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IAP em Piedade organizada em 23 de abril de 1963
Revista de Estudos nas Escolas Bíblicas da Igreja Adventista da Promessa
LIÇÃO 11: ÊXODO 31:16
Esse texto indica que o sábado foi dado
apenas para os judeus?



Autor: Pastor Manoel Pereira Brito
Lição Bíblica 273, sábado, 10 de dezembro de 2005

OBJETIVOS: Conduzir o estudante ao fortalecimento em sua crença sobre a guarda do sábado no sétimo dia da semana e conscientizá-lo de que a doutrina do sábado não foi dada por Deus somente aos judeus, mas a todas as pessoas que foram salvas em Cristo, em toda a terra.

TEXTO BÁSICO: Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando o sábado nas suas gerações por concerto perpétuo. (Êx 31:16)

INTRODUÇÃO: Quanta confusão há, em relação à guarda do sábado no sétimo dia! Quanta dificuldade para reconhecê-lo como o dia santo do Senhor Deus! É lamentável que muitos cristãos não enxerguem duas grandes bênçãos divinas, entre tantas, relacionadas à criação: o homem e o sábado. O primeiro Deus fez para pensar e agir (Gn 1:26-28); o segundo Deus fez para dar suportes moral e emocional e para restaurar as forças físicas, mentais e espirituais do homem. Não se pode, pois, entender o agir do homem sem o sábado, nem a bênção e a santidade do sábado, sem o homem. A atitude do próprio Criador em descansar, abençoar e santificar o sétimo dia dá ao sábado a condição de santo dia do Senhor. Por essa razão, o estudo de hoje mostrará que o sábado ou descanso foi o único feito divino que recebeu, já de início, o qualificativo de santo; mostrará, também, que ele não foi feito apenas para o povo judeu, mas para todos os povos, as nações, as etnias e as raças que povoam a terra, em quaisquer que sejam as épocas. O sábado foi feito para repouso e para a devoção do homem a Deus.

I – A INTERPRETAÇÃO ERRADA

Diversas organizações evangélicas vêem o santo sábado como instituição apenas para o povo judeu, e apresentam os seguintes argumentos:

1) O sábado foi dado aos judeus, através de Moisés, como lembrança e sinal da aliança que Deus firmara com os israelitas, no Egito. Tal argumento é Baseado em textos como este: Entre Mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre (...) Disse mais o Senhor a Moisés: Escreve estas palavras; porque conforme ao teor destas palavras tenho feito concerto contigo e com Israel. (Êx 31:17, 34:27).

2) A lei de Deus – os dez mandamentos descritos em Êx 20:1-17 – não existia, antes de ser dada no Monte Sinai. Esse argumento é baseado neste texto: Não com nossos pais fez o Senhor este concerto, senão conosco, todos os que hoje aqui estamos vivos. (Dt 5:3)

3) O sábado não foi mencionado na criação. Ele fazia parte da lei cerimonial, dada por Moisés, aos israelitas. Essa lei fazia referência a todo um procedimento temporário que os israelitas deveriam adotar, até a chegada do Senhor Jesus Cristo.

O ex-padre, Aníbal Reis, forte opositor do sábado, apresenta este argumento: No contexto da vigência da Lei os judeus viviam debaixo da sombra dos bens futuros (cf. Hb.10:1). Ao consumar no Calvário a obra objetiva da Redenção, Jesus Cristo, Luz do mundo, extinguiu todas as sombras e nele se consumaram todas as figuras. Extintas as sombras e consumadas as figuras, o sábado também caducou porque das sombras e figuras fazia parte (...). Apesar de todas essas instituições e estatutos serem no Antigo Testamento PARA SEMPRE (perpétuas), caducaram quando da Morte de Jesus Cristo. Nenhuma delas se encontram no Cristianismo (...). Foram “perpétuas” no sentido de durarem por toda a vigência do Velho Testamento. O sábado semanal de igual maneira foi perpétuo com o significado de duração restrita à permanência do cerimonial judaico... SINAL do Concerto entre Deus e Israel, o sábado se restringiu às gerações israelitas sem implicar os gentios. [1]

Por sua vez, Champlin comenta o seguinte: Não há registro de que o sábado era observado na época patriarcal, embora o início “teológico” esteja relacionado à criação divina de todas as coisas e ao descanso de Deus de seu trabalho (Gn. 2:2) (...) Na teologia hebraica, esse dia sagrado comemorava a criação original e a redenção de Israel do Egito (Gn. 2:2; Êx. 20:8,11; Dt. 5:15) (...). Embora haja teorias diversas quanto às origens (...) parece que essa era uma instituição exclusiva aos hebreus antes de a idéia propagar-se a outros povos.[2]

Por esses argumentos, vemos o quanto os conceitos de certo e errado são subjetivos em nossa época; percebemos o quanto as respostas dos homens procuram satisfazer os interesses de cada questionador. Porém, quando nos colocamos diante da palavra de Deus, a ela devemos nos curvar, perguntando: Pode Deus, porventura, errar? Podem Seus preceitos morais, éticos e espirituais terem sido dados para esse e não para aquele povo?

