<BGSOUND src="//www.oocities.org/br/lucname007/RobertoCarlosOutraVezMPEG.wav" LOOP=INFINITE>
Os filhos de um amor que nunca "aconteceu"
Reina Batista era mulher decidida! Casada, mãe de dois filhos, cor morena nordestina, alma embalada pelas músicas e rimas da literatura de cordel; contudo infeliz.
Algumas vezes, caminhava sozinha sem destino, remoendo lembranças, tentando descobrir em que momento da sua vida havia se distanciado da alegria e do desejo de sorrir.
Naquela tarde de domingo, avistou um grupo de pessoas ao redor de alguém em uma pequena praça. Aproximou-se por curiosidade e juntou-se aos que ali estavam.

Cris Bartolomeu era homem feito. A esta altura da sua vida, acreditava já ter vivido todas as experiências e não esperava, no seu caminho, mais nenhuma surpresa.

O fato, é que estavam lá os dois! Ela ouvinte atenciosa; ele, orador eloqüente. Tinha por hábito, reunir os amigos ao seu redor nos finais de semana e declamar alguns dos seus poemas, apenas como forma de lazer e descontração.
Ela ouvia atenciosamente, ao passo que ele contava suas histórias, criando imagens e cenários que a todos levavam  em uma viagem pela imaginação.

Alguma coisa mudou no interior de Reina naquele dia. Saiu dali com esta certeza, e a de que voltaria outras vezes.

Na vez seguinte, chegou um pouco mais cedo, aproximou-se de Cris e começaram a conversar. Ela ouvia atenciosamente, como sempre, pois era mulher de poucas palavras. Ele falava de tal forma e com tanta propriedade que cada frase sua, parecia ter saido de um poema qualquer.

Muitas outras vezes conversaram por horas seguidas. A ele, não mais interessava a multidão e Reina transformou-se em motivo de tudo que escrevia.

Reina não podia levar aquilo adiante, pois colocaria em risco toda sua família e filhos, motivo dos únicos sorrisos que ainda teimavam desenhar seus lábios.

Nunca mais voltou àquela praça  e nem dela procurou notícia alguma. Abriu mão da própria felicidade pela felicidade dos filhos. Jurou a si mesma, não mais permitir aquele sentimento, por quem quer que fosse. Jamais foi vista novamente caminhando pelas ruas sem destino; tampouco deixou de ser infeliz.

Cris, no entanto, retornava como sempre fazia nos finais de semana e procurava por Reina na multidão. Em vão! Nunca mais foi o mesmo! A imagem de Reina ficaria marcada em fogo e brasa em sua mente, e em tudo que escrevia. Reina tornou-se motivo e assunto de todos os seus poemas: frutos e filhos desse impossível grande amor.

Esta é a história de Reina Batista e Cris Bartolomeu: A história dos filhos de um amor que nunca "aconteceu"!


                                
Surgistes do nada.
                                                   Tudo levou,
                                           Do pouco que eu tinha,
                                           Só a saudade restou!...

                                                                                        Carlos Lucchesi
***********************************************************************
Comente
Voltar