Abaixo, carta resposta a Ester Lima, representante da Glen, que dias antes de nossa manifestação em frente ao
Estádio de Remo da Lagoa, dia 23 de Abril de 2006 (e que foi um sucesso!),
enviou um documento cheio de inverdades para inúmeras pessoas. Inclusive foi
divulgado erroneamente no site do Flamengo, como sendo do remador Dirceu
Marinho. O texto dessa carta está em negrito e minhas respostas e
considerações, após cada item ou parágrafo.
Sra. Éster:
Na introdução de sua carta, a Sra. diz:
A empresa Glen é absolutamente legalizada, cumpre
todas as regras legislativas e trabalhistas brasileiras.
Como então explicar que para derrubar o parecer do IPHAN 6º região (Rio de
Janeiro), contrário à sexta tentativa de projeto da Glen,
o representante da Glen, Marco Aurélio Chiapetta, levando a tiracolo o secretario de Urbanismo do
Rio e Presidente do Partido Verde local, Alfredo Sirkis
(no exercício do cargo), voaram para Brasília (a propósito, quem pagou a
passagem do Sirkis?), onde "convenceram"
o Ministro Gilberto Gil (também do PV) a dar uma chave de galão na presidente
do IPHAN (Maria Elisa Costa, filha do arquiteto Lucio Costa) e levá-la a dar um
parecer "Político", favorável ao projeto da Glen, frontalmente contrário ao parecer técnico dado pela
Superintendência Regional(RJ) do mesmo órgão, que negava licença para o projeto
da Glen? E principalmente contrario a Lei de
tombamento da Lagoa Rodrigo de Freitas.
Sem falar que o projeto da Glen foi "aperfeiçoado”(?)
dentro do Instituto Pereira Passos, órgão da Secretaria de Urbanismo do Rio,
mostrando uma estranha cumplicidade entre um órgão público e uma empresa
privada.
Aliás, a Sra. sabia que a licença do IPHAN obtida, vale por dois anos e já está
caduca? Onde estão os fiscais? Que terão que voltar a Brasília para novamente "convencer"
as autoridades?
Porque a empresa Glen, tem como sócio a empresa Pliwel Sociedad Inverdora Limitad, com sede
Não existe qualquer problema legal entre a Glen, o
Estado e a Prefeitura do Rio.Todos os contratos estão
assinados.
Quem disse que isso é verdade, Dona Éster?
Existe uma ação civil pública, na 8ª Vara de Fazenda Publica,
em que o juiz Eduardo Gusmão Alves de Brito Neto sentenciou a nulidade da
permissão de uso do Estádio, dada pelo Estado a Glen;
condenou a Glen ao pagamento de R$ 25.000,00 por mês
desde a celebração do contrato, mais correção monetária e juros e condenou a Glen a devolver o imóvel ao Estado sob pena de multa diária
de R$ 10.000,00. A empresa ainda não cumpriu...Coitado
dos fiadores deste empreendimento.
O Ministério Público Meio Ambiente recomendou à Prefeitura o cancelamento de
todas as licenças de obra, pelas ilegalidades apresentadas.
A Câmara de Vereadores aprovou Lei que tomba o Estádio de Remo, manda cancelar
a licença dada a Glen, demolir as obras
irregularmente feitas, restaurar a arquitetura original e retirar toda a
parafernália posta no local pela empresa.
O MP recomendou seja feito o estudo EIA-RIMA (que a Glen
se recusa a realizar - porque???). Recomendou à CET Rio que envie o calculo
volumétrico para a confirmação do impacto viário. Vamos recomendar buscar no
COPPE (porque este cálculo, quando apareceu, era um fortíssimo argumento contra
o projeto da Glen, e depois sumiu?) Recomendou a
FEEMA confirmar a analise realizada para a aprovação do projeto (o que fez a
FEEMA mudar de idéia, após relutar em dar a licença durante anos??
A Glen ganhou o direito de explorar comercialmente o
estádio de remo da lagoa há mais de 10 anos, mas nunca conseguiu colocar em
pratica os seus projetos. Não tem por que pagar por uma coisa que não pode
usar. Ao contrário, durante todo este tempo,é ela que vem pagando toda água,
energia elétrica e segurança para que a regatas possam acontecer, para que os
remadores do Clube Piraque e da Escola Naval , e
outros possam remar, para que a sede da CBR possa funcionar. Quando começar o
seu projeto, pagará um aluguel mensal ao ESTADO e apenas ao ESTADO!!, em
valores já acertados.
