A Esquerda O Centro Cadê a Direita?



Brasil

O Brasil é um país na América do Sul. A capital é Brasília. A principal religião é o Cristianismo (Católico). A língua nacional é o Português. O país é uma república federativa presidencialista. Depois de mais de 3-séculos sob o domínio Portugues, o Brasil ganhou pacificamente sua independência em 1822, mantendo um sistema de governo monarquico até a abolição da escravidão em 1888 e a proclamação subseqüente de uma república pelas forças armadas em 1889. Os exportadores Brasileiros do café dominaram politicamente o país até que o líder populista Getulio Vargas ascendeu ao poder em 1930. De longe o maior e mais populoso país da América do Sul, o Brasil submeteu-se a mais do que meio-século de governos populistas e militares até 1985, quando o regime militar cedeu pacificamente o poder ao dominio civil. Desde então passaram a dominar os partidos de centro-esquerda, e o Brasil vive atualmente uma falsa democracia, pois não existem partidos de centro-direita de oposição. O Brasil continua a perseguir o crescimento e o desenvolvimento industrial e agricultural de seu interior. Explorando vastos recursos naturais e com uma grande massa de trabalho, é hoje o principal poder economico da America do Sul e um líder regional. A distribuiçao altamente desigual da renda e o crime permanecem problemas urgentes.
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PANORAMA ECONOMICO:
Caracterizada por grandes e bem-desenvolvidos setores de mineração, manufatura, e de serviços, a economia do Brasil supera aquela de todos os outros países Sulamericanos e o Brasil está expandindo sua presença nos mercados mundiais. De 2003 a 2007, o Brasil operou com superávits comerciais e registrou seus primeiros superávits de conta corrente desde 1992. Os ganhos da produtividade acoplados com os elevados preços das matérias-primas contribuíram ao impulso nas exportações. O Brasil melhorou seu perfil da dívida em 2006 deslocando seu peso da dívida para instrumentos domésticos atrelados ao Real. Lula Da Silva renovou seu compromisso à responsabilidade fiscal mantendo o superávit primário do país durante a eleição de 2006. Depois de sua segunda inauguração em Outubro desse ano, Lula Da Silva anunciou um pacote de reformas econômicas adicionais para reduzir impostos e aumentar o investimento na infra-estrutura. A dívida do Brasil obteve status da classe de investimentos cedo em 2008, mas a tentativa do governo de conseguir um forte crescimento reduzindo o peso da dívida criou pressões inflacionárias. Pela maior parte de 2008, o Banco Central empreendeu uma política monetária restritiva para sustar estas pressões. Desde o início da crise financeira global em Setembro, a moeda do Brasil e seu mercado de ações - Bovespa - perderam significativamente o valor, -41% para a Bovespa no ano terminando em 30 de Dezembro de 2008. O Brasil incorreu em outro déficit de conta corrente em 2008, quando a demanda mundial e os preços das comodities caíram na segunda-metade do ano.

DISPUTAS INTERNACIONAIS:
A incontrolável região na convergência das fronteiras Argentina-Brasil-Paraguai é local da lavagem de dinheiro, do contrabando, do tráfico ilegal de armas e narcóticos, e de fundos para organizações extremistas; a disputa incontestada do limite com o Uruguai sobre a Isla Brasilera na confluencia dos rios Quarai/Cuareim e Invernada, que formam um tríplice ponto com a Argentina; a represa de Itaipú cobre uma seção uma vez contestada da fronteira Brasil-Paraguai ao oeste das Cataratas de Guaira no Rio Parana; um acordo colocou a longamente-disputada Ilha Suárez/Ilha de Guajará-Mirim, uma ilha fluvial no Rio Mamoré, sob administração Boliviana em 1958, mas a soberania permanece em disputa.

Tráfico de Pessoas:
Situação atual: O Brasil é um país fonte e destino para mulheres e meninas traficadas para exploração sexual dentro do Brasil e à destinos na América do Sul, Caribe, Europa Ocidental, Japão, Estados Unidos, e Oriente Médio, e para homens traficados dentro do país para trabalho agrícola forçado; o turismo sexual infantil é um problema dentro do país, particularmente nas áreas de estâncias turísticas e nas cidades costeiras do nordeste do Brasil; vítimas estrangeiras da Bolivia, Peru, China, e Coreia são traficadas para o Brasil para exploração de trabalho em fábricas.

Classificação do setor: Nível 2 na Lista de Observação - o Brasil tem fracassado em mostrar evidências de esforços crescentes para combater o tráfico, especialmente por seu fracasso em aplicar penalidades criminais efetivas contra traficantes que exploram a fôrça de trabalho.

DROGAS ILICITAS:
O Brasil é o segundo-maior consumidor de cocaína do mundo; é produtor ilícito da cannabis (maconha); possui quantidades de cultivo da coca na região Amazonica, usadas para o consumo doméstico; o governo tem um programa em grande-escala de erradicação para controlar a maconha; o país é um importante transbordo para a cocaína Boliviana, Colombiana, e Peruana dirigida para a Europa; igualmente usado por traficantes como uma estação de transferencia para transbordos aéreos de narcóticos entre Peru e Colômbia; há uma escalada na violência droga-relacionada e no contrabando de armas; o país é um mercado importante para a cocaína Colombiana, Boliviana, e Peruana; os rendimentos ilícitos dos narcóticos são lavados frequentemente através do sistema financeiro; há uma atividade financeira ilícita significativa na área da Triplice-Fronteira (2008).


Presidente: Luiz Inácio Lula da Silva (2003/2007) PT
Vice-presidente: José Alencar (2003/2007) PL
O presidente é eleito para um mandato de 4 anos pelo povo. O governo é formado pelo PT, PL, PSL, PCdoB, PMN, e PST.

Parlamento: O Congresso Nacional tem duas camaras. A Camara dos Deputados tem 513 membros, eleitos para um mandato de 4 anos por representação proporcional. O Senado Federal tem 81 membros, eleitos para um mandato de 8 anos, com eleições cada 4 anos para alternadamente 1/3 e 2/3 dos assentos.

ATUALIDADES:

LULA DO BRASIL CHAMA EX-PRESIDENTES DE 'COVARDES'
Quinta-feira, 30 de Outubro de 2003

BRASILIA, Brasil (Reuters) - O Presidente Luiz Inacio Lula da Silva prometeu na quinta-feira 30 de Outubro transformar o Brasil e acusou seus predecessores de serem "covardes" por não terem a coragem de executar mudanças fundamentais. Rebatendo seu predecessor Fernando Henrique Cardoso, que numa entrevista recente disse que o governo do primeiro presidente do Brasil da classe trabalhadora estava em "paralisia", Lula disse que estava comprometido à dar aos Brasileiros as mesmas oportunidades, o que outros presidentes não fizeram. "Eu alcancei a presidencia para fazer as coisas que necessitam ser feitas neste país e que muitos presidentes, antes de mim, foram covardes e não tiveram a coragem para fazê-lo", Lula disse num discurso no ressequido interior do Brasil de onde ele provém. "Nós chegamos ao governo dizendo: primeiramente nós faremos o possível, a seguir nós faremos o necessário e em seguida nós faremos o impossível", Lula disse. Lula gastou muito deste ano de 2003 ganhando a confiança dos investidores com políticas para controlar as despesas e com taxas de juros elevadas para controlar a inflação. Mas disse que uma vez que a economia está melhorando, ele focalizará programas sociais como o seu programa da "Fome Zero" para erradicar a pobreza neste país que tem uma das maiores diferenças de renda do mundo. Ele disse que ele mesmo, que chegou à presidencia de uma cidade do pobre nordeste do Brasil, era a evidência que Brasileiros de origens humildes poderiam conseguir algo. "Se uma pessoa de Pernambuco deixar-se intimidar, não deveria nunca ter saído do ventre da sua mãe, disse, referindo-se à si mesmo. O ex-metalúrgico disse que tinha se tornado presidente para realizar "as profundas reformas que este país necessita", incluindo mudanças na terra, no trabalho e sindicatos "porque este país necessita recuperar sua auto-estima". "Da mesma maneira que uma universidade não pode ser o privilégio somente de um pequeno grupo da população, é necessário garantir que uma pessoa pobre possa chegar à universidade", disse Lula, que não tem nenhuma instrução universitária.



SERRA ASSUME PRESIDENCIA DO PSDB E ACUSA GOVERNO DE DESPREPARO
Sexta-feira, 21 de Novembro de 2003

BRASILIA, Brasil (Reuters) - Ao assumir a presidência do PSDB nesta sexta-feira, o candidato derrotado à presidência, José Serra, acusou a administração do presidente Luiz Inacio Lula da Silva de despreparo e afirmou que o PT não tem um projeto de governo e sim de poder. Na crítica ao programa econômico, ele deu a entender que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, é um "aprendiz de feiticeiro".
"Em função da falta de projeto de governo, do despreparo administrativo, de uma política econômica de aprendizes de feiticeiro, do sacrifício efetivo e simbólico da área social estamos assistindo até agora à um retrocesso lento, gradual e seguro em todas as áreas, sem exceção, apesar de que o país estava pronto para avançar", disse Serra em discurso após convenção em que foi eleito presidente do partido. Como era o único candidato à presidência do partido, Serra foi eleito por aclamação durante a convenção nacional do PSDB em um evento que lembrou sua campanha eleitoral do ano passado. Em um discurso de cerca de 40 minutos, Serra desfiou um rosário de críticas aos pontos centrais do governo petista. Depois de ter passado mais de um ano em silêncio, o ex-candidato não economizou na acidez e não hesitou em dizer que falta competência à equipe de Lula. "Governo não é - ou não deveria ser - uma espécie de curso de graduação, em que pessoas vão aprender e, enquanto aprendem, falham nas definições, na coerência e na execução das tarefas. Nas funções governamentais, salário não deve e não pode ser bolsa de estudos", disse Serra. Ele reafirmou a posição do PSDB enquanto oposição no Congresso e disse que incentivará os questionamentos aos projetos do Planalto.
"Não estamos fazendo, não fizemos e não faremos uma oposição do tipo: quanto pior para o país e para o povo, melhor para o partido. Rompemos com o paradigma que o PT estabeleceu no passado para o papel da oposição, o do quanto pior, melhor. De nós nunca será ouvido que graças a Deus, sob o governo do PT o país está pior", disse. Ao citar o presidente de honra do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Serra disse ainda que a "agenda do atual governo é velha" e que o PT não tem um projeto de governo e sim um projeto de poder, "que tem um fim em si só". Classificou a reforma tributária, que está em sua fase final de tramitação no Congresso, como "uma grande confusão" e recriminou a atitude do governo de ter gasto "grande parte de suas energias, dos governadores e parlamentares em uma reforma (a tributária) cujo conteúdo ele mesmo desconhece".
Para as eleições municipais do próximo ano, Serra garantiu que o partido fará todas as alianças possíveis para enfrentar o pleito "de cabeça erguida". O PSDB governa atualmente oito Estados e 1.200 prefeituras em todo o país. Apesar de ter perdido 19 parlamentares para outros partidos desde as eleições de outubro do ano passado, Serra disse que o PSDB "perdeu gordura mas ganhou músculos e agilidade para cumprir a tarefa de fiscalizar o governo". A política externa também não escapou à ofensiva de Serra, que criticou o governo de "ressuscitar o mais antigo mito de todos os tempos, o do inimigo externo" ao referir-se aos encontros da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Cancún e da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) em Miami. Ao final, Serra mandou um recado ao presidente Lula ao dizer que "precisamos ter bem claro que desenvolvimento não se faz, como está implícito na política do atual governo, só com discursos ou abraços calorosos no mercado financeiro". Ele disse ainda que é preciso que o governo trabalhe com o mercado e não para o mercado. Serra explicou que preferiu deixar de se manifestar publicamente desde o ano passado por motivos pessoais e pelo respeito que tem por Lula.



GOVERNO BRASILEIRO TENTA ABAFAR O ESCANDALO DO FINANCIAMENTO
Segunda-feira, 16 de Fevereiro de 2004

BRASILIA, Brasil (Reuters) - O governo esquerdista do Brasil buscou controlar os danos do seu primeiro escandalo de corrupção significativo nesta segunda-feira, rejeitando os pedidos da oposição para uma investigação congressional e prometendo desvendar os fatos por si próprio. O assim-chamado "Caso Waldomiro" agitou os investidores e trouxe clamores para a demissão de Jose Dirceu, o poderoso chefe do staff no governo do Presidente Luiz Inacio Lula da Silva. O escandalo irrompeu na sexta-feira quando a revista semanal Epoca relatou que um conselheiro de Dirceu tinha coletado fundos da campanha para o Partido dos Trabalhadores de Lula em 2002 em retorno para favores políticos. O funcionário, Waldomiro Diniz, foi demitido no mesmo dia. "O governo reagiu, ele lançou uma investigação", disse o chefe do Partido dos Trabalhadores Jose Genoino na segunda-feira. "Uma investigação congressional não faz nenhum sentido". Mas figuras da oposição exigiram uma prova. "Waldomiro estava no Palácio do Planalto, a catedral do poder. Agora, há mais Waldomiros no governo? Isso é que uma comissão deve investigar", disse o senador Jose Agripinio Maia do direitista Partido da Frente Liberal (PFL). Dirceu disse ao congresso que nenhuma malversação tinha sido encontrada no governo atual, o qual assumiu o poder em Janeiro de 2003. Se uma investigação congressional for lançada, ela poderia turvar o cenário político e tornar difícil para o congresso passar as reformas econômicas que são uma pedra chave da agenda de Lula. "No Brasil, uma investigação congressional não visa investigar mas é um instrumento político para prejudicar o governo tanto quanto possível e que pode reduzir a governabilidade e poderia paralizar projetos importantes para preservar a confiança", disse Mailson da Nobrega, um ministro das finanças anterior. Nos mercados financeiros, a moeda corrente recuou ligeiramente e as ações caíram na segunda-feira com receios que o escandalo poderia forçar a agenda econômica do governo ao retrocesso. "É duro convencer os investidores estrangeiros que este é um país sério e um lugar seguro para investir quando histórias como esta emergem", disse Fabio Watanabe, gerente de portfolio na Administradora de Fundos Fibra. Faz algum tempo, o governo ganhou a aprovação de Wall Street para suas políticas pragmaticas na luta para girar a maior economia da América Latina, mas as reformas bem sucedidas são cruciais para a estabilidade à longo-prazo, dizem os analistas. Entretanto, o 'timing' do escandalo poderia favorecer Lula, disse o analista político David Fleischer. Muitos legisladores já estão deixando Brasilia para os feriados do Carnaval, quando o país fecha. Eles não retornarão até o fim do mês, quando a questão poderia ter saído da fervura. Ela ainda poderia manchar a imagem limpa do Partido dos Trabalhadores, o qual em seus anos na oposição denunciou frequentemente a corrupção que infesta a política Brasileira. Diniz foi relatado por ter recebido fundos de uma operação do jôgo-do-bicho ilegal para a campanha do Partido dos Trabalhadores. O maior escandalo recente do Brasil ocorreu em 1992, quando o Presidente Fernando Collor foi cercado no cargo pelo processo de impeachment sobre alegações de corrupção. Alguns escandalos menores atingiram o governo de Lula, como a ex-Ministra da Assistencia Social Benedita da Silva, que usou fundos públicos para voar no ano passado à uma reunião religiosa na Argentina. Ela foi demitida numa remexida do ministério no último mês de janeiro.



APOIO AO GOVERNO LULA DO BRASIL CAI RAPIDAMENTE
Sexta-feira, 26 de Março de 2004

BRASILIA, Brasil (Reuters) - Um escandalo de corrupção e uma lenta recuperação econômica acendeu uma queda na popularidade do governo do Presidente Brasileiro Luiz Inacio Lula da Silva desde Dezembro/2003, mostrou na Sexta-feira 26/03/2004 um exame pelos pesquisadores do Ibope. A pesquisa de Março encontrou que o escandalo teve "um agudo impacto negativo" na popularidade do governo, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria que o liberou. Os mercados financeiros tinham esperado ansiosamente a pesquisa com receios que o poderoso chefe da casa civil de Lula José Dirceu poderia ser forçado à renunciar pelo escandalo. Mas a pesquisa mostrou também a crescente impaciencia com o fracasso de Lula em criar empregos, dizendo que as expectativas econômicas negativas em Dezembro/2003 tinham "evoluido em um cenário de forte pessimismo" em Março. O número de pessoas que deram ao governo uma avaliação "boa" ou "excelente" caiu para 34% em Março de 41% em Dezembro, quando a última pesquisa do Ibope foi liberada. O número de pessoas que avaliaram a administração "ruim" ou "péssima" se levantou à 23% de 14%, enquanto que 41% classificaram a administração como "média" comparada com os 43% em Dezembro. Uma clara maioria, 58%, viu a tarefa principal do governo Lula como impulsionar o crescimento econômico e os empregos. Mas os mercados foram aliviados que a pesquisa não mostrou uma queda maior na popularidade do governo. "O mercado estava ansioso sobre a pesquisa por toda a manhã, mas no final ela não se mostrou assim tão ruim e isso ajudou o mercado de ações impulsionar mais alto", disse Sergio Rosa, um operador do Banco Banif Primus em São Paulo. As ações fecharam com alta de 2,6%. A porcentagem de pessoas que disseram ter confiança em Lula caiu para 60% de 69% em Dezembro. O número dos que disseram não ter confiança em Lula saltou para 36% dos 26% em Dezembro. Os entrevistados disseram que o escandalo foi uma questão principal para eles. Dirceu ficou inicialmente sob fogo em Fevereiro por acusações que um de seus principais assessores trocou favores políticos de um bicheiro por fundos da campanha. Uma investigação concluiu esta semana que o assessor continuou à ter ligações com o bicheiro depois que ingressou no governo de Lula. Uns 2.000 entrevistados foram pesquisados através do país para a pesquisa de 20-25 de Março, a qual teve uma margem de erro de 2,2 pontos porcentuais.



O REPORTER DO NEW YORK TIMES ESCAPA DA EXPULSÃO DO BRASIL
Sexta-feira, 14 de Maio de 2004

BRASILIA, Brasil (Reuters) - Um jornalista do New York Times escapou da expulsão do Brasil na Sexta-feira 14/05/2004 depois que o governo disse que ele tinha se desculpado ao Presidente Luiz Inacio Lula da Silva por um artigo que disse que o presidente tinha um problema de bebida. O governo disse que o mea culpa opôs-se à um incidente que tanto ultrajara o presidente do Brasil que ele ordenara que o correspondente Larry Rohter fosse expulso do país. O New York Times disse que não tinha se desculpado nem retirado a história. A primeira expulsão de um jornalista do Brasil desde o fim do regime militar em 1985 acendeu um clamor internacional acêrca da liberdade da imprensa sob Lula, um ex-sindicalista que fôra preso pela última ditadura da nação. "O jornalista em questão e seus advogados fizeram uma retratação, disse o Ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos. "O jornalista diz que não pretendeu ofender o presidente e que lamenta qualquer dano que causou", disse Bastos. "A desculpa foi aceita", disse um porta-voz pelo palácio presidencial. O New York Times saudou a reversão do governo mas disse que não tinha emitido uma desculpa ou uma retratação. Em uma carta à Lula dos advogados de Rohter, o correspondente disse que nunca pretendeu prejudicar a honra do presidente. "As repercussões e explosões causadas por este artigo podem ter causado a humilhação que o jornalista em questão lamenta", disse a carta. Alguns Brasileiros disseram que Lula encontrou uma maneira diplomatica fora da crise, mas outros disseram que ele pareceu indeciso.
Lula "estava disposto à ser generoso", Bastos disse aos repórteres. "O presidente considera a questão com o jornalista fechada". O presidente de faces-coradas do Brasil admite livremente que aprecía uma dose de whiskey ou um trago da fogosa cachaça do Brasil, especialmente com os Brasileiros pobres que votaram nele para o cargo. O artigo de 9 de Maio de Rohter foi diversos passos adiante. O veterano correspondente disse que o beber de Lula tinha-se tornado uma "preocupação nacional" e levantou dúvidas sobre sua capacidade de governar. O palácio presidencial negou que o ex-metalúrgico Lula teve um problema bebendo. Os Brasileiros juntaram-se ao apôio de Lula nesta nação que tem uma atitude relaxada para com o álcool. A mídia e a oposição política Brasileira caíram em ataques ao governo quando a conversa correu por Brasilia que o artigo fôra um ataque pelo governo dos Estados Unidos após Lula ganhar uma vitória contra os subsídios do algodão dos Estados Unidos em sua crusada por um comércio global mais justo. Mas Lula cometeu um êrro crasso no dia seguinte quando ordenou que o visto de Rohter fôsse revogado. O Ministério da Justiça deu à Rohter, que é casado com uma Brasileira, 8 dias para deixar o país com base que seu artigo fôra "ofensivo à honra do presidente e da nação". A decisão captou o criticismo da mídia e da oposição política do Brasil. Um legislador chamou-o o ato de "um ditador de uma república de terceira-categoria". O governo dos Estados Unidos disse que a determinação ameaçava a liberdade da imprensa do Brasil. "O presidente ignorou partes da constituição", disse o analista político Carlos Pio. "Ela trouxe em questão o equilíbrio emocional do presidente para tomar decisões em tempos de crise". A segunda mais alta côrte do Brasil suspendeu então a expulsão de Rohter para estudar a legalidade da decisão. A associação dos correspondentes estrangeiros de São Paulo disse que o incidente tinha ferido o relacionamento de Lula com a imprensa. O jornalista Darlan Alvarenga de São Paulo estava menos preocupado. "Isso foi diplomatico, isso deu à ambos os lados uma saída", disse Alvarenga, do serviço de notícias online "Ultimo Segundo".



BRASIL CORTA 95% DA DÍVIDA DE MOÇAMBIQUE (Aproximadamente R$1 bilhão)
Quarta-feira, 1 de Setembro de 2004

REINO UNIDO (BBC News) - O presidente do Brasil acredita que outras nações deveriam seguir o exemplo dele que o Brasil tenha cancelado 95% da dívida devida por Moçambique, e chamou as outras nações para fazerem gestos financeiros semelhantes para as nações mais pobres. O Brasil disse que tinha perdoado cêrca de R$996 milhões ($332 milhões; £185 milhões; 273 milhões de euros) da dívida bilateral devida à ele por Moçambique. As negociações para cancelar a maioria da dívida da nação Sulafricana começaram em 2000. O Presidente Brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse que os outros países deveriam seguir o exemplo do governo dele. Uma transação, esboçando as intenções do Brasil, foi assinada em Moçambique em 2003. "Eu penso que isto poderia servir como um exemplo para outros países semelhantes em tamanho com o Brasil para fazer um gesto igual aos países pobres do mundo que freqüentemente têm essencialmente uma dívida impagável", o Presidente Lula da Silva disse. Sua contraparte de Moçambique, Joaquim Chissano, saudou a ação do Brasil. Mais cedo este ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que emprestaria à Moçambique $16,6 milhões para apoiar seu orçamento até 2006. O FMI disse que o desempenho econômico de Moçambique tinha sido "favorável" apesar da inflação ascendente.



FORÇA AÉREA BRASILEIRA ESTÁ ARMADA PARA DERRUBAR AVIÕES SUSPEITOS
Sexta-feira, 15 de Outubro de 2004

BRASILIA, Brasil (Reuters) - Os combatentes da Força Aérea Brasileira ocuparão os céus no Domingo armados pela primeira vez com o direito de derrubar aviões suspeitos de narcotraficantes considerados hostis. Os ativistas de direitos dizem que a prática é perigosa e poderia ser uma violação da Constituição. O governo diz que ela é crucial para restringir o excessivo contrabando da droga dos países vizinhos, testemunhado por milhares de aviões não identificados que violam o espaço aéreo do Brasil cada ano. "Nós estamos entre aqueles que vêem isto como uma pena de morte", disse Adenilson Duarte, um pesquisador do grupo de direitos Justiça Global. A medida tem sido controversa desde que o Peru acidentalmente derrubou um pequeno avião em 2001, matando uma missionária Americana e sua filha. Atualmente, só a Colômbia guerra-dilacerada usa a prática na América Latina. Reed Brodey, um advogado na Human Rights Watch EUA-baseada, disse que o programa poderia ir além do uso normal da força. "Nós estamos preocupados pela possibilidade que um programa aéreo anti-narcótico poderia violar as normas internacionais no uso intencional da força letal que deveria ser restringida à autodefesa contra a ameaça iminente de morte ou sério dano", ele disse. A preocupação de matanças acidentais impediu os presidentes Brasileiros de assinar a medida em lei depois que foi aprovada pelo Congresso em 1998. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva finalmente a assinou em Julho, motivado pela crescente violência das gangues da droga nas cidades do Brasil. Ela entra em vigor no Domingo. O Brasil é uma importante nação de trânsito e um grande mercado em si para a cocaína da Colômbia, Bolívia e Peru. Washington inicialmente advertiu que poderia reduzir a cooperação anti-droga com o Brasil mas é agora esperada apoiar a lei, determinando que ela tem bastante proteções. Os combatentes Brasileiros seguirão 9 passos precautórios antes de derrubar um avião suspeito, inclusive uma recusa pelo avião de se identificar, recusar-se a pousar quando solicitado a fazê-lo e não responder aos tiros de advertência. Duarte diz que estas proteções não são suficientes, não menos porque na vasta selva Amazônica há muitos pilotos que têm licenças inadequadas e aviões que não têm rádios para permiti-los ouvir advertências da Força Aérea. A Força Aérea diz que houveram 4.628 vôos não identificados sobre o espaço aéreo Brasileiro em 2003. Alguns aviões escarneciam dos pilotos da Força Aérea que agora patrulham os céus, sabendo que eles não seriam derrubados. As autoridades esperam que a lei agirá como um impedimento de forma que nunca será necessário atirar. Desde que Lula assinou a lei em Julho houve uma queda no número de aeronaves não identificadas monitoradas no radar, um porta-voz da Força Aérea disse. "A Força Aérea será agora autorizada a atirar, assim quem decidirá se isso será necessário são os narcotraficantes", ele disse. Para assegurar que a advertência alcance todos os pilotos, a Força Aérea do Brasil está distribuindo 100.000 folhetos com fotos de seus aviões de combate Super Tucano às pistas de aterragem e aeroportos no Brasil. Mensagens de rádio serão transmitidas para as cidades fronteiriças. Duarte diz que até mesmo se forem tomadas as precauções, uma decisão por um piloto da Força Aérea para abrir fogo é equivalente à pena de morte, que é proibida sob a Constituição de 1998 do Brasil. Aviões derrubados raramente têm sobreviventes, ele disse. "Isto será como uma pena de morte sem a sentença", ele disse. "Até mesmo se for um narcotraficante, ele será julgado imediatamente".



BRASIL PODE ENRIQUECER URANIO PARA 6 BOMBAS ATOMICAS
Sexta-feira, 22 de Outubro de 2004

BRASILIA, Brasil (Reuters) - A nova planta nuclear de Resende do Brasil tem o potencial para produzir bastante uranio enriquecido para 6 bombas atomicas todos os anos, pesquisadores dos Estados Unidos disseram na Sexta-feira - uma colocação que o Brasil rejeitou como desinformação. O comentário pelo Projeto Wisconsin em Controle de Armas Nucleares, publicado na matéria de Sexta-feira do diário Science, veio 3 dias depois de peritos das Nações Unidas visitarem a planta para solucionar uma disputa em cima de inspeções de não-proliferação. "À sua capacidade anunciada, a nova facilidade do Brasil localizada em Resende terá o potencial para produzir bastante urânio para fazer 5 a 6 ... ogivas de combate por ano", o artigo por Gary Milhollin, diretor do Projeto Wisconsin, e pesquisadora associada Liz Palmer, disse. O Brasil e inspetores da ONU discordaram em cima dos níveis de acesso necessários para a inspeção apropriada na disputa de quase 1 ano. A Agência de Energia Atômica Internacional (IAEA) quer acesso completo a Resende para assegurar que nenhum urânio é desviado para armas mas o Brasil não permitirá acesso completo às centrífugas da planta, dizendo que teme espionagem industrial. As Nações Unidas e Washington pressionaram o Brasil para solucionar o impasse das inspeções para não estabelecer um exemplo para países como o Irã e a Coréia do Norte os quais os Estados Unidos suspeitam de desafiar a IAEA para desenvolver bombas. O Brasil diz que quer somente usar seu urânio enriquecido para energia e que proibe a pesquisa de bombas atomicas sob sua constituição. Em uma longa declaração, o Ministério da Ciencia e Tecnologia do Brasil disse que estava "perplexo" pelo artigo, especialmente como foi escrito por autores que não conhecem a tecnologia do Brasil. "A fraqueza dos argumentos e a frivolidade dos clamores só podem ser devidos à desinformação ou más intenções, ambos os quais são incompatíveis com uma revista da reputação da Science", ele disse. Os pesquisadores disseram que com atualizações planejadas para a planta, sua capacidade poderia aumentar para entre 26 e 31 ojivas de combate por ano em 2010 e entre 53 a 63 por 2014.
O que eu estou fazendo é fornecer o potencial teórico da planta", Milhollin disse à Reuters, acrescentando que ele não vê nenhum desejo pelo Brasil em produzir bombas atomicas. "Eles teriam que reconfigurar as centrífugas, mas eles poderiam fazer isto com o que eles adquiriram, com o equipamento existente". O projeto Wisconsin é uma organização privada não-lucrativa de pesquisas em Washington, fundado por fundações privadas e o governo dos Estados Unidos. Tem como objetivo parar a expansão de armas nucleares e opera sob os auspícios da Universidade de Wisconsin. O Brasil espera que um acordo sobre as inspeções possa ser alcançado dentro de 30 dias. A planta só estará livre para enriquecer urânio depois que as inspeções começem ali. O urânio usado para geração de energia requer só baixos níveis de concentração de cerca de 3,5%. Ele precisa ser enriquecido a 90% ou mais para dar-lhe capacidade de arma-grau. Edson Kuramoto, presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear, disse que o espaço necessário para fazer urânio de arma-grau seria muito maior que Resende tem. "O artigo não estava baseado em qualquer cálculo científico", ele disse. O comentário expressou preocupação que o Brasil terá "'capacidade de fuga' - o poder para fazer armas nucleares antes que o mundo possa reagir. Tal poder é o que os Estados Unidos e alguns países europeus temem o Irã estar almejando. "Se o Brasil conseguir negar acesso completo à agencia observadora da ONU, o Irã pode exigir o mesmo tratamento", disse ele.



