Eleye com uma boca redonda.
Pássaro àtíòro que desce docemente.
(Eles se reúnem para beber o sangue) voa sobre o teto da casa.
(Passando da rua) colocou no mundo
(Come desde a cabeça, eles estão contentes).
(Come desde a cabeça, eles estão contentes)
colocou no mundo (Chora como uma criança mimada).
(Chora como uma criança mimada) colocou no mundo ajé.
Quando ajé veio ao mundo ela colocou no mundo três filhos.
Ela colocou no mundo Vertigem
Ela colocou no mundo Troca e sorte
Ela colocou no mundo Esticou-se fortemente morrendo.
Ela colocou no mundo estes três filhos.
Assim eles não têm plumas.
o pássaro akó lhes deu as plumas.
Nos tempos antigos, elas dizem que elas não gratificam o mal
no filho que tem o bem.
Eu sou vosso filho tendo o bem, não me gratificai o mal.
Vento secreto da Terra.
Vento secreto do além.
Sombra longa, grande pássaro que voa em todos os lugares.
Noz de coco de quatro olhos, proprietária de vinte ramos.
Obscuridade quarenta flechas (É difícil que o dia se torne noite).
Ela se torna pássaro olongo (que) sacode a cabeça.
Ela se torna pássaro untado de osùn muito vermelho.
Ela se torna pássaro, se torna irmã caçula da árvore akòko.
(A coroa sobe na cabeça) segredo de Ìdo.
A rã se esconde em um lugar fresco.
Mata sem dividir, fama da noite.
Ela voa abertamente para entrar na cidade.
Vai à vontade, anda à vontade, anda suavemente para entrar no mercado.
(Faz as coisas de acordo com sua própria vontade).
Elegante pássaro que voa no sentido invertido de barriga para cima.
Ele tem o bico pontudo como a conta esuwu.
Ele tem as pernas como as contas sègi.
Ele come a carne das pessoas começando pela cabeça.
Ele come desde o fígado até o coração.
O grande caçador.
Ele come desde o estômago até a vesícula biliar.
Ele não dá o frango para ninguém criar,
mas ele toma o carneiro para junto desta aqui.
(Verger; 1992:90)

O texto de Verger é hermético, simbólico, truncado e reticente
impelindo-nos a adentrar na complexidade do universo afro-descendente
brasileiro
O sistema religioso africano-brasileiro é passado de geração a geração
de forma oral, pois acreditam seus sacerdotes que a palavra verbalizada
possui o poder de transmitir o Axé, força contida nos ensinamento herdados de seus ancestrais.
Os sacerdotes utilizam dos oráculos de Ifá e Jogo de Búzios para
conhecer os odús, signos que contêm itans: contos milenares que versam sobre a história da criação do mundo e dos Orixás
- divindades que simbolizam as forças da natureza, quando da separação
do mundo em Orum (mundo celeste) e Aiê (mundo material).
O texto de Verger traduz alguns destes itans relativos a Iyami
Òsòròngà, cuja tradução para a língua portuguesa é Minha Mãe Osoronga.
Iyami Osoronga é proprietária de um pássaro chamado Aragamago e de uma
cabaça segundo o odú Ìrété Ogbè. (Verger; 1992:80).
Para os religiosos africanos e afro-descendentes, a representação mais
perfeita do Universo é a Cabaça: Igbadu onde estão contidos os segredos
da criação do Aiê. Odùa, Odù Lógbáje ou Iya Malé é o nome que Osoronga
possui quando torna-se sua proprietária: Mãe dos Orixás.
Outra máscara de Iyami é como anciã, a mulher sábia e respeitável, que
pode também ser chamada de Àgbà ou Igba nla: Aos apelos que seus filhos fizerem, ela responderá do interior da cabaça, pois ela tornou-se idosa.
(Verger; 1994:67)

Iyami Osoronga é um dos Orixás mais antigos, possui o poder de
fecundar, fertilizar ou esterilizar conforme seu desejo. A força de Iyami é tão
poderosa e aterradora que se alguém proferir seu nome deve colocar a
ponta dos dedos no chão em sinal de respeito.

HIPÓTESE

O silêncio que ronda o nome de Iyami Osoronga leva a supor:
1. Se Osoronga foi um mito matriarcal do período neolítico ? época na
qual o sistema familiar, conceito de posse e leis não eram definidos, então o
pânico, terror e superstição existente entre os sacerdotes e devotos
dos cultos africano e afro-descendentes poderiam ser resultantes do medo de um caos social.
                                            

                                   
Mais um pouco de Iyami

Os pássaros: São os principais representantes do poder sobrenatural
feminino, como predadores na caça noturna, expressão a relação de
ÌYÀMÌ-ÒSÒRÓNGÀ com os Ara-Òrún (Seres do Ar), todos do âmbito de poder
fenomenal.
Se possivelmente compreendermos a mulher como fonte geradora de vida,
protetoras, verdadeiras guerreiras e caçadoras na vida, compreenderemos
então, que cada Òrìsà-Ìyágbà possuem dentro de seus respectivos cultos
uma representação própria na forma de Pássaro, exprimindo
consequentemente uma interligação mas direta ao culto de ÌYÀMÌ-ÒSÒRÓNGÀ, quando todas são chamadas de ÈLÈYÈ senhoras que são como pássaros...

As serpentes: São a expressão da agressividade através da força física
e agilidade, serpentes representam o Fogo físico e o Fogo ancestral, na
perpetuação da essência (Alma/Espirito). Referencia principal da
relação de ÌYÀMÌ-ÒSÒRÓNGÀ com os Ara-Iná (Seres representantes do Fogo).
Possuidores de poderes sobrenaturais agressivo (defensor), purificador e
transformador da vida... A serpente é um reptil de constante contato com
a terra, isso explica a relação de ÌYÀMÌ-ÒSÒRÓNGÀ com Bàbáluwàiyé, que
utilizando a Magia-Curativa precisando ser agressiva (rápida), para
atingir seus objetivos possibilitando a sobrevivência.. As serpente numa
forma figurativa representam as labaredas do fogo, isso explica a
relação de ÌYÀMÌ-ÒSÒRÓNGÀ com Èsu, Òrìsà que é representado primordialmente através do próprio fogo vivo. ÌYÀMÌ-ÒSÒRÓNGÀ também possui estreitas relações com Ogun, o qual precisa do fogo tanto natural quando espiritual, para expressar sua força física com direcionamento, purificando, transformando conservando e modelando tanto o ferro quanto a vida de quem precise...

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