Curioso como essa empresa sempre foi bafejada pela sorte.
Primeiro, o prefeito "César ILEGAL SIM! E DAÍ? Maia" em 1994
encontrou o Estadio cedido à Prefeitura, para ali
instalar uma escola de música. Em seguida teve a ideia
de dá-lo a Glen. Indignado!!!, o Governador Marcelo
Alencar retomou judicialmente o estádio, e em seguida, quase no mesmo dia
entregá-lo novamente à Glen, sem concorrência (briga
de interesses?).
Posteriormente, o Estado assinou três termos aditivos ao contrato inicial,
sempre favorecendo a Glen, mas com uma salvaguarda. O
Sr. Alexandre Chiappeta e a Sra. Paula Marinho,
sócios com 10% da Glen, assinam como fiadores do
projeto. Exemplo do teor de alguns aditivos:
A) a Glen só começará a pagar aluguel depois de
concluídas as obras de adaptação do estádio ao seu projeto de exploração
comercial, mas não fixa prazo para essas obras acabarem.Quer dizer: enquanto
tiver alguma obra sendo tocada, a Glen usa o estádio
sem pagar nada;
B)O prazo de concessão, de 10 anos, será iniciado somente após a conclusão dessas
obras (que não tem prazo para acabar, o que nos leva a crer que também a concessão não acabará nunca);
C)a Glen pode arrendar a terceiros os espaços do
estádio (ou seja, aparecendo alguém disposto a investir no local, ela lucrará
em cima sem nada desembolsar);
D)para adequar o estádio ao PAN, o Estado efetuará obras que interessam ao
projeto da Glen (o avanço da arquibancada e sua
elevação – sob a desculpa de melhorar a visibilidade do público,ajudará
bastante na construção dos cinemas, não é verdade?). Quer dizer: teremos
dinheiro publico aplicado em beneficio de uma empresa privada;
E)E como a comunidade do remo carioca, representada pela FRERJ, é contra o
projeto, a CBR (suspeitamente omissa nesse processo) foi credenciada para
negociar com a Glen as condições de permanência do
remo no Estádio.
F) A Glen conseguiu até financiemento
do BNDES. Como pode ter conseguido? Sem as licenças pertinentes e sem os
estudos de impacto ambiental, etc...
E a Sra. ainda se queixa, Dona Éster?
O contrato da Glen com o ESTADO prevê a reforma
das instalações do remo e assim será feito. O remo só terá a ganhar com a
revitalização de seu espaço. Estão todos convidados a conhecer o novo Estádio
de Remo, de onde poderão sair novos campeões desse esporte tão querido e apreciado
pelos cariocas.
O contrato assinado com o Estado prevê na sua clausula 2ª, que "o Estádio
de Remo terá sua destinação voltada, PRIMORDIALMENTE, à promoção, à expansão,
ao desenvolvimento e ao contínuo fomento da prática do remo brasileiro e de atividades
desportivas e de lazer afins."
Só que o projeto da Glen prevê a ocupação de todo o
espaço interno das arquibancadas 1 e 2 e sua transformação em sete cinemas e
lojas de fast food, mais a
transformação de todas as atuais áreas livres em vagas de estacionamento,
inclusive sobre o teto das atuais garagens. Sem falar de uma ridícula ciclovia
projetada para atender aos delírios do "urbanista" Sirkis, a qual invadirão 25% da
área destinada aos barcos, defronte as garagens. Sem falar no risco de ciclistas
circulando em meio ao público das regatas.
Em resumo: os clubes PERDERÃO parte do espaço que hoje ocupam.Se quiserem
comprar mais barcos, não terão onde guardar. Se quiserem criar uma escolinha,
não haverá espaço disponível.Nem um único novo clube
poderá surgir, pois não terá lugar para instalar-se.
Ou seja: além de não sobrar um único centímetro quadrado das áreas atualmente
livres, a Glen ainda avançará no espaço dos clubes,
só para que o Sirkis tenha a sua ciclovia...
A propósito, peço esclarecer: Já que não sobrará lugar para nem mais um fio de
cabelo, aonde será criado o tal centro de treinamento que será a base da
seleção brasileira e receberá seleções de outros países, etc. etc.? Dentro dos
cinemas e das lanchonetes? Nas vagas de estacionamento? É de lá que sairão os “novos
campeões desse esporte tão querido e apreciado pelos cariocas?”