EXUMAÇÃO DE MORTE POLITICA REABRE VELHAS FERIDAS NO BRASIL
Domingo, 24 de Outubro de 2004

RIO DE JANEIRO, Brasil (New York Times) - Vladimir Herzog morreu em custódia militar quase 30 anos atrás no que permanece um dos casos mais notórios de abuso dos direitos humanos no Brasil. Agora a publicação de um par de fotografias ditas terem sido tomadas em suas últimas horas reabriu aquela velha ferida e alargou as diferenças entre as forças armadas e o governo esquerdista que está agora no cargo. A tentativa do exército, décadas depois do episódio, de justificar seu tratamento ao Sr. Herzog e várias centenas de outros prisioneiros políticos enfureceram a opinião pública aqui. Embora o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva se movesse para disciplinar o exército, o resurgimento do caso também expôs outras violações que podem se provar mais difíceis de engolir. "O problema político imediato pode ter sido resolvido, mas o mais fundo não foi, João Luiz Pinaud, presidente da Comissão Especial do governo sobre a Morte e Desaparecimento de Prisioneiros Políticos, disse. "O resíduo de um sistema autoritário ainda está lá, escondido nas sombras". Em entrevistas esta semana, o agente da inteligência militar que proveu as fotografias, José Alves Firmino, também ergueu as sobrancelhas dizendo que a inteligência militar continuou clandestinamente à espionar partidos esquerdistas e políticos, sindicatos e movimentos sociais muito depois que o regime militar terminasse. Ele disse que durante meados-1990 ele até mesmo monitorou as atividades do Sr. da Silva, oferecendo uma fotografia dele mesmo com o futuro presidente como prova. O Sr. Herzog, um jornalista de televisão de São Paulo, foi chamado para interrogatório à sede da inteligencia ali no dia 25 de Outubro de 1975, em suspeita que ele tinha ligações Comunistas, o governo disse. Ele morreu no mesmo dia depois de ser torturado. O exército chamou a morte dele um suicídio, e tornou público uma fotografia, depois provada ter sido montada, que mostrava o Sr. Herzog pendurado de um cinto em sua cela. A morte dele se tornou um símbolo dos excessos da ditadura militar, embora uma anistia impedisse qualquer tentativa para trazer aqueles responsáveis à justiça. Mas o caso Herzog tem sido registrado em livros, filmes e programas de televisão durante os anos, e quando o diário de Brasília Correio Braziliense soube que fotografias do Sr. Herzog, encarcerado, nu e em desespero tinham sido encontradas nos arquivos de um comitê congressional, onde elas tinham sido enviadas pelo Sr. Firmino alguns anos atrás, o entrevistou e tornou-as públicas. Pedido para comentar sobre as fotografias, publicadas no dia 16 de Outubro, o exército em princípio respondeu desafiadoramente. Ele emitiu uma declaração advertindo contra "o baixo revanchismo" e defendendo as violações dos direitos humanos que ocorreram sob a ditadura militar como a resposta necessária às provocações Comunistas. "As medidas tomadas pelas forças legalmente constituídas eram uma resposta legítima à violência daqueles que rejeitaram o diálogo e optaram pelo radicalismo", a declaração disse. O exército agiu "em resposta a um clamor público" para uma linha dura contra subversivos políticos, a declaração disse. Aquele argumento provou-se extremamente impopular, especialmente para os muitos membros do atual governo que foram encarcerados, torturados ou exilados pelo governo militar. O Sr. da Silva, um ex-líder sindical e prisioneiro político, foi reportado ficar lívido, e o comandante do exército, Gen. Francisco de Albuquerque, foi chamado ao palácio presidencial para uma reprimenda cedo na semana. Ao exército foi exigido emitir uma segunda declaração, dizendo que "lamentava" a morte do Sr. Herzog e reconhecendo "a falta de uma discussão interna profunda" sobre direitos humanos entre as tropas. "Eu entendo que a maneira na qual este assunto foi focalizado não foi apropriada", o General Albuquerque disse na nota, acrescentando que as visões que o exército inicialmente expressara estavam "desalinhadas com o atual momento histórico". Porém, aquela humilhação de público não satisfez alguns grupos de direitos humanos ou membros do governante Partido dos Trabalhadores do Sr. da Silva. Eles têm pedido a demissão do General Albuquerque, um passo que o Sr. da Silva deixou claro que não está disposto a tomar. Quando o Sr. da Silva assumiu o cargo em Janeiro/2003 alguns nas forças armadas ainda suspeitavam das suas origens esquerdistas. Desde então, alguns murmúrios têm sido ouvidos no exército acêrca de baixos salários, equipamento antiquado e a morna relação entre o Partido dos Trabalhadores e o Presidente Fidel Castro de Cuba. Em geral, o Sr. da Silva buscou evitar choques com o exército, o que acendeu alguma crítica que ele tem sido muito indulgente das forças armadas. "Se o governo tivesse um discurso mais forte sobre o passado, ele teria evitado esta nostálgica explosão", a colunista Tereza Cruvinel escreveu no diário do Rio de Janeiro O Globo esta semana. As forças armadas mantêm que todos os documentos oficiais relevantes sobre abusos dos direitos humanos foram legalmente destruídos depois que o regime democrático civil foi restabelecido em 1985. Mas o Sr. Firmino diz que elas fazem parte de um tesouro de 50.000 documentos que um oficial militar lhe deu alguns anos atrás. Na Quinta-feira, a agência de inteligência estatal disse que as fotografias em questão eram de um padre Canadense e não do Sr. Herzog, embora não explicasse como poderia ter chegado àquela conclusão se todos os arquivos tinham sido destruídos. Mas a viúva do Sr. Herzog, e o grupo de direitos humanos Tortura Nunca Mais, que acusou o exército de mentir sobre a destruição dos documentos, disseram que têm certeza que é o Sr. Herzog que aparece nas fotografias. O Sr. Pinaud, da comissão do governo, disse que ele gostaria de investigar o assunto, mas reclamou que a comissão dele tinha sido "bloqueada" de fazer seu trabalho por um orçamento e pessoal minúsculos e a "inércia" do atual governo. "Nós estamos fora de compasso um com o outro", ele disse. "Eu sinto um senso de urgência para ir ao fundo disto, mas eu não sei se eles também o sentem". Em sua entrevista à imprensa esta semana, o Sr. Firmino descreveu a carreira dele na inteligência militar. "Eu espionei, eu roubei, eu recebi ordens para matar", ele disse num momento. "Em resumo, eu era um criminoso".



O PARTIDO GOVERNANTE DO BRASIL SOFRE RETROCESSO NAS URNAS
Domingo, 31 de Outubro de 2004

SÃO PAULO, Brasil (Reuters) - O esquerdista Partido dos Trabalhadores (PT) governante do Brasil perdeu o assento de prefeito na capital financeira do país São Paulo no segundo turno das eleições municipais de âmbito nacional no Domingo, um resultado que poderia complicar sua meta de afiançar a vitória na corrida presidencial de 2006. Candidatos do PT também perderam para a oposição de centro-esquerda do Partido Democrático Social Brasileiro (PSDB) nas importantes cidades de Porto Alegre e Curitiba. Mas ganharam outras cidades chaves, inclusive as capitais dos estados do Ceará, Espirito Santo e Rondônia. Mas os retrocessos de Domingo para o PT foram freqüentemente devidos a questões locais em lugar de um voto de confiança no Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os candidatos do PT fizeram bastante bem no todo nas eleições para quase 5.600 municipalidades deste vasto país de 180 milhões de pessoas. No primeiro turno no dia 3 de Outubro, os candidatos do PT dobraram o número de cidades sob o controle do partido para 400. Também fizeram importantes incursões no interior e no norte do Brasil. "O PT fez um pouco pior do que esperado. Mas vai absorvê-lo sem dificuldade", disse Christopher Garman, um analista da consultoria Tendencias em São Paulo. O segundo turno de Domingo viu a votação em 43 cidades com uma população de mais de 200.000 eleitores nos quais nenhum candidato tinha marcado mais que 50% no primeiro turno. "Eu não penso que o PT sofreu uma derrota geral mas o vencedor da eleição foi o PSDB", disse Roberto Romano, um cientista político na Universidade de Campinas. "Para 2006, o PT tem que fazer ajustes na área onde é considerado forte - a política social", ele disse. Anteriormente, as eleições tinham sido vistas em parte como uma medida nos dois anos de governo por Lula, que prometeu provocar uma transformação social e econômica do maior país da América Latina. Mas os analistas puseram a perda de São Paulo, a usina econômica do Brasil e casa para 10 milhões de pessoas, às questões locais. O candidato do PSDB José Serra, que Lula derrotou na eleição presidencial de 2002, levou 56% dos votos para expulsar a encarregada Marta Suplicy, uma ex-terapeuta sexual de televisão. Marta concedeu cêrca de três horas depois que as urnas fecharam. Seu estilo extravagante e um pouco imperioso rangeu os dentes de muitos eleitores e os problemas do crime violento e do tráfico esmagador fizeram a vida diária na maior cidade da América do Sul um julgamento de resistência. Ela também enfureceu a classe-média com aumentos de taxas.
O resultado foi um sopro ao orgulho do PT pois ele teve suas raízes nos subúrbios industriais de São Paulo durante a ditadura militar de 1964-85. Mario Mesquita, economista chefe do ABN AMRO Brasil, disse em uma nota de pesquisa que a velha guarda esquerdista do PT poderia usar o resultado para atacar as políticas econômicas pragmáticas do Ministro da Fazenda Antonio Palocci, que ganhou a confiança dos investidores estrangeiros que inicialmente temiam um governo Lula. "Eu penso que nós vamos atravessar um período de turbulência durante os próximos meses, haverá algum apontar de dedos", Garman acrescentou. "Mas nada que possa danificar seriamente a atual liderança e mais importantemente o caminho da administração de Lula ... porque acima de tudo o PT fez bem". O PT emergiu das eleições municipais mais como um partido nacional mas ao mesmo tempo o PSDB tem uma plataforma mais ampla para competir com a re-eleição de Lula em 2006. A vitória de Serra poderia ser um impulso ao governador tucano do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, se ele decidir concorrer. As perdas em São Paulo e Porto Alegre também poderiam forçar Lula a realinhar as alianças no Congresso e embaralhar seu gabinete. Ainda, a maioria dos analistas concorda que as chances de Lula em dois anos dependerá do estado da economia.



MINISTRO DA DEFESA DO BRASIL RENUNCIA EM CIMA DAS FOTOGRAFIAS DO EXÉRCITO
Quinta-feira, 4 de Novembro de 2004

(Bloomberg) - O Ministro da Defesa Brasileiro José Viegas renunciou, assumindo a responsabilidade por uma declaração do exército que defendeu duas décadas de regime militar no país Sulamericano. José Alencar servirá o papel dual de vice-presidente e ministro da defesa, a secretaria de imprensa do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse numa declaração em seu Website. Viegas, 62 anos, saiu duas semanas depois que Lula, 59 anos, requereu ao Comandante do Exército General Francisco Albuquerque retratar uma declaração criticando o jornal Correio Braziliense por publicar fotografias que dizia mostrar um jornalista em cativeiro em 1975 antes que ele fosse matado pelo governo militar. Albuquerque, numa declaração, disse que a ditadura estava combatendo contra movimentos "subversivos". Em sua carta de renúncia para Lula, Viegas disse que a declaração do exército "representa a persistência de um pensamento autoritário". "Está na hora dos representantes deste pensamento antiquado deixarem a cena", de acordo com a carta, datada de 22 de Outubro e publicada no Website do Ministério da Defesa.
Viegas disse que assumiu a responsabilidade pela declaração do exército embora ele não foi consultado antes que fosse emitida. Um porta-voz para a secretaria de imprensa do exército recusou comentar. A indicação de Alencar, 73 anos, pode ajudar a melhorar as relações entre o exército e o governo de Lula, disse Alexandre Barros, um analista da consultoria de risco político Brasília-baseada Early Morning. "A decisão de nomear Alencar fará os militares prestigiados pelo governo", Barros disse numa entrevista em Brasília. "O exército reclamou por muito tempo que os ministros da defesa nunca são figuras de prestígio. Alencar é uma figura de prestígio". Viegas estava em conflito com os chefes militares em cima da inabilidade dele em entregar demandas por aumentos de pagamento para tropas e a liberação de arquivos sobre a repressão militar durante a ditadura, disse Luiz Pedone, analista político no Rio de Janeiro. "Havia muita oposição dentro do exército à ele", disse Pedone, que é um consultor de risco político para o Eurasia Group Nova York-baseado, numa entrevista telefonica do Rio de Janeiro. Viegas, em sua carta, disse que ele ganhou aumentos orçamentários que proviam aumentos de pagamento parciais e compras de equipamento. Lula este ano aumentou o orçamento da defesa em 27% para R$4,7 bilhões de Reais e propôs um aumento de 13% em 2005.
A confrontação em cima da declaração do exército foi uma partida dos esforços de Lula para melhorar as relações com as forças armadas, disse Pedone. Lula apoiou as demandas pelos diretores de um programa governamental de enriquecimento de urânio para limitar o acesso à inspetores internacionais no mês passado, Pedone disse. Os militares do Brasil tomaram o poder em 1964, forçando o então Presidente João Goulart a fugir para o Uruguai, e ficaram no controle muito mais tempo que as ditaduras no Chile e na Argentina. Depois de emendar a constituição por uma quinta vez em 1968 (o famigerado AI-5), os militares deram-se mais poder para prender pessoas suspeitas de envolvimento com movimentos guerrilheiros ou partidos socialistas que tinham sido banidos da política. Os militares cederam o poder em 1985, quando José Sarney prestou juramento como presidente.



"ANJO DA MORTE" PERMANECEU RACISTA ATÉ O TÚMULO
Segunda-feira, 22 de Novembro de 2004

SÃO PAULO, Brasil (AP) - Josef Mengele, o criminoso de guerra Nazista que viveu escondido no Brasil durante anos, nunca lamentou seus crimes e morreu convencido da superioridade da raça Ariana, mostram documentos. Um jornal obteve 85 documentos não divulgados previamente, alguns na escrita de Mengele, dos arquivos da polícia federal do Brasil, que investigou Mengele depois da sua morte por afogamento em 1979. Os documentos refletem as convicções racistas do infame "anjo da morte" do campo de exterminação de Auschwitz. Em uma carta datada de Novembro de 1972, Mengele diz que espera que a mistura racial na Europa seja limitada e que a população das nações européias do norte não "diminua". Mengele também elogia o regime de apartheid que governou a África do Sul até 1994. "O Apartheid é um modo efetivo e sem igual para prevenir a mistura racial", ele diz numa carta. Mengele fugiu para a Argentina em 1949. Dez anos depois ele se mudou para o Paraguai, e então para o estado de São Paulo, Brasil, em 1960. Ele se afogou na cidade litoranea de Bertioga, aos 66 anos. Testes de DNA em 1992 concluíram que era Mengele.



LEGADO DA OPERAÇÃO CONDOR PERSEGUE A AMERICA DO SUL
Quinta-feira, 25 de Novembro de 2004

(BBC News) - De todos os assuntos não-resolvidos dos dias escuros dos regimes militares da América Latina, a Operação Condor está entre o mais sinistro. O General Pinochet do Chile enfrenta as acusações de conexão com a Operação Condor tanto quanto 6 regimes Sulamericanos tomaram parte na campanha conjunta de caçar e matar seus oponentes da esquerda. Embora a conspiração data agora atrás quase 30 anos, as conseqüências continuam lançando uma sombra em cima dos atuais governos da região. O ex-presidente Chileno Augusto Pinochet e dois outros ex-líderes ainda estão sendo procurados por juízes em acusações relacionadas à operação, quando os esforços continuam descobrindo exatamente quem foi responsável. A Operação Condor foi mantida em segredo e permaneceu um mistério até depois que a democracia tivesse voltado à América do Sul. De acordo com documentos depois descobertos no Paraguai, ela foi estabelecida num encontro da inteligência militar no Chile em 25 de Novembro de 1975 - o 60º aniversário do Gen Pinochet. Delegados de 5 outros países estavam lá: Argentina, Brasil (o presidente era o Gen Ernesto Geisel, já falecido), Bolívia, Paraguai e Uruguai. Seguindo aquela reunião, os governos militares dessas nações concordaram em co-operar enviando equipes a outros países para rastrear, monitorar e matar seus oponentes políticos. Um centro de informação conjunto foi estabelecido à sede da polícia secreta Chilena, a Dina, em Santiago.
Como resultado, muitos oponentes esquerdistas dos regimes militares da região que tinham fugido para os países vizinhos se acharam caçados no exílio. Mas este pacto transnacional foi aparentemente muito além da América Latina, com agentes da Operação Condor acusados de complôs de assassinato em vários outros países, inclusive a Itália e os Estados Unidos. Uma morte de alto-perfil associada com a Operação Condor foi o assassinato do ex-Ministro do Exterior Chileno Orlando Letelier, que morreu numa explosão de carro bomba em Washington em Setembro de 1976, três anos depois que o governo no qual serviu foi depôsto pelo Gen Pinochet. O General Stroessner permanece além do alcance da justiça Paraguaia. Ao chefe da Dina na época, Manuel Contreras, foi determinado uma sentença de prisão de 7-anos em 1993 por um tribunal do Chile por seu papel na morte do Sr. Letelier. Contreras está agora de volta atrás das barras, depois que ele foi condenado a 15 anos em Maio de 2004 pelo envolvimento em outra matança. Contreras se reportava diretamente ao Gen Pinochet durante a duração do governo militar no Chile. Porém, o Gen Pinochet negou todo o conhecimento da Operação Condor quando foi interrogado por um juiz Chileno. "Não, eu não me lembro, porque não era meu problema", ele falou ao juiz Juan Guzman em Setembro. "Esse era um assunto, eu imagino, para oficiais do nível-médio".
A Operação Condor jamais poderia ter vindo à luz não fosse uma oportuna descoberta no Paraguai em Dezembro de 1992. Um juiz local foi examinar os arquivos sobre um ex-prisioneiro político em uma delegacia de polícia da capital, Asuncion - mas ao invés ele achou documentos detalhados que foram chamados desde então os Arquivos do Terror. Eles continham informações sobre centenas de Latino-americanos que tinham sido secretamente sequestrados, torturados e matados pelos serviços secretos dos regimes militares envolvidos. O ex-governante militar do Paraguai, General Alfredo Stroessner, tem sido acusado de conexão com os desaparecimentos relacionados à Operação Condor. Porém, ele permanece em exílio no Brasil, onde está protegido de acusação. O General Argentino Videla está enfrentando outras acusações ligadas à 'guerra suja' da Argentina. O ex-chefe das forças armadas Paraguaias, Gen Alejandro Fretes Davalos, foi acusado em Setembro com os mesmos delitos. Sob o interrogatório, ele também negou todo o conhecimento da Operação Condor e disse que ela era puramente uma questão policial. A responsabilidade pelos delitos, ele disse, fica com os oficiais da inteligência e os funcionários da polícia do Paraguai - ambos os quais, convenientemente, estão supostamente mortos. Na Argentina, os esforços também estão continuando para cavar as origens da Operação Condor - de longe, da mesma maneira com pouco sucesso. O General Jorge Rafael Videla, que liderou a junta militar do país de 1976 à 1981, está sob prisão domiciliar em conexão com investigações separadas envolvendo acusações de adoções ilegais de crianças nascidas de detentos mulheres. Porém, ele tem recusado dar evidências a um juiz que está conduzindo as investigações sobre a Operação Condor na Argentina, e as tentativas para processá-lo por envolvimento de longe levaram à nada.



O PRESIDENTE 'FRACASSOU', DIZ CARDEAL BRASILEIRO
Segunda-feira, 29 de Novembro de 2004

RIO DE JANEIRO, Brasil (The Herald Tribune) - Um membro proeminente da asa progressista da Igreja Católica criticou o governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Domingo, chamando-o de "muito lento" para promover a reforma agrária e melhorar os salários dos trabalhadores. "O trabalhador tem um salário de fome", disse o Cardeal Paulo Evaristo Arns, agora aposentado como arcebispo de São Paulo. "O Lula fracassou, está falhando e continuará falhando". Em uma entrevista com o diário do Rio de Janeiro O Globo, Arns também disse que ele estava desapontado por uma falta de progresso com o programa "Fome Zero" de Lula da Silva, que busca erradicar a fome entre os estimados 54 milhões de Brasileiros que vivem com um dólar por dia ou menos. "O mundo inteiro lamenta que ele não executou este programa que ele tão altamente elogia no exterior", Arns disse. A crítica vem atrás de protestos antigovernamentais, que têm florescido apesar do sucesso do governo em controlar a inflação e reduzir as taxas de desemprego.



POR QUE O BRASIL ESTÁ RELUTANTE EM AREJAR SEU PASSADO 'SUJO'?
Quarta-feira, 15 de Dezembro de 2004

RIO DE JANEIRO, Brasil (Csmonitor.com) - Enquanto o Chile, com a prisão Segunda-feira do ex-ditador Augusto Pinochet, está ocupado limpando sua "guerra suja", no outro lado da América do Sul, os Brasileiros olham para o seu próprio passado escuro bastante diferentemente. Duas décadas depois que os militares Brasileiros entregaram o poder aos líderes civis, os oficiais ainda estão em negação sobre o papel deles na ditadura, e o governo do país está pouco disposto a levá-los à se responsabilizarem, os peritos dizem. "De todos os países Latino-americanos que passaram por ditaduras, o Brasil é o único ficando para trás em termos de investigar o passado", diz Cecília Coimbra, uma antiga prisioneira política durante o regime militar 1964-85. "Na Argentina eles estão investigando, no Chile eles estão investigando. No Brasil, nenhuma autoridade jamais se desculpou pelos crimes que foram cometidos. A sociedade tem o direito de saber sobre sua história, mas o governo os está ignorando". Políticos, ativistas dos direitos humanos, e antigos prisioneiros que foram detidos e torturados sob o regime - todos criticaram o atual governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva esta semana depois que ele não tomou uma medida mais dura com as forças armadas do país em cima da liberação dos documentos que pertencem à infeliz e de curta-vida guerrilha no Brasil. Deixando os documentos voluntariamente o governo poderia ter enviado um sinal aos generais que eles têm que enfrentar até os abusos cometidos durante o regime militar, os peritos dizem. Mas sua relutância para assim fazer é um triste exemplo da falta de resolução de Lula sobre o assunto, dizem as antigas vítimas. O debate estourou semana passada depois que um tribunal ordenou que o governo liberasse arquivos que poderiam ajudar as famílias localizar os corpos dos familiares que foram matados ou desaparecidos durante a guerra de guerrilha do Brasil no comêço dos 1970s. Grupos de direitos humanos dizem que 69 rebeldes operando na remota Amazonia oriental foram matados ou "desapareceram" através das tropas. A ditadura do Brasil foi menos brutal que as de seus vizinhos - o número de mortos e desaparecidos estava nas centenas em lugar dos milhares. As famílias têm lutado pelo acesso aos arquivos desde 1982, mas não foi senão em Agosto de 2003 que um juiz regeu que o governo "tem que fazer todo esforço para localizar os corpos daqueles desaparecidos", interpretado como liberando qualquer arquivo pertinente do governo. A administração Lula apelou, argumentando que não podia concordar dentro do limite de 60-dias, mas a determinação do tribunal foi apoiada semana passada por um tribunal superior. A decisão do governo de apelar à decisão original enfureceu a Sra. Coimbra e outros. Embora a administração não contestasse a decisão do tribunal superior, eles dizem que Lula está pouco disposto a arrostar os generais que ele uma vez lutou para desalojar do poder. Um ex-líder sindical que foi encarcerado por desafiar o regime, Lula ganhou a presidência em 2002 prometendo mudanças. Mas ele provou-se menos radical como presidente, e seus procedimentos com os militares têm sido conciliatórios. Os peritos dizem que embora os militares não posem uma ameaça ao governo, Lula não quer incorrer em sua ira - ou perder o apoio dos membros nacionalistas do Congresso que são fortes aliados dos generais. "Lula deu prioridade absoluta a temas que não ameaçam a estabilidade", diz Fernando Gabeira, um dos estudantes radicais que seqüestraram o embaixador dos Estados Unidos em 1969 e é agora um Congressista independente. "É triste porque o Lula está numa posição para abrir os documentos mais calmamente e serenamente que na Argentina ou no Chile. Porém, parece que ele tem medo de instabilidade política, econômica, e militar. O governo não quer enfocar o problema".



A TERRÍVEL TERRA DE NINGUÉNS DO BRASIL
Quarta-feira, 22 de Dezembro de 2004

RIO DE JANEIRO, Brasil (AP) - Mais de 20% dos Brasileiros nascidos em 2003, ou seja, cêrca de 700.000 recém-nascidos não têm certidão de nascimento e não existem "oficialmente", o instituto de estatísticas do governo disse ontem. De acordo com um estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 21,6% de todos os Brasileiros nascidos em 2003 não foram oficialmente registrados. O resultado foi pouco melhor que os 23,4% dos recém-nascidos que se acredita não foram registrados em 1993, a última vez que um estudo similar foi empreendido.



SUSPEITAS TERRORISTAS PERSISTEM EM CIDADE FRONTEIRIÇA DO BRASIL
Domingo, 26 de Dezembro de 2004

FOZ DO IGUAÇU, Brasil (Los Angeles Times) - Geraldo Pereira ouviu os rumores antes, os sussurros que lançaram uma sombra na reputação desta cidade fronteiriça. Assim um pouco de exasperação tinge seu tom quando as perguntas aparecem novamente. "Não há nenhuma evidência de terrorismo ou a presença de terroristas nesta região", insistiu Pereira, chefe do posto avançado local da polícia federal. "Isso é folclore". É uma nuvem de suspeita que as autoridades no Brasil sulista lutaram por dispersar com freqüência crescente em recentes anos quando o combate ao terrorismo subiu ao topo da ordem do dia global. Desde os ataques do 11 de Setembro de 2001, a área ao redor de Foz do Iguaçu, uma região de livre trânsito onde o Brasil, Argentina, e Paraguai convergem, tem sido constantemente suspeita de abrigar terroristas ou seus simpatizantes. Especialistas de inteligência citam freqüentemente a área agreste com controles fronteiriços negligentes, de freqüentemente impatrulhável terreno, e de uma considerável comunidade Muçulmana como uma procriação principal fundamentada para radicais Islâmicos. Essas preocupações emergiram mês passado novamente quando o Secretário da Defesa Donald H. Rumsfeld, encontrando-se com algumas das suas contrapartes Latino-americanas no Equador, advertiu de terroristas tirando proveito das porosas bordas da região para se reagrupar e organizar. Em 2003, o presidente dos Chefes do Pessoal Conjunto dos Estados Unidos, General Richard B. Myers, chamou a área da tríplice fronteira um foco de "atividades apoiadas por terroristas Islamicos", embora os funcionários da defesa admitissem não ter nenhuma prova de qualquer complô ativo. A mídia do Brasil tem alimentado a especulação, inclusive uma história em 2003 por uma das mais influentes revistas do país informando que Osama bin Laden tinha visitado uma mesquita em Foz do Iguaçu em 1995. O relato provocou preocupação que a Al Qaeda poderia ter achado um porto aqui, o que as autoridades negam categoricamente. "Não há nenhuma evidência tão longe da existência de células e campos de treinamento de organizações terroristas na região", Mauro Marcelo de Lima e Silva, o chefe da agência de inteligência do Brasil, disse. "Também não há nenhuma evidência da presença de qualquer membro da Al Qaeda na região". Ele notou que um grupo de segurança comum consistindo dos Estados Unidos, a Argentina, Brasil, e Paraguai tinham emitido uma declaração em 2003 dizendo, "Nenhuma atividade operacional ligada ao terrorismo foi detectada na região da tríplice fronteira por grupos radicais como Hezbollah, Hamas, e Al Qaeda". Atentas ao agudo interesse de Washington na área, "as autoridades Brasileiras, as autoridades Paraguaias, e as autoridades Argentinas estão farejando como loucas por esse tipo de coisa", um funcionário da segurança dos Estados Unidos na região disse. Ainda assim os rumores de ligações terroristas persistem. Até mesmo os funcionários Brasileiros ansiosos por anular as acusações sobre atividades extremistas reconhecem que a fronteira entre Foz do Iguaçu e sua cidade irmã no Paraguai, Ciudad del Este, é uma fronteira não-supervisionada atravessada diariamente por milhares de pessoas, às vezes em viagens múltiplas, sem documentos.
Isso conduziu a um enorme comércio em bilhões de dólares de bens contrabandeados - envolvendo eletrônicos, brinquedos, cigarros, drogas, e armas - freqüentemente entregues, sem perguntas, por um dos muitos mensageiros contratados na fronteira. Comprar uma arma em Ciudad del Este e levá-la de volta à Foz do Iguaçu requer somente o tempo e esforço que se leva para cruzar a Ponte da Amizade sufocada pelo tráfico que conecta as duas cidades. Poucos veículos ou pedestres são parados por qualquer um de uniforme. O fator de 12.000 Arabes que vivem na região, a maioria esmagadora dos quais são comerciantes, e o fluxo de contrabando se tornam uma fonte potencial básica para organizações Muçulmanas militantes, dizem os funcionários dos Estados Unidos. Os Arabes na área, a maioria deles imigrantes Libaneses ou seus descendentes, dizem que são vítimas de injusto perfilar racial pelos Estados Unidos. Eles reconhecem mandar milhões de dólares de volta para o Oriente Médio, mas dizem que o dinheiro vai apoiar os parentes num país deixado em ruínas por uma guerra civil que os imigrantes tiveram a sorte bastante de escapar. "Eu tenho os pais no Líbano que têm mais de 60 anos. No Líbano, não há nenhuma pensão", disse Zaki Moussa, 40 anos, um agente de viagens que veio para o Brasil 17 anos atrás. "Eu também tenho uma irmã que está separada com seis crianças. Eu não tenho o direito de lhes enviar dinheiro para ajudar?" Washington acredita que o Hezbollah, o grupo militante Libanês-baseado que os Estados Unidos consideram uma organização terrorista, é um dos principais beneficiários. Em Junho, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou que Assad Ahmad Barakat, homem de negócios local preso pelo Brasil dois anos atrás, era um "financiador terrorista chave" com estreitos laços com a liderança do Hezbollah. Os Estados Unidos alegam que Barakat se envolveu em falsificações e extorsão para elevar os fundos para o Hezbollah. Ele está agora numa prisão Paraguaia por sonegação tributária. É difícil de provar uma ligação entre o dinheiro enviado da região de Foz do Iguaçu e atos terroristas. "Pode alguém dizer que o dólar feito na PlayStation [e então enviado] para o Líbano, financiou as balas que mataram um Israelense?" disse o funcionário da segurança dos Estados Unidos. "É uma tarefa difícil. Agora mesmo a única coisa que qualquer pessoa pode dizer é que como nos Estados Unidos, [onde] nós temos remessas que muito naturalmente voltam para o México, na área da tríplice fronteira você tem uma enorme população do Oriente Médio... e eles naturalmente mandam de volta suas remessas aos seus pais e avós". Para complicar o assunto, o Brasil considera o Hezbollah como um partido político legítimo, e assim as doações para o grupo não se emaranhariam com a lei aqui. Pereira também encabeça o Comando Tripartite, um esforço de segurança comum pela Argentina, Brasil, e Paraguai. O grupo se encontra mensalmente para compartilhar informações, mas impedindo uma maior colaboração estão as leis de territorialidade e o que uma fonte de execução da lei descreveu como uma falta de confiança entre as partes.



