Casario colonial em Natividade (E), Folia do Divino (C)
e Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (D)
Festa do Divino Espírito Santo

Terminada as saudações à Ressurreição de Cristo, os tocantinenses iniciam um novo culto. Desta vez para homenagear a terceira pessoa da Santíssima Trindade. O Espírito Santo será glorificado ao longo de quarenta dias, em rituais religiosos e profanos que vão culminar, no início de junho, na grande festa do Divino, uma das mais importantes manifestações culturais da região.

Introduzida por portugueses, a peregrinação dos foliões (em abstinência sexual) pela zona rural começa no domingo de Páscoa e se estende por 40 dias. É o chamado giro. Os grupos de cavaleiros cantadores saem das cidades do interior rumo às fazendas e povoados, empunhando a Bandeira do Divino, a pomba do Divino Espírito Santo está estampada na alma de desses foliões. No Tocantins é em Natividade, cidade a sudoeste do estado, que a tradição se manifesta mais fonte.

Cantando e tocando instrumentos de corda e percussão, as “folias” visitam os moradores da região, de quem recebem alimentação e pousada. De volta à cidade, no último sábado da programação, são recolhidos donativos. À noite realiza-se a festa do Capitão do Mastro e no domingo, o Imperador (figura central da festa) é conduzido à Igreja, sendo celebrada a missa. Durante toda a festa são oferecidas comidas e bebidas de graça para todos e termina na praça com muita dança, música e licores de frutas regionais.



Natividade
272 anos de histórias, contadas por suas ruas estreitas
de pedras, ladeadas por casarões do século XIX.


Localizada na região sudeste do estado do Tocantins, Natividade tem 272 anos de história sendo considerada o berço cultural do estado do Tocantins e está a 226 km de Palmas, capital do Estado. Seu centro histórico foi tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1987, ao todo são 250 casas tombadas.

Seus primeiros habitantes foram portugueses e africanos, levados pelo potencial aurífero do lugar. Devido à origem africana, grande parte da população é de cor negra. O minério foi descoberto pelo bandeirante Manoel Alves, num afluente do rio Tocantins que recebeu seu nome, em 1728. Embora haja registros falando do ouro com data de 1723.

Com a chegada de habitantes ao cimo da serra foi formado o arraial de São Luiz, homenagem ao governador de São Paulo na época. A decadência do ouro e a dificuldade de acesso ao local teriam forçado a transferência do arraial para a encosta ocidental da serra, em 1734, data em que o local recebeu o nome de Natividade, em reverência a Nossa Senhora de Natividade, padroeira da cidade e do Estado (festejada dia 8 de setembro).

A grande serra de Natividade abriga parte da História da cidade. É lá que estão as ruínas da cidade velha (São Luiz) e se encontram as valas onde os escravos lavavam o ouro deixando as marcas de seu trabalho.
A cidade foi sede provisória da Comarca do Norte de Goiás, de 1805 a 1815, tendo como ouvidor geral Joaquim Theontônio Segurado. A casa dele é um dos pontos mais visitados.

A arquitetura das construções em estilo colonial, de influência portuguesa, é percebida nos casarões antigos enfileirados um após o outro, nas igrejas históricas, na cadeia pública que sedia o Museu Público Municipal. Há ainda as manifestações culturais sob as formas de crenças e festas religiosas que emanam histórias e tradições vivas na secular Natividade.



Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

A Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos é o cartão postal de Natividade, foi construída pelos escravos, porém não foi concluída. A estrutura feita em pedra não tem cobertura, apenas as paredes laterais e o arco do altar mor. Mas um desenho do francês William John Burchell, de 1828, mostra a igreja com cobertura, o que leva a crer que o templo foi concluído.

Porto Nacional

Cidade histórica da época dos bandeirantes e das minas de ouro, o antigo Arraial Bom Jesus do Pontal cresceu com a missão religiosa dominicana a partir de 1886, transformando-se em Porto Real até a proclamação da República, em 1889, quando passa a Porto Nacional. Situa-se à margem direita do rio Tocantins e está a apenas 66 quilômetros de Palmas.

Guarda restos bem preservados de arquitetura colonial, tendo sido a mais importante ponta de lança da civilização portuguesa no rio Tocantins, a meio caminho entre as minas de ouro descobertas em Goiás em 1725 e os portos de Belém e São Luis do Maranhão (eram caminhos proibidos para evitar o descaminho do ouro).

O cartão postal da cidade é a fachada da Catedral Nossa Senhora das Mercês, evocando o estilo romântico de Tolousse, região francesa de onde vieram os primeiros dominicanos. Tem museu histórico, anfiteatro, centro cultural e várias cachoeiras em volta. A cidade, que até hoje abriga um Seminário Dominicano, é marcada pela chegada das Irmãs Dominicanas, de Monteils na França. Porto Nacional ostenta o título de Capital da Cultura, pois os padres e freiras dominicanos que para lá foram levavam consigo a cultura Européia.