Hermanos Rodrigues - Cidade
do México
Por Bobby
Rahal
A temporada
da
Champ Car
chega ao seu final novamente na Cidade do México.
Segundo uma lenda
asteca, a tribo nômade chamada Aztlán foi fixada nesta região devido
a uma mensagem do Deus Huitzilopochtli, o qual disse que um império
deveria ser formado onde estes vissem uma águia pousada sobre um
cacto devorando uma serpente. Independentemente de crença, lenda e
mistérios, uma grande cidade ali se fez e hoje ocupa a posição de
uma das maiores megalópoles do mundo e um importantíssimo centro
financeiro e cultural para todo México. Assim nasceu, em 1325,
Tenochtitlán, a cidade sagrada dos astecas e hoje a Cidade do
México.
Quando os primeiros espanhóis chegaram ao país, encontraram mais de
3.000 anos de história de um povo totalmente consolidado. Os
primeiros habitantes, os olmecas, haviam feito suas primeiras
aldeias por volta de 2.000 A.C e o império asteca, na ocasião, era
enorme. A Cidade do México foi criada em 1521 após os conflitos
sangrentos. O povo mexicano passou os 300 anos seguintes absorvendo
o modo de vida espanhol. Os índios foram subjugados, aceitaram o
deus cristão sem abandonar suas antigas crenças, trabalhavam em
fazendas espanholas e ainda pagavam impostos. Somente no século XIX,
com a influência das guerras napoleônicas, foram desencadeadas lutas
pela independência no México, alcançada em 1821.
O Circuito Hermanos Rodrigues já foi palco de corridas de Fórmula 1
nos anos 1980, e da própria Champ Car nos anos de 1980 e 1981. Em
2001 passou por uma grande reforma com a finalidade de receber uma
etapa da Champ Car. O primeiro evento a ser realizado foi em 2002
com pole de Bruno Junqueira marcando sua volta em 1min25s914 e a
vitória com Kenny Brack, fechando com chave de ouro a sua
participação na Champ Car, assim como a de sua então equipe, a
Ganassi. No ano de 2003, vitória e pole de Paul Tracy. Nesta prova o
desempenho acima do esperado dos chassis Reynard foi o destaque
durante todo o fim de semana. Tiago Monteiro teve uma bela prova,
largando em segundo e realizando uma belíssima ultrapassagem sobre
Bruno Junqueira no fim da longa reta de chegada. No ano passado pole
e vitória sem muito esforço para o francês Sebastien Bourdais, o que
lhe consagrou como campeão.
Três fortes características marcam este circuito: as ondulações que
forçam um acerto do carro extremamente difícil, uma vez que a altura
entre solo e assoalho deve ser grande; a variação entre trechos
lentos e sinuosos com longas retas, forçando os pilotos a acertarem
os seus carros para um melhor desempenho em um setor, acarretando na
perda de rendimento no outro; e a altitude deste em relação ao nível
do mar, o que torna o ar rarefeito e com baixa taxa de oxigênio,
prejudicando o desempenho dos motores e de todo sistema
aerodinâmico.
O envolvimento dos mexicanos com a Champ Car se torna cada vez mais
evidente com os fortes investimentos na categoria. Nas duas etapas
neste país, a grande empresa cervejeira Tecate está presente, assim
como a Telmex, gigante da área de comunicações e a Penex, indústria
petrolífera e a Banamex, o maior banco do país. O público também é
marcante! São mais de 270.000 pessoas durante o fim de semana de
corrida. Nas arquibancadas muita festa regada com muita cerveja!
A Champ Car faz no circuito Hermanos Rodriguez, na Cidade do México,
a última etapa da temporada. Os tempos são outros, por isso esta
edição, que marca a volta da Cart ao México, nada tem a ver com a
primeira, disputada no mesmo autódromo, em 1980. Segundo o publicado
pelo Indianápolis Star, jornal americano, aconteceu de tudo naquele
fim de semana.
Os problemas começaram já antes de as equipes chegarem ao circuito.