ATAQUES DE TUBARÕES ATERRORIZAM O BRASIL
Sábado, 1° de Janeiro de 2005

BRASIL (BBC News) - Com sol aparentemente infinito e uma brisa suave vindo do mar, a Praia da Boa Viagem na cidade de Recife parece como a perfeita praia urbana. E ela é - exceto por um detalhe. Tubarões. Antes dos anos 1990s, não houve virtualmente nenhum ataque informado aqui. Mas desde 1992, houve 47 ataques de tubarões ao longo de uma extensão de 20 km de costa. Dezesseis deles foram fatais. Em 2004, houve 7 ataques informados. Duas das vítimas morreram. "Eu estava surfando à 15m da praia quando o tubarão apareceu debaixo de mim", recorda Mario Cesar de 25-anos. "Eu tentei esmurrá-lo, mas ele levou meu braço e me puxou para a água. Eventualmente, eu me livrei e uma grande onda me empurrou para a praia". Mario perdeu seu braço direito no ataque, que aconteceu em 2002. Outro sobrevivente é Walmir Silva de 18-anos, que foi atacado quando nadava em água somente até a sua cintura. Hoje, ele usa uma perna protética abaixo do joelho esquerdo, e está esperando por um braço protético a ser colocado. "O tubarão me puxou para baixo com tanta fôrça que eu realmente pensei que ia morrer", diz Walmir. "E eu estava perdendo sangue de minha perna. Mas eu bati na barbatana dorsal dele e o chutei fora - e no fim ele me libertou". Em termos absolutos, há mais ataques de tubarões na Flórida e na Austrália que no Brasil.
Mas estatisticamente, uma proporção mais alta de vítimas de ataques morreram no Recife. Um em cada três ataques são fatais. O novo porto controla 4 milhões de toneladas de carga por ano. Os perpetradores são principalmente tubarões machos, uma espécie agressiva com uma preferência por rasas águas litoraneas. Assim por que os ataques estão acontecendo? Uma investigação estatal-baseada focalizou nos efeitos ecológicos a longo prazo de um novo porto, ao sul de Recife. Porto Suape abriu para os negócios em 1984, e hoje controla mais de 4 milhões de toneladas de carga por ano. Para facilitar sua construção inicial, dois estuários de água doce - que tinham descarregado no Oceano Atlântico - foram lacrados fora. "As fêmeas dos tubarões machos entravam nesses estuários para dar à luz", diz Fábio Hazin, um biólogo marinho e chefe do comitê de monitoramento estatal. "De quando o porto foi construído, nós acreditamos que várias fêmeas moveram-se norte ao próximo estuário - que descarrega pela extensão da praia onde os ataques aconteceram". Baseado naquele achado, advogados dos direitos humanos locais estão considerando uma ação contra o Estado de Pernambuco, visando afiançar uma compensação para as vítimas dos ataques. O governo está sob pressão para agir em cima dos ataques - "Até agora, nenhuma vítima recebeu compensação", diz Sérgio Murilo, advogado e chefe do Projeto Praia Segura - um grupo de campanha local. "Essas pessoas perderam membros por causa dos ataques, e não estão conseguindo nenhuma ajuda. "Eles precisam de cuidados médicos e ajuda para arrumar emprego. A compensação é para garantir o direito delas a uma vida normal". O Projeto Praia Segura também propôs uma solução ao problema dos tubarões de Recife. Ele quer que as autoridades locais separem uma seção curta da praia usando redes industriais para fora do mar. Bóias eletromagnéticas também intimidariam - mas não matariam - os tubarões. Esquemas semelhantes foram experimentados na África do Sul e na Austrália, mas a idéia encontrou oposição no Recife. "O problema com as redes é que elas não parariam somente os tubarões", diz o biólogo marinho Fábio Hazin. "Outras criaturas como golfinhos e tartarugas também seriam enroscadas". À beira d'água, Mario Cesar diz que gostaria de surfar um dia novamente - apesar de ter sofrido um terrível ataque. "Eu preciso de um braço protético melhor", diz ele, "talvez um mecânico que permita movimento de mão. E claro que, eu teria que estar em algum lugar que, categoricamente, não tenha tubarões".



ARQUIVOS ESCONDIDOS FORÇAM O BRASIL A ENFRENTAR O SEU PASSADO
Segunda-feira, 31 de Janeiro de 2005

RIO DE JANEIRO, Brasil (The New York Times) - Como se por magia, documentos incriminatórios supostamente incinerados anos atrás pelo governo subitamente reapareceram. Como resultado, o Brasil está sendo forçado a confrontar um dos aspectos mais desagradáveis de seu passado: a morte, desaparecimento ou tortura de centenas de prisioneiros políticos durante os 21 anos da ditadura militar. Durante anos, as agências de inteligência militares e do estado juraram que nenhum registro daquela era de escuridão ainda existia. "Eles foram todos legalmente destruídos nos 1980s e 1990s, conforme procedimentos estabelecidos", José Viegas disse em uma entrevista no final de 2003 quando ele era o civil ministro da defesa, citando garantias que ele disse tinha recebido do alto comando militar. Mas em Outubro/2004, um par de fotografias ditas serem de Vladimir Herzog, um prisioneiro político matado em 1975, inesperadamente ressurgiram. No clamor que seguiu, o ex-agente da inteligência militar que proveu as fotografias disse que elas estavam entre milhares de páginas de documentos supostamente destruídos depois que a democracia foi restabelecida em 1985 mas que ainda estavam na realidade em arquivos secretos fora do alcance das autoridades civis. Relutantemente, a agência de inteligência estatal e os ramos da inteligência das forças armadas admitiram que a reivindicação era verdadeira. Desde então, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um ex-líder trabalhista que fôra ele próprio brevemente encarcerado pela ditadura, tem lutado com o problema do que fazer com os documentos e como punir os funcionários sênior da inteligência e os oficiais militares, alguns ainda no serviço governamental, que mentiram sobre a destruição dos registros. Nos arquivos que já foram abertos, foram feitas algumas descobertas chocantes. João Luiz Pinaud, diretor da Comissão Especial do governo na Morte e Desaparecimento de Prisioneiros Políticos até o final de 2004 - quando renunciou, reclamando de uma falta de apoio oficial - disse que ele tinha aberto um engradado de documentos e tinha achado com eles quase um esqueleto inteiro, aparentemente de um guerrilheiro morto mais de 30 anos atrás na Amazonia. "Não só os documentos foram escondidos, ilegalmente destruidos e a mentira acêrca deles, mas os corpos foram escondidos, cemitérios foram vandalizados e testemunhas foram coagidas, tudo isso sendo crimes", disse o Sr. Pinaud, um antigo juiz e agora professor de direito. "Minha pergunta é o que, se alguma coisa, o governo pretende fazer sobre isto". Inicialmente, o exército procurou justificar seu mau trato dos prisioneiros políticos, levando a uma confrontação com o Sr. Viegas. O Sr. Viegas renunciou em Novembro/2004 depois que o Sr. da Silva recusou demitir ou mesmo publicamente reprovar o comandante do exército, Gen. Francisco de Albuquerque, pelo que comentaristas políticos aqui descreveram como uma falta de disciplina e uma brecha do princípio da supremacia civil. Reconhecendo a seriedade da situação, o Sr. da Silva então designou seu vice-presidente, José Alencar, como o novo ministro da defesa. Depois de um almoço mês passado com os comandos dos três serviços militares, que coincidiu com a primeira reunião de uma nova comissão governamental visada decidir o que fazer com o tesouro de documentos encontrado da ditadura, o Sr. da Silva elogiou "a lealdade, dedicação e patriotismo das forças armadas". No entanto, mês passado um esconderijo de documentos parcialmente queimados, alguns deles datados tão tarde quanto uma década depois do retorno ao regime civil, foi descoberto numa base da força aérea no nordeste. Outros depósitos de documentos foram achados numa escola no nordeste e numa fazenda na distante parte sulista do país. O número de pessoas que morreram, desapareceram ou foram torturadas durante a ditadura militar que tomou o poder em 1964 é significativamente menor que os milhares que pereceram nos países vizinhos menores. Mas até que as recentes revelações forçaram a sua mão, o Sr. da Silva foi muito menos enérgico que Néstor Kirchner da Argentina ou Ricardo Lagos do Chile em pressionar por aqueles responsáveis serem trazidos à justiça.
Os militares tomaram o poder aqui uma década mais cedo que nesses outros países, assim "nós exportamos nossa experiência de tortura a nossos vizinhos e realmente inventamos todas estas coisas terríveis como os desaparecidos", disse Cecília Coimbra, uma líder do grupo de direitos humanos Tortura Nunca Mais. "Mas quando vier a recuperar nossa memória histórica, o Brasil ficou para trás porque nossos governos, este aqui incluído, nunca tomaram uma posição dura". Entre aqueles que expressaram reservas sobre tornar público os documentos está o próprio chefe de segurança nacional do Sr. da Silva, Gen. Jorge Armando Félix. Numa entrevista publicada em Novembro/2004 pela Folha de São Paulo, ele disse que "alguns dossiês nos preocupam, porque eles lidam com pessoas em situações extremamente embaraçosas". Alguns ex-guerrilheiros estiveram tendo questões que seus cônjuges não sabem acêrca mesmo hoje, ele disse, enquanto que outros ex-prisioneiros tinham informado sobre seus camaradas, às vezes sem serem torturados. "Ninguém deveria saber sobre isto excepto com a autorização da pessoa envolvida", o General Félix retrucou. Em alguns quartéis, aquilo foi interpretado como uma advertência ao atual governo esquerdista para recuar. "O General Félix fez uma ameaça, que se você insistir nisto, nós revelaremos coisas das quais você não gostará", o Sr. Pinaud disse. Mas agora que a existência dos arquivos foi confirmada, o Sr. da Silva está enfrentando pressão para os fazer disponíveis. Nilmário Miranda, o secretário de direitos humanos do governo, não respondeu a pedidos para uma entrevista, mas outros funcionários propuseram enviar tudo ao Arquivo Nacional onde, o Sr. Alencar sugeriu, seriam permitidos para historiadores "sérios" e outros pesquisadores ver alguns dos documentos pelo menos. Mas isso não satisfaz os grupos de direitos humanos, que prometem aumentar sua campanha quando a normalidade retomar aqui depois do Carnaval mês que vem. Eles querem alcançar o que eles chamam a abertura "completa, irrestrita e imediata" de todos os arquivos e estabelecer museus e centros culturais onde os Brasileiros possam ter acesso a um capítulo vergonhoso na história do seu país. "Não são somente os parentes dos mortos e desaparecidos que querem saber onde, como e quando seus entes queridos foram matados", a Sra. Coimbra disse. "Estes foram atos de violência cometidos contra toda a sociedade, e o estado tem que assumir sua responsabilidade, e não tentar bloquear ou limitar a disseminação desses documentos".



LULA SOFRE A MAIOR DERROTA NO CONGRESSO DO BRASIL
Terça-feira, 15 de Fevereiro de 2005

BRASÍLIA, Brasil (Reuters) - O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil sofreu uma importante derrota na Terça-feira depois que seu candidato do governo para encabeçar a câmara baixa do Congresso perdeu para um contendor surpresa do pequeno Partido Progressista (PP). Por uma votação de 300 a 195, Severino Cavalcanti do Partido Progressista bateu Luiz Eduardo Greenhalgh, um membro do governante Partido dos Trabalhadores esquerdista que tinha sido esperado amplamente ganhar a corrida. Será a primeira vez que a casa mais baixa será conduzida por um congressista que não foi da escôlha oficial do governo, uma situação que pode complicar seus esforços para passar a legislação. "Para abreviar uma longa estória, o governo terá que negociar pesadamente com o Congresso e recorrer ao comércio de cargos para conseguir que a legislação seja aprovada no Congresso, especialmente desde que ele - o PT (o Partido dos Trabalhadores) - já enfrenta dura oposição no Senado", disse Nuno Camara, um economista do Dresdner Kleinwort Wasserstein, num relatório. Os analistas disseram que a surpresa transtornada era o resultado de divisões dentro do Partido dos Trabalhadores de Lula e do descontentamento entre os congressistas com sua relação com a administração. Nas semanas que conduziram até a votação, os aliados do governo no Congresso tinham focalizado em bater Virgílio Guimarães, um congressista do Partido dos Trabalhadores que fez um lance dissidente pela liderança da casa. Greenhalgh bateu Guimarães num primeiro turno da votação, mas ganhou muitos poucos votos para ganhar completamente, forçando-o num segundo turno contra Cavalcanti segundo-colocado. Há uma reclamação ocorrendo periodicamente que o Planalto (o palácio presidencial) promete muito e então dá muito pouco ou leva muito tempo para fazê-lo", disse Andre Cesar, um analista político da consultoria Goes. Os congressistas "sentiram que era a hora para dar ao governo uma lição e eles o fizeram", ele disse. Ainda assim, não está claro que tipo de relação que Cavalcanti, que provém do estado nordestino de Pernambuco, terá com a administração Lula pois o Partido Progressista é considerado um aliado do governo. Como presidente da casa mais baixa, Cavalcanti controla que propostas vão para o plenário e quando elas serão votadas. Ele também se tornará o presidente em exercício do Brasil quando Lula e seu vice-presidente estiverem fora do país.



MORTES POR FOME DE CRIANÇAS INDIGENAS CHOCAM O BRASIL
Quinta-feira, 3 de Março de 2005

BRASÍLIA, Brasil (Reuters) - Seis crianças morreram de fome este ano numa reserva Indigena indigente no Brasil central e funcionários advertem que mais poderiam morrer num escândalo que chocou o maior país da América do Sul. Cêrca de 11.500 Indios tradicionalmente nômades abarrotam uma reserva no estado de Mato Grosso do Sul. A mortalidade infantil e as taxas de suicídios são até 3 vezes mais altas que as médias nacionais na reserva, originalmente criada para abrigar 300 pessoas. "Tornou-se um campo de concentração", disse o Sen. Delcidio Amaral do Mato Grosso do Sul, líder no Senado para o governante Partido dos Trabalhadores (PT). "Nossa política Indigena deu errado". "Algo está dando errado se muitas crianças estão morrendo, e pode se tornar pior", disse Amaral. Os senadores e funcionários locais numa audiencia congressional advertiram que os Indios poderiam invadir as fazendas locais se eles não obtivessem terra e assistencia para ajudar a terminar seu "confinamento humano". Fotografias de crianças Indias mortas publicadas pelas últimas duas semanas chocaram os Brasileiros depois que o esquerdista Presidente Luiz Inacio Lula da Silva prometeu melhorar as condições para as comunidades indígenas que sofreram séculos de abuso. O Congresso do Brasil prometeu uma comissão para investigar a desnutrição e a superpovoação nas reservas. Os funcionários federais disseram que criariam um grupo para coordenar a provisão de cuidados médicos, benefícios e infra-estrutura. Funcionários da agência indígena, e ativistas, disseram que mais ajuda e assistencia somente abreviariam a dor em Dourados. "O problema estrutural é uma falta de terra, eles estão completamente rodeados por campos de soja", disse Mercio Pereira Gomes, chefe da agência Indígena governamental Funai que vigia as reservas Indigenas. A população Indígena do Brasil cresceu de 400.000 ao término dos anos 1980s para 734.000 no mais recente censo em 2000. O crescimento puxou o sistema de reservas e os Indios querem se mover sobre novas terras ancestrais - como é o seu direito sob a Constituição do Brasil. Haviam cêrca de 6 milhões de Indios no Brasil quando os Portuguêses chegaram em 1500 e trouxeram abusos e doenças. A reserva de Dourados de 12-milhas quadradas foi criada 90 anos atrás numa área de savana e floresta agora convertida numa das maiores áreas produtoras de grãos do mundo. Os Indios Kaiowa-Guarani querem mais terra para voltar à caça tradicional e atividades em grupo. Isso os põe em conflito com proprietários de terras que dirigem o crescimento econômico com exportações de soja. Outras reservas no Mato Grosso do Sul ocuparam fazendas locais e ranchos sob a mira de armas para conseguir a terra. O prefeito de Dourados Laerte Tetila disse que os Indios teriam invadido a "comunidade branca" local dele se não fosse pelos agentes federais colocados na reserva. "Não há nenhum lugar na América Latina que seja uma desgraça como a reserva de Dourados... por seus elevados níveis de prostituição infantil, suicídios, hábitos de droga e AIDS", disse Tetila, que tem trabalhado com comunidades Indigenas durante 35 anos.



AGORA EM INGLÊS: 'EU ESTOU PRESO, VOCÊ ESTÁ PRESO...'
Quinta-feira, 10 de Março de 2005

RIO DE JANEIRO, Brasil (Reuters) - Falar Inglês não é mais obrigatório para arrumar um emprego diplomático no Brasil - mas os presidiários numa prisão do Rio de Janeiro logo saberão como se expressar no idioma de Shakespeare. A primeira classe de 20 prisioneiros, com sentenças prisionais em média de 25 anos, começarão a aprendizagem do Inglês na Quinta-feira de acordo com um método inventado pela Universidade de Oxford no presídio de segurança máxima (!) Lemos de Brito nos arredores do Rio de Janeiro, o diretor da prisão disse. "A idéia é preparar (eles) tanto quanto possível para seu retorno à sociedade. É muito mais fácil de achar um trabalho com conhecimento de Inglês", Luciano de Oliveira Silva falou à Reuters na Quarta-feira. Em contraste, o ministério do exterior do Brasil em Janeiro abandonou a obrigatoriedade dos exames de Inglês para candidatos aos cargos diplomáticos mais cêdo este ano, causando um alvoroço da mídia. Lemos Brito abriga 600 prisioneiros com sentenças prisionais que variam de 15 anos à 1.200 anos. Oliveira Silva disse, porém, que ninguém pode ficar na prisão por mais de 30 anos e a maioria provavelmente será colocada em liberdade condicional mais cedo, assim muitos prisioneiros terão bastante tempo para usar suas habilidades em Inglês. "O professor, que é um trabalhador voluntário, garante que eles falarão o Inglês depois de 6 meses", ele acrescentou. Os prisioneiros estudarão durante 6 horas por semana. Se o programa tiver êxito, outros dois grupos começarão a tomar aulas. As prisões Brasileiras são notórias por serem superpovoadas e os prisioneiros são mantidos em condições desumanas.



CUBANOS GO HOME!
Sábado, 26 de Março de 2005

SÃO PAULO, Brasil (Editorial) - O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CREMESP) vai à Justiça contra disposição do Governo Federal de revalidar automaticamente os diplomas de médicos Brasileiros formados em Cuba. O Conselho é contrário à disposição do Governo Federal de revalidar automaticamente os diplomas de bolsistas Brasileiros da Escola Latino-Americana de Medicina, de Cuba. O Departamento Jurídico do Conselho já foi convocado para estudar as medidas legais cabíveis para barrar o acordo, caso este seja, de fato, celebrado. Gestada nos termos do Protocolo de Intenções na área de Educação, Saúde e Trabalho, firmado em Havana, em 26 de Setembro de 2003, entre a República Federativa do Brasil e a República de Cuba, a revalidação automática de médicos Brasileiros formados em Cuba traz potencial risco ao atendimento à saúde dos Brasileiros. É temerária não apenas pela diferença curricular, como pelo foco específico que os cursos de Medicina de cada país dão aos seus respectivos problemas epidemiológicos. O Cremesp considera extremamente preocupante a incorporação, ao atendimento à saúde do Brasil, de médicos que não se submeteram à prova de revalidação de diploma e que, por conseqüência, podem ter formação inadequada para responder às necessidades da assistência do país. Outro ponto inadmissível do protocolo de intenções de Brasil e Cuba diz respeito à liberação ampla, geral e irrestrita para que os próprios médicos Cubanos possam trabalhar no país sem comprovar plena habilitação para atender às demandas de saúde de nossos cidadãos e às suas particularidades. O inexplicável privilégio consta do artigo 6º da carta de intenções de 26 de Setembro de 2003, que estabelece:
"Os profissionais Cubanos da área de saúde que já estiverem no Brasil, com visto de trabalho concedido pelo Ministério do Trabalho e Emprego, poderão ter seus vistos prorrogados por mais dois anos ou até que tenham sido implementadas as medidas legais ou administrativas que visem ao registro dos diplomas de graduação e pós-graduação stricto sensu, na área de saúde, expedidos pelas universidades Cubanas, mediante a apresentação, ao Ministério da Justiça, do protocolo de requerimento de registro de seus diplomas".
O precedente que ora se acena abrir para Cuba, além de risco iminente à saúde dos Brasileiros, pode gerar uma avalanche de pedidos de semelhante tratamento por parte dos países da América Latina e de outros países de língua Portuguesa. O resultado seria uma imigração em massa que reduziria ainda mais o mercado de trabalho dos médicos e aviltaria, também mais, os vis honorários praticados hoje. O Cremesp defende que esses profissionais, assim como quaisquer outros formados fora do país, inclusive os Brasileiros, têm de passar obrigatoriamente pelo exame de revalidação, para que seja atestada a adequação às características do sistema de saúde do Brasil.



DERROTA DE IMPOSTOS AMEAÇA A AGENDA DE LULA
Quinta-feira, 31 de Março de 2005

SÃO PAULO, Brasil (Financial Times) - O governo do Brasil ontem sofreu uma derrota embaraçosa no Congresso em cima de uma proposta de impostos fundamental, obscurecendo os prospectos para a agenda da reforma legislativa do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva este ano. O retrocesso também sublinhou em que extensão o poder de fogo do governo no Congresso diminuiu recentemente. Entre uma luta de poder entre os aliados do governo, o Sr. Lula da Silva semana passada abandonou uma reforma do gabinete que tinha sido pretendida ajudar a consolidar sua frágil maioria no Congresso. A administração dele perdera a presidência da casa mais baixa do Congresso em Fevereiro. A proposta de impostos derrotada ontem tinha buscado aumentar a taxa do imposto de renda incorporada em alguns setores de serviços, enquanto que aumentando isenções tributárias das pessoas físicas. Apesar de fazer várias concessões, o governo não obteve os votos necessários no Congresso. Líderes do governo ontem protestaram contra ameaças pela oposição para aprovar somente os benefícios do imposto para pessoas físicas, que são populares com a maioria dos eleitores. "Essas propostas de despesas sem receitas deveriam ser discutidas com a sociedade", disse Aldo Rebelo, o ministro de assuntos congressionais do governo. "O governo não permitirá a desordem [financeira]". A derrota também reflete o crescente descontentamento com impostos subindo rapidamente necessários para financiar um setor público inchado que é percebido como ineficiente. Líderes empresariais em recentes semanas tinham organizado marchas de protesto e fizeram lobby nos congressistas contra a proposta de imposto. Eles advertiram que aumentos de impostos adicionais abafariam o crescimento econômico e corroeriam a competitividade internacional do Brasil. A carga tributária total do Brasil aumentou para cêrca de 37% do produto nacional bruto - uma das taxas mais altas entre os países em desenvolvimento. Uma pesquisa de opinião publicada ontem pela Confederação Nacional da Indústria mostrou que 64% dos pesquisados achavam que os impostos haviam aumentado substancialmente em recentes anos. A metade desses, em troca, achavam que os serviços públicos não tinham melhorado em consequencia dos aumentos de impostos. "Os contribuintes despertaram", disse Alexandre Garcia, um comentarista político Brasília-baseado. Incentivados por seu sucesso em derrotar a proposta de imposto, comerciantes e grupos dos direitos dos consumidores podem agora empurrar o governo para enxugar milhares de funcionários contratados para os quadros do governante Partido dos Trabalhadores (PT) às custas da sociedade e cortar despesas mais agressivamente como uma medida para evitar aumentos de impostos adicionais. "O próximo passo é para o governo reduzir custos administrativos de modo que possa aumentar o investimento nos serviços públicos", o Sr. Garcia disse. Alguns investidores estão preocupados que o governo pudesse agora enfrentar problemas com outros ítens controversos em sua agenda legislativa, incluindo a proposta autonomia para o Banco Central, ou a revisão da existencia de sindicatos não-representativos.



A POLÍCIA É SUSPEITA DE MATAR PELO MENOS 30 PESSOAS NO BRASIL
Sexta-feira, 1 de Abril de 2005

RIO DE JANEIRO, Brasil (Reuters) - Pistoleiros supostamente serem policiais patifes mataram pelo menos 30 pessoas numa farra de tiroteios num subúrbio do Rio de Janeiro que os oficiais disseram na Sexta-feira poderia ser uma resposta sangrenta ao desbaratamento em oficiais corruptos e brutais. Foi o pior massacre de esquadrão da morte em mais que uma década na cidade Brasileira, que foi acostumada à matança diária envolvendo a polícia, gângsteres das drogas e outros criminosos. Homens inocentes, mulheres e crianças foram matados ao acaso no ataque da noite de Quinta-feira na Baixada Fluminense no montanhoso lado norte do Rio. As vítimas incluíram um funcionário público que bebia num bar, um menino jovem que jogava pinball, um cozinheiro em seu caminho para casa e uma prostituta travesti, os funcionários do necrotério disseram. Marcelo Itagiba, o Secretário de Segurança Pública do Rio, disse que policiais proscritos pareciam ter realizado o massacre em represália pelas prisões na Quinta-feira de 8 oficiais suspeitos de um duplo assassinato em separado. Nesse caso, a polícia foi filmada lançando a cabeça cortada de uma vítima por sobre o muro de uma delegacia de polícia. As prisões fizeram parte de uma ação contra a corrupção e a atividade criminosa pela polícia numa cidade que está à beira da sucumbência social apesar de ser um destino turístico espetacular. "Esta é uma calamidade pública, um crime bárbaro", Itagiba disse numa coletiva de imprensa na Sexta-feira. Os primeiros sinais da investigação ordenada pela Governadora do Rio Rosinha Matheus sugeriram que oficiais policiais foram os assassinos. Balas coletadas da cena do crime foram atiradas pelas mesmas armas que a polícia usa, disse Alvaro Lins, chefe da força de investigação do estado. "Os crimes foram cometidos por profissionais", ele disse.
O Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos prometeu que os assassinos seriam severamente castigados. Funcionários locais culparam os esquadrões da morte formados por policiais corruptos para levar a cabo as execuções, sejam contratados ou por outros motivos pessoais. "Todo o mundo sabe que há grupos de extermínio agindo indiscriminadamente aqui", disse Lindeberg Farias, prefeito de Nova Iguaçu, onde algumas das matanças aconteceram. Testemunhas disseram que os pistoleiros atiraram ao acaso, deixando às vítimas inocentes nenhum tempo para escapar. "Foi muito rápido. Eu me levantei de casa e abaixei-me no corredor quando ouvi uma chuva do fogo de artilharia. Nós estávamos atordoados. Quando nós chegamos, o carro (levando os atiradores) já tinha partido", Creuza Regina, a avó de uma vítima, contou aos repórteres. Membros familiares expressavam o ultraje. "Eu estou em choque. Meu sobrinho estava brincando com o primo dele e foi brutalmente assassinado", disse Angelo Soares, tio de uma vítima de 14-anos. Este foi o pior massacre urbano do Brasil desde 1993, quando 21 pessoas foram assassinadas por uma esquadrão da morte policial. "Quaisquer esperanças que tais ações eram horrores do passado foram frustradas pelos eventos de ontem à noite, que mostram que a extensão dos 'esquadrões da morte' irá adiante a fim de esparramar o terror e resistir às tentativas pelas autoridades para sustar suas atividades", a Anistia Internacional disse numa declaração. O Rio é uma cidade infestada pelo crime violento, com gangues das drogas rivais controlando muitas áreas de favelas e desafiando as autoridades. "A situação está ficando muito pior. O controle das autoridades públicas em cima da situação é muito precário", José Vicente da Silva Filho, um ex-Secretário de Segurança Nacional e chefe de polícia, contou à Reuters. Grupos de direitos humanos internacionais dizem freqüentemente que a polícia do Rio tem uma história de execuções sumárias. Funcionários disseram que a polícia matou 983 "suspeitos" em 2004 e 1.195 em 2003. Em 2004, uns 50 policiais do Rio foram mortos no cumprimento do dever.