Não é verdade que o estádio será descaracterizado. Ele será modernizado,
atenderá a todas as exigências da Federação Internacional de Remo, da ODEPA e
do COB e estará apto a receber qualquer competição internacional. A
Confederação Brasileira de Remo, entidade responsável, junto à FINA pelas
competições internacionais no Brasil, está acompanhando todo o processo de
reforma e ampliação do estádio.
Como o estádio não será descaracterizado, se até seu nome mudará de Estádio de
Remo para "Lagoon"?
Deixará de ser DE REMO para ser um complexo de 7
cinemas, lanchonetes e centenas de vagas de estacionamento?
E a Sra. vem dizer que ele não será descaracterizado?
Outra coisa: eu nunca soube de nenhum conglomerado de cinemas, lanchonetes e
vagas de estacionamento, no mundo, que atendesse exigências da FISA, ODEPA, COB
ou CBR, pela simples razão de que essas organizações não tratam disso, não são
do ramo, não estão aptas a opinar, muito menos avaliar ou acompanhar obras do gênero.
E já que, pelo visto, a Senhora desconhece a posição do COB/ Co-Rio sobre o
assunto. Transcrevemos trecho do oficio 340/2005, de 5
de abril de 2005, encaminhado pelo Presidente Carlos Arthur Nuzman
à vereadora Patrícia Amorim.
“De nossa parte consideramos que
seja assegurada a continuidade de sua utilização para a prática esportiva por
ser este estádio uma conquista da Cidade do Rio de Janeiro um dos locais mais
propícios para a prática do remo e da canoagem nas competições nacionais e
internacionais"
Além disso, se o projeto Lagoon é tão maravilhoso
como a Sra. diz, porque a Glen não foi ao debate no
Clube de Engenharia para apresentar e defender o projeto? Houve um convite
formal do Clube, e a oportunidade para defender suas idéias dentro de um órgão
sério e pertinente para tal fim, mas vocês não apareceram.
A Glen foi também convidada para apresentar e
defender o projeto Lagoon na Câmara dos Vereadores,
quando foi proposto o tombamento do Estádio pelo Vereador Rubens Andrade.
Também não compareceu.
Porque a Glen está sempre fugindo do debate público?
Porque, nas vezes em que apareceu em público, foi para distribuir aqueles
folhetos coloridos, tipo planta de apartamento decorado, entregues nos sinais
de transito, com dimensões falsas para atrair os incautos?
Porque vocês não distribuem ao público, folheto com o verdadeiro projeto da Lagoon, para que todos possam conhecer o tamanho da
intervenção e descaracterização no Estádio?
Nada será feito que desrespeite qualquer legislação e que prejudique os
remadores cariocas. Ao contrário. O legado será muito grande para todos.
Se for assim, porque a Glen não respeita os decretos
municipais que tombam o espelho e a orla da Lagoa Rodrigo de Freitas?
Porque não respeita a Lei municipal que tomba o Estádio de Remo?
Porque não respeita a sentença do Juiz da 8ª Vara de Fazenda Publica,
que condena a ré - Glen - a devolver o Estádio de
Remo?
O que dizer, então, de sua afirmação que "o legado será muito grande?”. A que legado a Sra se refere?
Se o legado for à montanha de entulho que restará após a demolição das
instalações provisórias do Pan, realmente será muito grande.
Se o legado for a perda definitiva para uso do remo, do espaço ocupado por sete
cinemas, lojas de fast food
e centenas de vagas de estacionamento, também será muito grande.
Se o legado for desalojar os clubes a FRERJ e a própria CBR, que hoje ocupam os
boxes, para sobre eles construir vagas de garagem, e interromper ad infinitum suas atividades, como
forma de expulsá-los do estádio (já que pelo contrato de cessão a Glen não tem prazo para concluir obra nenhuma), então esse
legado será mesmo descomunal.
Porque a Glen não cumpriu o solicitado pelos clubes
no que se refere à ocupação do Estádio. Naquele tempo ainda havia uma esperança
de que houvesse a possibilidade do diálogo, um acordo entre o remo e a Glen. Mas a intransigência de sua empresa nos impede de
continuar a tentar chegar a um ponto médio em seu projeto megalômano.
Como já dito acima, todo o projeto de revitalização do Estádio está sendo
feito com a consultoria técnica da CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE REMO, órgão
máximo do esporte no Brasil e mais capacitado para tal.
Agora a Senhora exagerou. Na frase acima, a única coisa em que eu acredito é
que a CBR é o órgão administrativo máximo do esporte remo no Brasil e ponto final.