Todo o material foi transportado por caminhões e por pouco não se
estabelece um incidente internacional por conta das propinas
exigidas pelos policiais mexicanos nas estradas. Na sexta-feira, um
terremoto que atingiu 8.2 na escala Richter, fez todos desejarem
voltar para casa. "Fiquei realmente assustado", confessou o campeão
naquele ano, Johnny Rutherford. No domingo da prova, muitos
torcedores pularam a cerca para sentir as emoções da velocidade mais
de perto.
Acho que o principal motivo para terem construído essa "esquina" na
Peraltada era o público. Isso porque naquele ponto os carros
passavam pelo meio das arquibancadas (como num estádio de futebol)
que estão voltadas para o interior da pista, saindo no meio da curva
para pegarem a reta principal e completarem a volta.
Agora, a mudança do traçado do autódromo Hermanos Rodríguez da
Cidade do México foi fundamental também para a segurança. Ayrton
Senna sofreu dois ou três acidentes na curva Peraltada em treinos
para as corridas de Fórmula 1 no México.
Para esse ano o traçado original, utilizado na prova da Busch
Series, volta a ser utilizado pela Champ Car após 25 anos, aumentado
as chances de ultrapassagem durante a corrida. O único senão é que
com a Peraltada novamente sendo utilizada, toda aquela parte de
arquibancadas não será mais utilizada.
O GP do México de Fórmula 1 foi disputado até 1992. Em 1993, foi
substituído pelo GP da Europa disputado em Donington Park, na
Inglaterra,com uma vitória do Ayrton Senna. Atualmente, o GP da
Europa é disputado em Nürburgring na Alemanha.
Curiosidades
- A Cidade do México é o local de maior altitude em relação ao nível do mar
onde a Champ Car correu na temporada de 2005. Com quase 2300 metros de
altitude, a Cidade do México é bem mais alta que Denver, que tem uns 1600
metros de altitude. O ar rarefeito da grande altitude terá influência sobre
a potência dos motores e sobre a aerodinâmica dos carros. Mas como todos os
carros são Lola Ford Cosworth, o problema deverá ser igual para todos.
- Em 1980 e 1981 a Champ Car chegou a correr na Cidade do México. Ambas as
corridas foram vencidas por Rick Mears.
- O autódromo Hermanos Rodriguez tem esse nome em homenagem aos irmãos
pilotos Ricardo e Pedro Rodriguez. Ambos chegaram a correr na Fórmula 1.
Ricardo morreu tragicamente na curva Peraltada, nos treinos do GP do México
extra-oficial de Fórmula 1 de 1962. Pedro Rodriguez chegou a vencer o GP da
África do Sul de 1967 na Fórmula 1, mas fez fama maior nos
Esporte-Protótipos, pilotando o Porsche 917 em 1970 e 1971. Ele morreu num
acidente no circuito alemão de Norisring, disputando uma prova de
Interseries em 1971.
- O circuito da Cidade do México recebeu o GP do México de Fórmula 1 de 1962
até 1970 e de 1986 até 1992. O fanatismo do torcedor mexicano pelo
automobilismo é antigo. A Fórmula 1 deixou de correr no México depois de
1970 devido a absoluta falta de segurança do circuito, pois multidões
enchiam o circuito e se aglomeravam em torno da pista a poucos metros dos
carros em alta velocidade e até cachorros passeavam pelo local.
- A curva Peraltada é o ponto de maior destaque, era utilizada na sua
totalidade nos tempos da Fórmula 1. Última curva do circuito, ela é longa e
inclinada, típica de circuitos ovais (a Peraltada faz parte de um circuito
oval existente no traçado). Em 1990 o piloto inglês Nigel Mansell, da
Ferrari, ultrapassou na marra o austríaco Gerhard Berger, da McLaren, por
fora para ganhar a segunda posição no GP do México de Fórmula 1 daquele ano.
Essa é ainda hoje considerada uma das manobras de ultrapassagem mais
arrojadas de todos os tempos.
Confira a programação (horários de Brasília, sujeita à alterações) para o
fim-de-semana na Cidade do México:
Sexta-feira
10/11
14:15 Treino livre.
18:00 Treino classificatório.
Sábado 11/11
14:30
Treino livre.
18:00 Treino classificatório.
Domingo 12/11
14:00 Warm Up.
18:00
Largada.
Conheça o traçado do
Hermanos
Rodrigues
Hermanos Rodriguez
(México).
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