--------Assim que a tiraram
da frigideira, dourada e a estalar, a Batata Frita
percebeu que era diferente das suas irmãs. Sentiu-se
importante e pensou: -Preciso de
aventuras!
Já na
travessa, a caminho da mesa, não se conteve e espreitou
pela borda, meio erguida, quase de fora.
A mãe serviu o prato
do Miguel, cortando o bife aos pedaços e dispondo o ovo
estrelado e as batatas fritas com cuidado.
Mas ao
menino não passou despercebida a Batata Frita
Aventureira, ansiosa, a debruçar-se perigosamente sobre
a toalha.
- A Batata
Frita! - disse o menino, apontando.
A mãe
virou-se, um segundo apenas, para responder:
- Come!
A Batata
fez um esforço, conseguiu soltar-se das outras batatas e
pulou, afoita, para cima da mesa. Ficou sentada um
bocadinho, a observar tudo em redor.
E o Miguel,
com os olhos espantados, voltou a apontar:
- A Batata Frita!
A mãe
franziu o sobrolho, impaciente:
- Miguel,
já te disse! Come!!
Então, a
Batata Frita levantou-se e rapidamente escondeu-se atrás
de um copo. Aguardou um momento, deu alguns passos, mas
tropeçou num garfo e ficou lá presa, aflita, a
espernear.
O menino
estendeu o braço, para alcançar a Batata, e ainda
inclinou a cabeça, a chamar a atenção, repetindo
suavemente:
- A Batata
Frita!
Porém, a
mãe do Miguel já estava mesmo muito zangada:
- Quantas
vezes tenho de repetir, Miguel? Come!!!
O menino
endireitou-se na cadeira, amuou e fez beicinho.
Depois,
foi-se aproximando da mesa, lentamente. Curvou os lábios
numa
risada
ladina, agarrou a Batata e libertou-a.
A Batata
Frita agradeceu, com entusiasmo, acenou, e afastou-se,
correndo, pela toalha fora:
- À
Aventura!!!
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