Este trabalho foi realizado no primeiro semestre de 1999 por:

Cinara Glaise Puglia,

Helena Maria de Moraes Silva,

Janaína Pérola D’Arcádia Fonseca Spolidorio,

Maria Ângela Ribeiro Barbosa,

Marlene Aparecida Medeiros,

Renata de Felice Del Monte e

Sílvio Augusto Ferreira

A Poesia de Cecília Meireles

O POEMA

"RIO NA SOMBRA"

 

 

 

Som

Frio.

Rio

Sombrio.

O longo som

do rio

frio.

O frio

bom

do longo rio.

Tão longe,

tão bom,

tão frio

o claro som

do rio

sombrio!

 

In OU ISTO OU AQUILO

ANÁLISE

No poema "Rio na Sombra" pode-se observar imediatamente após a leitura a presença muito forte da musicalidade. Formado apenas de duas rimas "io" e "om", sons contrários musicalmente, agudo e grave respectivamente, lembra o murmúrio das águas de um rio. Para que tal se aperceba é necessário que se faça a leitura em voz alta.

O poema apela para vários sentidos, usando sinestesia como em "som frio" (audição/tato). No decorrer do poema o "som" é frio, depois é longo e na última estrofe ele é longe, bom, frio e claro ao mesmo tempo.

Percebe-se que embora o poema não possua nenhuma forma verbal expressa pode-se notar a ação de movimento do rio, a passagem de tempo "longo som" e também estados como em "rio sombrio", "rio frio", "rio longo", etc…

Há também no poema ao menos duas percepções de continuidade e eternidade em "O longo som / do rio / frio" e "O frio / bom / do longo rio".

Nota-se também, como em outros poemas da mesma obra, a preocupação com a criança em fase de alfabetização, já que se trata de obra infantil. O poema que começa com um monossílabo no primeiro verso vai aumentando gradativamente, não passando, porém, de tetrassílabo. Quanto às estrofes começa com dois dísticos, dois tercetos e termina com uma sextilha, indicando uma evolução.

Para o primeiro substantivo "som" há apenas um adjetivo "frio", enquanto que na última estrofe o mesmo substantivo possui quatro adjetivos diretos "longe", "bom", "frio", "claro" e mais uma locução adjetiva "do rio sombrio", mais uma vez mostrando a possibilidade de evolução.

Enquanto os dois primeiros dísticos dão idéia de algo negativo "som frio", falta de afetividade, além da idéia de temperatura e "rio sombrio" como algo misterioso e portanto amedrontador as últimas estrofes transformam as mesmas idéias em pontos positivos "frio bom" e "...tão bom...o claro som / do rio / sombrio", mostrando que dependendo do ponto de vista algo que parece ruim pode na verdade ser bom, ou ao menos Ter uma função prática agradável como a água fria de ser boa para beber ou para refrescar o corpo em dias quentes. Assim como a sombra pode conter seres mágicos e assustadores pode também proteger do sol forte.

Quanto ao aspecto formal temos cinco versos monossílabos, oito dissílabos e três tetrassílabos podendo ser considerados como polimétricos; em dois dísticos, dois tercetos e uma sextilha. No tocante às rimas são misturadas, havendo apenas dois tipos: "io" e "om". No que diz respeito ao vocabulário existem apenas substantivos e adjetivos que se rimam misturadamente. Quanto ao som pode-se dizer que as rimas são puras com total identidade de sons a partir da sílaba tônica. No que concerne à acentuação as rimas são todas agudas, com exceção para o décimo primeiro verso que é grave.

A OBRA

PRODUÇÃO

Formada pela Escola Normal do Rio de Janeiro exerceu durante longos anos o magistério primário. Ensinou Literatura Luso-Brasileira e Técnica e Crítica Literárias, na Universidade do Distrito Federal. Lecionou Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas nos Estados Unidos. Foi jornalista, tendo sido responsável por uma seção sobre problemas do ensino no Diário de Notícias e uma seção de estudos do folclore infantil no jornal A Manhã.