O PRESIDENTE DO BRASIL NÃO É CATÓLICO - É CAÓTICO, DIZ CARDEAL
Quarta-feira, 6 de Abril de 2005

BRASÍLIA, Brasil - Um cardeal Brasileiro criticou o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva por defender o aborto e os direitos dos homossexuais, chamando Silva de "caótico, não Católico", numa entrevista publicada Quarta-feira. "Um Católico não pode estar a favor do aborto", o Cardeal do Rio de Janeiro Eusebio Scheid falou ao jornal O Estado de S. Paulo em Roma, onde ele chegou Terça-feira ao conclave para escolher um novo papa. Scheid, 72 anos, disse que estava perplexo pela defesa dos direitos de homossexuais por Silva e seu esquerdista Partido dos Trabalhadores. "As relações dele com homossexuais - quem aprovou tudo aquilo? Ele nos deixou todos bastante confusos", Scheid foi citado como dizendo. Silva deve assistir ao funeral do Papa João Paulo II, entre a especulação que o Cardeal de São Paulo Claudio Hummes poderia ser escolhido o próximo papa. Silva tem dito que está esperando que um Brasileiro será nomeado. Scheid elogiou Silva por assistir ao funeral, mas acrescentou: "Ele espera dividendos políticos disto". Considerado um conservador, Scheid disse que Silva - um desistente da graduação escolar do pobre Nordeste do Brasil - teve uma fé católica "ilógica" e "inculta". "Ele nasceu no proletariado, com todas suas confusões. Ele nunca teve uma formação apropriada e aprofundamento da sua fé", Scheid contou ao Estado. "Ele e o Espírito Santo não entendem um ao outro". Scheid, que tem boas relações com Silva, disse que em geral os políticos eram indignos de confiança. "Eles dizem uma coisa agora e qualquer outra coisa amanhã", ele foi citado como dizendo. "A esquerda nunca trouxe benefícios para ninguém. Olhe para a Rússia, a China e Cuba". O escritório de Silva disse que ele não tinha feito nenhum comentário sobre as observações de Scheid.



A CORRUPÇÃO AINDA INFESTA A VIDA PÚBLICA BRASILEIRA
Segunda-feira, 25 de Abril de 2005

(Financial Times) - A corrupção está de volta nas notícias no Brasil. Como acontece entre poucos meses, alegações apareceram contra uma proeminente figura da vida pública. Desta vez é Romero Jucá, o ministro da previdência social, acusado de obter falsamente empréstimos subsidiados e apropriação de fundos da dívida pública. Ele está tranquilo. "Isto não me aborrece. Eu estou dormindo fácil", ele falou aos repórteres esta semana. Nada foi provado contra o Sr. Jucá e sua atitude relaxada pode bem refletir sua inocência. Mas inocente ou culpado, tais alegações contra os ricos ou poderosos do Brasil raramente causa-lhes muita preocupação. A corrupção é um fato da vida diária e as chances de ser castigado por isso estão perto de zero. Durante os últimos dois anos o escritório da Controladoria Geral da União (CGU), criada em 2001, administrou auditorias em 741 das 5.500 municipalidades do Brasil, escolhidas ao acaso. Ela achou sérias irregularidades em 90% delas, e alguma irregularidade em todas. Waldir Pires, que encabeça a CGU, diz que mais que 20% dos gastos públicos são perdidos em corrupção. Contando só o dinheiro transferido pelo governo federal aos estados e municípios, isso totaliza o roubo de mais que R$18,5 bilhões (US$7.3bn, 5.6bn de euros, £3.8bn) em 2004. Em 2002, Cláudio Abramo da Transparência Brasil em São Paulo, a filial local da observadora de corrupção Transparência Internacional, levou a cabo uma pesquisa de corrupção na cidade de São Paulo a pedido da cidade e com financiamento do Banco Mundial. Ele achou a sistemática má-apropriação do dinheiro público.
Em vez de agir no relatório, a cidade o arquivou. "Fazer qualquer coisa significaria ofender inumeráveis interesses", o Sr. Abramo diz. Apesar de seu impacto nos serviços públicos inadequados do Brasil, há pequeno clamor contra a corrupção. Na verdade, "rouba, mas faz" - "ele rouba, mas ele consegue coisas feitas" - é um termo de aprovação aplicado a muitos dos políticos populistas mais prósperos do Brasil. A maioria da culpa por isto reside em cheio no sistema judicial. "Nós temos leis excelentes", diz Nicolao Dino, presidente da associação nacional dos promotores públicos em Brasília. "O problema é a implementação". Os tribunais são extraordinariamente lentos e os acusados podem apelar por várias fases. Os tribunais primários mostram algum zêlo em condenar os ofensores mas quanto mais alto vai uma apelação, diz o Sr. Dino, mais íntima do poder dos juízes se torna. A possibilidade de meios de apelações quase infinitos significa que poucos acusados poderosos têm muito a temer. "Os direitos do acusado têm que ser protegidos", diz o Sr. Dino, "mas não às custas de um mal solcial muito maior que é a impunidade". Ele aponta para 2 desenvolvimentos preocupantes. Uma é a medida sob revisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para restringir os poderes investigativos dos promotores públicos. A outra é uma proposta sob discussão no Congresso que ampliaria o direito desses em cargos públicos para só serem julgados em tribunais mais altos. Contudo há bases para otimismo, também. Uma reforma parcial do judiciário, promulgada em 2004, introduziu o conceito do precedente judicial. Este mês o Supremo Tribunal STF apoiou a criação de um órgão externo de revisão do judiciário. "Há real esperança que este possa ser um grande passo adiante", diz o Sr. Dino. Nem todo o mundo consegue permanecer impune. O Juiz Nicolau dos Santos foi condenado em 2001 por roubar R$169,5 milhões durante a construção de um edifício de tribunal. Desde então, forças-tarefas de promotores trabalhando em corrupção e lavagem de dinheiro marcaram alguns sucessos. Os esforços da CGU estão causando um movimento. Um despertar-para cima pode estar soando para os corruptos no Brasil. Mas por agora, a maioria está dormindo fácil.



DESTRUIÇÃO DA FLORESTA AMAZONICA É A MAIOR EM 10-ANOS
Sexta-feira, 20 de Maio de 2005

SÃO PAULO, Brasil (Financial Times) - A destruição da floresta tropical Amazônica acelerou à sua taxa mais rápida numa década como resultado da recuperação econômica do Brasil e o 'boom' da exportação agrícola. Cêrca de 26.130 km² de floresta foram destruídos - uma área quase o tamanho da Bélgica - nos 12 meses desde Agosto de 2004, de acordo com dados emitidos esta semana pelo ministério do ambiente. Isso é uns 6% de aumento em cima do período prévio e a segunda-mais alta taxa na Amazonia desde que medidas começaram em 1988. Os resultados são prováveis de refocar a atenção internacional nos esforços do governo para restringir a destruição da maior fonte de água fresca do mundo, da absorção do carbono e da biodiversidade. O governo, que tinha esperado taxas de desmatamento semelhantes àquelas de 2003, estava surpreso pelas figuras, que estão baseadas em fotografias de satélite. Marina Silva, ministra do ambiente, disse numa entrevista semana passada que ela esperava reivindicar que o Brasil tinha conseguido estabilizar a taxa de desmatamento, apesar do crescimento econômico mais rápido. A maioria dos peritos ambientais no Brasil concorda que os principais culpados são o crescimento econômico, novas estradas e a agricultura se expandindo. "A agricultura empurrou a fronteira, em parte diretamente mas principalmente dirigindo os rancheiros de gado e os fazendeiros em pequena escala mais fundo na floresta", disse Márcio Santilli, coordenador do Instituto para Estudos Sociais e Ambientais. Ele disse que os altos preços do feijão-soja em 2004 foram um incentivo. Quase a metade da destruição ocorreu no estado oeste de Mato Grosso, a principal fronteira agrícola do país. O Greenpeace diz que só 1/3 das clareiras em Mato Grosso são legais. "Os fazendeiros têm o direito de desmatar parte da terra deles legalmente", disse José Carlos Dias, secretário de comunicações de Mato Grosso. "Se houve desmatamento ilegal, não é nossa responsabilidade mas do governo federal". Muitos grupos ambientais concordam que a Sra Silva, que cresceu na selva como seringalista, projetou políticas sensatas para combater o desmatamento. Estas incluem contratar mais patrulhas da floresta, aumentar as áreas protegidas, apoiar atividades econômicas floresta-baseadas e ordenar a propriedade de terra caótica. "Nós fizemos muito em 2 anos ... os resultados não vêm durante a noite", a Sra Silva disse. Mas os críticos dizem que uma escassez de recursos, a corrupção, a formalidade burocrática e a oposição política dificultam a implementação das políticas. "Esta abordagem de plano-e-controle sempre colidirá com falhas e oposição", disse Roberto Smeraldi, chefe dos Amigos da Terra em São Paulo. "Nós precisamos conseguir as forças do mercado em nosso lado". Entre muitas propostas, o Sr Smeraldi defende impostos no madeiramento como também financiamento para produtos da silvicultura e serviços do eco-turismo aos cosméticos naturais. "Nós precisamos apoiar a floresta do modo como nós fizemos com a agricultura durante as últimas duas décadas".



LÍDER DO BRASIL É MANCHADO POR ESCÂNDALO
Domingo, 5 de Junho de 2005

RIO DE JANEIRO, Brasil (The New York Times) - Um crescente escândalo de corrupção pôs o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na defensiva e solapou o apoio popular para seu governo logo quando a manobra política adiantada da eleição presidencial do próximo ano está se aquecendo. Com uma investigação a caminho no Congresso Brasileiro, a negociação legislativa normal foi suspensa. Essa paralisia ameaça a agenda de Lula, que inclui ambas mudanças fiscais e trabalhistas há muito buscadas pelos grupos empresariais e contas de gastos sociais para beneficiar os pobres. Com isso em mente, os assessores de Lula têm tentado ganhar em cima das cadeiras no Congresso pelo modo antigo, com generosos serviços de dinheiro sujo. O escândalo começou no mês passado quando a revista semanal Veja publicou uma história de capa detalhando o que descreveu como um esquema de propina no serviço postal nacional (os Correios). Num videoteipe que tem sido repetidamente transmitido na televisão, um funcionário sênior dos Correios é mostrado pedindo a um potencial contratante um suborno em nome de um dos aliados políticos mais importantes de Lula. Ele também reivindica que outras pessoas políticas nomeadas em agências estatais estão envolvidas em esquemas semelhantes para beneficiar os partidos aliados com Lula.
O sistema político do Brasil é estruturado de um modo que torna virtualmente impossível para um único partido alcançar uma maioria no Congresso (uma falha da Constituição de 1988, que ambos Legislativo e Judiciário foram incompetentes em solucionar em 17 anos). Para conseguir passar a legislação, o Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula, como seus antecessores, tem sido obrigado a formar coalizões com vários partidos menores cujas ideologias são flexíveis e cujo principal interesse é o patronato e outros espólios. Um é o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que teve sua representação no Congresso quase que dobrada desde quando Lula, um ex-líder sindical, assumiu o cargo em Janeiro/2003. O líder de topo do partido aliado é Roberto Jefferson (aquele da tropa de choque do Collor), a quem os relatos da imprensa e os líderes da oposição acusam de ser o principal organizador e beneficiário do esquema de corrupção. Jefferson nega qualquer malversação. Ele também foi defendido por Lula, que foi citado na imprensa Brasileira como dizendo: "Digam ao Roberto Jefferson que eu estou em solidariedade com ele. Uma associação é uma associação" (mesmo que se trate de uma quadrilha de criminosos prevaricando com o dinheiro público).
Pesquisas divulgadas na semana passada indicam que o escândalo está afetando ambos a imagem do governo e a popularidade de Lula, que mostrou uma perda de 9 pontos desde Fevereiro (parece que as pesquisas deixaram de falsear o clamor popular). Menos que 40% dos pesquisados (você já foi alguma vez?) expressaram satisfação com o desempenho do governo, e a corrupção foi nomeada, à frente do crime e da violência, como o problema social mais "vergonhoso" do país. Até mesmo alguns dos partidários mais fortes do presidente começaram a falar de um governo em desordem. "Há uma atmosfera de deterioração moral, de falta de esperança, de indignação - de cada homem para ele, tudo ao mesmo tempo", Ricardo Kotscho, o secretário de imprensa de Lula durante os primeiros 2 anos dele no cargo, escreveu num ensaio postado num Website daqui. A corrupção não é um assunto novo na política Brasileira (o golpe militar de 1964 foi claramente declarado contra corruptos e subversivos - infelizmente atingiu somente os subversivos - seria o caso de um novo golpe para atingir os corruptos? Deixemos a resposta para as urnas em 2006). O presidente Fernando Collor de Mello renunciou no meio de um processo de impeachment em 1992 depois que foi revelado operar um secreto fundo de suborno multimilionário em dólares (na verdade, não fôsse a infamia denunciada pelo irmão Pedro Collor, Fernando Collor teria terminado seu mandato impune). Mas Lula e seu partido PT são especialmente vulneráveis porque eles sempre se apresentaram como uma ilha de honestidade num "mar de sujeira".
Desde assumir o cargo, Lula tem sido assaltado por um caso de corrupção depois do outro, começando com um assessor (o Waldomiro) pêgo em videoteipe solicitando contribuições de campanha de extorsionários. A raiva popular também foi despertada por uma operação policial mês passado num dos estados mais pobres do país que pegou 29 empresários e políticos, entre eles 8 prefeitos pertencentes à partidos aliados com Lula. Os homens foram acusados de corrupção em conexão com concessões federais destinadas à merenda escolar e à programas de alfabetização, mas que ao invés terminaram, os promotores dizem, nos bolsos deles (os políticos).
Os assessores de Lula estão agora lutando para limitar a extensão da investigação. Mas os partidos de oposição, sentindo uma oportunidade para debilitar a popularidade do governo mais adiante, estão propugnando se olhar para outras agências do governo. Durante os 20 anos que o Partido dos Trabalhadores (PT) esteve na oposição, ele apoiou numerosas comissões parlamentares de inquérito (CPI). Mas os líderes do partido reagiram à esta aqui acusando seus oponentes de tentar fomentar um golpe. "As elites querem subverter o governo de Lula, o único governo de trabalhadores eleito nas Americas" (o único também no mundo - todos se dissolveram com o fim da antiga URSS Comunista em 1991 - portanto estamos quase 15 anos atrasados), disse o Sen. Aloizio Mercadante, líder da delegação do Partido dos Trabalhadores (PT) no Senado. "Isso é o que eles fizeram no Chile, e olhem o que resultou" (hoje o Chile é considerado um modelo de democracia, de economia, e de diplomacia - seu ex-Ministro do Interior foi recém-eleito secretário-geral da OEA - o que demonstra a ignorancia desse senador). Mas aquele argumento não pareceu ressonar entre os Brasileiros comuns. Depois da transmissão de outro videoteipe incriminador mostrando legisladores do remoto estado Amazônico de Rondônia buscando pagamentos do governador do estado - que tem sido ameaçado com impeachment, centenas de pessoas irromperam no edifício da legislatura estadual num protesto contra a corrupção.



PRESIDENTE DO PARTIDO DE LULA RENUNCIA NO MEIO DO ESCANDALO BRASILEIRO
Sábado, 9 de Julho de 2005

SÃO PAULO, Brasil (Reuters) - Abalado pela crise, que abateu o partido e o governo nos últimos dois meses, José Genoino renunciou neste Sábado ao cargo de presidente do PT. O atual ministro da Educação, Tarso Genro, foi aprovado pelo Diretório Nacional para assumir o cargo e tentar contornar a pior crise vivida pela legenda em seus 25 anos de história. Além de Genro, o Diretório Nacional aprovou outros três nomes indicados pelo Campo Majoritário -ala que comanda o PT - para compor a Executiva do partido. O ex-ministro da Saúde Humberto Costa passa a ser o novo secretário de Comunicação. Para a secretaria geral foi escolhido o ex-ministro do Trabalho Ricardo Berzoini, assumindo assim a posição que era de Silvio Pereira, que deixou o cargo na semana passada diante das denúncias feitas contra os dirigentes do partido. Para a tesouraria, o nome aprovado neste Sábado foi o do deputado José Pimentel (CE) que substituirá Delúbio Soares, que também deixou o cargo após as denúncias feitas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) sobre o suposto esquema de pagamentos de mesada do PT para parlamentares do PP e PL. Em sua primeira declaração como presidente do PT, Genro afirmou que realizará neste Domingo uma reunião com a Executiva do partido para discutir o momento atual e definir o futuro da sigla. Segundo ele, o objetivo imediato é reordenar as relações internas. Em segundo lugar, ele acredita que é fundamental elaborar um plano de trabalho. Para isso, além da reunião da Executiva neste Domingo, Tarso pretende convocar uma nova reunião do Diretório Nacional dentro de duas ou três semanas, no máximo. Um dos assuntos a ser discutido será o processo de eleições diretas do PT. Oficialmente, as eleições para presidência do partido estão marcadas para Setembro, mas Tarso informou que pretende discutir com os integrantes do Diretório Nacional a possibilidade de adiar essas eleições para o primeiro trimestre de 2006. Genro prometeu que fará um estudo sobre a situação financeira do PT para tentar redefinir um plano de recuperação das finanças. O senador Aloizio Mercadante (SP) declarou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi comunicado sobre a decisão do Diretório Nacional e aceitou que Genro deixe o Ministério da Educação para assumir a presidência do partido. Mercadante disse ainda que o PT pretende manter o Ministério da Educação, mas lembrou que caberá ao presidente Lula decidir sobre a questão.
O anúncio foi feito por Genoino no início da tarde. Sua permanência no cargo, que vinha sendo minada dia após dia pela série de denúncias feitas contra os dirigentes do PT, ficou insustentável depois que a Polícia Federal prendeu um assessor político de seu irmão carregando R$200 mil reais e US$100 mil dólares em Congonhas, na Sexta-feira. Os nomes aprovados pelo Diretório Nacional foram fechados em uma reunião paralela do Campo Majoritário. A maneira com que foram indicados os novos nomes da Executiva do PT foi criticada por integrantes de outras alas do partido. "É uma falha de método, mas a solução está dada ... não vamos oferecer outros nomes nem fazer nenhum tipo de disputa", afirmou o deputado federal Chico Alencar (RJ), representante da esquerda independente do PT. A aprovação rápida de Genro e dos demais indicados pelo Campo Majoritário foi obtida graças à decisão de outras alas do partido que optaram em não indicar outros nomes, evitando assim uma disputa interna. Ao anunciar sua renúncia, José Genoino reconheceu que o PT está vivendo um momento difícil e que seria importante para o partido repactuar suas forças internas para tentar contornar a situação. "Eu não poderia ser obstáculo para essa repactuação do partido", disse ele, justificando sua decisão. Ao ser questionado sobre qual será seu futuro, na única pergunta feita após o anúncio de que estava se afastando do cargo, Genoino disse: "Eu serei José Genoino, ex-deputado federal. Fui deputado federal por 20 anos e a partir, certamente, da semana que vem, ou mês que vem, eu tenho que cuidar da minha sobrevivência ... eu tenho que ver como é que eu vou sobreviver como cidadão José Genoino Neto". Durante sua fala, Genoino lembrou que nunca tinha cogitado ser presidente do PT. "Essa missão me foi delegada porque, na verdade, o meu projeto passava bem distante de presidir o PT". Petista desde 1981, Genoino não foi eleito para a presidência do partido na última eleição realizada em 2001 e foi alçado ao posto ao substituir José Dirceu em 2003. Ele fez questão de frisar que apesar de todas as denúncias feitas "o PT não compra nem paga deputados". Durante os 30 meses em que presidiu a sigla, Genoino reconheceu que "nós certamente cometemos falhas, erros, equívocos, mas no PT nós não praticamos irregularidades. No PT, nós não praticamos nenhum ato ilícito". Ele havia deixado o cargo à disposição do partido depois que a revista Época divulgou em seu site, na Quinta-feira, que assinou um segundo empréstimo, de R$3 milhões de reais, que teve como avalistas o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o publicitário Marcos Valério de Souza, junto ao Banco Rural. Durante o anúncio de sua renúncia, Genoino não fez nenhuma menção a respeito da prisão do secretário de organização do PT no Ceará, José Adalberto Vieira da Silva, na Sexta-feira em Congonhas. Vieira da Silva era assessor político do deputado José Nobre Guimarães, líder do PT na Assembléia Legislativa do Ceará e irmão de Genoino. No meio da tarde, entretanto, Guimarães divulgou uma nota informando que havia determinada a exoneração do assessor. O deputado reiterou que não sabia que Vieira da Silva estava em São Paulo nem de suas atividades "fora do gabinete".



AS ACUSAÇÕES SÃO DEVASTADORAS: LULA ESTÁ SITIADO PELO ESCÂNDALO DE CORRUPÇÃO NO BRASIL
Sexta-feira, 22 de Julho de 2005

(Financial Times) - Em Paris, o ex-metalúrgico, eleito à presidência depois de duas décadas de ralar campanhas políticas, tinha sido louvado por sua defesa apaixonada de justiça social e os interesses dos países mais pobres do mundo. De volta ao Brasil, ele encontrou seu governo de 2,5 anos afundando mais e mais profundamente na crise política. O Sr. Lula da Silva foi cumprimentado por companheiros metalúrgicos protestando contra o escândalo de corrupção que tem assombrado seu Partido dos Trabalhadores (PT) durante quase 2 meses. O retrato dele adornou as capas das revistas de notícias do Brasil não em celebração do triunfo internacional mas para investigar o papel dele no pior escândalo de corrupção do país desde o impeachment e a renúncia 13 anos atrás de Fernando Collor, o presidente de então. "Quando e como Lula foi informado" gritava uma capa de revista. Um manifestante levava um boneco do presidente com a cueca cheia de dinheiro.
Que a sorte do Sr. Lula da Silva possa ser comparada com aquela do Sr. Collor é um desastre para um homem que reivindicou ser representante de um estilo mais representativo e transparente de governo. Alguns meses atrás o Sr. Lula da Silva parecia estar levando o Brasil sob um caminho de crescimento econômico sustentável e de reforma social muito-necessitada. O presidente tinha confundido os mercados financeiros pessimistas abraçando políticas fiscais e monetárias tão conservadoras quanto aquelas de Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor, cujas reformas ajudaram a modernizar o Brasil nos anos 1990s. Os receios que o Brasil se tornaria inadimplente como a Argentina se provaram exagerados. A economia cresceu 4,9% em 2004, sua taxa mais rápida numa década, e o Sr. Lula da Silva desfrutava favorável opinião nas pesquisas.
Os investidores estrangeiros ainda estão confiantes que essa estabilidade está intacta. Os administradores de fundos têm caído sobre eles para comprar títulos da dívida Brasileira e durante os últimos 12 meses o Real ganhou cêrca de 29% contra o dólar, e seus rendimentos caíram ao redor de 8% em termos de dólares, comparados com mais que 25% três anos atrás. Em casa, entretanto, a crise seriamente arrisca os prospectos de re-eleição do Sr. da Silva e pode até mesmo forçá-lo a renunciar do cargo. O congresso do país foi paralisado, pela luta dentro da coalizão governista e agora pelas investigações de corrupção. A mídia do Brasil está examinando o denominado mensalão - grandes pagamentos mensais feitos supostamente a principalmente partidos mais à direita que votaram em favor do governo. O PT admitiu levantamentos irregulares de fundos e é acusado de ter sugado fundos da dívida pública para financiar campanhas para seus candidatos e aliados.
Os líderes mais antigos do PT renunciaram ou foram removidos. O Sr. Lula da Silva perdeu vários de seus principais tenentes políticos - entre eles José Dirceu, seu chefe da Casa Civil. As diretorias de várias empresas estatais sendo investigadas por alegações de corrupção tiveram que ser completamente substituídas.
Militantes de longa-data do PT, que durante anos doaram 10% de seus salários para fundos do partido, estão desorientados e confusos. "As acusações são devastadoras. Elas vão para o coração daquilo que o PT pregava", diz Chico Alencar, um congressista representando uma facção de um partido de esquerda. Considerado um dianteiro para a re-eleição na competição presidencial de Outubro/2006 somente 3 meses atrás, é agora possível que o Sr. Lula da Silva possa perder. Pior ainda, ele pode nem mesmo sobreviver até lá. Oponentes do partido Social Democrático (PSDB) do Sr. Fernando Henrique Cardoso e do direitista partido da Frente Liberal (PFL) poderiam tentar impugná-lo com o impeachment.
"É uma das crises políticas mais sérias na história do país", diz Amaury de Souza, um cientista político no Rio de Janeiro. "Lula encarna muito mais que a presidência". A queda do Sr. Lula da Silva também teria implicações além das fronteiras do Brasil. Como presidente do maior país da região o Sr. Lula da Silva tem sido um ponto de referência para aqueles que argumentam que a centro-esquerda da América Latina oferece a melhor oportunidade para manter a estabilidade, esposando políticas mercado-amigáveis e avançando a reforma social numa região polarizada e desigual. Alguns se preocupam que o beneficiário seria Hugo Chaves da Venezuela. Eleito esmagadoramente em Outubro de 2002, o carismático Sr. Lula da Silva parecia oferecer aos Brasileiros real esperança de progresso. Usando as habilidades sociais e políticas cultivadas no movimento dos sindicatos, ele encabeçava conversas com os líderes da sociedade civil, empresários e sindicalistas e bajulava políticos com churrascos. Era incômodo e lento mas parecia funcionar. A administração ganhou aprovação para propostas que tinham sido postergadas durante anos, inclusive varrendo uma reforma de previdência social, uma lei de falências para facilitar aos banqueiros emprestar e uma reforma constitucional apontada a melhorar a eficiência judicial. Mas nas eleições municipais de Outubro passado o PT foi batido em duas fortalezas tradicionais. Cêdo deste 2005 os líderes do partido mal-controlaram as posições de liderança na casa mais baixa do Congresso e perderam o controle da agenda legislativa. As relações com os aliados congressionais já estavam severamente tensas quando em Maio Roberto Jefferson, o líder de um partido aliado, denunciou o PT por pagar subornos para ganhar votos congressionais. As alegações nunca foram provadas mas investigações pelo congresso e pela mídia proveram significativa evidência circunstancial.
O PT no princípio tentou atribuir seus problemas a manobras direitistas projetadas a derrubar o Sr. Lula da Silva. Desde então o presidente tem oscilado entre o silêncio, tentativas de culpar seus antigos camaradas e apresentar o assunto como intrínseco à natureza dos políticos Brasileiros. Para os críticos do PT, o problema fundamental é que o partido procurou assaltar o aparelho estatal numa extensão sem precedentes. "O PT ... tinha fome e ansiedade para centralizar a tomada de decisões", diz o Sr. de Souza. Apesar da posição de minoria de seu partido na casa mais baixa do congresso, o Sr. Lula da Silva deu quase metade dos postos do gabinete à membros do PT. À muitos outros membros do partido foram dados empregos às custas de funcionários tecnicamente capazes. Enquanto que vários ministérios chaves - como Fazenda, Justiça e Relações Exteriores - têm sido operados ao longo de linhas meritocraticas, até uma reforma do gabinete em Julho ao menos 70% de funcionários públicos indicados vieram do PT. "O mérito foi jogado na caixa de lixo", diz Martus Tavares, um conselheiro para o governador de oposição do Estado de São Paulo. "Eles simplesmente decidiram ocupar a máquina do governo. Eu sou um diplomata de carreira. Eu trabalhei com 4 presidentes prévios e eu nunca vi qualquer coisa como isto".
Essa abordagem trouxe desvantagens importantes. Primeiro, partes da burocracia de governo têm sido ineficazes. O Sr. Tavares diz que os orçamentos não foram dispendidos por causa da austeridade mas porque os funcionários têm sido lentos para tomar decisões. Segundo, para manter o apoio dos aliados o PT desenvolveu uma relação quase mercenária com eles. Em lugar de acordar um programa de governo comum e oferecer uma parte na administração àqueles que buscavam implementá-lo, o Sr. Lula da Silva negociou com partidos como o centrista Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que buscou obter espólios para seus partidários. Os ministros têm sido mudados freqüentemente independente da sua efetividade. Se fraude foi cometida ou não, está claro que os líderes do PT se ocuparam de atividades pouco éticas, supostamente levantando fundos para seus representantes congressionais e para seus aliados através de empresas que foram premiadas com contratos do governo. "Lula permitiu quebrar o limite ético. Ele deveria ter usado seu carisma em vez de se comprometer com métodos políticos tradicionais", diz o Sr. Alencar. A economia do Brasil pareceu permanecer imune à crise. Por várias razões isso pode ser impossível de sustentar, porém.
Para começar, o escândalo parece provável adiar qualquer reforma adicional do tipo que sustentou a reputação do Sr. Lula da Silva em Wall Street. O cotidiano do governo foi paralisado pelo escândalo. Mudanças no disfuncional regime tributário do país e medidas para introduzir uma iniciativa de financiamento público-privada irão para a fogueira, como irá uma proposta para conceder autonomia ao Banco Central. "O risco não é mais um beco sem saída nas reformas - elas foram suspensas. O risco é uma paralisia completa do governo até que uma nova administração assuma em Janeiro de 2007" diz Walder de Góes, um analista Brasília-baseado.
Mais importante é a incerteza sendo gerada ao redor das eleições do ano que vem. As altas avaliações de popularidade pessoais do presidente - ainda permanecendo em mais que 50% - e a situação econômica parecem lhe garantir um segundo triunfo sucessivo nas urnas.
Otimistas nos mercados argumentam que, até mesmo se o Sr. Lula da Silva fôr debilitado mais adiante, os beneficiários mais prováveis seriam o moderado Partido Democrático Social (PSDB) e o conservador Partido da Frente Liberal (PFL), que formaram o núcleo da aliança que apoiou o Sr. Cardoso durante os dois mandatos do governo dele até 2002. Considerando que esses partidos estão comprometidos com as políticas econômicas cautelosas perseguidas pelo Sr. Lula da Silva, os riscos para a estabilidade Brasileira foram vistos como mínimos. Muitos analistas argumentam que esse ainda é o resultado mais provável. Mas como o escândalo se aprofunda, a possibilidade cresce de um resultado menos palatável aos interesses estabelecidos. Bolívar Lamounier, um cientista político São Paulo-baseado, diz que muitos analistas dos bancos de Wall Street e seções da elite política do Brasil são culpadas de pensamento tendencioso.
Uma possibilidade preocupante é que o Sr. Lula da Silva poderia perder o controle de seu partido. Esquerdistas, marginalizados durante anos, são amargamente críticos do comportamento do governo e cheiram a possibilidade de ganhar terreno na assembléia nacional do PT em Setembro. O denominado "campo majoritário" que orquestrou o movimento ao centro - para o qual ambos o Sr. Lula da Silva e Antonio Palocci, o ministro das finanças, pertencem - foi bastante debilitado. Tantos quanto uma dúzia de congressistas de esquerda estão considerando abandonar o partido se o campo majoritário não modificar sua política econômica e abandonar sua aliança com os partidos direitistas. Ainda há uma possibilidade que o Sr. Lula da Silva possa ser arrastado diretamente no escândalo. Recentes investigações da mídia têm examinado de perto ligações em potencial. Nos últimos dias os Social-Democratas e a Frente Liberal endureceram a posição deles contra o Sr. Lula da Silva.
José Agripino, um senador da Frente Liberal, está entre aqueles que acham difícil acreditar que Lula não sabia o que ocorria. "Nós não estamos falando sobre figuras secundárias no PT que souberam sobre o financiamento ilegal. Todos eles eram muito próximos à Lula". César Borges, outro senador da Frente Liberal que requereu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) esta semana para anular a licença de partido do PT com base no financiamento ilegal, diz: "Ninguém está fora dos limites. Se Lula, Palocci ou Dirceu estão envolvidos, eles não vão ser poupados só porque o mercado o quer". Como Gustavo Loyola, um ex-presidente do Banco Central e analista para a consultoria Tendências em São Paulo coloca: "O grande risco para as instituições é o aparecimento de um populista que tenha uma plataforma salvacionista, que diga, 'As elites são corruptas e eu sou honesto'. Essa figura ainda não apareceu, mas os políticos estão desacreditados. Novamente se fecharia o perene ciclo Brasileiro - sai um Traidor da Pátria para entrar um novo Salvador da Pátria.
"Eu não vejo o mercado se recuperando à níveis de algumas semanas atrás", diz Alexandre Lintz, estrategista chefe para o Brasil do BNP Paribas. Ele espera que os rendimentos dos títulos Brasileiros permaneçam em torno dos 420 pontos para o próximo mes. No médio e longo prazos, o Sr. Lintz acautela, a debilidade da aliança do Sr. Lula da Silva "não provê nenhuma garantia de governabilidade". Mesmo que o Sr. Lula da Silva ganhasse um segundo mandato, os investidores estão começando a se perguntar como que ele poderia governar. "A re-eleição de Lula está começando a parecer uma notícia ruim", diz o Sr. Rappaport, gerente de financiamentos da administradora de valores Investport de São Paulo. A exemplo do que ocorreu na Venezuela com o populista Hugo Chaves, o Sr. Lula da Silva parece querer manter-se no cargo às custas da divisão entre os Brasileiros...



