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[O Chorinho] [O Samba] [A Era do Rádio] [Do Baião à Bossa nova] [O Som dos anos de chumbo]


A História da Música Popular Brasileira.


INTRODUÇÃO

       Música popular brasileira (MPB), sua rica história teve início no final do século XVIII, quando as cidades começaram a ganhar densidade demográfica e, com elas, surgiu um povo capaz de produzi-la e, principalmente, de cantá-la. Um dos primeiros registros existentes remonta ao grande poeta satírico Gregório de Matos, que cantava versos obscenos acompanhado de uma viola de arame para seduzir as escravas mais apetitosas do Recôncavo Baiano.

     Os pesquisadores também falam do poeta carioca Domingos Caldas Barbosa, que, igualmente no século XVIII, teria ido para Portugal mostrar à corte cantigas de estrutura ibérica, já perpassadas, no entanto, de uma ternura tal que se pressupõe ser um sintoma da forma musical brasileira. Mas é só com a progressiva assimilação do negro na sociedade, miscigenando-a, que começa a ganhar forma essa música multifacetada, para a qual confluem culturas de todos os lugares do planeta e das mais remotas épocas históricas, juntando a melancolia das formas poéticas portuguesas, os envolventes ritmos africanos e os telúricos instrumentos de sopro dos índios.




CHORINHOS E CHORÕES

     Não por acaso, portanto, o primeiro grande momento dessa mesma música é do mulato carioca Joaquim da Silva Callado (1848-1880), que entrou na história como o criador do choro e, com ele, chegou a se apresentar para o imperador Pedro II, por quem foi condecorado com a Ordem da Rosa em 1879. Era tão virtuoso que não havia quem se dispusesse a editar os seus temas, pois executá-los exigia competência e talento. Com Callado, inaugurava-se uma estirpe de compositores e instrumentistas que passariam a ser chamados de chorões, referência aos choros ou chorinhos que criaram e imortalizaram.




O SAMBA, DO TELEFONE À INTERNET

     Foi por essa época também que os guetos negros da Praça Onze, no Rio de Janeiro, começaram a dar forma, à base de percussão e de palmas, ao que viria a ser o gênero popular mais representativo da música popular brasileira: o samba, uma corruptela da palavra de origem africana "semba", que, para alguns, significa "umbigada" ou "união do baixo ventre" e, para outros, "tristeza", "melancolia", "banzo". A primeira gravação de que se tem notícia é de um samba, (este que está tocando agora), Pelo telefone, de Donga e Mauro de Almeida, remonta ao ano de 1917. Vale lembrar, no entanto, que o pesquisador de música popular Almirante sempre tratou Donga como um impostor, que teria se apossado de uma criação coletiva das pessoas que freqüentavam o terreiro da Tia Ciata, uma das matriarcas negras moradoras da Praça Onze, que eram conhecidas como "tias".




A ERA DO RÁDIO

     Com a década de 1930, tiveram início os chamados "anos de ouro" da música popular brasileira, que têm estreita ligação com o advento do rádio, o qual, em menos de dez anos, tornou-se uma verdadeira febre nacional. O primeiro grande nome surgido nesse período foi Ari Barroso, que, não por coincidência, tinha uma grande identificação com o novo veículo, para o qual trabalhou também como locutor esportivo e apresentador de programa de calouros. Sua estréia foi com a marchinha Dá nela, gravada por Francisco Alves, que já era uma espécie de unanimidade nacional. Um dos compositores que mais trabalhou com Carmen Miranda, foi por ela levado para Hollywood, onde chegou a ser apontado para um Oscar. Mas o grande momento da sua carreira foi com o samba-exaltação Aquarela do Brasil, que ocupou o lugar de hino afetivo do país até a chegada da Garota de Ipanema, na década de 1960, tendo merecido mais de 800 gravações em todo o mundo. Outro ícone dessa época foi Noel Rosa, que, como Ari, vinha da classe média, o que demonstra o crescente prestígio do rádio e da gravação elétrica. Em 1933, chegou a vez de Lamartine Babo, conhecido como Lalá pelos seus amigos do Café Nice, ponto de encontro dos boêmios, compositores, músicos e cantores da época, que ali se reuniam para fazer negócios e marcar encontros para as noitadas em outros lugares da cidade, já que lá não se vendia bebida alcoólica. O ano de 1933 também marcou a estréia de um outro grande compositor do período, que igualmente iria marcar a história da MPB: Ataulfo Alves. O último grande compositor desse período foi o baiano Dorival Caymmi, dono de uma das obras mais cativantes da MPB, por meio da qual o Brasil inteiro conheceu os mistérios, as belezas naturais, a paisagem urbanística, o sincretismo religioso e até a culinária da Bahia.




