports Team? Era um projeto interessante
que poderiam ter aberto as portas para a entrada de outras marcas
nacionais numa categoria vivia um crescimento constante e contínuo.
Para azar brasileiro, o Reynard Ford usado pela equipe apresentava
problemas no bloco do motor com as peças desenvolvidas pela fábrica
apresentando constantes quebras. Por teimosia da equipe ou mesmo da
Ford, trouxeram um engenheiro italiano chamado Roberto Fontana para
fica exclusivamente com este motor e investigar o que estava
acontecendo. Ninguém quis ceder e no final daquele ano a parceria
terminou com a empresa brasileira indo patrocinar dois carros na
equipe Patrick e a Green assinando um logo contrato com a Honda e a
marca de cigarros Kool. Antes da Brahma, em 1993 os cigarros
Hollywood (da Souza Cruz) estrearam na Simon com Mauricio Gugelmin.
Um ano depois foi para a emergente Ganassi e, em 1995 firmaram um
longo contrato com a Pacwest. Outras empresas, com investimentos
menores começaram a participar devido ao forte pacote televisivo da
época com o SBT que mantinha uma equipe permanente nos Estados
Unidos para a cobertura das provas.
Infelizmente não temos mais empresas brasileiras envolvidas em
grandes patrocínios como antes devido a vários fatores como a carga
de impostos sobre patrocínios que o ex-presidente FHC deixou como
legado o que tornou o patrocínio internacional um negócio de
altíssimo risco.
Temos empresas fortes, mas com uma categoria sem um pacote de TV
descente fica inviável alguém querer colocar uma pequena fortuna num
esporte sem ter retorno de mídia. Dei uma tremenda volta para que
vejam que um país não é só feito de escândalos, mas de trabalho
duro, independente de sua opção política e partidária. Pergunte ao
investidor norte-americano se ele preferia os dias atuais aos dias
entre 1993 a 2000? Uma coisa é certa: temos muitas empresas fortes,
mais que há 13 anos atrás que até teriam grande interesse em
patrocinar eventos e temporadas, mas esta cisão gera uma tremenda
crise de identidade em ambas as categorias que, se unidas, poderiam
ser o que já foram antigamente e teriam um pacote televisivo que
permitiria as empresas divulgarem suas marcas.
Além de empresas brasileiras fortes que poderia estar expondo suas
marcas no exterior, temos também grandes profissionais – não citarei
nomes para não ser injusto – que têm condições de manter operações
de sucesso com investimento nacional. Temos de parar com a idéia que
devemos apenas fortalecer uma única categoria. A Stock Car hoje em
dia é muito forte por causa da forte presença da TV Globo. Será que
a se a CNT – com todo respeito à empresa e seus profissionais –
estivesse no lugar da Globo, quantas empresas estariam envolvidas
nesse campeonato?
Para finalizar, sabedoria e clareza na hora da decisão pessoal, para
escolher a melhor opção para gerenciar esta grande empresa chamada
Brasil nos próximos quatro anos.
OBS: Estarei participando de uma meia maratona depois de vários anos
sem correr e conto com a torcida de todos. Vou entrar para ganhar,
mas se chegar entre os 100... Será bem divertido.
Um grande abraço e até a próxima.
Fabio "Hyder" Azevedo
http://blogdohyder.blogspot.com
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Torcedor do Vasco da Gama e da
Associação Atlética Anapolina, fui
membro da Penske,
atualmente sou Analista de
Tecnologia da Informação mas continuo
apaixonado pelas corridas como nunca. Todas as semanas, falarei sobre as
minhas experiências na categoria, além de contar histórias dos bastidores que
poucos conhecem.
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