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ÉRIKA BENTO GONÇALVES

As mãos sujas do brasileiro

SÃO PAULO (SP) -
O brasileiro tem mãos sujas. Sujas da propina, da corrupção, do sangue da violência (vítima ou causador dela), da lama que invade as cidades nesta época de chuvas e, se não bastasse, de Staphilococus. Explico:

Uma
pesquisa recente mostrou que 100% das notas de euros que circulam em Dublin, na Irlanda, estão contaminadas com cocaína. Teoricamente, são notas usadas como “canudinhos” para aspirar a droga ou manuseadas por traficantes e usuários da mesma. Outro estudo recente mostrou que, em Madri, na Espanha, 94% das notas também apresentaram vestígios da droga e, nos Estados Unidos, a contaminação por cocaína se deu em 65% das notas de dólares.

Esta pesquisa me fez procurar os resíduos no nosso dinheiro. Pra que!

Aqui, no Brasil, análises feitas nas notas de real mostram uma realidade de outro submundo, que não é do tráfico de drogas (pelo menos não encontrei estudos sobre resíduso de cocaína em notas de real). A sujeira, aqui, é outra.

Todas as notas analisadas – de 1, 2, 5, 10 e 50 reais - apresentaram
contaminação de diversos microrganismos, principalmente a bactéria Staphilococus, presente nos alimentos. Numa pessoa saudável, ela é inofensiva, mas em uma pessoa doente, ela pode ser fatal em até 24 horas, já que a staphilococus aureus (encontrada em cerca de 25% das notas de papel e em 40% nas de plástico) é resistente a todos os antibióticos produzidos até hoje. Através de um simples corte na pele, por exemplo, ela pode causar infecções gravíssimas na pele, no pulmão e no sangue.

No
mês passado um funcionário de um hospital na Inglaterra morreu depois de ser infectado por uma variante desta bactéria. Outro paciente já havia morrido infectado da mesma maneira, durante o ano.

Enquanto nos países europeus a sujeira presente nas cédulas se dá por uma livre escolha (o uso da droga) aqui, o nosso dinheiro nos contamina pela pura ausência de higiene durante uma ação essencial do ser humano: o alimentar-se!

A conotação de “dinheiro sujo” ganha mais uma mão. Além do tráfico, de Brasília e de seus caixas 2, as mãos dos caixas das peixarias, dos açougues, das feiras-livres, do povo em geral também são imundas. Da falta de higiene, educação, sanidade básica de saúde! Falta de água e sabão.


São mais duas, portanto, as outras tristes realidades no nosso país. Nosso povo não tem dinheiro e nem comida, e, quando consegue uma coisa ou outra, ainda corre o risco de morrer por isso.

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Érika Bento Gonçalves. Jornalista, começou a carreira em 1994, em Poços de Caldas, sul de Minas Gerais. Passou de repórter a apresentadora e editora-chefe da emissora de televisão regional, Tv Poços. Em dez anos de trabalho em Minas atuou também nas áreas de marketing e jornalismo político. Foi coordenadora dos programas de televisão em duas campanhas políticas. Há três anos trabalha na Rede Record.
    


SEGUNDA
 15/01/2007

Érika Bento
Gonçalves é
jornalista da
Rede Record
de Televisão
















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