NOTA DO

FÓRUM AFRO DA AMAZÔNIA – FORAFRO

SOBRE A QUILOMBIZAÇÃO DA PRAÇA 14

 

O FÓRUM AFRO DA AMAZÔNIA - FORAFRO vem por meio desta expressar publicamente sua oposição a qualquer iniciativa que vise à criação de território quilombola na comunidade da Praça 14 ou em qualquer outra localidade que não atenda ao significado histórico do termo ‘quilombo’, a saber, comunidade caracterizada por seu surgimento durante o período do regime escravista que vigorou no Brasil até 13 de maio de 1888 e no Amazonas até 10 de julho de 1884 (após o presidente Theodureto Souto ter libertado, com dinheiro público, os últimos 186 escravos da Província) e local de refúgio de negros e outros afrodescendentes fugitivos de locais de trabalho escravo. Não foram quilombos e nem são seus remanescentes as comunidades de negros e/ou de outros afrodescendentes surgidas após o fim da escravidão legalizada nem as comunidades criadas por negros ou outros afrodescendentes livres.

 

Os quilombos foram em regra locais de resistência ao regime escravista sob os quais encontravam-se negros e outros afrodescendentes e não uma opção destes visando isolar-se dos demais elementos étnicos do povo brasileiro, por isso o FORAFRO rejeita qualquer interpretação ou política pública neste sentido. Deve ser destacado que os quilombos não foram locais habitados exclusivamente por afrodescendentes, mas também habitados por populações brancas, indígenas, mestiças e outros não afrodescendentes e, dessa forma, locais de integração e não de isolamento ou de privilégios.

 

Destacamos também que a criação indiscriminada de “quilombos” conduzirá ao seu uso político e à desvalorização dos verdadeiros remanescentes de quilombos cuja existência no Amazonas este fórum não reconhece.

 

Informa o FORAFRO que não autoriza nem autorizou qualquer uso de seu nome, por qualquer meio, em iniciativas que favoreçam ao fracionamento do povo brasileiro e, em particular, o isolamento dos afrodescendentes em relação aos não afrodescendentes.

 

Manaus (AM), 14 de setembro de 2007.

 

A Coordenação