Uma vez me disseram que as coisas que a gente não faz quando é criança ou no tempo certo, acaba fazendo fora de hora. Sempre tive vontade de escrever um diário. No tempo certo, claro. Nunca consegui fazer isso, até por achar que não havia nada tão interessante assim para colocar nele. Talvez o que eu esteja tentando fazer aqui seja uma "compensação de diário não escrito". Diário é coisa de adolescente? Então, tudo certo. Estou em plena adolescência emocional, apesar dos meus (mais ou menos) bem vividos vários anos. Uma criança, quase, ainda. Pelo menos, em espírito. O corpo não acompanha muito essa idéia porque é teimoso. Envelhece de propósito. Essa minha puberdade emocional nem Freud explica. Talvez a soma desses anos todos tenha me feito perceber que, na vida, têm coisas que podem e devem ser feitas. Mesmo atrasadas. E estou me dando o direito de fazer algumas. Mas não vai ser um diário, não. Seria se fosse escrito diariamente, e sei que isso não vai acontecer do jeito que eu costumo começar as coisas no Saara, a mais de quarenta graus e terminar no Pólo Norte, abaixo de zero. Nem vai seguir uma ordem cronológica. São coisas do passado, presente e talvez do futuro que vou registrar aqui. Será principalmente um espaço onde posso colocar o que anda na cabeça e no coração e todas as maluquices nas quais de vez em quando costumo "viajar". E talvez as histórias, situações e idéias que já pensei muitas vezes ficariam quase interessantes se estivessem escritas. Também não tenho a pretensão de que isso seja nenhum "best-seller". Vou escrever porque gosto e talvez por sentir certa obrigação de fazer isso. Sabe a tríade: "plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro"? Já plantei uma árvore, uma vez. Filhos, tenho dois. Lindos, maravilhosos, que amo mais do que posso. E o livro? Estou pretensiosa, hoje. Ainda bem que ninguém vai ler. |
Helena C. de Araujo |
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