"Coluna do Hyder" - Fabio
"Hyder" Azevedo
Vitoriosos e
"Vitoriosos"
“Little
Al” é a prova de que um verdadeiro campeão não precisa se achar superior
às outras pessoas.
Olá pessoal,
espero que estejam
todos muito bem. Uma tremenda correria e novos projetos surgindo. Manter o
comprometimento e a determinação não é uma tarefa fácil, mas é muito
gratificante ver os resultados e ver como as coisas acontecem. Confesso
que, pelo tanto de coisas com a qual estou comprometido, profissional e
pessoalmente falando, deu um branco no que escrever. E resolvi buscar
inspiração correndo em volta da Lagoa. Para quem mora na cidade
maravilhosa ou conhece este lugar tão lindo, sabe bem do que estou
falando. Um belo dia realizei um dos meus sonhos que era entrar neste
mundinho fechado e restrito que era do mundo da Formula Indy (hoje em dia
Champ Car). E de cara conheci o cara que, depois de Ayrton Senna e Rick
Mears, era o grande ídolo no esporte. Estou falando de Al Unser Jr.
Como sempre faço, não vou utilizar este espaço para biografias ou
estatísticas sobre a carreira ou coisas assim, mas quero aproveitar este
espaço para falar da simpatia, paciência e grande capacidade de pilotar
deste cara que, mesmo sofrendo o pior ano da Penske, com alguns parafusos
na perna direita, com a filha sofrendo de leucemia e o casamento sendo
deteriorado junto com um vício horroroso pelo cigarro, jamais deixou que
seu desempenho ficasse abaixo de seu histórico profissional. Lembro que as
primeiras palavras que falei para ele, após esta escala de ídolos, eram
sobre a minha ira em um primeiro momento contra ele e como isso fez ser um
fã muito grande deste cara. Tudo começou nas 500 milhas de Indianápolis de
1992, pois com um carro relativamente ruim – o Galmer – em relação aos
Lolas e Penske, ele conseguiu vencer e vencer com estilo. Ali eu vi que
este cara não era um piloto qualquer. O Bicampeão da Cart e duas vezes
vencedor das tradicionais 500 milhas era considerado por muitos, como o
Nigel Mansell da Cart, só que muito melhor.
Depois das tentativas frustradas de Roger Penske de contratar Ayrton
Senna, ele não pensou duas vezes e trouxe o veterano piloto da Galles para
ocupar o inesquecível carro nº. 31. Era incrível como tinha sorte, pois
Fittipaldi, com quase uma volta sobre Unser Jr. em Indianápolis em 1994
conseguiu bater sozinho deixando a corrida e a vitória no colo desta
raposa. Conseguiu com estilo a conquista daquele campeonato. Os anos
seguintes foram de sucessos menos freqüentes, incluindo-se aí o erro
pessoal de Roger Penske na estratégia de classificação das 500 milhas em
1995 e o vice-campeonato do mesmo ano. Em 1996 foi incrível que, com uma
tremenda regularidade, chegou entre os quatro primeiros da temporada sem
vencer uma corrida. Não por falta de garra ou inteligência, mas o motor
Mercedes já demonstrava estar perdendo terreno para os outros.
Em 1998 as coisas estavam muito nebulosas na Penske devido à falta de bons
resultados com o novo projeto e as pressões sobre a mais bem estruturada e
tradicional equipe do campeonato eram maiores que em qualquer outro time.
Mas o piloto não desistia e sempre apresentava grandes espetáculos com um
carro bem ruim. Depois de muita discussão, ele conseguiu “dobrar” o
tradicionalismo da Penske e fez com que os cofres fossem abertos e três
Lolas fossem comprados. Mas nada dava jeito, pois os pneus Goodyear e os
fracos motores Mercedes-Benz não contribuíram com nada. Numa mudança total
de foco e rota, Al Jr. foi um dos sacrificados. Mesmo assim, saiu como um
vitorioso, como um vencedor que não abandonou o barco em momentos
críticos, pessoais e profissionais.
O que me fez e ainda faz tê-lo como um ídolo é que nunca desistiu e
utilizou disso como motivos para ser arrogante como uns e outros que foram
tentar o sucesso na Europa e voltaram correndo para a América do Norte.
Ele venceu o vício do álcool e conseguiu diminuir a utilização de tabaco.
Ao contrário destes que são amigos e ídolos apenas na frente das câmeras e
por fora são o que são arrogantes e mínimos como seres humanos, Al Jr.
sempre teve a paciência para entender e repassar bem o que os engenheiros
queriam assim como ser um excelente relações públicas de seus
patrocinadores e agradar os fãs – como eu, por exemplo. Hoje ele tem como
meta colocar seu filho neste mundo onde os campeões não se formam apenas
dentro das pistas, mas fora também, honrando e respeitando compromissos
assumidos e pessoas. Algo que marcou bastante foi durante a etapa
brasileira de 1999 quando ele ia caminhando do paddock ao pit lane com o
auxilio de uma bengala. Sentia dores insuportáveis, mas ainda sim
conseguiu classificar seu carro. Final da prova teve a humildade de
cumprimentar cada membro do time pelo auxilio e bom trabalho efetuado num
carro tão bonito, mas tão ruim que dava pena de vê-lo sendo superado
facilmente pelos Toyotas da Arciero Wells. Depois disso, já de roupa
trocada, foi conversar com a imprensa e atender a alguns fãs. Lembro de
ter desejado melhor sorte nas outras provas e ele, com um sorriso maroto
me dizia que só sorte não daria. Foi ali que percebi que um campeão não
precisa ser o melhor na arrogância.
Falo isso, pois convivi com este time e cansei de presenciar atitudes
dignas de um campeão ajudando outros colegas, nunca se negando a trocar
informações e sempre, mas sempre sendo um cara que trazia uma boa
atmosfera. Na sua aventura na IRL, ele teve a grandeza de parar por um
tempo para poder se tratar, pois chegou ao fundo do poço e depois, venceu,
categoricamente, em sua ultima vitória.
Campeões são formados desta forma. E não pela covardia. Que muitos que
foram e voltaram possam estar inspirados neste exemplo de grandeza e
humildade!
Um grande
abraço e até a próxima.
Fabio
"Hyder" Azevedo
http://blogdohyder.blogspot.com
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Torcedor do Vasco da Gama
e da Associação Atlética Anapolina, fui membro da Penske,
atualmente sou Analista de Tecnologia da
Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como
nunca. Todas as semanas, falarei sobre as minhas experiências na
categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos
conhecem.
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