O presidente da CBR poderá confirmar, a qualquer tempo se está fornecendo
consultoria técnica para o projeto Lagoon. SE ele quizer poderá fazer com cópia à
todos os que irão receber este Email. Duvido porém, que exista algum documento do Sr. Rodney Bernardes
de Araújo declarando este compromisso. Ele pode ter inúmeros defeitos, mas não
é bobo. Tenha a certeza de que ele terá acesso à este
E-mail, porque vou mandar cópia para ele. Aliás, soube que ele lhe deu uma bem
devida bronca por usar indevidamente o seu nome.
O Estádio de Remo continuará sendo um estádio de remo, com todas as suas
características esportivas.
Não entendi. Como pode continuar sendo Estádio de Remo um complexo de sete
cinemas, lanchonetes e cerca de 400 vagas de estacionamento? Ainda por cima
chamado "LAGOON"?
E a Sra. ainda diz que ele continuará com todas as
suas características esportivas. Explique melhor: quais as características
esportivas de sete cinemas? E de lojas de fast food? E de vagas de estacionamento?
Não se preocupem, a Glen tem vários projetos de
inclusão social para o Estádio. No momento, a empresa apóia um projeto para
crianças com problemas mentais junto à Confederação Brasileira de Remo. Outros virão.
Seria ótimo, se fosse verdade. Onde estão esses deficientes mentais, que nunca
são vistos? Aonde treinam? Dentro da sede da CBR? No escritório da Glen?
O ESTÁDIO DE REMO NÃO SERÁ DEMOLIDO. SERÁ MODERNIZADO E CONTINUARÁ SERVINDO
AOS ESPORTISTAS E À COMUNIDADE CARIOCA. VAMOS ABRAÇÁ-LO, SIM. COMEMORANDO UMA
NOVA ERA QUE VAI NASCER PARA O ESPORTE NA CIDADE.
Dona Ester. O resultado do abraço dos que querem o Estádio de remo para o remo
foi sensacional, muito diferente do que foi descrito pelo jornal O Globo, que
publicou a sua entrevista cheia de inverdades. O Globo continua a dizer somente
o que interessa a Glenn, por razões óbvias.
Gostou de minha entrevista na Rádio Band, feita pelo
Ricardo Boechat? Pedi uma cópia e vou ficar tocando
na frente do Estádio todos os dias. Vocês da Glen não
vão gostar, mas a população da cidade vai adorar.
Ouçam o Ricardo Boechat, todos os dias na Radio Band FM, 94.9, das 9 às 11 horas. Boechat
dá as notícias na bucha, sempre conta à verdade, ao vivo. Ele com certeza terá o maior prazer em receber qualquer representante da Glen para exercer o seu direito ao contraditório. Ester, vá lá e reivindique o seu direito de ter o mesmo tempo que
tiveram as pessoas que defendem o Estádio para o remo e diga tudo o que quiser
para a população de nossa cidade. O Boechat não é
como alguns jornalistas que somente contam um lado da história. Use a sua
eficiente desinformação na radio, onde a Sra. terá a
vantagem de não ouvir os apupos. Tente, e aproveite que a Sra.
poderá estar no ar ao vivo e mandar um abraço para a vereadora Andréia Gouveia
Vieira, a única vereadora que votou contra a derrubada do veto do Prefeito
"César ILEGAL,SIM!E DAÌ? Maia", que disse que o tombamento era
inconstitucional.
E nós, queremos provar que a sua empresa age na base da ilegalidade, conforme o
MP, e a decisão judicial, apoiada somente nos próprios benefícios que o mini shopping poderá trazer, e de alguns jornais que ainda
divulgam numa mão, que a solução para integração dos menores carentes é o esporte,
e na outra mão destrói esta possibilidade, com a descaracterização de uso do
Estádio de Remo da Lagoa.
O
fato é que o Estádio de Remo da Lagoa está tombado com suas características
arquitetônicas modernistas e finalidades esportivas.
"Lei é lei. Tem de ser
respeitada".
Os Clubes de Remo, Prefeitura,
Estado, COB, Co-Rio, CBR, não podem compactuar com as irregularidades gritantes
apresentadas e provadas pelo MP. O Juíz já deu ganho
de causa ao MP, somente falta a decisão final dos
desembargadores, que não podem ou não devem mudar o seu voto, pois já
concederam anteriormente a antecipação de tutela em segunda instancia. Não
podemos nos omitir.
Zezé Barros