MANIFESTANTES NO BRASIL UNEM-SE CONTRA A CORRUPÇÃO
Terça-feira, 6 de Setembro de 2005

SÃO PAULO, Brasil (AP) - Milhares de manifestantes anti-corrupção reuniram-se na maior cidade do Brasil terça-feira, exigindo severo castigo para os políticos pêgos num escândalo de suborno que estremece a administração do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os manifestantes, incluindo sindicalistas, estudantes e empresários, enfrentaram pesadas chuvas para desabafar sua raiva contra os membros do governante Partido dos Trabalhadores (PT) acusado de pagar propinas a legisladores aliados mensalmente por votos no Congresso e financiamento ilícito de campanha. Muitos manifestantes disseram que 19 legisladores dos 6 partidos políticos ligados ao escândalo de corrupção deveriam ir para a cadeia, e outros duvidavam da repetida negação de Lula que ele não sabia nada do esquema supostamente orquestrado por seu partido. Os Brasileiros querem "todos estes crimes descobertos e os criminosos julgados e severamente punidos", Luis Flávio Durso, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, disse aos aplausos quando ele se dirigiu à multidão de um caminhão normalmente usado em paradas de Carnaval. Numa espetada à muito-elogiada campanha do "Fome Zero" de Lula objetivada erguer milhões fora da miséria, os organizadores dublavam sua marcha como "Corrupção Zero". Centenas de manifestantes usavam narizes vermelhos redondos de palhaço para ridicularizar os políticos, e alguns se vestiam a rigor em branco e preto. Os organizadores disseram que 15.000 pessoas marcharam pelo coração de São Paulo depois de se juntar na Praça de Sé, uma vasta praça onde Lula fez um ígneo discurso em 1984 à 250.000 pessoas quando ele era um líder sindical radical - um evento divisor que conduziu ao fim da ditadura militar 1964-1985 do Brasil. A polícia disse que o protesto de terça-feira puxou 6.000 pessoas. Agitando uma bandeira dizendo, "Um ladrão é um ladrão, amigo ou não", Evandro Silva disse que ele votou no presidente, na eleição de 2002, mas ele disse que jamais irá fazê-lo novamente. "Eu não penso que Lula soubesse sobre isto, mas eu me sinto enganado por todas as pessoas que estavam trabalhando para ele", disse Evandro Silva. que pertence aos 18.000 membros do sindicato dos borracheiros de São Paulo. Mulheres de meia-idade em camisetas pretas identificadas como "Mulheres pela Verdade" estavam divididas se o presidente sabia sobre a corrupção. Mas elas disseram que o Partido dos Trabalhadores dele nunca recuperará sua imagem como um bastião da ética num país onde a maioria dos partidos políticos são assumidos como fraudulentos. "Nós só queremos a verdade, e nós queremos acabar com essa corrupção e trazer de volta a ética", Maria de Lourdes Wolff disse. O presidente disse num discurso de segunda-feira que a economia do Brasil e as instituições políticas permaneciam fortes apesar de 3 meses de alegações de corrupção escalando que enviaram ondas de choques periódicos pelos mercados financeiros. Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro líder esquerdista eleito do país, também sugeriu que os críticos dele estão usando a crise política num esforço fútil para debilitar sua vontade de melhorar a maior economia da América do Sul, criar empregos e reduzir a lacuna entre ricos e pobres neste país de 182 milhões de pessoas. Mas Durso disse que a próxima paralização do Congresso trará um impacto negativo à nação. "Cedo ou tarde a economia vai ser afetada", ele disse.



A POLÍTICA EXTERNA DO GOVERNO LULA: UMA COLEÇÃO DE FRACASSOS
Domingo, 2 de Outubro de 2005

(International Herald Tribune) - Para um líder procurando sustentar a economia de sua nação e reduzir sua dependencia nos Estados Unidos, a idéia parecia óbvia: alavanque sua fortuna para a China. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil fez exatamente isso. Em Novembro passado, quando o Presidente Hu Jintao da China visitou a maior economia da América do Sul, Lula concordou em reconhecer a China como uma "economia de mercado" sob as regras da Organização Mundial de Comércio. A meta da ação, que estava em conflito com a posição da maioria das outras principais nações era clara. Lula e Hu disseram que eles esperavam dobrar o comércio bilateral à $20 bilhões dentro de 3 anos. Para o Brasil, tal negócio seria uma dádiva divina. Para a China, ser designada um economia de mercado significava tarifas menores em seus bens. Agora, Lula tem alguma explicação a dar para uma populaça que deseja saber se ele cedeu muito, muito rapidamente. Nos cafés, bares e salas de reunião das diretorias empresariais de São Paulo, as pessoas estão falando de como o Brasil debilitou suas defesas para um poder econômico ascendente que está pouco disposto a fazer o mesmo. "A abertura da economia Brasileira não pode residir em abrir as importações a qualquer país enquanto não obtiver nada em retorno", diz Josue Gomes da Silva, presidente da Associação Têxtil Brasileira. "Nós corremos o risco de sermos infestados com importações enquanto nós, como produtores, não estamos prontos para competir com bens baratos de países como a China", Silva disse. Há um pouco de hipérbole nesta visão. Até mesmo se a China não está investindo nas ferrovias, portos e siderúrgicas Brasileiras tão depressa quanto esperado, ela é um consumidor crescente. A necessidade da China por recursos e bens manufaturados será um benefício para uma nação que está propensa a 'booms' seguidos de bolhas. Além disso, a história mostra que uma nação não necessariamente fica mais pobre porque outra fica mais rica. Para os governos que se enfileiram para tirar proveito da expansão da China, o Brasil poderia ser um conto de advertencia. O teste será se o padrão de vida do Brasil pode sobreviver depois que golpear um acordo que pode deixar o país dando mais do que recebe. Na Ásia, também, os países estão se apressando para assinar acordos de livre-comércio com a China. Aqui está algo para se lembrar: As posições de negociação desses governos são mais fortes do que poderia se prever. A China quer mostrar ao mundo que pode ser confiável como uma nação de livre-comércio - uns negociadores ambiciosos podem usar à vantagem deles. Caso contrário, os governos podem se achar na mesma sinuca que o Brasil. Lula pensou que a aliança dele com a China era uma ofensiva econômica que poderia ajudar os muitos Brasileiros vivendo na pobreza. O Brasil está agora muito na defensiva. O Ministro do Comércio Luiz Fernando Furlan estava numa viagem de 3 dias por Beijing semana passada para urgir que as remessas de sapatos, tecidos e brinquedos Chineses sejam limitadas para evitar os fechamentos das fábricas em casa. Em 13 de Setembro, o Brasil anunciou planos para limitar as importações de tecidos e sapatos Chineses depois que elas se multiplicaram quase 6 vezes este ano. Pode ser apenas o começo de muitos de tais movimentos protetores. "Tecidos e sapatos são os setores mais prejudicados pelos Chinêses", diz Dilma Rousseff - uma outra comunista arrependida, chefe da casa civil de Lula. "Nós temos que agir cautelosamente dado as características das relações entre o Brasil e a China e a importância daquele país sustentando as dinâmicas da economia global". Como o Brasil pode tirar proveito da taxa de crescimento econômico da China de mais que 9% sem ser afligido por isto? A demanda da China para tudo - de minério férreo para feijões de soja significa que Lula não pode evitar o compromisso. Ainda assim, a super-confiança na China pode se provar somente um risco. Nunca uma tal economia subdesenvolvida com uma tal população enorme e um registro de expansão arriscada entrou na comunidade global tão rapidamente. Há uma percepção crescente entre a população do Brasil de 184 milhões que a China está assegurando matérias-primas baratas e exportando bens de consumo com pouca reciprocidade. Também há frustração que Lula não dirigiu uma barganha mais dura com a China. Talvez mais agravantes são as barreiras invisíveis para bens fluindo na China, que ainda têm que abraçar os direitos do livre-comércio ou da propriedade intelectual como a maioria das economias desenvolvidas os conhecem. Nada disto é para dizer que os negociadores de comércio da China são um time sinistro - só que eles são bons. No lado da China eles têm viajado pela África, Ásia, América Latina, Rússia e os antigos estados Soviéticos afiançando o acesso aos recursos necessários para manter o rápido crescimento da economia deles. O Brasil foi discutivelmente muito rápido para designar a China como uma economia de mercado, um passo que torna mais difícil impor penalidades antidumpings em bens. Agora, o Brasil está em modo de reparo de danos. Como Lula dirá aos Brasileiros, ignorar ou combater a China não é uma opção no mundo de hoje. A experiência do Brasil sugere, porém, que procurar uma associação econômica cegamente com a China pode não ser viável, tampouco.



A IGREJA CATÓLICA NO BRASIL ASSUME SEU PAPEL HISTÓRICO
Quarta-feira, 5 de Outubro de 2005

CABROBO, Brasil (AP) - Funcionários tentaram quarta-feira persuadir um bispo Católico Romano terminar uma greve de fome que ele começou 10 dias atrás em protesto de um projeto de $2 bilhões de dolares para desviar as águas de um rio às partes sêca-feridas do nordeste do Brasil. O Bispo Luiz Flávio Cappio e muitos residentes ao longo do Rio São Francisco reivindicam que o projeto faria a via fluvial inútil em alguns anos, ferindo os sustentos das pessoas que dependem dele. Eles dizem que ele está basicamente projetado para beneficiar a agricultura e as grandes indústrias de alimentos. Quatro líderes camponêses na quarta-feira juntaram-se ao jejum do bispo numa capela em Cabrobo à 180 metros do rio. Relatos da mídia disseram que Cappio estava lúcido mas fraco. Na modesta capela de concreto branca onde ele tem jejuado desde 26 de Setembro, Cappio pareceu fraco porém lúcido quando perguntado se ele estivesse disposto a morrer. "Se necessário, sim, mas eu não penso que eu vou", ele falou à The Associated Press. "Eu acredito que gradualmente o bom senso de nossas autoridades e a força da oração mudará o coração do nosso governo". Sentando próximo à sua irmã Rita Cappio Guaraldo, 74 anos e seu irmão, João Franco Cappio, 69 anos, ele disse que ele pararia a greve de fome dele se o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva lhe desse um documento assinado prometendo que o governo suspenderá o projeto. "O bispo tem sido claro: Ele não terminará o jejum dele a menos que o governo abandone o projeto", sua secretária, Sofia de Oliveira Cavalcanti, disse por telefone. Jacques Wagner, o ministro de relações institucionais, adiou a visita marcada dele à Cabrobo até quinta-feira quando é esperado que ele tente negociar um fim ao impasse. Diariamente, apoiadores de Cappio vieram mostrar apoio. "Eu estou aqui por causa do sofrimento do bispo e porque eu amo o Rio São Francisco", disse João Roberto de Souza de 41 anos, um agricultor local. "Se o projeto for adiante eu acredito que o rio morrerá". O projeto envolve a construção de aproximadamente 640 km de canais conectando o Rio São Francisco para vias fluviais que secam em tempos durante o ano. As águas do São Francisco fluiriam permanentemente nos rios menores e forneceriam água no ano à 4 estados nordestinos. A água levada seria equivalente a 1,4% do que o São Francisco leva para o Oceano Atlântico, mas Cappio e seus partidários dizem que isso resultaria no entupimento do rio a menos que o sedimento seja retirado para revitalizar seu fluxo. Em fins de Setembro, Cappio se mudou para a cidade de Cabrobo, 1.100 km nordeste do Rio de Janeiro, perto donde o projeto está programado para começar uma vez que a agência ambiental IBAMA aprove o projeto. "Os engenheiros do exército estão prontos para começar o trabalho assim que nós obtivermos a luz verde", o porta-voz do Ministério da Integração Egidio Serpa disse por telefone de Brasília, a capital. O governo calcula que 18 milhões de pessoas se beneficiariam do projeto, que é apoiado pelos bispos e políticos das regiões que obterão a água. O protesto de Cappio ilustrou as dificuldades de compartilhar a água entre pessoas com acesso ao rio e aqueles no cafundó seco. O arcebispo Aldo Pagotto do estado nordestino da Paraíba, que se beneficiaria do projeto, disse que Cappio estava cometendo um pecado de praticar um tipo de eutanásia". Os bispos de São Paulo, a maior cidade do Brasil, pediram que Cappio "esteja aberto para dialogar com o governo". "A atitude (do bispo) já alcançou sua meta de chamar a atenção ... para a situação dos pobres causada pelo projeto, no modo que ele foi elaborado", eles disseram numa declaração.



OS ESTADOS UNIDOS ALERTAM O 'TIGRE DE PAPEL' BRASILEIRO
Quinta-feira, 6 de Outubro de 2005

BRASÍLIA, Brasil (Reuters) - Os Estados Unidos podem retaliar removendo o valor das preferências comerciais de mais que $2 bilhões de dolares se o Brasil insistir em pedir à Organização Mundial de Comércio (WTO) o direito de impor $1 bilhão de dolares em sanções nos bens dos EUA em cima da disputa do algodão, um funcionário sênior dos EUA disse na Quinta-feira. "Sempre há um perigo em relações comerciais que as coisas começam a fugir do contrôle ... Se alguém decidir retaliar, quem sabe, talvez outros também o façam", disse o Deputado Secretário de Estado Robert Zoellick em uma viagem para a capital Brasileira. Zoellick, um ex-representante comercial dos Estados Unidos, falou depois que o Brasil na Quinta-feira pedisse à WTO o direito de impor sanções de até $1.037 bilhões de dolares por ano. A decisão Brasileira arruinou uma visita na qual Zoellick elogiou o compromisso do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a democracia e disse que os Estados Unidos esperavam recrutar Brasília num esforço para ajudar países como a Bolívia, Equador e Nicarágua, enredados em crises políticas. O Brasil diz que os Estados Unidos não têm obedecido uma resolução da WTO proscrevendo algumas de suas políticas de algodão, e quer o direito de rebater contra os interesses dos EUA. Mas Zoellick, numa coletiva de imprensa com o Ministro das Finanças Antônio Palocci, disse que a retaliação só deveria ser tomada quando um parceiro comercial não estiver tentando solucionar um problema. Os Estados Unidos estão trabalhando ambos através da legislação introduzida no Congresso dos EUA e na rodada de Doha das conversações de comércio mundiais para atender as preocupações de algodão do Brasil, ele disse. Os Estados Unidos se preocuparam por muito tempo com as violações da propriedade intelectual no Brasil mas, persuadidos que o governo está tentando tratar do problema, evitaram reter o valor das preferências de comércio em $2.5 bilhões de dolares por ano, ele disse. "Eu penso que é perigoso para as pessoas baixarem à esse patamar porque se alguém retaliar de repente você poderia achar que qualquer outra coisa pode acontecer", Zoellick acrescentou. As sanções, que o Brasil disse que necessariamente não imporia imediatamente, estariam nas áreas de bens, serviços e da propriedade intelectual, como direitos de patentes - vistas como algo que poderia atingir a poderosa indústria farmacêutica dos EUA. A visita de Zoellick, à frente de uma viagem pelo Presidente George W. Bush em Novembro, veio entre preocupações que algumas frágeis democracias regionais estão debilitando e que o governo e o partido de Lula estão enredados num escândalo de compra de votos. Na Nicarágua na Quarta-feira, Zoellick condenou os Sandinistas e os políticos de oposição de direita que ele disse têem a democracia sob sítio lá. Por contraste, ele disse que o Brasil estava envolvido num debate interno sobre corrupção mas "que tem as instituições da democracia para controlar esses assuntos".



O MAU-EXEMPLO DO GOVERNO LULA TIRA A ALEGRIA QUE RESTAVA AOS BRASILEIROS
Terça-feira, 11 de Outubro de 2005

RIO DE JANEIRO, Brasil (NYT) - Em vista de tudo aquilo que está acontecendo, os Brasileiros podem ser perdoados por desejar saber se quaisquer de suas instituições ainda funcionam honestamente. Com o Congresso e o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva atolados no maior escândalo de corrupção da história do país, a confiança nacional foi agora abalada pela exposição de uma quadrilha de árbitros de futebol que têm fraudado partidas em troca de pagamentos de jogadores. Em cima disso, quase $1 milhão de dolares em dinheiro confiscados de negociantes da droga desapareceram da sede da Polícia Federal aqui, e um ex-governador e prefeito do maior estado e cidade do país foi encarcerado e acusado de sifonar pelo menos $161 milhões de dolares de projetos de obras públicas. Tudo sugere uma crise muito mais moral e até mesmo espiritual que política. "Nós estamos rodeados em todos os lados por salafrários cuja conduta não se tornou uma divergência mas a norma", o colunista de jornal Arnaldo Jabor lamentou ao final do mês passado. Mas muito da culpa repousa em cheio na sociedade, ele concluiu, porque o cidadão permitiu tais caloteiros "com suas mentiras, seus meneios e seus adornos, à construir uma confusão de instituições que dependem de mentiras". Num país que viu um presidente renunciar em 1992 em lugar de enfrentar um julgamento de impeachment em acusações de corrupção, uma certa quantidade de corrupção política tem sido esperada tradicionalmente e até mesmo tolerada. Na verdade, tais acusações rodearam por muito tempo Paulo Maluf, o ex-governador e ex-prefeito de São Paulo que é somente o último numa longa linha de funcionários públicos de quem se diz: "Ele rouba, mas faz". A prisão do Sr. Maluf, que foi acompanhada por um espetáculo de júbilo público, vem quando três comissões congressionais estão investigando um fundo de subornos dolar-multimilionário operado pelo governante Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula. Esse embusteiro nordestino, que foi eleito em 2002 numa plataforma de probidade pública, inicialmente buscou fugir à seriedade das revelações argumentando que "o que o Partido dos Trabalhadores fez é o que tem sido feito sistematicamente no Brasil". O escândalo também foi marcado por momentos ridículos. Num, um funcionário do Partido dos Trabalhadores foi detido num aeroporto com $100,000 dolares na sua cueca, dinheiro que ele reivindicou ter ganho vendendo legumes. Em outro episódio que gerou o desprezo público, o representante da casa mais baixa do Congresso foi forçado a renunciar no mês passado depois que emergisse que ele tinha estado achacando o dono de um restaurante no edifício do Congresso por um pagamento mensal de R$10.000 reais. Mas a noção da corrupção no futebol, o esporte nacional, parece ter perturbado os Brasileiros particularmente. O "jogo bonito", como Pelé uma vez o chamou, sempre serviu como um refúgio de excelência em tempos de dificuldades, não só pela distração que provê mas também como prova tranqüilizadora que em pelo menos uma área da vida nacional, o talento conta mais que as ligações. Agora aquela convicção foi desafiada pela descoberta que pelo menos dois proeminentes árbitros tinham aceito pagamentos debaixo da mesa de mais que R$10.000 reais por partida de jogadores para fazer atuações no campo para favorecer um time ou outro. Por causa disso, os resultados de 11 jogos foram anulados. Os jogos terão que ser jogados durante este mês, e as posições no campeonato nacional tiveram que ser alteradas. "Se você não pode nem mesmo confiar na contagem do jogo, então que esperança há para nós"? perguntou Jorge Luiz Costa, um varredor de rua aqui. Alguns analistas acadêmicos (uma fonte suspeita) dizem que eles duvidam que o Brasil é mais corrupto agora que no passado. Eles também argumentam que novas tecnologias, combinadas com leis passadas durante o governo FHC precedente, tornaram mais fácil descobrir malversações, e que as atitudes do público mudaram, ficando menos caridosas para funcionários públicos corruptos. "Que tudo isto está vindo para iluminar é um sinal que o Brasil não está doente, mas que está saudável", disse Roberto da Matta, um antropólogo que é um importante comentarista social aqui. "O sistema democrático está vivo e operando, e os anticorpos estão combatendo a doença". Com investigações que utilizaram grampos telefonicos e a análise de registros financeiros, a Polícia Federal representou um papel importante no caso Maluf e no desmascaramento da "máfia do apito", como a imprensa aqui apelidou os falsos árbitros. Mas em outro episódio emblemático, é a própria polícia que está sendo investigada em cima de alegações de corrupção. Mês passado a Polícia Federal anunciou orgulhosamente que havia desbaratado uma quadrilha internacional de contrabando da droga, capturando cocaína e quase $2 milhões de dólares e euros (ao mesmo tempo, o senil vice-presidente Alencar elogiava seu trabalho no programa Roda Viva da TV Cultura de São Paulo). Mas quase imediatamente, o dinheiro desapareceu do cofre onde estava sendo armazenado, em circunstâncias que deixaram claro que somente alguém interno da polícia poderia ter cometido o crime. Um inventário subseqüente revelou que cêrca de 50 kg de cocaína também estavam perdidos. Até mesmo quando policiais matam civis, é incomum para eles serem detidos, assim o ceticismo sobre achar e castigar o responsável pelo roubo está correndo alto. Mas pelo menos, no caso do escândalo do futebol as penalidades foram severas e prontas: os árbitros foram banidos do esporte para a vida e o diretor do órgão que vigia o emprego de árbitros foi forçado a renunciar. "O público pode não compreender as complexidades dos fundos de subornos e das contas bancárias em paraísos fiscais no exterior, mas todo o mundo entende de futebol e sabe a importância de ter um árbitro que é honesto e imparcial", o Sr. da Matta disse. "O castigo foi rápido, o que precisa acontecer na política também. As pessoas estão frustradas e enojadas porque elas não vêem por que a política não deveria ser transformada em algo da mesma maneira tão segura e confiável".



ELEITORES NO BRASIL REJEITAM A PROIBIÇÃO NA VENDA DE ARMAS
Segunda-feira, 24 de Outubro de 2005

RIO DE JANEIRO, Brasil (The Chicago Tribune) - Os Brasileiros sonantemente rejeitaram uma proposta para proibir a venda de armas num referendo nacional Domingo, golpeando abaixo a proposta para parar uma das taxas de assassinatos de armas de fogo mais altas do mundo depois de uma campanha que traçou paralelos ao debate do controle de armas dos Estados Unidos. O Brasil tem 100 milhões de cidadãos à menos que os Estados Unidos, mas um cambaleante 25% mais de mortes por armas em quase 40.000 por ano. Enquanto os partidários argumentavam que o controle de armas era o melhor modo para estancar a violência, os oponentes jogaram no receio dos Brasileiros que a polícia não os pode proteger. "Eu não gosto de pessoas caminhando ao redor armadas na rua. Mas desde que todos os bandidos têm armas, você precisa ter uma arma em casa", disse o taxista Mohammed Osei (um Brasileiro), que votou contra a proibição. Com mais que 92% dos votos contados, 64% dos Brasileiros se opuzeram à proibição, enquanto 36% a apoiaram, disseram os funcionários eleitorais, dando ao 'não' uma dianteira insuperável. A proposta teria proibido a venda de armas de fogo e munição com exceção da polícia, os militares, alguns guardas de segurança, colecionadores de armas e atiradores esportivos. Ela complementaria uma lei de desarmamento de 2003 que nitidamente restringe quem pode comprar armas de fogo legalmente e carregar armas na rua. Aquela lei, juntada com um programa de devolução de armas patrocinado pelo governo, reduziu as mortes por armas de fogo em cêrca de 8% este ano, o Ministério da Saúde disse. Mas o referendo detonou os proponentes. Anteriormente, o apôio à proibição estava correndo tão alto quanto 80%. Mas nas semanas antes do referendo, à ambos os lados foi garantido tempo livre para apresentar seus casos no horário nobre da Televisão, e o lobby a favor das armas começou a crescer. A combinação da alta taxa de mortes por arma do Brasil e a natureza do debate em cima do direito à propriedade de armas atraiu paralelos ao debate de armas nos Estados Unidos. "A campanha inteira [contra a proibição] foi importada dos Estados Unidos. Eles simplesmente traduziram muito material do NRA", disse Jessica Galeria (uma Americana), uma Californiana que pesquisa a violência por armas com a independente organização Viva Rio, referindo-se à Associação Nacional do Rifle (NRA). "Agora, muitos Brasileiros estão insistindo no direito deles para levar armas - eles não têm nem mesmo um pseudo direito para levar armas. Não está na Constituição deles".



