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A singularidade de cada um
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In the movies
Ao adaptar para o cinema a obra de Drauzio Varella, Estação Carandiru, Hector Babenco encarou um grande desafio. Não seria tarefa fácil fazer um filme que estivesse à altura do sucesso do livro, que vendeu mais de 400 mil exemplares. O orçamento de 12 milhões de reais contribuiu para que o diretor não economizasse com bom elenco e produção, o que aumentou a expectativa de que Carandiru fosse o melhor filme do ano. O principal Babenco conseguiu, atraiu um grande público, que esgotou os ingressos das sessões nos cinemas. Mas isso não significa que todas as expectativas tenham sido correspondidas.
Para ressaltar o lado humano do maior presídio da América Latina, o diretor procurou seguir a mesma estrutura que Varella utilizou em seu livro, apresentando cada personagem de forma singular, contando um resumo de suas vidas e o motivo pelo qual foram presos. O problema é que, ao destacar alguns personagens, o filme acaba ocultando o que seria o protagonista da história – o médico, representado por Luiz Carlos Vasconcelos. Este acaba se tornando um mero espectador do dia-a-dia na penitenciária, como se não tivesse sido ele quem colheu tantas informações sobre cada história.
Mas Carandiru tem muitos méritos, principalmente a forma como o ambiente e os personagens são caracterizados. O diretor não se prende a julgamentos de valores, não tem a intenção de mostrar quem é bandido ou quem é mocinho lá dentro. Apenas nos apresenta personagens críveis que nos surpreendem ou, ao menos, mexem com nossas emoções de alguma forma. Majestade (Ailton Graça), o malandro que controla o tráfico dentro do presídio e mantém duas famílias do lado de fora; Zico (Wagner Moura), o traficante-viciado que é capaz de matar o melhor amigo num momento de delírio; Lady Di (Rodrigo Santoro) – que, aliás, surpreendente o público ao aparecer com falsos seios siliconados –, o travesti que se apaixona por outro presidiário. Todos mechem com nossos sentimentos, seja de forma divertida, angustiante, ou até mesmo revoltante.
Uma falha grave é que muitas dessas pequenas histórias não são concluídas. O espectador fica tentando imaginar o que aconteceu com alguns personagens, que simplesmente ficaram sem destino no roteiro. Isso nos leva a crer que tanta variedade de personagens são apenas fio condutor para chegarmos ao grande acontecimento do filme – o massacre de 1992, onde morreram 111 presos, segundo a polícia.
Talvez o que tenha faltado no diretor tenha sido um pouco de ousadia na maneira de retratar a vida dentro de um lugar tão “famoso” entre os brasileiros. Mesmo com tantas cenas violentas, sangrentas – principalmente no momento da invasão do presídio pela Tropa de Choque –, o filme não consegue causar o mesmo efeito que Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, conseguiu. Carandiru não deixa de impressionar a platéia, mas deixa um pouco a desejar, principalmente por se tratar de uma produção de um diretor tão consagrado internacionalmente como Hector Babenco. Ele, que sempre se saiu muito bem com temas ligados a prisão, desta vez não conseguiu conquistar totalmente a crítica.
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