II – A INTERPRETAÇÃO CORRETA

Na Bíblia sagrada, o sábado é o sétimo dia da semana, santificado ao Senhor Deus e dado por ele a seus filhos como prova de obediência: ele é declarado dia abençoado, dia de repouso e dia santificado; essas qualidades foram eternizadas pelo ato de Deus de descansar nesse dia depois de haver criado todas as coisas: E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom (Gn 1:31; 2:2-3). Os demais seis dias da semana, e toda criação, eram, também, bons. A nenhum deles, porém, Deus atribuiu o qualificativo de santidade, uma das qualidades essenciais da Divindade, como fez com o sétimo dia, chamando-o de “santo” ontem, hoje e sempre (Gn 2:2-3; Êx 16:23, 31:14).

O sábado não surgiu com o povo judeu, mas com o primeiro homem e continuará existindo enquanto, sobre a terra, houver algum ser humano. Assim disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem; e domine... Frutificai e multiplicai-vos (Gn 1:26-28). No poder que o homem recebeu para governar a terra, está incluso o respeito aos seus limites físicos, mentais e espirituais; por isso, ele deve governar considerando o dia de repouso, de descanso, para que possa oferecer a devida devoção a Deus. Adão e Eva foram as primeiras pessoas a quem Deus manifestou esses princípios de vida, esses valores que provêm de sua soberana vontade, e o casal foi transmitindo esse legado divino a seus descendentes (Gn 1:26-28). Nada se perdeu, pelo cuidado especial que Deus tem para com o fiel cumprimento de sua Palavra (Jr 1:12).

Bem antes do povo judeu, Abraão e todos os demais patriarcas bíblicos também guardaram os preceitos divinos, entre os quais a guarda do sábado está incluída: Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou os meus estatutos e as minhas leis... eu apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso (...) E também estabeleci o meu concerto com eles. (Gn 26:5; Êx 6:2-7) Se Deus apareceu a esses homens; se eles guardaram preceitos e mandamentos de Deus, será que não sabiam que deveriam observar a guarda do sétimo dia da semana, como fora dado e ensinado de início? Será que Deus havia se esquecido do que ele mesmo ordenara, ao criar o sétimo dia da semana? Evidentemente, não! Logo, o santo sábado sempre foi guardado com fidelidade, a partir da criação.

A contagem bíblica dos dias da semana é feita de um pôr-do-sol a outro pôr-do-sol, cuja determinação é do próprio Deus. Isto inviabiliza a suposta idéia segundo a qual o sábado, santo dia do Senhor, se perdeu ao longo dos anos. A determinação bíblica é esta: De uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso sábado (Gn 1:5,13,23,31; Lv 23:32). Estes textos não se referem ao sábado cerimonial, mas ao santo sábado do Senhor, conhecido por seu povo desde os tempos antigos, porque foi feito por causa do homem (Mc 2:27).

Balbach transcreve um trecho do comentarista batista, Broadus, com o seguinte teor: Investigações recentes mostram que os babilônios, antes do tempo de Abraão, contavam uma semana de sete dias, que findava com um dia de descanso, que era estritamente observado, e que os escritos assírios designavam por sábado (...) O próprio termo lembra-te do sábado, para o santificar (Êx 20:8), parece tratá-lo não como uma coisa nova, mas uma instituição já existente; e parece da história da primeira queda do maná (Êx. 16:5,22-30) que o povo já estava relacionando com o sábado, e que alguns estavam dispostos a esquecê-lo ou negligenciá-lo[3]

Os israelitas conviveram com povos pagãos, como escravos, no Egito, durante um período de 430 anos (Êx 12:40-41; Gl 3:7). Deus, todavia, não se distanciou de seu povo, nem o povo se distanciou tanto assim de Deus, a ponto de se esquecerem dos preceitos divinos. Disse Deus: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor (Êx 3:7-8). Isso prova que havia comunhão do povo com Deus e de Deus com seu povo. Parte das perseguições movidas contra os israelitas era motivada pelo fato de se tratar do povo de Deus, que guardava e obedecia aos preceitos divinos, dos quais o sábado fazia parte. Deus libertou seus filhos em cumprimento as suas promessas; também porque estes lhes foram obedientes (Êx 24:7).