BRASIL: 9 ANOS DE OPORTUNIDADES PERDIDAS PARA OS DIREITOS HUMANOS
Terça-feira, 25 de Outubro de 2005

GENEBRA, Suíça - A Anistia Internacional hoje publicou uma instrução específica expressando séria preocupação aos continuados altos níveis de matanças por policiais, o uso difundido da tortura e maus-tratos como também ataques contra defensores dos direitos humanos no Brasil. A instrução foi submetida ao Comitê dos Direitos Humanos das Nações Unidas (HRC) antes da consideração do segundo relatório periódico do Comitê do Brasil na implementação da Convenção Internacional em Direitos Civis e Políticos (ICCPR) no país. À quase uma década da apresentação do primeiro relatório do Brasil para o HRC, o Comitê começará amanhã com outra revisão da provisão de direitos civis e políticos no país. Em sua instrução específica a Anistia Internacional lamentou o fracasso das autoridades Brasileiras para assegurar a proteção dos direitos humanos fundamentais de toda a população desde 1996. "O 'momento decisivo' oferecido pela criação de um Plano Nacional de Direitos Humanos, em 1996, não resultou nas reformas necessárias para assegurar que os Brasileiros já não sofrem a tortura, ameaças e matanças às mãos daqueles pretendidos os proteger" disse Tim Cahill, investigador da Anistia Internacional no Brasil. "Sucessivos governos consignaram aos direitos humanos o assento traseiro da política do governo. A falta do investimento da vontade política e de recursos financeiros na proteção dos direitos humanos continua dizimando as vidas de centenas de milhares de Brasileiros". De acordo com a Anistia Internacional, enquanto avanços foram feitos pelas autoridades Brasileiras em algumas áreas, estes não desfrutaram o apoio contínuo para produzir melhorias concretas na prática.
Embora uma lei de Tortura fosse introduzida em 1997, somente um número limitado de pessoas foi processado sob a legislação, e a tortura por agentes estatais remanesce difundida e sistemática. A maioria dos casos continua largamente não-relatada, não-investigada e impune, enquanto as vítimas continuam sendo dos setores mais vulneráveis da sociedade, principalmente pobres, jovens negros ou homens de raças misturadas que são os suspeitos criminais. Defensores dos direitos humanos através do Brasil têm sofrido ameaças de morte, intimidação, processos de difamação, e matanças. Até recentemente, as autoridades federais e estaduais ou mostraram relutância ou uma inabilidade para prover as medidas para assegurar a proteção satisfatória e efetiva daqueles sob ameaça. O Programa para a Proteção de Defensores dos Direitos Humanos, lançado pelo governo federal ano passado, fez uma contribuição notável à promoção do trabalho daqueles lutando pelos direitos humanos no Brasil e pela região. Porém, ao programa continua faltando a infra-estrutura necessária para a sua efetiva implementação.



CUBA PAGOU $3 MILHÕES DE DOLARES PARA A CAMPANHA DE LULA
Domingo, 30 de Outubro de 2005

SÃO PAULO, Brasil (Reuters) - Cuba contribuiu com $3 milhões de dolares para a campanha eleitoral de 2002 do Presidente Brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva - uma violação da lei eleitoral, a importante revista de notícias Veja reportou no Sábado. As acusações podem reacender um escândalo de corrupção do governo que o presidente parecia estar pondo atrás dele em recentes semanas. A campanha de Lula recebeu o dinheiro em Agosto e Setembro de 2002 através de um diplomata Cubano estacionado no Brasil, a revista Veja disse em sua última capa. Lula, um velho amigo do Presidente Cubano Fidel Castro, ganhou a eleição em Outubro daquele ano. Era a quarta tentativa dele pela presidência. Uma porta-voz do governo na capital de Brasília disse não haver nenhuma reação oficial imediata ao relato, que cita um ex-ajudante do ministro da fazenda brasileiro Antonio Palloci quando ele era um prefeito municipal. O diplomata Cubano, Sergio Cervantes, que era íntimo ao governante Partido dos Trabalhadores (PT) negou à revista qualquer financiamento de Havana. "Cuba precisa do dinheiro", ele disse. Foi a última numa série de acusações desde Junho acêrca da compra de votos e financiamento ilegal de campanha pelo Partido dos Trabalhadores que danificou seriamente sua reputação e popularidade. A liderança do partido foi purgada num esforço para superar a crise. "A acusação é muito séria e precisa ser investigada imediatamente", Alberto Goldman, o líder da oposição do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) no Congresso, disse para a agencia Estado. "Mas a lei é muito clara sobre proibir os partidos de receberem fundos ultramar. Se isto for verdade, poderia conduzir ao cancelamento do registro do PT". Veja não disse como o dinheiro chegou ao Brasil mas disse que ele foi controlado em Brasília pelo diplomata Cubano. Ele foi levado de avião de Brasília para a cidade de Campinas escondido em caixas de rum e uísque, então dirigido por carro a São Paulo, onde Delubio Soares, então o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, assumiu o controle dele para o comitê de campanha. Soares foi sacado como tesoureiro do partido seguindo-se acusações que ele operava o fundo de suborno ilegal. No fim de semana passado ele foi expelido do partido. Uma fonte para a história, Rogério Buratti, foi um ajudante do Ministro da Fazenda Antonio Palocci quando Palocci era o prefeito da cidade de Ribeirão Preto antes da vitória de Lula. Buratti não pôde substanciar as acusações mais cedo dele que Palocci estava envolvido num esquema de propina naquele momento. A segunda fonte, Vladimir Poleto, disse que ele viajou com o dinheiro no avião pensando que as caixas continham somente bebidas alcólicas. Foi-lhe falado depois que era dinheiro, ele disse. Lula visitou Castro em Cuba em Setembro de 2003 numa visita de estado oficial.



A PIRATARIA DO BRASIL SOB FOGO COM LULA PÊGO COM FILME CONTRABANDEADO
Segunda-feira, 14 de Novembro de 2005

(Bloomberg) - No Brasil, cêrca da metade de todos os filmes vendidos em DVD são cópias pirateadas. Eles são achados em todos lugares - nas esquinas, em barracas e até mesmo no jato governamental do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O escritório do presidente se desculpou esta semana depois de uma reportagem de jornal que Lula assistiu uma cópia de "Os 2 Filhos de Francisco", o filme No. 1 da nação, em rota para Brasília de Moscou em 18 de Outubro. O filme, dirigido pelo Brasileiro Breno Silveira e liberado em Agosto, não saiu em DVD. "O que podemos nós dizer, a não ser que é na verdade muito lamentável", Leonardo Monteiro de Barros, um co-participante na Conspiração Filmes, uma das companhias que produziram o filme, disse numa entrevista telefonica do Los Angeles. "Pirataria é um problema muito sério no Brasil". A maior economia da América Latina é um porto para cópias ilegais de tudo - de drogas à música. A Federação Internacional da Indústria Fonográfica disse que 54% da música vendidos no Brasil é feita ilegalmente. O grupo citou o Brasil, Índia e China como as nações com a maior quantidade de roubos. A produção ilegal de DVDs e CDs custa à indústria no Brasil cêrca de $120 milhões de dólares por ano, Carlos Alberto de Camargo, diretor da Associação de Defesa da Propriedade Intelectual, disse numa entrevista de São Paulo. "Ela conduz à sonegação tributária, toma empregos e é fatal para a indústria nacional", ele disse. A Folha de S. Paulo em 11 de Novembro detalhou o papel do Brasil como uma capital da pirataria numa página-meio esparramada da primeira página de sua seção empresarial. Uma caricatura na página de opinião brincava com o próprio Lula sendo uma fraude.
"O efeito de Lula assistindo o filme foi muito grande, foi catastrófico", Camargo disse. O fracasso de um país para proteger os direitos de propriedade intelectual tem um impacto direto na quantidade de investimento estrangeiro que ele obtém, Robert Shapiro, Subsecretário do Departamento de Comércio dos Estados Unidos para assuntos econômicos na administração anterior do Presidente Bill Clinton, disse numa entrevista telefonica de Washington. A Aliança de Propriedade Intelectual Internacional, que representa as companhias de filme, música e software solicitou aos Estados Unidos para acabar com as vantagens comerciais favoráveis do Brasil, que deixaram a nação Sulamericana exportar alguns bens para os Estados Unidos livres de taxações - benefícios que somam cêrca de $3 bilhões de dólares por ano. O escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos em Setembro demorou em reger sobre revogar os benefícios e não disse quando tomará uma decisão.
Durante os últimos anos, os Estados Unidos citaram o Brasil entre vários países incluindo a Ucrânia, Rússia, Índia e Hungria que precisam regular sobre o roubo de tudo - de música e cinema à livros e software empresarial. Lula repreendeu o pessoal do staff que trouxe o filme no avião, disse um porta-voz do Planalto. Em 5 de Novembro, Evandro Didonet, o encarregado de assuntos da embaixada Brasileira, escreveu uma carta publicada no Miami Herald defendendo o compromisso da nação em combater cópias ilegais. "Combater a pirataria é uma prioridade no Brasil", "Didonet escreveu. "Esse flagelo prejudica o Brasil, da mesma maneira que o faz aos Estados Unidos". O governo diz que está fazendo progresso no combate. A polícia Brasileira tomou R$1,8 bilhões de reais ($833 milhões de dólares) de bens falsos na primeira metade deste ano, o governo disse num relatório publicado em Julho. Uns 114.844 CDs foram confiscados só no segundo trimestre. "Como resultado do grande número de apreensões que foram feitas, os armazéns do Serviço Interno da Receita estão quase cheios", o relatório disse. O governo deveria dar reduções de impostos para reduzir o preço de DVDs no país para restringir a demanda por cópias falsas, disse Hilton Kauffmann, um sócio da Raccord Produções, uma companhia de produção de filmes independente no Rio de Janeiro. Os produtores ganham só R$5 reais de um DVD que vale R$40 reais. O resto do dinheiro vai para o governo e os distribuidores. "Eu estou muito bravo, Kauffmann, 49 anos, disse. "Lula deveria assumir a responsabilidade pelos atos dele e não culpar os outros".



"LULA FOI UMA DECEPÇÃO"
Terça-feira, 29 de Novembro de 2005

BRASÍLIA, Brasil (Reuters) - Luiz Inácio Lula da Silva ganhou a presidência do Brasil em Outubro de 2002 em grande parte com o apoio dos eleitores da classe-média que tinham relevado o ex-metalúrgico depois que ele abandonou a retórica esquerdista e adotou políticas populares. Com a próxima eleição à menos que um ano, porém, as pesquisas mostram que a maioria dos eleitores de renda média estão desapontados com o primeiro presidente do proletariado do Brasil e sentem muito terem lhe dado uma chance. Enquanto os ricos e pobres do Brasil estão melhor do que antes de Lula, a classe-média foi apertada. Um escândalo de corrupção também desapontou muitos. "Entretenimento e qualquer coisa supérflua, nós reduzimos. Nós saíamos uma vez por semana para jantar fora, agora uma vez por mês", disse Francisco Hernandez Herrera, que trabalha no ramo da construção em São Paulo. "Eles dizem que a inflação está caindo mas tudo está ficando mais caro. Minhas contas de água e energia são enormes e nós não estamos consumindo mais do que antes". Lula se candidatou à presidente três vezes por duas décadas antes que ele finalmente conquistasse os eleitores da classe-média do Brasil para ganhar em sua quarta tentativa. Ele tem agora 10 meses para os reconquistar para ganhar um segundo mandato. Ricardo Schmitt, um analista político da firma de consultoria Tendencias em São Paulo, disse que a classe média era a chave à reeleição de Lula. Mas, ele disse: "Lula está perdendo os eleitores que o trouxeram ao poder". Uma pesquisa publicada pela firma de pesquisas Sensus na última semana mostrou que a popularidade de Lula entre os trabalhadores de renda-média era muito mais inferior que entre as classes superiores ou inferiores. Entre aqueles ganhando o que é definido como um salário mensal mínimo de até $135 dólares, só 37% desaprovaram Lula, disse. Entre aqueles ganhando entre 10 e 20 vezes o mínimo, a taxa de desaprovação salta para 62%. Entre os muito ricos, ganhando mais de 20 vezes o mínimo, a taxa de rejeição novamente cai para 46%. As pesquisas disseram que outra razão que os eleitores de renda-média abandonaram Lula era porque mais pessoas estavam melhor informadas sobre um escândalo de corrupção que tomou o governo desde Junho. O governante Partido dos Trabalhadores (PT) admitiu levantar fundos de campanha ilegalmente e permanece acusado de comprar votos no Congresso do Brasil. "Quanto mais alta a educação, mais forte a crítica à Lula. Ele prometeu governo limpo e não o entregou", o presidente da Sensus Ricardo Guedes disse. Nos escalões superiores e inferiores da altamente desigual sociedade do Brasil, o furor em cima das alegações de corrupção foi compensado pelos ganhos econômicos. Programas de distribuição de renda e crescimento do emprêgo impulsionaram o apoio de Lula entre os pobres. Políticas econômicas ortodoxas como taxas de juros altas favoreceram a elite financeira particularmente, Guedes disse. Por contraste, a classe média do Brasil com uns 30 milhões de pessoas, em uma população total de cerca de 185 milhões, não só ficou desiludida mas mais pobre sob a administração Lula. Desde que Lula assumiu o cargo em Janeiro de 2003 uns 4,4 milhões de empregos foram criados em categorias de renda-inferior. Porém, quase 850.000 empregos de renda-mediana foram perdidos durante o mesmo período, de acordo com estatísticas do Ministério do Trabalho por Setembro deste ano. Enquanto os salários totais para os pobres aumentaram por $670 milhões de dólares durante aquele período, eles caíram pela mesma quantia para a classe da renda-mediana, a amostra demonstra. "As amostras são irrefutáveis, a classe média beneficiou-se menos", disse Paula Montagner, chefe de pesquisa de mercado de trabalho no Ministério do Trabalho. Ao mesmo tempo, os gastos para a classe média, como cuidado médico ou combustível, aumentaram mais rapidamente que para aqueles das classes de renda-inferior que beneficiaram-se de quedas de imposto em vários bens de consumo básicos. A deterioração dos serviços públicos aumentou a percepção do mal-estar econômico. "Lula foi uma decepção", disse Geni Belino, uma corretora de imóveis em Brasília. "Lula diz que a economia está indo bem mas eu não vejo ou sinto isto. Dê uma olhada nas estradas, nos hospitais. Eles estão em ruínas".



A CÂMARA DO BRASIL EXPULSA O EX-CHEFE DE GABINETE DE LULA
Quinta-feira, 1 de Dezembro de 2005

(Bloomberg) - A Câmara dos Deputados do Congresso do Brasil expulsou o Deputado José Dirceu, ex-chefe de gabinete do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, numa votação que terminou hoje cedo depois que uma comissão dissesse num relatório que ele sabia sobre um esquema suborno-para-votos. Os legisladores votaram 293-192 para aprovar uma proposta de expulsão, que disse havia bastante evidência que Dirceu, 59 anos, sabia sobre pagamentos à legisladores pelo governante Partido dos Trabalhadores (PT) dele em troca de apoio no Congresso. Dirceu, que renunciou como chefe de gabinete no dia 16 de Junho depois que o ex-deputado Roberto Jefferson disse aos legisladores que Dirceu sabia sobre os alegados subornos, negou as acusações ontem à noite numa fala antes da votação. "Eu continuarei lutando para provar que sou inocente", Dirceu disse no plenário da casa. Não há nenhuma prova contra mim". A expulsão de Dirceu, um ex-líder estudantil que fugiu para Cuba depois que foi preso por conduzir uma reunião durante a ditadura militar do Brasil, em parte reflete os esforços para debilitar o partido de Lula antes das eleições presidenciais ano que vem, Christopher Garman, um analista político do Grupo Eurásia em Nova York, disse. "Os partidos estão aquecendo as máquinas eleitorais", Garman disse em uma entrevista telefonica de Nova York antes da votação. "A tentativa de expulsar Dirceu sem prova constrangedora reflete uma batalha política à frente da corrida presidencial". Menos de um ano antes das eleições de Outubro para presidente, a popularidade de Lula caiu à um baixo registro quando as provas sobre as alegações de corrupção no governo corroeram a confiança do eleitor no ex-líder sindical, uma pesquisa pelo Instituto Sensus mostrou em 22 de Novembro. A popularidade pessoal de Lula caiu para 46,7% de 50% em Setembro, de acordo com a pesquisa de 2.000 Brasileiros entre 14 e 17 de Novembro. Ela também mostrou pela primeira vez que Lula perderia para o Prefeito de São Paulo José Serra numa corrida final. A pesquisa tem uma margem de erro de mais ou menos 3 pontos porcentuais.
Durante a campanha de Lula em 2002, Dirceu ajudou a negociar por R$10 milhões uma aliança com o Partido Liberal (PL) de José Alencar, o dono de fábrica têxtil que é agora o vice-presidente e ministro da defesa. O movimento ajudou a atrair o apoio de executivos empresariais que suspeitavam da advocacia passada do Partido dos Trabalhadores de deixar de pagar a dívida do Brasil e terminar um acordo com o Fundo Monetário Internacional. A expulsão de Dirceu o impede de concorrer em qualquer eleição pelos próximos 8 anos.



O SÃO PAULO VENCE O LIVERPOOL DA INGLATERRA E CONQUISTA O TRICAMPEONATO MUNDIAL
Domingo, 18 de Dezembro de 2005

YOKOHAMA, Japão (Reuters) - O São Paulo sobreviveu a um dramático segundo tempo para vencer por 1 x 0 o Liverpool, da Inglaterra, e conquistar o Mundial Interclubes da Fifa, diante de 68 mil pessoas que lotaram o estádio de Yokohama. O volante Mineiro marcou o gol da vitória aos 27 minutos do primeiro tempo, após receber passe de Aloísio e chutar na saída do goleiro Espanhol Pepe Reina, que defendia pelo campeão europeu. O Liverpool, que nunca venceu um Mundial Interclubes, dominou a etapa final e teve três gols anulados pela arbitragem. "Marcamos três vezes, mas o juiz não validou nenhum deles e ainda tivemos oportunidades que não foram aproveitadas para ganharmos o jogo", disse o treinador do Liverpool, Rafa Benitez, que acredita que um dos gols não deveria ter sido anulado. "Tenho que respeitar o São Paulo, mas nós merecíamos ganhar", lamentou Benitez. "Chutamos 21 vezes, tivemos 17 escanteios, acertamos a trave duas vezes e tivemos três gols anulados. Controlamos boa parte da partida", acrescentou. Mineiro pós fim à série de 11 partidas consecutivas do Liverpool sem levar sequer um gol. Foi o primeiro gol sofrido pelo time Inglês em 1.042 minutos. "Foi minha única oportunidade e foi como ganhar na loteria", disse o herói do São Paulo. O Liverpool teve uma grande oportunidade de igualar o marcador após o gol do São Paulo, quando o Espanhol Luis García cabeceou após escanteio, com defesa de Rogério Ceni. Já no segundo tempo, o Liverpool teve a chance de empatar quando o Espanhol Fernando Morientes falhou na frente do gol do São Paulo. O meio-campista Steven Gerrard exigiu uma excelente defesa do goleiro são paulino, ao cobrar falta no canto superior esquerdo. "Vencemos um grande time", disse o técnico do São Paulo, Paulo Autuori. "A única coisa importante no futebol é o placar final. Futebol é feito de vencedores e perdedores. Se você perde, você sempre tenta encontrar desculpas", completou. O São Paulo conquistou a Copa Intercontinental, torneio que antecedeu o Mundial de Clubes, em 1992 e 1993, contra o Barcelona e o Milan, respectivamente. Antes da final do torneio, o Deportivo Saprissa, da Costa Rica venceu por 3 x 2 o Al Ittihad, da Arábia Saudita, que terminou com 10 homens em campo, para encerrar o torneio em terceiro lugar.



GOVERNO DO BRASIL MANTÉM TAMPA EM REGISTROS SECRETOS
Sábado, 24 de Dezembro de 2005

BRASÍLIA, Brasil (OhmyNews/Reuters) - A liberação parcial de documentos de décadas do regime militar não satisfaz os Brasileiros. Depois de 34 anos de rigoroso segredo, o Governo Federal do Brasil quarta-feira passada revelou a existência de arquivos que lidam com as atividades praticadas pelo regime militar durante sua ditadura. Pelo decreto No. 5.584/05, aprovado em 18/10/2005, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a revelação de documentos contendo dados em investigações levadas a cabo por três órgãos governamentais responsáveis pela segurança nacional de 1964 até 1985, quando os Brasileiros retomaram a sua democracia. Estes órgãos eram o Serviço Nacional de Informações (SNI), a Comissão Geral de Investigações, e a Secretaria Geral do Conselho de Segurança Nacional (Portanto faltou o CIEX - Centro de Inteligencia do Exército, e seus equivalentes da Marinha e da Aeronáutica). Até agora estes arquivos tinham sido mantidos em segredo absoluto pela ABIN, a Agência de Inteligência Brasileira. Ao todo, há mais de 220.000 dossiês criminais microfilmados, junto com filmes, livros, pastas, revistas, fotografias e 1.259 caixas de informação detalhando o destino dos militantes esquerdistas que desapareceram durante o regime. Três caminhões e duas caminhonetes transportaram todo esse material de Brasília, a capital federal, para o Arquivo Nacional no Rio de Janeiro. Conforme Rose Nogueira, presidente do grupo "Tortura Nunca Mais" em São Paulo, cêrca de 400 dos desaparecidos provavelmente eram mendigos enterrados em sepulturas comuns sob nomes falsos. Os documentos não permitirão derramar qualquer luz no destino destes prisioneiros, porém. Uma lei assinada em Maio de 2005 pelo mesmo e atual presidente Lula assegura que os documentos pertencendo à "soberania, integridade territorial ou relações externas" continuarão sendo mantidas em segredo total. Por exemplo, as pessoas não poderão consultar dados sobre o grupo da Guerrilha do Araguaia, que se opôs à ditadura de 1972 à 1975, durante o qual mais militantes esquerdistas desapareceram. Um segundo exemplo é sobre o encontro da inteligência militar no Chile em 25/11/1975 - o 60º aniversário do Gen. Pinochet. Delegados de 5 outros países estavam lá: Argentina, Brasil (o presidente era o Gen. Ernesto Geisel, já falecido), Bolívia, Paraguai e Uruguai. Seguindo aquela reunião, os governos militares dessas nações concordaram em co-operar enviando equipes a outros países para rastrear, monitorar e matar seus oponentes políticos (a denominada Operação Condor). O direito de esconder estes documentos ultra-secretos será mantido por 30 anos e então será renovado por outros 30 anos (quando a maioria de nós Brasileiros adultos estaremos tecnicamente mortos segundo o IBGE). Um artigo publicado na Radiobras conta um testemunho por Cecília Coimbra, uma ex-prisioneira da ditadura. Ela disse que esta revelação foi organizada em linha como um modo para atrair a atenção da mídia por um 'bom' ato político. A Sra. Nogueira disse por e-mail à OhmyNews que não há nenhuma razão para classificar estes registros nas duas categorias de "simples", que podem ser consultados pelas famílias dos desaparecidos, e "secreto", que será mantido fechado por 30 e possivelmente 60 anos. "É um tipo de segredo perpétuo para pessoas que estão vivendo hoje e, especialmente, para aqueles que sofreram tortura debaixo da ditadura nos anos 1960s. Estas pessoas hoje têm 50 ou 60 anos ou mais". Talvez aqueles com maior presença nunca poderão consultar os documentos relativos à sua própria história. Pela Agência de Notícias Brasileira, Radiobras, o presidente Lula disse: "É um grande feito liberar esta informação à sociedade. A Chefe da Casa Civil, Ministra Dilma Rousseff, fez isto no momento certo. O Ministro José Dirceu, o anterior Chefe da Casa Civil (expulso em Junho), já começara esta tarefa". A posição do presidente Lula na liberação parcial dos registros do regime tem sido caracterizada como "contraditória". Ele mesmo um militante esquerdista que lutou contra a ditadura no Brasil (é fato que o Maluf fêz mais contra os militares), Lula seria um dos primeiros a saudar a liberação de todos os documentos que poderiam clarificar o que aconteceu nos confins do aparato de segurança e procurar castigar os culpados. Garantindo 30 à 60 anos de mais segredo para estes dados "quentes", Lula está adiando o julgamento e está encobrindo a verdade sobre a tortura na moderna história Brasileira. Muitos jornais e Websites em Português citaram esta preocupação depois que uma suposta fotografia do jornalista Vladimir Herzog foi publicada na mídia nacional. A fotografia mostrava o corpo de Herzog pendurado numa altura menor que seu tamanho real. Esta situação causou especulação sobre a possibilidade de suicídio ou morte por tortura. Ele era conhecido por se opôr ao regime militar. "Nós, do grupo 'Tortura Nunca Mais', pensamos que todos os arquivos devem estar disponíveis para todo o mundo - os estudantes, jornalistas, historiadores, as famílias dos desaparecidos - todo o mundo". O conhecimento sobre o que aconteceu é o direito de toda pessoa. É absurdo que nós não saibamos até agora o que aconteceu. Afinal de contas, "quem não conhece o seu passado não pode projetar o seu futuro".