Colaborou desde sua instalação com a Comissão Nacional do Folclore, sendo considerada uma autoridade no assunto. "...Nem todos terão aberto livros, na sua infância. Mas quem não terá ouvido uma lenda, uma fábula, um provérbio, uma adivinhação? Quem não terá brincado com uma canção que um dia lhe aparecerá noutro idioma? Quem não terá pensado e agido em função de exemplos que são os mesmos de outros povos, de outras eras, provenientes de um esforço análogo do homem para adaptar-se à sua condição na terra?"

Criou uma biblioteca infantil, a primeira do gênero no Brasil. "Quando ainda não havia bibliotecas infantil, não era tão grande e sensível a sua falta; o convívio humano as substituía. Tempos em que a família, aconchegada, criava um ambiente favorável à formação da criança. O livro vem suprir essas ausências. Tudo quanto se aprendia por ouvir contar, hoje se aprende pela leitura". Proferiu conferências no Brasil e no exterior.

"Toda a sua atividade voltada para a educação ela exerceu ao mesmo tempo em que se dedicava à poesia, construindo uma das mais importantes obras poéticas de nossa literatura. Isso me faz pensar nos seus versos e na contradição que eles representam sobre a própria autora.

«Quem sobe nos ares não fica no chão,

quem fica no chão não sobe nos ares.»

"Pois ninguém subiu mais alto que ela, nos ares da poesia. E, no entanto, enquanto educadora, seus pés se apoiavam firmes no chão. Com lucidez, com objetividade, mas também com beleza, integrando harmoniosamente seu trabalho. Que sem lucidez não se pensa bem a educação. Sem objetividade não se constrói em educação. Mas sem beleza não tem a educação nenhum propósito".

Acrescentamos ainda que ao afirmar nos versos do poema "Ou isto ou Aquilo" citados por Ruth Rocha, Cecília estava se referindo aos "mortais comuns", em cujo grupo ela com certeza não se encontra. Lá se vão trinta e cinco anos de sua morte e o seu trabalho, mostra-se atual e como ela própria imortal.

Cecília Meireles era uma dessas raras pessoas que não conseguem fazer algo mecanicamente, para manter-se economicamente. Quando abraçava uma causa era para dissecá-la e tentar resolver todos os problemas que encontrasse pela frente.

Ao tornar-se professora poderia simplesmente lecionar. Mas não se contentou com isso. Começou então a analisar os problemas da educação e dedicou-se com empenho nos problemas da literatura infantil. "O gosto de contar é idêntico ao de escrever e os primeiros narradores são os antepassados anônimos de todos os escritores. O gosto de ouvir é como o gosto de ler. Assim, as bibliotecas, antes de serem estas infinitas estantes, com as vozes presas dentro dos livros, foram vivas e humanas, rumorosas, com gestos, canções, danças entremeadas às narrativas."

Analisando cada ponto do problema formulou três conferências em Belo Horizonte, no curso de férias promovido pela Secretaria da Educação em janeiro de 1949. Em 1951 reuniu o teor das três conferências em um livro intitulado Problemas da Literatura Infantil a fim de integrar a "Coleção Pedagógica da Secretaria da Educação do Estado de Minas Gerais.

"Ah! Tu, livro despretensioso, que, na sombra de uma prateleira, uma criança livremente descobriu, pelo qual se encantou, e, sem figuras, sem extravagâncias, esqueceu as horas, os companheiros, a merenda... tu, sim, és um livro infantil, e o teu prestígio será, na verdade, imortal.

Cecília Meireles acreditava que se pudesse eleger uma Biblioteca Infantil que fosse única para todas as crianças do mundo, pensando em uma unificação de cultura "humanismo infantil", "na esperança de que, se todas as crianças se entendessem, talvez os homens não se hostilizassem. A formação das Bibliotecas Infantis corresponde a uma necessidade do nosso tempo, visto não existirem mais amas nem avós que se interessem pela doce profissão de contar histórias.…Deviam ser anotadas as preferências das crianças sobre as leituras para a informação dos que se dedicam ao estudo do assunto."