A saída dos israelitas do Egito marcou o início da formação desse povo, como nação independente. Deus passou a capacitar essa nação com um sistema de leis, regras e padrões, visando organizá-la para que sua vida social, política e espiritual funcionasse de forma equilibrada. Ao pé do Monte Sinai, Deus procedeu à entrega dos Dez Mandamentos, únicos escritos de seu próprio punho, como prova de eternidade daquilo que já havia ensinado aos patriarcas. Na ordem seqüencial dessas Dez Palavras, o sábado aparece em quarto lugar, interligando deveres entre Deus e o homem, não como mandamento novo, mas como lembrança daquilo que, há muito tempo, já era conhecido: Lembra-te do sábado para o santificar (Êx 20:8-11). Com essa solene descrição histórica do sábado, Deus quer que conheçamos e lembremos do sétimo dia da semana como o dia de descanso por ele santificado (Gn 2:2,3; Êx 20:1-17).

Em Nm 15:32-35, temos um exemplo doloroso resultante da desobediência à guarda sábado: Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado. Os que o acharam apanhando lenha o trouxeram a Moisés, e a Arão, e a toda a congregação. Meteram-no em guarda, porquanto ainda não estava declarado o que se lhe devia fazer. Até este ponto da narrativa, com nossa cabeça moderna, poderíamos achar que isso é radicalismo do povo de Israel. Veja, então, a seqüência do texto e quem é que define a questão: Então, disse o SENHOR a Moisés: Tal homem será morto; toda a congregação o apedrejará fora do arraial. Levou-o, pois, toda a congregação para fora do arraial, e o apedrejaram; e ele morreu, como o SENHOR ordenara a Moisés. (Nm 15:36) E agora, você se atreve a chamar Deus de radical? Tem o estudante a audácia de afirmar que essa lei “é de Moisés”? A obediência à guarda do sábado era segurança de vida; os israelitas deveriam obedecer ao quarto mandamento por amor de suas almas (Jr 17:21 – cf. Ne 13:17-22).

O sábado não pertence ao conjunto de leis cerimoniais, dadas por Moisés, aos israelitas; integra os Dez Mandamentos da Lei Moral escrita pelo próprio Deus e dada aos israelitas, como evidência da aliança firmada, cujo objetivo central era conscientizá-los de que o Senhor é seu único Deus (Dt 6:4). Bacchiocchi, referindo ao maná colhido em dobro, na sexta-feira, comenta o seguinte: O sábado é apresentado em Êxodo 16 e 20 como uma instituição já existente (...) A falta de explicação sobre a necessidade de se recolher quantidade dupla no sexto dia seria incompreensível, se os israelitas não tivessem conhecimento prévio do sábado. Do mesmo modo, em Êxodo 20, o sábado aparece como algo familiar... Sem embargo, a essência do sábado não é um lugar onde se possa ir para cumprir alguns ritos, e sim um tempo para se dedicar a Deus, aos demais seres e a si mesmo.[4] O sábado é, pois, o dia santo, de reflexões e adoração a quem devemos prestar louvores e gratidão, por todas as coisas criadas.

Jesus Cristo sempre esteve junto ao Pai e participou de todos os atos da criação. São dele estas palavras: Eu e o Pai somos um... quem vê a mim, vê o Pai. (Jo 1:2,3, 10:30, 14:9) E disse também: O sábado foi feito por causa do homem e não o homem por causa do sábado (Mc 2:27). Isto evidencia que, desde o início da criação, o homem necessita do sábado para satisfazer suas necessidades físicas e espirituais e demonstrar sua obediência a Deus. Se o sábado fosse dado apenas ao judeu, por que Jesus se referiu, de forma tão genérica, ao homem e não ao judeu, especificamente? Por que João e Paulo fizeram estas afirmações: ... a salvação vem dos judeus... que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas? (Jo 4:22; Rm 9:4)

Por que nos esforçamos para conseguir a salvação que vem dos judeus e rejeitamos guardar o sábado como mandamento do Senhor, se o sábado e a salvação procedem igualmente de uma mesma fonte? O texto de Êxodo 31:16, portanto, onde está declarado que o sábado deve ser obedecido por aliança eterna nas suas gerações, não é um mandamento restrito ao povo judeu como nação, mas a todos os salvos de todas as nações, visto que a base da nossa salvação vem de Israel; o nosso Salvador é da tribo de Judá (Hb 7:14) e o Novo Testamento nos chama de o Israel de Deus (Gl 6:16).