LULA DO BRASIL, CAÇADO POR SUBORNOS E VIDEOTEIPES, PODE NÃO CONCORRER NOVAMENTE
Terça-feira, 27 de Dezembro de 2005

(Bloomberg) - Um funcionário de nível-médio dos Correios Brasileiro toma um pacote de dinheiro de um provedor de software e o coloca no bolso esquerdo de seu paletó. Com um gesticular de mãos, o funcionário diz que está coletando o suborno em nome de um congressista da coalizão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O que o funcionário, Mauricio Marinho, não sabia era que os R$3.000 reais ($1,350) do pagamento, que foi feito em Abril na sede dos Correios em Brasília, estava sendo secretamente gravado em vídeo pelo provedor. Desde que o vídeo foi transmitido em televisão nacional em Maio, ele se tornou a peça central da maior crise política do Brasil desde que o Congresso Nacional impugnou o Presidente Fernando Collor de Mello em 1992. Em Junho, o Deputado Roberto Jefferson, 52 anos, o congressista que Marinho disse estava atrás do esquema, negou a solicitação do suborno para si. Ao mesmo tempo, ele foi a público com uma alegação mais significativa: o Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula estava pagando subornos mensais aos legisladores em troca dos votos deles no Congresso. As alegações de Jefferson cresceram rapidamente no tipo de escândalo que é uma constante no Brasil desde que o governo militar cedeu o poder em 1985. Promotores dizem que um ex-prefeito de São Paulo ajudou a desviar pelo menos $500 milhões de dólares de fundos públicos, e 18 membros do Congresso foram acusados em 1993 de desviar milhões manipulando o orçamento federal. E em Dezembro de 1992, Collor renunciou em cima de alegações que ele tinha supervisionado um desfalque e traficado subornos.
Agora o padrão está se acercando ao redor de Lula, um ex-trabalhador de fábrica que ganhou uma vitória esmagadora numa plataforma que incluía governo sem corrupção. O escândalo chocou os Brasileiros, que elegeram Lula, 60-anos, em 2002 por uma margem recorde de 61%.
"Eu realmente acreditei que ele trabalharia pelo país, mas nada disso aconteceu", diz Fernanda Job, 42-anos, uma planejadora de eventos no Rio de Janeiro. "Ele é pior que os outros, em termos de roubar. Eu nunca vi tanto escândalo". Lula, um ex-líder sindical automotivo, subiu à presidência do quinto-mais-populoso país do mundo em Janeiro de 2003 depois de mais de duas décadas de prometer combater a corrupção. Desde assumir o cargo, Lula apimentou o discurso com contos pessoais de fome como uma criança em Garanhuns, no estado de Pernambuco do nordeste do Brasil, à discutir por erradicar a pobreza com governo mais-honesto. Agora, Lula está lutando contra alegações de corrupção que custaram os cargos de seu chefe da casa civil e de funcionários do partido que ele ajudou fundar em 1980.
O partido dele publicamente se opõe às suas políticas econômicas. As avaliações de popularidade de Lula estão em recorde de baixa, caindo a 46,7% em meados-Novembro de 80% quando ele assumiu o cargo. Em 7 de Dezembro, Lula disse que não estava seguro se buscaria um segundo mandato em Outubro de 2006. A agenda legislativa do governo foi paralizada desde Junho. "A única coisa que o partido tinha para exibir era integridade e governo limpo - e Lula, que poderia ter posto uma marca histórica no desenvolvimento político do Brasil como Mandela na África do Sul", diz o congressista Ivan Valente, 59-anos, que deixou o Partido dos Trabalhadores por causa do escândalo. "Agora, Lula e o partido provavelmente terão que sair pela porta dos fundos depois de trair tudo que eles usaram para conquistar os corações dos Brasileiros", Valente diz. Desde Junho, testemunhas fizeram uma maratona televisiva de confissões para o Congresso sobre os empréstimos de campanha lavados por pequenas empresas de propaganda e dois bancos regionais nos altiplanos centrais do Brasil.
Elas também disseram que o ditador Cubano Fidel Castro enviou dinheiro, escondido em caixas de rum e uísque empilhadas num avião Piper Seneca, para políticos Brasileiros (O Ouro de Cuba). A polícia no Aeroporto de Congonhas de São Paulo pegou um ajudante de um legislador no dia 8 de Julho com $100,000 dólares dentro de sua cueca. Três dias depois, um congressista foi detido subindo a bordo de um jato particular no aeroporto de Brasília com R$10 milhões de reais dentro de 7 malas. Jefferson descreveu como os partidos políticos Brasileiros mantiveram dois jogos de livros para fugir dos limites de contribuição de campanha. Lula diz que seu Partido dos Trabalhadores (PT) nunca pagou subornos para ganhar apoio no Congresso. Ele também promove uma campanha para se distanciar do escândalo, deixando a base para uma proposta de reeleição, diz David Fleischer, um professor EUA-nascido na Universidade de Brasília. Numa entrevista televisiva de 2 horas em 8 de Novembro, Lula apontou desafiadoramente com o dedo indicador dele para a câmara e açoitou os legisladores da oposição que ele disse estavam fazendo acusações infundadas. "Eu estou seguro que não havia nenhum pagamento mensal", ele disse. Em eventos públicos, Lula puxa o aplauso com negações de qualquer envolvimento na corrupção. Em 7 de Dezembro, Lula disse que foi traído por funcionários renegados do Partido dos Trabalhadores que financiaram as campanhas com contribuições não relatadas.
O escândalo não negou o progresso de Lula em trazer o Brasil, uma nação de 185 milhões que é maior que os Estados Unidos continentais, fora de sua pior depressão econômica em 5 anos. O Brasil, a maior economia da América Latina, cresceu 4,9% em 2004, o passo mais rápido numa década, depois de crescer 0,55% em 2003. A expansão é provável reduzir à 2,66% em 2005, de acordo com estudos de economistas em 5 de Dezembro pelo Banco Central do Brasil. Tão longe, os investidores assumiram o escândalo do financiamento da campanha sem dificuldade, confiantes que Lula e o Ministro da Fazenda Antônio Palocci não reverterão as políticas econômicas que sustentaram os mercados financeiros. O índice Bovespa do Brasil saltou 30% desde que o escândalo irrompeu em Maio, enquanto que a moeda corrente do Brasil fortaleceu em 11%. Desde que Lula assumiu o cargo, a Bovespa quase triplicou à 32.480 em 8 de Dezembro, enquanto que o real ganhou 59% à 2,22 reais por dólar.
"As políticas têm sido boas e as coisas são favoráveis", diz George Estes, que ajuda administrar $3.5 bilhões de dólares em títulos de mercados emergentes na Grantham Mayo Van Otterloo Co. em Boston e detêm a dívida Brasileira. "Os escândalos e o fraco crescimento no terceiro trimestre aumentam o risco de deterioração na política, mas Lula parece continuar apoiando Palocci". Domesticamente, o escândalo debilitou o mandato de Lula. Alguns aliados anteriores do presidente Brasileiro no partido que Lula co-fundou em 1980 voltaram-se contra ele. Seis dos 9 partidos da coalizão governamental fugiram, terminando a dominação de Lula dos 513 assentos da Câmara dos Deputados. A casa superior ou Senado, tem 81 assentos. Duas dúzias de funcionários do governo saíram ou foram demitidos desde Maio, inclusive o Chefe do Gabinete Civil José Dirceu, a quem os investigadores da Comissão de Ética do Congresso dizem planejou e controlava o esquema de suborno.
Dirceu, 59-anos, um ex-líder estudantil esquerdista que sofreu cirurgia plástica para se esconder dos governos militares nos anos 1970s, foi banido pela Câmara dos Deputados de deter cargo público por uma década em 30 de Novembro por causa de seu alegado envolvimento no esquema pagamento-por-votos. Ele nega malversação. "Não há nenhuma prova contra mim", ele falou ao Congresso naquele dia. Em Setembro, Jefferson, um aficionado de ópera que fez seu nome em princípios dos 1990s defendendo Collor de alegações de corrupção, foi proibido de deter cargos públicos. Lula também enfrenta pressão de seu próprio Partido dos Trabalhadores e de dentro do palácio presidencial para abandonar as políticas econômicas que ganharam em cima dos investidores e executivos. No dia 10 de Dezembro, o Partido dos Trabalhadores, que uma vez defendeu que o Brasil deixasse de pagar sua enorme dívida externa, aprovou uma plataforma exigindo que Lula cortasse as taxas de juros e aumentasse os gastos. "Nós não permitiremos que partidos comprometidos com a ideologia neoliberal dos interesses financeiros dos Estados Unidos retornem ao governo", a plataforma diz.
Dilma Rousseff, a atual chefe da casa civil de Lula, criticou publicamente o Ministro da Fazenda Palocci, 45-anos, por cortar gastos que reduziram o déficit do orçamento do Brasil e diminuíram a dívida do governo. Em Outubro, o Vice Presidente José Alencar, que controla uma companhia têxtil, disse que o governo fez "um pacto com o diabo" mantendo as mais altas taxas de juros do mundo. Lula pode ser forçado a impulsionar o gasto em projetos como estradas, serviços de saúde pública e hospitais para aumentar a chance dele de ganhar a reeleição ano que vem, diz Fleischer, o professor da Universidade de Brasília.
"Eles começarão à abrir a torneira", Fleischer, 64-anos, diz. No centro do escândalo está Dirceu, que começou sua vida política liderando arruaças contra a ditadura que governou o Brasil de 1964 à 1985. Em 1969, camaradas de Dirceu seqüestraram o Embaixador dos Estados Unidos no Brasil Charles Elbrick para ganhar a liberdade de Dirceu e outros camaradas das prisões dos governos militares. Dirceu entrou em exílio em Cuba à treinar como um guerrilheiro antes de retornar para viver sob uma identidade simulada. Ele foi uma das 50 pessoas que começaram o Partido dos Trabalhadores em Fevereiro de 1980 numa churrascaria em um subúrbio de São Paulo. Como presidente do Partido dos Trabalhadores nos anos 1990s, ele ajudou a criar a ascensão de Lula ao poder derramando doutrinas socialistas como chamadas para deixar de pagar a dívida externa. Durante a campanha de Lula em 2002, Dirceu negociou uma aliança com o Partido Liberal (PL) do empresariado de Alencar. Como o chefe da casa civil de Lula, Dirceu supervisionou um esquema que desembolsou dezenas de milhões de dólares de fundos de campanha ilegais, de acordo com um relatório de 52-páginas pela Comissão de Ética do Congresso. Dirceu nega as alegações. Ele recusou comentar. "Ele fazia parte do grupo dentro do partido que acreditava ter que chegar ao poder a qualquer preço, inclusive trair seus ideais", diz Valente, que ajudou fundar o partido com Lula e conheceu Dirceu desde o final dos 1960s. O principal operador de Dirceu era Marcos Valerio Fernandes de Souza, 44-anos, um homem com olhos profundos que barbeia sua careca, diz Osmar Serraglio, um congressista de oposição que dirige uma das comissões que investigam as alegações de corrupção. Valerio está baseado em Belo Horizonte, um centro de mineração, agrícola e siderúrgico de 2,3 milhões de pessoas no estado de Minas Gerais. Valerio, que não teve nenhum treinamento em propaganda, começou a tomar o controle de firmas de propaganda em 1996. Ele começou a extrair fundos em nome de partidos políticos no estado acumulando as agências governamentais por serviços de propaganda já em 1998, diz Leonardo Barbabela, um promotor em Minas Gerais. Desde 2000, uma das empresas de Valerio, a DNA Propaganda Ltda., superfaturava com o estatal Banco do Brasil SA, o maior banco do Brasil, por cêrca de R$37,7 milhões de reais em contratos publicitários, de acordo com uma auditoria preliminar de Novembro pelo Tribunal de Contas da União (TCU) - que policia os gastos públicos.
As empresas de Valerio purgaram de outras entidades estatais, incluindo um contrato de R$21 milhões de reais da SMP&B Comunicação Ltda. para controlar o marketing para a Câmara dos Deputados, outra auditoria do TCU mostra. "A corrupção é comum em contratos estatais no Brasil; isso não é nada de novo", diz Adylson Motta, presidente do TCU, no escritório dele em Brasília perto do palácio presidencial. "O problema aqui é que o Partido dos Trabalhadores agiu com impunidade absoluta". Valerio recusou pedidos para comentários. Sob Lula, as empresas de Valerio prosperaram, recolhendo R$300 milhões de reais de serviços publicitários do governo de 2003 à 2005. "Esta é uma empresa que funcionava como cobertura para outras atividades desde o início", Barbabela diz. Valerio atraiu milhões de espectadores aos aparecimentos televisados dele diante das comissões congressionais conjuntas investigando as alegações de corrupção, algumas das quais duraram até a madrugada. Ele descreveu os desembolsos de empréstimos por legisladores autorizados para fazer retiradas de dinheiro de filiais de bancos em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
Entre os documentos que Valerio deu aos investigadores congressionais, um lista 54 detalhadas retiradas de dinheiro por uma dúzia de legisladores ou seus ajudantes em 2003 e 2004, alguns tão grandes quanto R$350.000 reais. Os investigadores congressionais também têm registros mostrando que alguns dos maiores clientes de Valerio eram três companhias telefônicas uma vez administradas pelo banqueiro do Rio de Janeiro Daniel Dantas em nome do Citigroup Inc.: Brasil Telecom SA, Telemig Celular SA e Amazonia Celular SA. Dantas, 50-anos, foi despedido este ano como gerente controlador das ações do Citigroup nas companhias telefônicas depois de 8 anos de lutar com outros acionistas. Em 21 de Setembro, uma comissão congressional conjunta lhe pediu que explicasse uma onda de serviços publicitários desde que Lula foi eleito. Dantas disse que os fundos eram usados para serviços publicitários, não para cobrir contribuições à partidos políticos. "Nós nunca pedimos ao Sr. Marcos Valerio para interceder a nosso favor", Dantas disse.
O Partido dos Trabalhadores diz que alguns membros podem ter violado as leis de financiamento de campanha sem o conhecimento da direção. Funcionários de topo deixaram seus cargos, inclusive o presidente do partido e co-fundador José Genoino, 59-anos, que partiu no dia 9 de Julho. Genoino, um ex-guerrilheiro que foi torturado sob a ditadura militar, disse que ele não tinha feito nada erradamente. Delubio Soares, o tesoureiro do partido e um ex-professor de matemática de escola pública, assumiu a responsabilidade por não passar adiante empréstimos de campanha para partidos na coalizão de Lula e foi expelido do partido em 23 de Outubro. Soares, 49-anos, negou pagar subornos. Tão longe, a oposição parou repentinamente de pedir que o Congresso impugne Lula quando o testemunho trouxe o escândalo mais próximo do próprio presidente. Duda Mendonça, que supervisionou a propaganda e o marketing para a campanha presidencial de Lula, fez uma chorosa confissão para uma comissão investigativa congressional conjunta no dia 11 de Agosto que ele tinha sido pago ilegalmente em R$10 milhões de reais pelo trabalho na campanha de Lula de 2002, por uma companhia abrigada nas Bahamas. Vários legisladores do Partido dos Trabalhadores estavam chorando quando eles assistiram a confissão por Mendonça, um homem barbudo e calvo que fôra preso numa invasão à um ringue ilegal de briga de galos no Rio de Janeiro. Lula também pode ter violado a lei Brasileira permitindo que um amigo de longa data, Paulo Okamotto, pagasse uma dívida de R$25.000 reais relacionada à campanha para o Partido dos Trabalhadores, diz Alvaro Dias, um senador da oposição numa das comissões conjuntas que investigam as transações financeiras estrangeiras usadas no alegado esquema. "É duro acreditar que Lula não sabia sobre o esquema", Dias, 61-anos, diz. Há ligações ao presidente, mas ainda não há bastante apoio para iniciar os procedimentos do impeachment". O secretário de imprensa de Lula referiu-se às questões sobre o empréstimo de Okamotto ao Partido dos Trabalhadores, que diz que o empréstimo foi para o partido, não para Lula. O esquema de financiamento da campanha do Partido dos Trabalhadores foi amarrado aos esforços de Lula para remendar junto uma aliança que daria ao seu governo o controle do Congresso.
Um dos partidos que concordaram em unir à coalizão de Lula foi o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), liderado por Jefferson, que sofreu cirurgia do estômago nos anos 1990s para perder peso. Jefferson era uma velha nêmesis de Lula, defendendo Collor contra alegações de corrupção da mesma maneira que o Partido dos Trabalhadores tentou expulsá-lo. Em troca de unir-se à coalizão, Lula deu à Jefferson o direito de designar os executivos de topo dos Correios, dando ao partido dele o controle em cima do orçamento da companhia estatal. O Partido dos Trabalhadores saiu das eleições de 2002 com mais de R$25 milhões de reais em dívidas, levando o tesoureiro do partido, Soares, à buscar um executivo da propaganda de Minas Gerais: Marcos Valerio. Soares, num juramento à promotores federais em 15 de Julho, diz que um congressista do partido, Virgilio Guimarães, tinha-o apresentado a Valerio em 2002, e Guimarães soube que Valerio tinha acesso à créditos e experiência em levantar fundos para políticos. Logo que Lula assumiu o cargo em Janeiro de 2003, Soares diz que Valerio o apresentou para dois pequenos bancos em Belo Horizonte, o Banco BMG SA e o Banco Rural SA, e propôs usar as companhias dele para afiançar empréstimos para o partido.
Em 25 de Fevereiro de 2003, Valerio afiançou um empréstimo de R$12 milhões de reais do Banco BMG, que é o 31º-maior banco do Brasil, e o repassou adiante para Soares. Foi o primeiro de 6 empréstimos que somam cêrca de R$55 milhões de reais que Valerio diz que suas empresas afiançaram em nome do Partido dos Trabalhadores do Banco BMG e do Banco Rural, o 24º-maior banco do Brasil, usando as empresas de propaganda dele como cobertura. Os fundos foram desembolsados, Valerio disse aos investigadores congressionais, através de dúzias de retiradas em dinheiro pelos legisladores e seus assistentes autorizados por Soares. O investigador congressional Serraglio diz que os empréstimos realmente eram uma cobertura para subornos. Ele suspeita que mais dinheiro está envolvido porque os registros bancários mostram que as empresas de Valerio recolheram mais de R$3,5 BILHÕES DE REAIS de renda desde que Lula assumiu o cargo - o triplo dos três anos prévios. Valerio, Lula e os funcionários do Partido dos Trabalhadores inclusive Soares negam essas alegações. Gustavo Fruet, um congressista de oposição que está traçando o uso de Valerio do sistema financeiro no Brasil para o alegado esquema, diz que as empresas de Valerio eram uma frente para o Partido dos Trabalhadores pilhar fundos de companhias estatais. No dia 12 de Março de 2004, o Banco do Brasil baseado em Brasília ordenou que um adiantamento de R$35 milhões de reais fosse pago à DNA Propaganda de Valerio. Henrique Pizzolato, o diretor de marketing do banco, tinha recomendado o adiantamento para cobrir gastos futuros, os documentos fornecidos pelos investigadores congressionais mostram. Um mês depois de receber o adiantamento, a DNA colocou R$10 milhões de reais dos fundos em certificados de depósito no Banco BMG. Alguns dias depois, o banco emprestou à Rogério Lanza Tolentino & Associados Ltda., outra empresa controlada por Valerio, R$10 milhões de reais, com os Certificados de Depósito como colateral. Valerio diz que o empréstimo era um de 6 que as empresas dele afiançaram em nome do Partido dos Trabalhadores.
Fruet, 42-anos, e outros investigadores congressionais dizem que a transferência mostra como fundos da dívida pública - neste caso dinheiro de um banco estatal (o BANCO DO BRASIL - O TEMPO TODO ROUBANDO VOCÊ) - foi usado para financiar o partido, não só créditos dos bancos de Valerio. "Este é um caso concreto de fundos públicos sendo usados para financiar o partido governante", Fruet diz. Em Novembro, Fruet escreveu um relatório recomendando que Valerio e Soares sejam indiciados por operar um esquema de angariação de fundos ilegal. Valerio e os funcionários do Banco do Brasil negam as alegações. A coalizão de Lula começou a se quebrar em Maio de 2005, quando Veja, a maior revista de notícias do Brasil, publicou o pagamento em vídeo dos R$3.000 reais à Marinho, o diretor de compras dos Correios. Veja também liberou o videoteipe original em branco e preto da transação, com Marinho sentado à sua escrivaninha e explicando que ele estava solicitando subornos em nome de Jefferson, o homem que o tinha designado ao trabalho. Marinho disse que os fundos foram diretamente para Jefferson e o partido dele, de acordo com o videoclipe postado no Website de Veja. "O partido sabe sobre toda transação que nós fechamos", Marinho disse.
Desde Junho, três comissões congressionais questionaram testemunhas por até 10 horas nas ouvidorias subterrâneas do edifício do Senado em Brasília. Valerio e outros descreveram retiradas por carros blindados carregados de dinheiro de um banco para funcionários eleitos, mantendo dois jogos de livros contábeis e recebendo presentes como um novo Land Rover de contribuintes políticos. Em testemunho congressional no dia 21 de Junho, Marinho negou pedir o dinheiro. "Eu não sou corrupto", ele disse. Uma comissão também chamou testemunhas para explicar um relatório na revista Veja que reivindica que o Ministro da Fazenda Palocci em 2002 ordenou que um ex-ajudante apanhasse caixas de uísque e rum transportados de Cuba para Brasília com até $3 milhões de dólares para a campanha presidencial de Lula. O ministro da fazenda em 1 de Novembro negou as alegações, dizendo que as acusações estão "cheias de contradições". A embaixada Cubana em Brasília negou o relato. "Uma coisa levou à outra", diz o Senador Delcidio Amaral, 50-anos, que preside uma das três comissões congressionais que investigam as alegações. "Um pagamento de R$3.000 reais acabou sendo transformado em clamores de um bilhão ou até mesmo bilhões de reais". Jefferson disse à comissão congressional conjunta que ele nunca tinha recebido os pagamentos mensais. Ao invés, o Partido dos Trabalhadores lhe deu R$4 milhões de reais para pagar as dívidas de campanha do partido dele. Os fundos não foram informados, violando as leis de financiamento eleitoral Brasileiras e Jefferson renunciou como presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em Setembro, a Câmara dos Deputados votou por expulsar Jefferson depois de 23 anos no cargo. O Congresso está focalizando suas sondas em se os fundos que Valerio moveu pelas empresas dele eram empréstimos ou subornos. No Brasil, empréstimos ou contribuições de campanha não relatados levam a penalidades criminais inferiores que subornos. As reivindicações de Valerio que os fundos eram empréstimos são difíceis de acreditar porque elas simplesmente não fazem sentido empresarial para os dois bancos envolvidos, o Banco BMG e o Banco Rural, diz Fruet, o congressista de oposição numa das comissões congressionais conjuntas.
Os empréstimos foram rolados repetidamente, um relatório por Fruet mostra. Um empréstimo de R$18,9 milhões de reais pelo Banco Rural para a SMP&B Comunicação foi estendido por 6 vezes. As empresas de Valerio também mostraram pequena capacidade para reembolsar a dívida, Fruet diz. Uma das empresas de Valerio, a Graffiti Participações Ltda., pediu emprestado um total de R$25 milhões de reais em 2003 e 2004, embora a companhia tivesse informado lucro de somente R$139.867 reais durante aquele período, os documentos providos por Fruet mostram. E os bancos aceitaram os contratos de publicidade do governo como colateral enquanto tinham cláusulas que os previnem de serem usados para empréstimos, Fruet diz. "Esta idéia inteira que estes eram empréstimos é uma completa impostura", ele diz. "Este dinheiro claramente não foi destinado a ser reembolsado. Em Agosto, reguladores do Banco Central ordenaram que o Banco Rural e o Banco BMG fixassem aparte reservas para $39 milhões de dólares de empréstimos às empresas de Valerio. Os bancos dizem que eles satisfizeram todos os padrões do Banco Central para emprestar às empresas de Valerio.
A investigação pode continuar pelo ano de 2006 e além das eleições gerais de Outubro. Mesmo que Lula se recuse a dizer se concorrerá novamente, ele já está fazendo campanha. Em entrevista por rádio e televisão em 8 de Novembro e 7 de Dezembro, Lula defendeu seu registro e disse que foi traído por funcionários de seu partido que não informaram os empréstimos e contribuições de campanha. "Eu me sinto traído porque o Partido dos Trabalhadores nasceu para combater estes tipos de práticas políticas", Lula disse no dia 7 de Dezembro. "O Partido dos Trabalhadores não precisava fazer aquilo porque não é o dinheiro que ganha as eleições", o presidente disse. Em 23 de Novembro, num estaleiro em Niteroi, pela Baía de Guanabara do Rio de Janeiro, Lula assistiu José Oliveira, um líder sindical, soltar uma ígnea defesa do presidente. Oliveira disse que Lula era uma vítima de uma classe governante que está incomodada com um homem pobre no poder. Centenas de trabalhadores em capacetes olharam alegres quando Lula assumiu a cena, sugerindo que ele ainda é um herói para muitas das pessoas que o elegeram em promessas de empregos e ajuda aos pobres. As pesquisas mostram que alguma daquela aura pode estar minguando. Depois de 6 meses de escândalo nacionalmente televisado, algumas daquelas boas-novas podem estar se esvaindo.



BISPOS NO BRASIL CRITICAM O PRESIDENTE
Sexta-feira, 30 de Dezembro de 2005

RIO DE JANEIRO, Brasil (Chicago Tribune) - O presidente da Conferência dos Bispos Católicos Romanos do Brasil (CNBB) disse que o governo estava errado em pagar os credores externos antes de resolver sua "dívida social" com os milhões de pobres da nação. O Cardeal Geraldo Majella Agnelo de São Salvador da Bahia disse que 2005 foi "perdido" pelo Presidente Luiz Inácio Lula de Silva, cujo governo prometeu ajudar os pobres mas que foi enlameado em escândalo. "Eu espero sinceramente que 2006 seja o ano da redenção para o governo e para os programas que beneficiam diretamente os extremamente pobres", Agnelo disse. Os bispos estavam entre os muitos grupos da igreja que apoiaram o esquerdista Partido dos Trabalhadores de Lula em 2002. Mas eles se voltaram contra ele quando ele adotou uma política econômica conservadora. O cardeal alvejava a decisão de Lula em promover os reembolsos da dívida do Brasil de uns $18 BILHÕES DE DÓLARES para o Fundo Monetário Internacional e os credores do Clube de Paris.



COMANDANTE BRASILEIRO DA ONU NO HAITI É ENCONTRADO MORTO
Sábado, 7 de Janeiro de 2006

PORTO PRÍNCIPE, Haiti (Reuters) - O general Brasileiro que comandava a missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti foi encontrado morto em um quarto de hotel do país neste Sábado e há informações conflitantes sobre as circunstâncias de sua morte. Segundo a ONU, o General Urano Teixeira da Matta Bacellar teria se matado no hotel Montana, em Porto Príncipe. Um assessor de informações da força brasileira no Haiti afirmou, contudo, que a morte foi causada por um "acidente com arma de fogo", de acordo com a Agência Brasil. Já uma nota oficial do Exército disse que está "acompanhando o trabalho de investigação policial" sobre o caso. Um representante do Centro de Comunicação Social do Exército declarou à Reuters que "só depois das apurações policiais é que poderemos dizer com certeza o que aconteceu e ... tomar as providências sobre o traslado do corpo". Bacellar, 58 anos, substituiu em Agosto passado o General Augusto Heleno Pereira no comando da força da ONU no Haiti, que conta com 9.000 tropas. Uma nota da secretaria de imprensa da Presidência da República afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou "profundo pesar" pela morte de Bacellar e que orientou o Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a expressar ao Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, a expectativa do governo Brasileiro de que a ONU "conduza imediata e ampla investigação" sobre a morte do Brasileiro. Ainda segundo o comunicado, o presidente determinou que uma equipe seja enviada imediatamente ao Haiti e reafirmou a "determinação do governo brasileiro de continuar apoiando o povo Haitiano na construção da paz e normalização política" do país. Um porta-voz do Secretário Geral da ONU afirmou que Annan está "chocado e triste" com a morte de Bacellar e que uma investigação está em andamento.
Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) deve trazer para o Brasil no Domingo o corpo de Bacellar, segundo a Agência Brasil. O avião partirá no mesmo dia para o Haiti com representantes do governo que acompanharão as investigações sobre a morte do general. O chefe do Departamento da América do Norte e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, Gonçalo Mello Mourão, embarcou neste Sábado para o país. É o segundo Brasileiro morto fora do país em atividades das Nações Unidas em cerca de 2,5 anos. O ataque de um caminhão-bomba no dia 19 de Agosto de 2003 a um hotel que sediava uma missão da ONU no Iraque feriu 150 pessoas e matou 22, entre elas o chefe da missão, o saudoso Brasileiro Sérgio Vieira de Mello.
De acordo com testemunhas, o general estava vestido com shorts e uma camiseta branca quando foi localizado e sua arma foi encontrada perto de seu corpo no hotel onde morava. "É devastador ver uma general tão bom e honrado morto em circustâncias assim", disse o embaixador brasileiro no Haiti, Paulo Cordeiro de Andrade Pinto, quando deixava o hotel. Natural de Bagé (RS), Bacellar ocupou até recentemente o posto de subchefe do Estado-Maior do Exército, em Brasília. O nome dele para o cargo no Haiti foi indicado pelo Comando do Exército Brasileiro. O Brasil foi escolhido para chefiar a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) e mantém um efetivo no país desde Maio de 2004. Em Fevereiro de 2004, o então presidente Haitiano, Jean-Bertrand Aristide, fugiu do país em meio a uma revolta popular e pressões dos Estados Unidos e da França para que renunciasse. Depois disso, o país entrou em um período de violência maior e ainda não conseguiu realizar eleições para um novo governo. As autoridades interinas do Haiti culparam a missão da ONU e a Organização dos Estados Americanos (OEA) pelos diversos atrasos no pleito, originalmente marcado para Novembro, acusação que ambos os órgãos rejeitam. A nova data para as eleições deve ser em Fevereiro. Segundo o site da Agência Brasil, a Minustah iniciou na última Quinta-feira uma série de ações militares em Porto Príncipe e arredores para reestabelecer a segurança e possibilitar um bom andamento das eleições.



SERRA DESISTE E PSDB ESCOLHE ALCKMIN COMO CANDIDATO À PRESIDÊNCIA
Terça-feira, 14 de Março de 2006

SÃO PAULO, Brasil (Último Segundo) - O presidente do PSDB, Tasso Jereissati, irá comunicar na tarde desta Terça-feira, no Diretório Estadual, que o Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é o candidato do partido à presidência do Brasil. O Prefeito de São Paulo, José Serra, desistiu de buscar a indicação do partido. O deputado federal Alberto Goldman (SP) confirmou a desistência de Serra. "O argumento dele (para desistir) é que não ia para a disputa, porque é desgastante e enfraquece o partido contra o (presidente) Lula", disse Goldman por telefone. A desistência foi acertada em um encontro com Alckmin, na Prefeitura. Embora esteja melhor nas pesquisas de intenção de voto, Serra disse a Alckmin que não estava disposto a enfrentar uma disputa com ele em alguma instância do partido, segundo relato de Goldman. O anúncio oficial iria ocorrer no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual, mas foi transferido para o diretório. Todas as televisões, jornais, sites e rádios estavam de prontidão no palácio quando foram comunicados da mudança. Por conta disso, o anúncio, que deveria ocorrer às 16h, pode atrasar um pouco. Tasso recebeu esta manhã os governadores do PSDB que vieram a São Paulo para o anúncio. Ele saiu para almoçar com eles e deve seguir direto para o diretório, onde será feita a declaração. O Governador de Minas Gerais, Aécio Neves, chegou por volta das 12h ao hotel onde o presidente tucano está hospedado. Ele já havia participado de uma reunião com Tasso e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que terminou por volta da 1h30 deste madrugada. O prefeito de São Paulo, José Serra, então pré-candidato do partido, também esteve no encontro. Aécio disse que, definido o nome do candidato, a unidade vai prevalecer. "O adversário não está dentro do partido, está do outro lado", afirmou. Os governadores tucanos Cássio Cunha Lima (PB) e Lúcio Alcântara (CE) chegaram ao hotel mais cedo. Eles disseram que apostam em um consenso no partido. Alcântara disse que o partido precisa fugir da divisão. "Candidatura não se impõe. O candidato tem que ser solicitado", afirmou.
A vida política de Geraldo Alckmin, atual Governador de São Paulo, começou em 1972. Com 19 anos e cursando o primeiro ano da Faculdade de Medicina, Alckmin se filiou ao partido MDB (Movimento Democrático Brasileiro). No mesmo ano foi o vereador mais votado em Pindamonhangaba, cidade onde nasceu. Logo no primeiro mandato, foi escolhido presidente da Câmara Municipal e em 1976 foi eleito prefeito de Pindamonhangaba. Ao final do mandato de prefeito, foi eleito, em 1982, deputado estadual. Já no PMDB, Alckmin se candidatou à deputado federal e foi o quarto mais votado no partido, com 125 mil votos. Em seu primeiro mandato como deputado federal, foi vice-líder da bancada do PMDB na Assembléia Nacional Constituinte e, posteriormente, um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Reeleito deputado federal em 1990, foi o quarto parlamentar mais votado do PSDB-SP. Nesse segundo mandato foi autor do projeto do Código de Defesa do Consumidor e relator, na Câmara dos Deputados, do projeto que se converteu na Lei de Benefícios da Previdência Social. Nas eleições de 1994, foi eleito vice-governador, na chapa de Mário Covas. Em 1998, com a licença do Governador Mário Covas para disputar a reeleição, assumiu interinamente o Governo do Estado de São Paulo, no período de 6 de Julho a 9 de Novembro. Em 5 de Outubro foi reeleito vice-governador, para um segundo mandato à frente do Executivo paulista. Com a morte de Mário Covas, Alckmin assumiu o Governo do Estado no dia 6 de Março de 2001 e foi eleito Governador do Estado de São Paulo, em 27 de Outubro de 2002, para o mandato 2003-2006, com mais de 12 milhões de votos (58,64% dos votos válidos).



