Jornal cultural se deixa seduzir por Mário Kértesz

Num processo suspeito, na semana do dia 10 de junho de 2002 o jornal baiano Soterópolis, dedicado aos assuntos culturais, publicou uma edição com o ex-prefeito e dublê de radiojornalista Mário Kértesz.

A revista colocou o ex-prefeito na capa, acompanhado com a seguinte frase "Não existe empresário de rádio na Bahia". Kértesz, num discurso pretensamente objetivo, fez como já havia feito na seção "Muvuca Baiana" no jornal Tribuna da Bahia, também de Salvador. A idéia é a opinião pública se achar convencida de que Mário Kértesz é "empresário independente", "jornalista idôneo" e outros jargões "corretos" ou falsamente vanguardistas. Expressão da nova demagogia brasileira, Kértesz não adota o discurso rebuscado dos demagogos tradicionais, que ainda se inspiram nos cacoetes de Olavo Bilac, poeta parnasiano do final do século XIX. Ao invés disso, Mário Kértesz prefere "macaquear" os discursos empresariais típicos de congressos, misturando com clichês de jornalistas e intelectuais quando entrevistados em revistas de comunicação.

A referida edição de Soterópolis sumiu estranhamente, num prazo de cinco dias. Um récorde estranho, feito mais para "amaciar" o ego do empresário e ex-prefeito, que no seu programa foi logo se gabar do sucesso do veículo que o entrevistou. Mário não tem tanto sucesso a ponto de esgotar um jornal que o tem na capa. E, se tivesse mesmo esgotado, mais cópias teriam sido repostas nas bancas. Em vez disso, a edição desapareceu misteriosamente, como sumiu, meses atrás, um anúncio das Faculdades Dois de Julho (instituição privada) com uma declaração de Kértesz, creditado no anúncio como se fosse "jornalista" (ele não é habilitado para tal função). O cartaz de outdoor, colocado no final da Avenida Paralela, próximo à Estação Mussurunga, foi retirado dias depois e não houve conhecimento de outro outdoor que tivesse publicado o anúncio da Dois de Julho com Kértesz.

Outro fato estranho é que Soterópolis, que é um jornal mensal, publicou, na semana seguinte, outra edição, com outra personalidade na capa. A impressão que se tem é que o veículo se constrangeu da entrevista com Kértesz e colocou uma outra edição "em cima" para não dar problema. Suspeita-se que o "sucesso" do jornal Soterópolis não passou mais do que um "jabá" (suborno) de Kértesz e que o sumiço dos exemplares foi um mero recolhimento para forjar estrondoso sucesso.

Isso é o que dá um veículo independente usar um político de fama corrupta para vender mais exemplares. Um dia a coisa vai complicar ainda mais.

 

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