É evidente que Deus fez com seu povo uma nova aliança, a da cruz, cuja base é o sangue de Cristo; porém, o próprio Senhor da Cruz foi obediente aos mandamentos do Pai, entre eles a guarda do sábado, sem aboli-lo (Mt 5:17). Isso é comprovado pela luta que Cristo teve com os judeus para restaurar o verdadeiro sentido do dia sagrado que havia sido transformado num fardo insuportável (Mc 2:23-28; Jo 5:16-18). Logo, para nós, cristãos, as leis morais e espirituais dadas por Deus, no Antigo Testamento, e que foram validadas no Novo Testamento, permanecem como o concerto eterno feito entre Deus e o homem, a ser obedecido por todos os homens até o último dia de vida na terra, quando terá início o sábado eterno ou o descanso eterno (Hb 4:8-11; Ex 16:17). O sábado, então, deverá ser guardado, como foi instituído por Deus, quer por judeu, quer por gentio; quer por israelita, quer por grego, como dia de santas convocações (Lv 23:2).

No dia de sábado, paremos com nossos trabalhos seculares; nesse dia santo, nossas palavras e atividades devem ser substituídas pela oração, pela leitura da palavra de Deus, pela freqüência à casa do Senhor (Sl 42:4), pelos cânticos de adoração, pelos louvores; pelo atendimento à obra de Deus e pelo bem-estar espiritual de nossos semelhantes. Vivamos a fé cristã com essas qualidades, certos de que todo cristão sincero é israelita ou judeu no seu interior, pois, pela fé que nos vem de Jesus Cristo, Não é judeu o que o é exteriormente (...) mas é judeu o que o é no [seu] interior (...) porque primeiramente as palavras de Deus lhes foram confiadas (Rm 2:28,29, 3:2). CONCLUSÃO: Amado irmão em Cristo, Deus não faz distinção de pessoa, de povo ou nação que a ele se achegue. A todos, Deus recebe de braços abertos, como bom Pai. É neste mesmo sentido que suas maravilhosas leis são dadas a todos. Assim é que o sábado não foi dado apenas para o judeu, que guardava os preceitos do Senhor, mas a todos, povos e nações formadas por pessoas salvas por seu Filho Jesus Cristo.

O mal dos judeus foi que eles criaram, para si próprios, princípios que Deus não aprova, e se voltaram para as coisas perecíveis. Por último, rejeitaram ao Senhor da glória, sem o qual ninguém se salva. Em Oséias 4:6, lê-se: O meu povo foi destruído porque lhe faltou conhecimento. Para que você não se perca, amado irmão, busque sempre em Deus o conhecimento de sua Palavra para que você seja um servo obediente.

QUESTIONÁRIO:

1) Como base no primeiro comentário, explique os três argumentos utilizados pelos defensores da extinção da guarda do sábado no sétimo dia da semana.

2) Como base no primeiro comentário, como os defensores da extinção da guarda do sábado no sétimo dia da semana interpretam Êx 31:16.

3) Diferentemente dos demais dias da semana, quais as qualificações que Deus deu ao sétimo dia? (Gn 2:2-3; Êx 16:23, 31:14)

4) Com base em Jo 4:22; Rm 9:4, explique a seguinte sentença: Por que nos esforçamos para conseguir a salvação que vem dos judeus e rejeitamos guardar o sábado como mandamento do Senhor, se o sábado e a salvação procedem igualmente de uma mesma fonte?!

5) Agora, explique a interpretação correta de Êx 31:16.

6) Da interpretação correta e da interpretação incorreta, que lições você tira para a sua vida espiritual?

________________________________________

[1] REIS, Aníbal P. A Guarda do Sábado, p. 48 e 63. (COMPLETAR REFÊNCIA)

[2] CHAMPLIN, R. N. Ph.D., em seu Dicionário, pp. 5l93. (COMPLETAR REFERÊNCIA)

[3] Alfons Balbach, Conhecereis a Verdade, p. 89 e 90.

[4] Samuele Bacchiocchi, Reposo Divino Para la Inquietud Humana, p.38.

 
 
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