A SUPREMA CÔRTE DO BRASIL ELEGE GRACIE A PRIMEIRA PRESIDENTE MULHER
Quarta-feira, 15 de Março de 2006

(Bloomberg) - O Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta côrte do Brasil, elegeu a carioca Ellen Gracie Northfleet (Frota do Norte) sua primeira mulher presidente da justiça à substituir o retirante gaúcho Nelson Jobim. Os juízes votaram 8-1 à elevar Gracie, 58-anos, para chefe numa votação secreta hoje, seguindo uma tradição de escolher o membro mais sênior que ainda não serviu como presidente, o tribunal disse em seu Website. Jobim, 59-anos, se aposenta ao término deste mês. Gracie, que estudou administração de tribunal na Escola de Negócios Públicos da Universidade Americana em Washington entre 1991 e 1992, focalizará em agilizar o sistema de justiça para nutrir o crescimento da maior economia da América Latina, Jobim disse. Gracie, atualmente vice-presidente do judiciário, continuará os esforços de Jobim para fazer os tribunais Brasileiros mais eficientes em servir os negócios e cidadãos, ele disse em uma entrevista. "O maior problema do judiciário é administração", Jobim disse em uma entrevista no escritório dele em Brasília no dia 22 de Fevereiro. "A Juíza Gracie é uma especialista no tópico que está preparada para continuar nossos esforços". Sob Jobim, o STF criou sistemas de informação para integrar os tribunais, cruzar dados nacionalmente e identificar gargalos que atrasam as decisões. Gracie, nomeada a primeira juíza mulher do tribunal em Novembro de 2000 pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também continuará os esforços para cortar despesas nos tribunais ao longo do país, Jobim disse. O judiciário tem um orçamento anual de cerca de R$20 bilhões de reais ($9.45 bilhões de dólares).
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) do Brasil, que regula o judiciário e também é encabeçado por Jobim, planeja cortar a remuneração de juízes e outros funcionários do tribunal nacionalmente já neste mês. O conselho, criado pelo Congresso ano passado, planeja fixar o teto máximo de salários e benefícios dos funcionários em R$24.500 reais mensais ($11,550). Atualmente os juízes nos tribunais estaduais ganham cêrca de duas vezes a quantia que os juízes federais mais altos recebem. Promotora de 1973 à 1989, Gracie se tornou uma juíza federal no Rio Grande do Sul em Março de 1989. Antes de se juntar ao STF, ela chefiou o tribunal federal do estado de Junho de 1997 a Junho de 1999. Gracie veio debaixo da crítica em Julho por conceder ao virtual criminoso público do Brasil Marcos Valerio Fernandes de Souza uma ordem protetora barrando sua prisão no evento de ele decidir não testemunhar no Congresso em alegações de corrupção envolvendo o governante Partido dos Trabalhadores (PT) do atual presidente da República Lula. Valerio, cujas empresas operavam campanhas publicitárias para várias companhias estatais e ministérios do governo, negou em testemunho congressional no dia 9 de Agosto alegações que ele emprestou dinheiro para financiar ilegalmente campanhas para o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus membros do gabinete.
Em Maio de 2004, Gracie disse que uns 11% de taxas em pensões de trabalhadores aposentados do governo e futuros aposentados, que o Congresso passou em 2003 para cortar o déficit orçamentário, violaria a Constituição. Todo o tribunal em Agosto de 2004 votou 7-4 para apoiar o imposto aprovado pelo Congresso em 2003. O juiz do estado de São Paulo Enrique Ricardo Lewandowski, 57-anos, se junta ao tribunal amanhã para substituir Carlos Velloso, que se aposentou em Janeiro. Lewandowski foi nomeado por Lula.



MINISTRO DA FAZENDA DO BRASIL CAI VÍTIMA DE ESCÂNDALO
Terça-feira, 28 de Março de 2006

BRASÍLIA, Brasil (Reuters) - O Ministro da Fazenda, Antonio Palocci, caiu na tarde desta Segunda-feira, quando o Presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Jorge Mattoso, revelou a participação de ambos na violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Até a tarde de Domingo, em conversa com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Palocci sustentou que não estava envolvido no episódio. A confiança de Lula em Palocci desmoronou junto com a versão, disseram três auxiliares do presidente que acompanharam a crise dentro do Planalto. Com a demissão de Palocci, substituído pelo presidente do BNDES, Guido Mantega, Lula perde o terceiro componente da coordenação da campanha presidencial de 2002 e do chamado "núcleo duro" original. Em 2005, foram afastados José Dirceu e Luiz Gushiken, também envolvidos em denúncias de irregularidades. Do núcleo primitivo, sobrevive apenas o ministro da Secretaria-Geral, Luiz Dulci. A confissão de Jorge Mattoso, formalizada em depoimento à Polícia Federal, surpreendeu Palocci, que não a esperava, e o próprio Lula, que vinha confiando no ex-ministro. Somente nesta Segunda-feira Lula soube da verdade e decidiu demiti-lo disseram as fontes à Reuters. "Já tínhamos certeza da participação de Jorge Mattoso, desde a semana passada, mas o papel do Palocci só ficou claro hoje (Segunda) e o presidente agiu assim que foi informado", contou uma das fontes. Palocci começou a ruir no final da manhã, durante o depoimento à PF do assessor da presidência da CEF, Ricardo Schumann. Ele confessou ter ordenado a quebra do sigilo e contou ter entregue os dados da conta de Francenildo diretamente a Mattoso. À tarde, já demissionário, Mattoso confessou ter levado os dados a Palocci, na noite de 16 de Março. Quando Mattoso chegou à PF para depor, às 15h30, Lula começou uma reunião no Planalto com os ministros da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, das Relações Institucionais, Jacques Wagner, e da Casa Civil, Dilma Rousseff. O diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, transmitia o depoimento de Mattoso por telefone a Bastos, que repassava a Lula. Palocci, que deveria participar da reunião da Junta de Execução Orçamentária, com Lula, naquele horário, já havia deixado o Planalto. Seu substituto, Guido Mantega, estava a postos na Casa Civil, desde as 14h30, e foi chamado ao gabinete presidencial ao fim do depoimento de Mattoso. A substituição foi rapidamente consumada, mas a divulgação oficial só foi feita à noite, pelo líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante. O líder disse que Lula reconhecia "a contribuição" de Palocci, mas apontava a violação ilegal como motivo da demissão. "O estado de direito e os direitos da cidadania estão acima das circunstâncias e dos indivíduos. Na medida em que o estado de direito não foi respeitado nesse episódio da quebra do sigilo, o Presidente afastou o presidente da Caixa e decidiu mudar a equipe e aceitou o pedido de demissão do ministro Palocci", disse Mercadante aos jornalistas. Na carta de demissão que enviou a Lula, o ex-ministro manteve a versão de que não participou do vazamento. A insistência foi interpretada, no Planalto, como um artifício de Palocci com objetivos judiciais. Ele terá de depor no inquérito de PF e pode ser indiciado por crime de violação de sigilo. Pelo menos um dos ministros ouvidos pela Reuters disse que Palocci "mentiu" a Lula. Outro ministro acrescentou que o ex-colega ainda tentou obter um afastamento provisório. O terceiro frisou que Lula estava decidido a punir todos os responsáveis pela violação do sigilo, desde que ela veio a público, no dia 17. "O Palocci sabia que ia cair se fosse culpado. E caiu quando o presidente teve a certeza", disse a fonte.



SERRA ANUNCIA CANDIDATURA AO GOVERNO DE SÃO PAULO
Sexta-feira, 31 de Março de 2006

(Portal Terra) - O Prefeito de São Paulo, José Serra, anunciou na tarde de hoje, em uma entrevista coletiva, que vai deixar a prefeitura para concorrer a governador de São Paulo pelo PSDB. "São esses os ideais que agora me fazem tomar a decisão que anuncio hoje. Que me fazem trocar uma posição conquistada e sob esse aspecto bastante confortável pelo risco de mais uma batalha", acrescentou. Serra disse ter se convencido de que a melhor maneira de servir à população de São Paulo seria manter a parceria entre a prefeitura, que será assumida pelo seu vice, Gilberto Kassab (PFL), e o governo do Estado. "É a decisão mais difícil que eu já tomei na minha vida (...) mas é necessária", acrescentou. De acordo com o deputado federal Alberto Goldman (PSDB-SP), a decisão de lançar a candidatura de Serra ao governo paulista foi tomada de forma unânime pelo partido e não se tratou de uma decisão pessoal. Na Quarta-feira, segundo Goldman, tanto as bancadas federais quanto estaduais chegaram a esse acordo. "Nós vemos no Serra grandes chances de vencer as eleições em São Paulo", afirma. Goldman disse ainda que, para o PSDB é importante manter-se à frente do governo de São Paulo, o segundo maior orçamento do País. Sobre o fato de Serra não ter sido indicado para concorrer à Presidência, Goldman reforça que, apesar de o prefeito ter grandes chances de vencer, o partido achou que lançar o nome de Geraldo Alckmin era a decisão mais correta. Quanto à promessa de campanha de Serra de que ele cumpriria o mandato da prefeitura até o final, Goldman afirmou que Serra tem compromisso com os eleitores, mas que a maioria deles entende a decisão tomada agora. "Certamente vão apoiar ele no governo", afirmou. As articulações para que Serra fosse o candidato Tucano ao governo de São Paulo começaram antes da definição do nome de Geraldo Alckmin para disputar a Presidência pelo partido, no último dia 14. Três pré-candidatos que tentavam a sucessão de Alckmin - o deputado federal Alberto Goldman, o ex-ministro da Educação Paulo Renato e o secretário municipal de governo, Aloysio Nunes Ferreira - desistiram da disputa antes mesmo do anúncio de Serra. O único que persiste é o vereador José Aníbal. Ele afirma que vai insistir na candidatura e quer que o partido estabeleça um critério para a definição, como prévia ou pré-convenção. Caberá à Executiva estadual, que se reúne na Segunda-feira, esta definição.



NO BRASIL, FÚRIA À RESPOSTA MODERADA DE LULA À AÇÃO DA BOLIVIA
Quinta-feira, 4 de Maio de 2006

RIO DE JANEIRO, Brasil (NYT) - O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil continuou sua discreta abordagem na Quarta-feira ao movimento da Bolívia para tomar o controle de seu gás natural e indústrias petroleiras, puxando uma barreira de criticismo aqui para o que muitos consideram uma resposta fraca do Brasil. Lula foi criticado por sua resposta às mudanças na Bolívia. O Brasil é o maior cliente de gás natural da Bolívia, com mais que metade de sua provisão vindo de lá, e a companhia de energia controlada pelo estado Brasileiro, com mais de $1 bilhão de dólares investidos, é a única maior investidora na indústria de gás natural da Bolívia. Mas o Sr. da Silva, que publicamente aplaudiu a ascenção de um camarada esquerdista, Evo Morales, para a presidência da Bolívia em Dezembro passado, ofereceu uma resposta emudecida desde que a Bolívia anunciou na Segunda-feira que tomaria o controle de sua indústria de energia. A Bolívia tem a segunda-maior reserva de gás natural da América do Sul, depois da Venezuela. Empresários, oponentes políticos e amplos consumidores do gás natural no Brasil, que tem a maior economia da América do Sul, dizem que o Sr. da Silva foi pêgo no contra-pé pelo movimento da Bolívia e tem estado pouco disposto a agir decisivamente por causa da afinidade política com o Sr. Morales (um ex-produtor de coca diga-se de passagem). "O Brasil deveria ter previsto esta crise", disse Rubens Barbosa, um ex-embaixador Brasileiro para os Estados Unidos que trabalha agora como um consultor empresarial em São Paulo. "Por causa da sua ideologia" (qual é mesmo?), o Sr. Barbosa disse, "o presidente estava mal-preparado para defender os interesses comerciais do Brasil" (supunha-se que os interesses comerciais do Brasil fossem defendidos até o momento pelo Ministro do Exterior Celso Amorim). Aparte de afiançar uma garantia do Sr. Morales que o gás Boliviano continuaria fluindo para o Brasil, o Sr. da Silva limitou sua reação a dizer que ele negociaria com a Bolívia na Quinta-feira para proteger os interesses Brasileiros enquanto que respeitando as leis da Bolívia.
A uma fala em Brasília na Quarta-feira, o Sr. da Silva depreciou a conversa de uma crise entre os países, até mesmo defendendo os direitos das "sofridas pessoas" da Bolívia, a nação mais pobre da América do Sul, à reivindicar maior poder em cima das maiores riquezas que elas têm". Em uma reunião na Quinta-feira em Puerto Iguazú, Argentina, o Sr. da Silva planeja começar negociações com o Sr. Morales na companhia dos Presidentes Néstor Kirchner da Argentina e Hugo Chávez da Venezuela. Embora o Sr. Morales seja improvável de reverter os pontos principais da sua decisão, que exige que todos os operadores estrangeiros vendam o petróleo e o gás produzidos na Bolívia através de sua companhia de energia estatal, o Brasil espera que a presença dos dois outros líderes, ambos simpatizantes do Sr. Morales (novamente, um ex-produtor de coca), ajudará o Brasil e a Bolívia a achar área de concordância. Aldo Rebelo (um dinossauro comunista), o presidente da Câmara mais baixa do Congresso, disse que (...retirado porque comunista não tem vez nesta coluna). O gás Boliviano abastece muito da indústria do Brasil e um número crescente de plantas alimentadas por gás natural. As rendas dessas exportações de gás dão à Bolívia cêrca de 1/3 de suas rendas fiscais. Muitos críticos comparam a reação covarde do Sr. da Silva com a firme posição do Primeiro-Ministro José Luis Rodríguez Zapatero (um socialista) da Espanha que advertiu a Bolívia para não prejudicar os interesses da companhia de petróleo Espanhola Repsol-YPF S.A., uma das maiores companhias de petróleo operando na América Latina, o segundo maior investidor na Bolívia. O maior é a Petróleo Brasileiro S.A. ou Petrobras (aquela do 'O Petróleo é Nosso' - mas 'O Gás é Deles', a gigante de energia Brasileira cujos campos de petróleo Bolivianos sulistas serviram como base de prova para o decreto do Sr. Morales. Uma reação mais dura poderia incitar a Bolívia a ser mais agressiva aumentando sua margem de lucros quando negociar novos contratos com os investidores estrangeiros, como estipulado por seu decreto. Embora o Sr. da Silva ainda tenha que declarar sua candidatura, como esperado, para um segundo mandato nas eleições presidenciais de Outubro, preços de energia mais altos não assentariam bem com os eleitores. "Há tremenda preocupação de um aumento alto, a curto prazo nos preços do gás", disse Christopher Garman, diretor de pesquisa Latino-americana do Grupo Eurásia, uma empresa consultora. "O Brasil quer trabalhar suavemente na direção de um acordo aceitável".



NAS URNAS, LIDER DESCOBRE QUE SUA BASE PODE VIRAR AREIA
Terça-feira, 3 de Outubro de 2006

RIO DE JANEIRO, Brasil (The New York Times) - Até muito recentemente, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil predizia a vitória no primeiro turno em sua campanha para a re-eleição. Ele estava errado, e agora enfrenta o que promete ser a campanha mais árida e potencialmente perigosa de sua longa carreira, contra um oponente que ele e muitos outros tinham desconsiderado. O Sr. da Silva (continuo tratando esse cafajeste respeitosamente), um ex-metalúrgico e sindicalista de 60-anos que tem sido cercado por um escândalo após outro por quase 2 anos, reuniu 48,65% dos votos na eleição presidencial de Domingo, perto da maioria que necessitava para evitar o segundo turno no dia 29. Esse resultado assegurou uma segunda chance para Geraldo Alckmin do PSDB, que ganhou 41,6% dos votos. "Este está sendo um interessante segundo turno - esclarecedor, eu espero", um corretivo Sr. da Silva disse Segunda-feira à tarde numa coletiva de imprensa em Brasília. "Eu tenho que convencer o povo". O Sr. da Silva tinha parecido estar em seu caminho para uma esmagadora vitória até meados-Setembro, quando a polícia pegou operadores de seu esquerdista Partido dos Trabalhadores (PT) tentando comprar um falso dossiê que eles aparentemente achavam incriminaria o partido do Sr. Alckmin num escândalo de subôrno. Essa armação, que o Sr. da Silva diz que seus correligionários realizaram sem sua aprovação ou conhecimento, o colocou na defensiva, onde ele remanesce. "Este segundo turno está começando com Lula declinando e Alckmin crescendo, o que poderia conduzir ainda à mais surpresas se continuasse", disse Rubens Figueiredo, um analista político e consultor em São Paulo. "A opinião pública mudou em curto tempo por causa do caso do dossiê, que ainda não retomou seu curso". Em conseqüência, o segundo turno que o Sr. da Silva não queria nem esperava promete ser extraordinàriamente duro e cheio de contrastes. As diferenças não são tanto de idéias - ambos os partidos têm lutado pelo mesmo espaço à esquerda do centro desde que o Sr. da Silva moveu-se para o centro a fim de ganhar em 2002 - mas de personalidade e de estilo político. O Sr. da Silva, que foi um candidato em todas as 5 eleições presidenciais do Brasil desde que uma ditadura militar terminou em 1985, é emotivo, volúvel e carismático, o camponês pobre que fêz o bem e quer que todos o saibam. O Sr. Alckmin, um anesteologista de maneiras-suaves de 53-anos, não é nada daquilo, o que foi considerado originalmente uma passividade mas agora parece atrativo aos eleitores que dizem que ansíam por honestidade e competencia. "Ponham uma sotaina em Alckmin e ele parecerá como um padre de uma paroquia de vilarejo", disse Jairo Nicolau, um professor de ciência política da Universidade Candido Mendes, no Rio de Janeiro. "Ou para pô-lo de uma outra maneira, ele fala como o professor brilhante mas maçante que todos recordam da escola, o tipo do cara que sabe o preço de um metro quadrado de asfalto e gosta realmente dos detalhes da administração". Esta é a terceira vez que o Sr. da Silva está competindo num segundo turno, mas a primeira vez como incumbente. Em contraste com o resultado em 2002, quando ganhou quase em toda parte e terminou com mais de 60% da votação, ele enfrenta uma situação em que 11 dos 27 estados do país votaram a favor de seu rival no primeiro turno, incluindo todos os estados no sul industrializado e mais próspero. O fator mais impredizível na votação, entretanto, é o que uma colunista para o diário O Globo, chama 'a dimensão política' da campanha. A Polícia Federal ainda (!) está investigando o caso, e cada dia parece trazer uma outra rodada de manchetes que incriminam mais e mais os operadores do partido do Sr. da Silva e prejudicam sua imagem. "Quanto mais isso se arrasta, mais a oposição tem uma bandeira a explorar", o Sr. Nicolau disse. "Lula necessita trazer a campanha para a sua área mais forte, o que ele conseguiu, e não pode fazê-lo direito agora. Isso necessita ser resolvido tão rapidamente quanto possível, porque se for por outros 10 ou 15 dias, será devastador para ele, ou mesmo letal". O Sr. Alckmin sabe disso, e já começou a martelar por fora do Sr. da Silva e seus seguidores, dizendo que sua própria vitória significaria a 'ética derrotando a corrupção'. Em uma entrevista publicada Segunda-feira, ele também insinuou que uma blindagem estava a caminho para proteger o Sr. da Silva e outros próximos dele até após a eleição. "O problema não é somente a compra do dossiê, que é extremamente grave por si", o Sr. Alckmin disse na entrevista, em O Estado de São Paulo. "É lamentável que 15 dias mais tarde, as origens do dinheiro, as origens dos dólares, os detentores das contas bancárias não sejam conhecidas. Nada foi explicado" (Polícia Federal - Ministério da Justiça - Banco Central - Ministério da Fazenda). A imagem das pilhas de dólares Americanos e de reais Brasileiros ordenadamente envolvidos e empilhados numa mesa, publicada nos jornais um dia antes da eleição, ressoaram poderosamente por todo o Brasil. Como um colunista de jornal indicou, os $792.000 dólares envolvidos seriam bastantes para alimentar por um mês 28.000 das famílias registradas no programa Bolsa Família, a espinha dorsal dos esforços do Sr. da Silva para ajudar aos pobres. "Se o TSE o permitir, você irá ver repetidamente essa imagem na propaganda eleitoral televisiva de Alckmin", disse o Sr. Figueiredo, analista político. Os conselheiros da campanha do Sr. da Silva dizem que esperam deslocar o foco longe do dossiê, que o presidente comparou em sua coletiva de imprensa Segunda-feira como um tiro no pé. Eles querem focalizar na economia, que é estável (há décadas); na inflação, que foi contida (graças ao Plano Real e o FHC); no salário mínimo, e nos programas de bem-estar social como o Bolsa Família (desde o governo FHC). "A orientação do presidente é continuar mostrando o que nós fizemos e compará-lo com o governo precedente", Tarso Genro, um dos poucos conselheiros próximos restantes ao Sr. da Silva que não foi forçado a renunciar e não foi indiciado, expelido do Congresso ou investigado pela polícia, disse aos repórteres em Brasília na noite de Domingo. "Haverá muito de debate agora que não é um debate desigual de três contra um". Na última hora, o Sr. da Silva fugiu de um debate com seus três principais oponentes na última semana. Esta vez, todavia, o Sr. da Silva tem que tomar parte nos debates, 'não importa que perigos', o Sr. Figueiredo disse. "Os riscos são mais altos para ele e a situação favorece Alckmin, porque ele não está carregando o fardo ético que Lula é, mas Lula tem que mostrar que não desrespeita os eleitores" (para quem desrespeitou todas as instituições Brasileiras - traindo a Constituição que jurou cumprir, agora é tarde).



O EMBUSTEIRO É DESAFIADO NO SOCIAL ANTES DA ELEIÇÃO
Terça-feira, 24 de Outubro de 2006

BRASILIA, Brasil (Reuters) - Os centristas buscando negar a Luiz Inacio Lula da Silva um segundo mandato acusaram o presidente Brasileiro na Segunda-feira de crescimento econômico pífio e de beneficiar banqueiros ricos. Geraldo Alckmin procurou inverter a imagem de Lula como o campeão dos pobres em seu terceiro debate antes da eleição de Domingo, prometendo governar para os mais pobres do país e dizendo que Lula estava pagando aos bancos muito mais para rolar a dívida interna do que estava gastando em programas sociais. "O governo Lula beneficiou os banqueiros, pagando (anualmente) 156 bilhões de reais ($77.1 bilhões de dólares) em juros da dívida - (ele, o governo) é uma enorme concentração de riqueza", o candidato de 53-anos disse durante o debate nacionalmente televisado. Lula, 60-anos, replicou com ironia durante um debate que faltou com a acrimonia de outro mais cedo este mês. "Esses banqueiros são mal-agradecidos porque obtiveram tanto de mim e votam para Alckmin", o presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) disse. O ex-trabalhador de fábrica disse que os pobres do Brasil estavam comendo três refeições ao dia graças à sua luta contra a fome. Com seu Partido dos Trabalhadores flagelado por escândalos de corrupção, Lula não ganhou a re-eleição no primeiro turno em 1 de Outubro, mas estabeleceu uma vantagem de 62-a-38% sobre Alckmin, evitando ataques sobre a corrupção e acusando o ex-governador do Estado de São Paulo de querer cortar a despesa no social e vender empresas públicas estratégicas. Alckmin referiu-se repetidamente à uma campanha de boatos e dossiês contra os candidatos da oposição pelo Partido dos Trabalhadores, nas esperanças de implicar Lula diretamente. A polícia está investigando um assessor presidencial suspeito de comandar a campanha do dossiê. Lula respondeu que Alckmin 'tem batido a mesma tecla em três debates'. Alckmin atacou também o desempenho de Lula sobre as minorias, um dos principais pontos de marketing do presidente, dizendo que ele tinha feito pouco para os deficientes e pensionistas. O candidato da oposição prometeu cortar os impostos, que junto com a incerteza jurídica e uma moeda corrente sobrestimada, ele disse estarem minando a competitividade internacional do Brasil. "Lula está destruindo a indústria do Brasil", Alckmin disse, acrescentando que o crescimento econômico de 2,3% do Brasil era o segundo mais lento da América Latina, seguido somente pelo empobrecido Haiti. Os analistas dizem que a maioria dos Brasileiros estão melhores hoje do que há quatro anos atrás e são prováveis de levar Lula à vitória apesar dos escândalos de corrupção.



A VITÓRIA DO NEO-OBSCURANTISMO
Segunda-feira, 30 de Outubro de 2006

A primeira onda de crescimento sincrônico no mundo ocorreu no fim da década dos 1950s, com a criação do Mercado Comum Europeu, que repercutiu no Brasil com o desenvolvimento otimista da era Juscelino. A segunda onda de crescimento ocorreu na segunda metade dos anos 1960s até a crise do petróleo em 1973, quando se falava no 'milagre brasileiro'. O Brasil, num auto-isolamento decorrente de políticas ideológicas errôneas ainda dos tempos da Guerra Fria, ficou marginalizado na terceira onda mundial de crescimento - entre 1984 e 1990, prolongando-se até os dias atuais, quando subiram ao proscênio os países do Leste Asiático e mais recentemente, a China e a India. Após os 21 anos do regime militar (1964-1985), há que se reconhecer que o Brasil - em 21 anos (1985-2006) de governos das esquerdas, caminha para mais uma década perdida e que outra geração fracassou. Tendo tudo para atingir a grandeza, o Brasil patina na mediocridade. Tendo tudo para ser rico, o país hospeda milhões de miseráveis. Parecia que ambas - grandeza e riqueza seriam atingíveis antes do fim do século 20. Hoje, o sonho do Brasil grande potência se esvaiu em nosso encontro com a história, tendo perdido a liderança regional na America Latina e sendo humilhado até pela Bolivia. O crescimento econômico de 2,3% do Brasil é o segundo mais lento da América Latina, seguido somente pelo empobrecido Haiti. Pior - ao contrário do Mexico e do Chile, a falsa democracia das esquerdas no Brasil não permitiu sequer a formação de um único partido de oposição de centro-direita, o qual teria levado já em 2006 ao 'impeachment' de Lula.

Pode-se enganar algumas pessoas todo o tempo - pode-se até mesmo enganar todas as pessoas algum tempo, mas não se pode enganar todas as pessoas todo o tempo...


GALERIA DOS NOTÁVEIS: Alberto Santos Dumont, inventor e aviador - Ayrton Senna, piloto de corridas - Emerson Fittipaldi, piloto de corridas - Gilberto Freyre, sociólogo - Gonçalves Dias, poeta - Heitor Villa Lobos, compositor - Joaquim Nabuco, escritor - José Bonifácio de Andrade e Silva, líder político e geólogo - Lucio Costa, arquiteto - Machado de Assis, escritor - Marcia Haydee, dançarina - Maria Esther Bueno, tenista - Mario de Andrade, romancista - Oscar Niemeyer, arquiteto - Edson Arantes do Nascimento (Pelé), astro do futebol - Maria do Carmo Miranda da Cunha (Carmen Miranda), cantora e atriz - Joaquim Cruz, atleta de pista - Aurélio Miguel, atleta do judo - Torben Grael, iatista - Brasílio Itiberê, compositor, pianista e diplomata - Gustavo Borges, nadador - Oswaldo Gonçalves Cruz, médico e sanitarista - Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas, médico e sanitarista - Lélio Itapuambyra Gama, astrônomo - Peter Brian Medawar, zoólogo - Rodrigo Pessoa, cavaleiro - Oscar Schmidt, astro do basquetebol - Manuel de Abreu, médico, inventor da abreugrafia - Bidu Sayão, soprano - João Cabral de Melo Neto, poeta - Gustavo Kuerten, tenista - Nelson Piquet, piloto de corridas - Jorge Amado, escritor - Erico Veríssimo, escritor - Oswald de Andrade, poeta - Clarice Lispector, escritora - João Guimarães Rosa, escritor - Rachel de Queiroz, escritora - Carlos Drumond de Andrade, poeta - Vinícius de Moraes, poeta - Jorge de Lima, poeta - Monteiro Lobato, escritor - Cândido Portinari, pintor - Arnaldo Cohen, pianista - Camargo Guarnieri, compositor - Guiomar Novaes, pianista - Antônio Carlos Jobim, músico - Flora Purim, cantora - João Gilberto, músico - Milton Nascimento, músico - Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho), escultor - Manabu Mabe, artista - Lasar Segall, artista - Emiliano di Cavalcanti, artista - Tarsila do Amaral, artista - Roberto Burle Marx, paisagista - Mario Covas Junior, político e administrador público - Abigail Izquierdo Ferreira (Bibi Ferreira), atriz, diretora e cantora - Milton de Almeida Santos, geógrafo - Paulo Autran, ator e produtor teatral - Nelson Rodrigues, romancista e dramaturgo - Edgar Roquette Pinto, antropólogo - Vital Brasil, cientista.



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AUTOR: INTERNET NATIONS
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