Cecília Meireles faz uma crítica aos livros que utilizam a imagem não para ilustrar, mas como forma de complementação do texto, ou seja, o texto não se basta para contar uma estória. Isso sem contar que hoje em dia existem livros que são verdadeiros brinquedos de montar de colar, livros tridimensionais onde a criança não lê, mas brinca. E no entanto ela ressalta: "Os livros que têm durado não dispunham de tamanhos recursos de atração. Neles, era a história, realmente, que seduzia – sem publicidade sem cartonagens vistosas, sem os mil recursos tipográficos que hoje solicitam adultos e crianças fascinando-os antes de se declararem, como um amor à primeira vista..."

Escreveu ainda CRIANÇA MEU AMOR onde com textos breves em prosa, de enorme lirismo, trazia pequenos preceitos de civilidade, de comportamento pacífico, de esperança e solidariedade aos pequenos leitores. Educadora amorosa dá lições de vida em pequenas estórias. "La Fontaine aludia aos encantos da forma como acessório vantajoso ao bom aproveitamento dos exemplos. Por parecerem fáceis, frívolas, essas lições não atrairiam o leitor, seduzindo-o como simples divertimento?" "Por mais frívolas e estranhas que sejam todas estas fábulas em suas aventuras, é certo que elas excitam nas crianças o desejo de se parecerem com aqueles que elas vêem se tornar felizes e ao mesmo tempo o temor Das desgraças nas quais caem os maus por sua maldade".

Em OU ISTO OU AQUILO, objeto do presente estudo usou todos os recursos de sua poesia amadurecida ao longo de sua obra. Por tratar-se de obra infantil, com um público alvo muito definido, vai mostrando em seus poemas toda a sua sensibilidade através de temas e objetos pertencentes ao mundo da criança. Usa linguagem clara.

A criança tende a interpretações literais e Cecília Meireles estava atenta a isso. A grande maioria dos poemas dessa obra são ou podem ser literais, mas nunca deixando que algum esforço de interpretação pudesse ser despertado nas crianças. "A literatura não é, como tantos supõe, um passatempo. É uma nutrição. A crítica, se existisse, e em relação aos livros infantis, deveria discriminar as qualidades de formação humana que apresentam os livros em condições de ser manuseados pelas crianças. Deixando sempre uma determinada margem para o mistério, para o que a infância descobre pela genialidade de sua intuição.

Especificamente no poema "O rio na sombra", em uma primeira leitura a criança passará ao seguinte ficando apenas com a musicalidade presente na poesia. Em uma Segunda leitura, pois a criança não se contenta em ler apenas uma vez, talvez passe direto por ele detendo-se apenas naqueles poemas mais simples ou que a toquem especialmente. Mas com certeza acabará por voltar àqueles mais incógnitos, pois o desafio está lá, chamando por ela. E mesmo que não consiga entender tudo o que ele contém, conseguirá formar uma sensação mental da imagem, do som, do frio... Ela estará sentindo tudo aquilo que as palavras não conseguem dizer. "Um livro de Literatura Infantil é, antes de mais nada, uma obra literária. Nem se deveria consentir que as crianças freqüentassem obras insignificantes, para não perderem tempo e prejudicarem seu gosto. Se a criança desde cedo fosse posta em contato com obras-primas, é possível que sua formação se processasse de modo mais perfeito".

TEMAS

Cecília Meireles aproveita todo o universo infantil e utiliza-o nos mais variados temas na obra OU ISTO OU AQUILO. No poema que dá título à obra o principal tema é a dúvida, onde traz a forte presença da antítese. O eu lírico mostra que a vida é feita de escolhas, e estas muitas vezes são difíceis de resolver. Nos dá a clara idéia de que tudo passa, tudo é efêmero, portanto, não há necessidade de temer decisões, pois, bons ou maus, os resultados passam assim como a vida também passa.

