TOQUES DE BERIMBAU | ||||
Música A música desempenha na Capoeira um papel fundamental. OS TOQUES DE BERIMBAU: Na prática da capoeira, à semelhança dos cultos do candomblé, o ritmo e o toque da orquestra é que regem o ritmo e o tipo de jogo. Assim, adquirem papel de primordial importância as características dos diferentes toques executados. “Os mais lentos, calmos, são os preferidos pelos ‘angoleiros’, mais apegados às tradições africanas e aos aspectos lúdicos da capoeira, considerada principalmente como um jogo de habilidades, coreografia e técnica, enquanto os ‘regionais’ são mais afeitos aos toques mais rápidos, que acentuam a belicosidade inerente ao conceito de luta, objetivo final desta última modalidade. Da mesma forma que em relação aos golpes, há divergências quanto aos nomes de origem dos toques; mestre Bola Sete, em seu livro A Capoeira Angola na Bahia, nos diz que "os toques básicos são em número de sete, facilmente identificáveis..." Os demais teriam sido criados por alguns mestres, utilizando-se de variações e repiques dos sete toques fundamentais, que são: Angola, São Bento, Santa Maria, Amazonas, Idalina, Benguela e Iuna. Além disso, os toques de Angola e São Bento podem variar, e se desdobrar em Angola Pequena e São Bento Pequeno, Angola Dobrada e São Bento Grande. "Na verdade, são os mesmos toques, só que nos dois primeiros omite-se a quinta batida da baqueta, substituída por uma pancada bem sutil no arame abaixo do barbante que liga a cabaça à verga, balançando simultaneamente o caxixi... São utilizados para o acompanhamento dos cânticos, das ladainhas ou dos corridos, quando os dois capoeiristas vão jogar lentamente, enquanto os dois últimos são usados exclusivamente para o acompanhamento dos cânticos corridos, quando o andamento do jogo pode ser moderado ou mais rápido. TOQUES E JOGOS: Santa Maria: utilizado para a execução de um jogo bastante técnico, em que os capoeiristas exibem toda a sua habilidade. Amazonas: jogo fechado, próximo do adversário; predomina a malícia. Idalina: jogo mais aberto e solto, indicado para a aprimoração dos golpes. Benguela: jogo em que os capoeiristas demonstram a sua capacidade para livrar-se de um ataque a mão armada. Iuna: jogo de movimentos lentos e rasteiros, sem o acompanhamento dos cânticos; é um toque de rituais, e exige perfeita coordenação dos movimentos, somente adquirida depois de muitos anos de prática da capoeira. Jogo para formados, mestres e contramestres. Há ainda outros toques, como o de Apanha Laranja no chão Tico-Tico, antigamente muito utilizado nas festas de Santa Bárbara, na Baixa dos Sapateiros. Os capoeiras jogavam tentando apanhar com a boca um lenço branco (ou uma nota de dinheiro) previamente jogado no meio da roda; o de Barravento, apropriado para um jogo em ritmo acelerado; o toque de Cavalaria, que antigamente era usado para avisar os capoeiras da aproximação da Cavalaria da Guarda Nacional; o de Samba de Angola, tocado quando se dança o samba-de-roda ou o samba-duro; ... Mestre Bola Sete expõe em seu livro (Capoeira Angola da Bahia, Pallas, Rio de Janeiro, 1997) uma curiosa grafia para descrever os vários toques: Obs.: tim = som agudo, com a moeda presa; tich = som abafado, com a moeda folgada; tom = som grave, com a moeda solta. Angola: tich... tich tom tim (tim) São Bento: tich... tich... tim tom (tom) Santa Maria: tich... tich tom tim tom Amazonas: tich... tich tom... tom tim Idalina: tich... tich... tim... tich tom Benguela: tich... tich... tim tom tim Iuna: tom... tom... tom... tom... tom tich... tich... tom... tich... tich... |