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SIMULANDO A OPERAÇÃO DO TREM
         Um trem está parado na segunda linha da maquete, defronte a estação: um trem de carga geral com seis vagões hopper HFD "carregados" de grãos, mais dois vagões plataforma com contêineres e três tanques de combustíveis, engatados a duas U20C amarelas e cinza. A saída deverá "atrasar" um pouco, enquanto aguarda a passagem de um trem de passageiros que deverá chegar em sentido oposto. Cinco minutos depois o trem de  passageiros aponta na curva, puxado por um U20C ainda na pintura vermelha e amarela da RFFSA, com vários carros de aço carbono azuis e branco, e entra na estação pela linha da plataforma. Bandeira verde para o nosso trem. Antes de darmos partida, um teste de
resposta do sistema de freios: é "simulada" uma aplicação de emergência do freio e revisores, localizados na cauda do trem, "cronometrando" o tempo da queda da pressão do ar. O teste serve para que nos certifiquemos de que não há nenhuma torneira fechada ou semifechada ao longo do trem. o que prejudicaria seu desempenho e a frenagem, quando necessária. Quando o teste é concluído, estamos prontos para partir. Acelerador no 5º. ponto, até que todos os vagões tenham saído da estação. Nossa viagem será no sentido anti-horário do circuito oval da maquete. Passamos por pequenas casas, em ruínas, à beira da linha. "No passado" essas casas eram habitadas por operários que faziam a manutenção da via. Aos poucos essas equipes de manutenção foram sendo desativadas, e as habitações, abandonadas.
         Atravessamos a passagem de nível sobre os trilhos que dão acesso à mina. Quatro homens fazem serviços de manutenção nos trilhos. Apitamos e seguimos viagem. Abrimos todo o acelerador, em virtude da existência de um pequeno trecho em rampa logo à frente. Terminada a subida, soltamos o trem, que atinge 50 km/h, em escala HO, naturalmente. Entre acelerações e frenagens, caminhamos até avistarmos o sinal amarelo de aproximação que indica estarmos chegando perto da chave que dá entrada ao pátio da "estação seguinte". O auxiliar de estação está a postos com "bandeira vermelha". 
         Paramos para aguardar liberação do próximo trecho, bloqueado por um cargueiro que vai à nossa frente. Dez minutos depois, ochefe da estação recebe a liberação do staff e lá vamos nós para mais um trecho da viagem. O satff é a "licença" que permite ao trem trafegar em certo trecho da linha entre uma estação e a próxima. Para que o chefe da estação seguinte libere o trecho ou o staff para o nosso trem, é preciso que le tenha certeza que o vagão cauda do trem que viaja à nossa frente, tenha passado realmente na cauda da composição. assim ele garante que a linha está realmente livre para nós.
         Por isso, é importante reconhecer a numeração do vagão que está na cauda do trem. Nos dias de hoje todo o controle e acompanhamento dos trens é feito via satélite com aparelhos de GPS, e o staff tornou-se obsoleto, porém na maquete o Juliano ainda prefere simular o sistema antigo, pois traz de volta a sensação daqueles tempos em que as ferrovias eram mais românticas.
          Lá vamos nós para a última e mais difícil etapa da viagem: serão 15 km dos quais 12 km são rampas de 1%, rampa imaginária, naturalmente. Não fosse esse trecho em rampa e o trem poderia ser conduzido por todo o percurso com apenas uma locomotiva U20C, mas, como nas ferrovias reais, é a aprtir do perfil da linha que se define a formação das composições e das locomotivas. Mesmo que no percurso haja apenas um curto trecho difícil, a tração fica subordinada aos pontos onde possa ser acoplada ou desengatada outra locomotiva, ou seja, as estações principais. Assim, o pior perfil de um trecho curto pode afetar todo um longo percurso, conforme o equipamento disponível.
         Logo após a saída do pátio o trem entra numa "ferradura", uma curva muito acentuada à esquerda, sendo possível, da locomotiva, ver a cauda do trem quase lado a lado. Daí para frente, só trechos quase retos. Ponto 8 no acelerador, aguardarmos os 50 minutos (reduzido à escala HO) de subida dura para transpor os 12km.
          Estamos nos aproximando do final da viagem. Entramos no pátio da "ultima estação" pela linha secundária. Ao lado, uma U5B estacionada aguarda nossa chegada para desmembrar os vagões de nosso trem e conduzi-los separadamente às indústrias locais. desengatadas as duas U20C, estas seguem para o depósito de locomotivas.
          O objeto da descrição dessa "viagem" foi para mostrar como é possível o ferreomodelista simular uma operação real nas maquetes. Sentir como a velocidade de um trem pode e deve ser respeitado. Afinal, não é real medir a beleza de um trem pela sua velocidade máxima e constante. isso sugere que, não sendo possível reproduzir as distâncias na escala correta num trecho oval de maquete, devemos "aumentar a velocidade do tempo", ou seja, criar um "relógio mental", que gire algumas vezes mais rápido que um relógio convencional.
Areeiro construído a partir de um sinaleiro duplo de linha marca Life-Like e tanques de um caminhão de brinquedo.
Estação de passageiros construída com quatro kits Frateschi 1519. O projeto foi cedido pelo amigo ferreomodelista José Oscar V. Oliveira.
Detalhe da área rural com curral para animais marca Life-Like. A cobertura ao lado foi confeccionada em papel cartão e palitos de sorvete.
Estação/armazém de cargas modificada a partir do kit Frateschi 1519.
Depósito da locomotiva manobreira onde pode-se ver o painel interno de ferramentas e maquinário.
Está matéria foi publicada na revista TRENS MODELISMO n.50 de responsábilidade de José Agenor. S. Ferreira. Para maiores informações sobre a revista clique na capa da mesma acima.
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