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Fagundes Varela (1841-1875)
Poeta brasileiro. Sua obra romântica
combina elementos do cristianismo primitivo ao lirismo e exaltação do Novo
Mundo.
Ao romper com a vida urbana e levar a extremos a opção dos românticos pela
natureza, Fagundes Varela criou uma obra marcada pela brasilidade, onde
elementos de um cristianismo primitivo e puro unem-se ao lirismo da terra e à
exaltação do Novo Mundo.
Luís Nicolau Fagundes Varela nasceu em Rio Claro RJ em 17 de agosto de 1841.
Estudou direito em São Paulo e, por um ano, no Recife, onde esteve em contato
com Castro Alves, mas nunca concluiu o curso. Associado à chamada escola
byroniana, tornou-se conhecido por seu desregramento e intensa vida boêmia.
Rebelde ante as convenções sociais, traiu as expectativas familiares ao casar-se
ainda estudante com uma bailarina de circo. O casamento durou pouco e terminou
em tragédia: a morte de seu primeiro filho, aos três meses de idade,
inspirou-lhe o "Cântico do calvário", de emoção profunda, e foi seguida pela
morte da esposa. Um segundo casamento não ajudou a enquadrar socialmente o poeta
nem conseguiu afastá-lo da bebida, hábito que se tornou mais intenso e acabou
por levá-lo à ruína.
Após extravasar-se nas "Palavras de um louco", texto em prosa com força de
manifesto publicado em 1861, e retratar-se como personagem maldito e
extravagante em "Arquétipo" ("Era-lhe a vida uma comédia insípida / Estúpida e
sem graça...") e em outros poemas de seu primeiro livro, Noturnas (1863),
Fagundes Varela lançou os versos patrióticos de O estandarte auriverde (1863),
que precede os condoreiros por seu ardor nacionalista. De igual modo, fixou o
mito do paraíso americano da liberdade em Vozes da América (1864) e deu precoce
tratamento ao tema do negro em "Mauro, o escravo" (1864), que seria de praxe na
literatura abolicionista das décadas seguintes.
Manteve-se sempre como poeta engajado, não raro com um tom didático, mas foi com
o lirismo bucólico da fase madura que se tornou mais completo. Alguns de seus
mais famosos poemas, como "Mimosa" e "A flor de maracujá", datam dessa fase,
enfeixada nos livros Cantos e fantasias (1866), Cantos meridionais (1869) e
Cantos do ermo e da cidade (1869).
Nos últimos quatro anos de vida, concentrou-se na criação dos 8.484 decassílabos
do Evangelho das selvas, que deixou inédito, e do Diário de Lázaro, que é em
síntese a vida de Cristo, com interpolações livres, narrada aos índios do Brasil
pelo jovem padre Anchieta. Precursor de posturas ecológicas e de certos traços
de comportamento que só se tornaram comuns muito mais tarde, Fagundes Varela
morreu aos 33 anos, em Niterói RJ, em 18 de fevereiro de 1875.
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