E eu que pensei já ter aprendido
tudo da vida,
Que já estava imune às vicissitudes
existentes.
E eu que pensei resistir a tudo,
Passar por tudo, indiferente, alheia.
E eu que pensei poder a tudo ironizar sem
me tocar, sem temer.
E eu que pensei resistir a tudo, pensei
ser forte!
Vejo hoje que nada sou,
Que quase nada sei e que muito preciso
aprender.
Vejo que preciso pensar mais em mim mesma,
Ser mais dura em minhas decisões,
Mais realista,
Menos sentimentalista.
Vejo o amor maltratado,
A fidelidade ultrajada
E a sinceridade vilmente pisada.
Vejo a sensibilidade ser banida deste mundo
torpe.
E eu estou impotente diante de tantas máculas.
Sinto-me incapaz de continuar.
Arquejo num esganar de dor.
Por gritos,
Suplicio,
Imploro,
Oro,
Por uma mão,
Um olhar,
Um gesto amigo.
E me afogo no eco de minha voz perdida,
Perdida no negrume de meus passos
Oscilantes,
Hesitantes,
Tolhidos num vai-e-vem de angústia
E tristeza mórbidas.
E já não sei de mim!
Se grito,
Se choro,
Se soluço,
Se calo,
Se falo.
Já não sei dizer mais nada.
Eu já não sei quem sou
Uma criança sozinha,
Perdida na noite escura do mundo.
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Uma adolescente, pobre mocinha,
Tão triste,
Calada,
Angustiada,
Querendo ser alegre,
Atirada.
Uma mulher crescida,
Fingindo alegria,
Chorando num sorriso amplo,
Tentando,
Sofrendo,
Querendo,
Fugindo,
Amando com amor doido
De gente inconseqüente, sem futuro,
Sem exigências,
Aderindo Platão
Pronunciando!
Quem sou?
Não importa, já não
sei o que quero,
O que digo,
O que penso,
O que sinto.
Minto!
Angustia me envolve.
Rezo!
A luz se aproxima, o pecado foge.
Eu choro numa alegria desenfreada, num
tiritar de dentes intranqüilos, num bater de pálpebras incontido
As lágrimas caem,
Escorrem silenciosas de meus olhos
Miúdos.
Aí!...
Feriram-me!
Magoaram-me!
Mataram meu ideal!
Arrebentaram com o controle de meus nervos
Estou pasma.
Estou oca. Vazia... Estou só!
Sou um átomo no espaço infindo
Sou um nada perdido no tudo.
Sou o que não sou
O momento novamente me gerou,
Me ejaculou
E agora?
Tema:
Eu
preciso aprender a ser só.mid
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