Certa manhã, acordou
a Girafa muito bem disposta. Como atleta que era, logo
calçou os ténis e vestiu os calções, para uma
corridinha na mata. Ora, estava a
Girafa, toda satisfeita, a dar a sua volta, quando um
coelho, aos pulos, se lhe atravessou no caminho.
- Mau! -
exclamou a Girafa que, como se esperava, não gostou da
gracinha.
- Estes
coelhos não sabem comportar-se... e nem sabem as regras
de trânsito da savana. Está visto que eu tenho
prioridade e devo passar primeiro.
O coelho,
que já tinha ouvido umas anedotas acerca da Girafa,
respondeu-lhe com calma:
- Lá isso
não sei. Eu cá vou na minha vida e tenho que ir dar o
almoço aos meus filhos. Com licença! - e fez menção
de continuar.
- Alto aí!
- gritou a Girafa. - Só porque pulas e tens longas
orelhas, pensas que és grande coisa! Espera aí que eu
já te conto!
E a Girafa,
que, como vocês sabem, era Cientista, foi para o seu
laboratório. Lá misturou os ingredientes, tentou novas
receitas e preparou uma poção mágica, que
experimentou. Rapidamente, alcançou o coelho, que
seguira o seu caminho e já corria lá mais adiante. A
Girafa estava exultante.
- Vais ver
como também sei transformar-me num coelho!
E, perante
o espanto do coelho, a Girafa mudou de aparência. As
orelhas começaram a crescer, enormes e felpudas. O
pescoço encurtou e cinzento se tornou. O corpo perdeu as
manchas e ficou cor-de-burro-quando-foge. E a cauda, a
alongar, a alongar, abanava já as moscas que procuravam
aproximar-se.
Divertido,
o coelho soltou uma gargalhada.
- Ena, ena,
grande coelho!
A Girafa,
ou melhor, o animal em que esta se transformara, quis
responder, mas ficou surpreendido com a sua própria voz.
- Hi-Ón!
Hi-Ón!
Não é que
a invenção da Girafa Cientista falhara e ela se
transformara num burro? Bom, foi tal a sua vergonha que
trotou para casa e lá se escondeu até o efeito da
poção mágica passar.
Para o
coelho é que foi uma barrigada de riso. E quando chegou
à toca, ainda a gargalhar bem alto, contou aos filhos a
anedota da girafa que queria ser coelho!
|