DO BAIÃO NORDESTINO À BOSSA CARIOCA

     Na segunda metade dos anos 1940, surgiu um dado inteiramente novo na MPB tocada no rádio: o sanfoneiro Luís Gonzaga, que, junto com o letrista Humberto Teixeira, introduziu o apimentado baião nordestino no vasto caldeirão da nossa música, naquele momento um tanto insossa. Além do sucesso que fizeram, abriram um grande mercado para outros músicos nordestinos, entre os quais se destacam Carmélia Alves e Jackson do Pandeiro. Pode-se dizer que foi por essa mesma porta que passou a geração de Alceu Valença, Elba Ramalho e Fagner, que, na década de 1970, também cantaram outros ritmos nordestinos. O pós-guerra permitiu o contato com o existencialismo francês, que contaminou a produção de compositores como o pernambucano radicado no Rio Antônio Maria (1921-1964) e a carioca Dolores Duran (1930-1959), que se tornaram célebres com os sambas-canção, também conhecidos como "músicas de fossa" ou "de dor-de-cotovelo", pois cantam as dores do amor e o desencanto com a vida.




O SOM DOS ANOS DE CHUMBO

     Foi na década de 1970 que surgiu a primeira leva de compositores de prestígio saídos diretamente da ala de compositores das escolas de samba para o mercado, entre os quais se destacam Martinho da Vila, Paulinho da Viola e Dona Ivone Lara. Remonta a essa época o começo da carreira de talentos que se firmariam na década seguinte, como o cantor Ney Matogrosso e o eclético compositor Djavan. No entanto, talvez a mais perfeita tradução desse conturbado período da nossa história tenha sido o grupo Novos Baianos. Seus músicos tinham estreitas ligações com a bossa nova (João Gilberto foi um dos seus padrinhos), comportavam-se como remanescentes da rebeldia tropicalista e conheciam os segredos do mercado (obtiveram vários sucessos, além de três de seus integrantes - Baby Consuelo, Pepeu Gomes e Moraes Moreira - terem feito bem-sucedidas carreiras solo).

     A década de 1980, inaugurada pelo estrondoso mas efêmero sucesso da Blitz, foi dominada pelo rock, cuja face brasileira enfim se tornou uma sólida realidade de mercado no país. Os grandes letristas dessa geração foram Renato Russo e Cazuza, ambos mortos precocemente em decorrência da Aids. O conjunto Barão Vermelho teve dificuldade para assimilar a saída de Cazuza, mas, com o tempo, tornou-se uma das melhores bandas de rock do país.

     Os Titãs começaram com a dançante new wave, tiveram um catártico encontro com a estética punk e, depois de alguns anos cantando para platéias esvaziadas, reencontraram-se com o sucesso quando aderiram à onda unplugged que assaltou o mercado brasileiro em meados da década de 1990. Os Paralamas do Sucesso assimilaram os ritmos caribenhos e fizeram uma rica salada sonora, com a qual conquistaram o Brasil e vários países da América Latina. Também ganhou em solidez a carreira do aparentemente despretensioso Lulu Santos, cada vez mais popular.

     Com o esgotamento do rock, surgiram vários modismos na virada da década de 1980 para 1990, entre os quais se destacam o pagode, o sertanejo e a axé music. No entanto, nesse mesmo período surgiram ricas promessas para a música popular brasileira, como Chico César, Cássia Eller ( que morreu recentemente ), Lenine, Adriana Calcanhoto e Guinga. É possível que, neste exato momento, esteja se firmando mais um nome, capaz de merecer citação na próxima edição desta página. Tem sido assim desde sempre. A música popular brasileira não pára de se renovar.

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 Última atualização em 20/04/2002.

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