1ª
Parte
Era uma vez
um Ratinho Azul. Era Azul, porque nasceu no Céu e já os
seus pais eram Azuis. Certo dia, o Ratinho Azul que era
muito curioso e, de vez em quando, dava uma espreitadela
para a Terra, pensou vir até cá. O problema que punha,
era a maneira como havia de deslocar-se.
Pôs-se a
pensar... Levou tanto tempo a pensar, que estava já
grande e ainda não lhe tinha surgido uma ideia.
Olhava cá
para baixo e via uma distância tão grande, que quase
esmorecia, convencido que não conseguiria concretizar o
seu sonho.
Um dia...
- E se eu
fosse falar com o Sol? - pensou o Ratinho Azul. - Ele vai
todos os dias à Terra e poderia levar-me!
Foi falar
com o Sol, mas quando lhe disse o que pretendia, o Sol
deu uma gargalhada de troça e perguntou:
- Que
queres tu ir fazer à Terra? Não vês que és tão
pequenino que te perderias no meu daquele bulício?!
O Ratinho
Azul, triste como a noite, desatou a chorar e o Sol,
impávido, não ligou a menor importância às lágrimas
dele e mandou-o embora. Ele lá foi, todo choroso, mas de
repente...
- Ah! estou
a lembrar-me da Lua! Vou até lá e, talvez ela me ajude.
Como ela vai todos os dias à Terra!...
Foi então
à Lua. Caminhou, caminhou... Levou tanto tempo a chegar
que, quando chegou, já estava velho; já tinha barbas
brancas. Apesar disso, não desistiu nem perdeu a
esperança de um dia ir à Terra. Pôs o problema à Lua,
e aquela, fixando-o nos olhos, disse:
- Não me
importo de te levar, Ratinho Azul. Pequenino como és,
nada me custa. Porém, quero prevenir-te de uma coisa:
és capaz de vir a ter problemas na Terra.
- Porquê?
- perguntou o Ratinho, muito triste.
- Porque na
Terra há ratos; muitos mesmo! Todavia, são diferentes
de ti e não tão bonitos e, de certo, não ficarão
satisfeitos com a tua presença. Sei lá o que poderá
acontecer-te?...
- Não me
acontecerá nada, porque tenciono ir, apenas para
conhecer e não para perturbar o bem estar dos ratos que
a habitam. A Terra deve ser tão bonita!
- Como tu
queiras. - disse a Lua. - Estou só a avisar-te. Mas se
apesar do aviso que te faço, continuares com o mesmo
desejo, levar-te-ei. Aparece aqui logo à noite preparado
para a viagem.
O Ratinho
Azul ficou tão contente, que correu para casa, desta vez
por um caminho mais curto, para chegar bem depressa.
Chegado a casa, preparou-se, lavando-se muito bem,
penteando os bigodes, perfumando-se, comendo uma boa
refeição... Ah, não se esqueceu de lavar os dentes
após a refeição, o que é importantíssimo para os
conservar!
Saíu de
casa todo contente e foi cantando uma cantiguinha, para o
percurso lhe parecer mais rápido. Era noite escura,
quando chegou a casa da Lua. Bateu à porta, bateu,
bateu... e a Lua não apareceu. Desesperado e resolvido a
voltar para casa, desiludido por ninguém querer
ajudá-lo, começou a chorar e, à sua volta, ficou tudo
inundado.
Uma nuvem
que vivia ali perto, abriu a porta, por acaso, de certo
para apanhar um pouco de ar fresco, e deparou-se com o
triste espectáculo. Com pena, perguntou ao Ratinho Azul
se precisava de ajuda.
- Preciso!
Se me pudesses ajudar... Estou muito triste, porque a Lua
prometeu levar-me à Terra e, quando chefuei aqui, ela
já não estava. Se me indicasses uma maneira de eu poder
ir!
- A Lua
não costuma fazer essas coisas! - disse a Nuvem. - Deve
ter tido algum contratempo! Deixa lá! Irei à Terra
daqui a dias e levar-te-ei. É só uma questão de teres
paciência e esperares mais um pouco.
- Quando
chegar a ir à Terra, serei tão velho que nem forças
terei para dar uns passeios por lá! - disse o Ratinho
Azul.
- Não! Já
falta pouco tempo. - disse a Nuvem - Será logo que
comece o Outono e já estamos no fim do Verão. Terás de
ir bem agasalhado, porque nessa altura começará a fazer
frio na Terra. Leva guarda-chuva, pois eu vou à Terra,
precisamente para levar a chuva e, às vezes levo tanta,
que faz inundações bem maiores do que a que fizeste
aqui com tuas lágrimas.
- Logo que
o Verão termine, estarei aqui! - exclamou o Ratinho
Azul, muito contente.
Não te
atrases, Nuvem, que estou mesmo ansioso por conhecer a
Terra!
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