Colunas 2006


"Coluna do Hyder" - Fabio "Hyder" Azevedo

O mercado e a política no automobilismo

 

Projetos como o Brahma Sports Team é coisa do passado.

 

Olá pessoal, novamente retornamos ao nosso encontro semanal. Em um feriado prolongado aqui no Rio estou de plantão na empresa, tudo está bem tranqüilo, e a cabeça já começa a trabalhar os planos para o ano de 2007 que, queiram ou não, já está arrumando as malas para chegar. Desde que voltei a escrever para o site e, conseqüentemente, para a Revista Faster, resolvi colocar coisas que enalteceram a Cart em frente a qualquer outra categoria, tanto por seu passado brilhante como pelo seu futuro promissor. Mas uma informação deixou uma ponta de curiosidade no ar.

Desde a falência da antiga Cart Inc., a empresa de capital aberto na Bolsa de Nova Iorque que geria o campeonato da Champ Car que passou pelo processo do leilão dos espólios (contratos, carros, motores) até os dias atuais a nova empresa – o consórcio OWRS (formado por Kevin Kalkhoven, Gerald Forsythe e Paul Gentillozzi) tem conseguido proezas. Em três anos, a nova Champ car apresentou um lucro de US$ 100.000,00 (isso após pagar os acordos judiciais assumidos com as cortes e falência de Nova Iorque e Michigan). Mas ainda assim a situação não está muito fácil, pois a recessão que está acontecendo nos Estados Unidos reduz os investimentos em setores como o automobilismo, que em momento de crise são os primeiros a sofrerem cortes. Digo isso, pois no governo de George Bush (Pai), após oito anos de Ronald Reagan, a recessão do pós-guerra do Golfo arruinou muitos negócios, inclusive no esporte. Equipes não desapareceram por muito pouco, mas a situação começou a melhorar com o mandato de Bill Clinton que fez a economia norte-americana reascendeu e a Cart teve neste período seu ápice financeiro, em marketing e na divulgação de marca.

Grandes empresas como Pennzoil, K-Mart, Budweiser, Ralph´s, LCI, MCI World.com abandonaram a categoria por causa da cisão Cart x IRL e preferiram investir na Nascar onde à audiência e a preferência do público – razão de qualquer negócio sério – eram maiores, outras faliram ou foram envolvidas em escândalos internacionais e optaram por abandonar cotas tradicionais. Teve uma empresa brasileira que começou forte nas competições e depois saiu de uma forma covarde. A atual AmBev, através de sua marca Brahma, chegou a ter uma equipe própria ao bancar o carro da equipe de Barry Green, tinha rompido uma antiga parceria com Gerry Forsythe.

Quem não lembra do Brahma Sports Team? Era um projeto interessante que poderiam ter aberto as portas para a entrada de outras marcas nacionais numa categoria vivia um crescimento constante e contínuo. Para azar brasileiro, o Reynard Ford usado pela equipe apresentava problemas no bloco do motor com as peças desenvolvidas pela fábrica apresentando constantes quebras. Por teimosia da equipe ou mesmo da Ford, trouxeram um engenheiro italiano chamado Roberto Fontana para fica exclusivamente com este motor e investigar o que estava acontecendo. Ninguém quis ceder e no final daquele ano a parceria terminou com a empresa brasileira indo patrocinar dois carros na equipe Patrick e a Green assinando um logo contrato com a Honda e a marca de cigarros Kool. Antes da Brahma, em 1993 os cigarros Hollywood (da Souza Cruz) estrearam na Simon com Mauricio Gugelmin. Um ano depois foi para a emergente Ganassi e, em 1995 firmaram um longo contrato com a Pacwest. Outras empresas, com investimentos menores começaram a participar devido ao forte pacote televisivo da época com o SBT que mantinha uma equipe permanente nos Estados Unidos para a cobertura das provas.

Infelizmente não temos mais empresas brasileiras envolvidas em grandes patrocínios como antes devido a vários fatores como a carga de impostos sobre patrocínios que o ex-presidente FHC deixou como legado o que tornou o patrocínio internacional um negócio de altíssimo risco.

Temos empresas fortes, mas com uma categoria sem um pacote de TV descente fica inviável alguém querer colocar uma pequena fortuna num esporte sem ter retorno de mídia. Dei uma tremenda volta para que vejam que um país não é só feito de escândalos, mas de trabalho duro, independente de sua opção política e partidária. Pergunte ao investidor norte-americano se ele preferia os dias atuais aos dias entre 1993 a 2000? Uma coisa é certa: temos muitas empresas fortes, mais que há 13 anos atrás que até teriam grande interesse em patrocinar eventos e temporadas, mas esta cisão gera uma tremenda crise de identidade em ambas as categorias que, se unidas, poderiam ser o que já foram antigamente e teriam um pacote televisivo que permitiria as empresas divulgarem suas marcas.

Além de empresas brasileiras fortes que poderia estar expondo suas marcas no exterior, temos também grandes profissionais – não citarei nomes para não ser injusto – que têm condições de manter operações de sucesso com investimento nacional. Temos de parar com a idéia que devemos apenas fortalecer uma única categoria. A Stock Car hoje em dia é muito forte por causa da forte presença da TV Globo. Será que a se a CNT – com todo respeito à empresa e seus profissionais – estivesse no lugar da Globo, quantas empresas estariam envolvidas nesse campeonato?

Para finalizar, sabedoria e clareza na hora da decisão pessoal, para escolher a melhor opção para gerenciar esta grande empresa chamada Brasil nos próximos quatro anos.


OBS: Estarei participando de uma meia maratona depois de vários anos sem correr e conto com a torcida de todos. Vou entrar para ganhar, mas se chegar entre os 100... Será bem divertido.

 

Um grande abraço e até a próxima.

 

Fabio "Hyder" Azevedo
http://blogdohyder.blogspot.com                                                                             

 

 

Torcedor do Vasco da Gama e da Associação Atlética Anapolina, fui membro da Penske, atualmente sou Analista de Tecnologia da Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como nunca. Todas as semanas, falarei sobre as minhas experiências na categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos conhecem.

 

 

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