Um "Aconchego" de Restaurante
A centenária mangueira, enraizada nos fundos da casa de número 18, no fim de linha do Garcia, é testemunha permanente do entra-e-sai de clientes de um dos mais bem freqüentados restaurantes populares de Salvador. A comida caseira e o ambiente simples formam a marca registrada do “Aconchego da Zuzu”, sucesso gastronômico que atrai clientela variada, mas com um único desejo: comida boa e barata.

“Os preços módicos associados à atmosfera acolhedora do nosso restaurante permitem a bolsos e gostos diferentes dividirem um mesmo espaço. Mas nada disso seria possível se a comida não fosse de qualidade”, explica, com a mesma simplicidade com que acaricia o rosto de um dos três netos, João Barroso, 63 anos, dono do restaurante e oficial da Marinha aposentado. O carro-chefe da casa é o Peixe de Escabeche. Acompanhado por arroz e pirão, é bem servido para duas pessoas e custa apenas 24 reais. “O mesmo prato, se fosse consumido em um restaurante um pouco mais refinado, sairia pelo dobro do valor e, talvez, não seria tão saboroso quanto o daqui”, atesta, em meio a ávidas garfadas, Armando Ferreira, 42 anos, economista e pai de gêmeos com 9 anos. Outra opção para duas pessoas é o Peito de Galinha grelhado, acompanhado por arroz e salada. O preço? 10 reais.

Seu Barroso, como é mais conhecido, conta que a idéia de criar o restaurante surgiu há pouco mais de 8 anos, a partir de sugestões de amigos: “Demorei para levar a sério, mas acabei comprando a idéia.”, revela. No início, o “Aconchego” funcionava apenas às sextas-feiras. Mas, atendendo exigência da clientela, o restaurante passou a abrir as portas de terça a domingo.

Música - Daí em diante, a cozinha não parou mais de receber pedidos e um novo ingrediente foi acrescentado à receita de sucesso do restaurante: o “Paroano Sai Melhor!”, grupo musical que anima a freguesia. Há 4 anos, ele abriu caminho para a música ao vivo no restaurante, apresentando-se apenas durante as cinco quintas-feiras que antecedem o carnaval.

“Curtir o Paroano no 'Aconchego' era uma delícia. A casa ficava sempre cheia e contagiada pelas marchinhas. Por isso, tento fazer o melhor que posso oferecendo música de qualidade. A responsabilidade é enorme”, diz a cantora Letícia Gabian, 49 anos, que, acompanhada do violonista Horácio Barros e do pandeirista Pedrinho, anima com MPB e Bossa Nova as noites de sexta-feira do restaurante. De quinta a sábado o “Aconchego” oferece música ao vivo cobrando pelo serviço extra um couvert artístico de 5 reais.

Para embalar ainda mais o show, o restaurante se tornou coqueluche entre celebridades locais e nacionais. Segundo Seu Barroso, entre os ilustres clientes, destacam-se o ator Lázaro Ramos, o deputado federal Roberto Freire e o cantor Lazzo Matumbi.

Família – Para dar conta de tantas responsabilidades e manter a qualidade do restaurante, Seu Barroso conta com o reforço da família. Quase todos os funcionários são parentes e na cozinha quem comanda é a esposa do comerciante, dona Noélia, 63 anos.

Diante de uma empreitada em família como essa, o nome do restaurante não poderia ser diferente: é uma homenagem à mãe de Seu Barroso, a senhora Juvência dos Santos Barroso, ou simplesmente, Dona Zuzu, que completará, em 1º de junho deste ano, 99 anos de firmeza e saúde. Tal qual as raízes da centenária mangueira.

POR Gabriel Pondé 
  
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