Para chamar a atenção do público-leitor-infantil, a autora utiliza elementos que fazem parte de seu convívio diário, de modo que a criança possa se identificar com a poesia por meio de algo significativo em sua vida. Aparecem figuras do folclore como brincadeiras de roda com os seus pregões e trava-línguas, brincadeiras como bolha de sabão, jogo de bola, dominó, patinete, a tinta com que a criança se expressa e se suja, etc...

Há também a intenção da autora no tratamento das dificuldades de alfabetização. Cecília Meireles foi professora sem regras fechadas. Ensinar para ela era como abrir a cortina de um palco, onde a beleza paira na ponta do pé, e tudo tem razão de ser. Desenvolve a aplicação do "lh" em "A folha na festa" ou em "Bolhas"

"...Olha a bolha de vinho

na rolha!

Olha a bolha!..."

Outro exemplo está em como mostra para a criança de forma divertida todas as possibilidades do "L" em "Canção de Dulce

"...Doce Dulce, doce

dócil, estendendo

pelo sol lençóis

entre anil e vento..."

Em "O Colar de Carolina", utiliza a sua técnica misturando as consoantes líqüidas com toda a sua sensibilidade:

"Com seu colar de coral,

Carolina

corre por entre as colunas

da colina..."

Outro tema da obra OU ISTO OU AQUILO é a abordagem sobre o comportamento da criança durante sua passagem para a puberdade. Cecília Meireles consegue, por meio de diversos recursos, metáfora, aliteração, sinestesia, etc, chamar a atenção do leitor de forma cativante, já que ao ler estes poemas somos contagiados por sua musicalidade e sua forma de apresentação. Cecília Meireles quase faz desta metamorfose uma brincadeira, na qual nos convida a participar, seja relembrando nossa puberdade, seja tranqüilizando o adolescente, mostrando que seu comportamento é normal. Esse tema pode ser observado em "Moda da Menina Trombuda"

"...da menina trombuda

que muda de modos

e dá medo.

....................................

...e já não é trombuda..."

O tema da solidão, tão presente em toda a obra de Cecília Meireles, é lembrado em "A língua do nhem" onde a velhinha que vive sozinha resmungava e aos poucos percebe que tinha a companhia de seus bichinhos:

"...E estava sempre em casa

a boa velhinha,

resmungando sozinha

nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem..."

O sonho é algo muito presente no mundo infantil e existem vários poemas abordando esse tema. Em "Sonhos da Menina" a realidade mistura-se aos sonhos. A menina não sabe se a flor está no sonho ou na fronha. A criança mistura sonho e realidade e vive no mundo da fantasia.

"...A lua com que a menina sonha

é o linho do sonho

ou a lua da fronha?"

"Cantiga para Adormecer Lulu" descreve a realidade cruel vivida pelos menores atingidos pela falta de solidariedade alheia, distante para com a sua triste sina: a fome. Fome esta criada pela desumanidade dos adultos e autoridades que permitem que uma criança atirada em um cantinho, rejeitada por aqueles à sua volta, cegos em relação ao menor, que na maioria das vezes morre pelas mãos daquilo que um dia se chamou humanidade:

"...A lombriga ia ficando maior

que o anjinho de São Paulo!

(Que horror!)..."

 

 

CARACTERÍSTICAS

A musicalidade é característica constante na obra de Cecília Meireles. A música faz parte da vida da criança. Alguns poemas da obra em questão parece que foram feitas apenas para que a musicalidade transbordasse do coração de Cecília. O eu lírico utiliza a sonoridade para despertar a conscientização do leitor por meio de uma evolução e um jogo de palavras fantástico. Em "Lua depois da chuva" utiliza a rima "uva" para demonstrar a tristeza e a solidão da viúva:

"...Olha a chuva:

molha a luva

e o guarda-chuva

da viúva..."

ma seqüência de "ão" é usada em "O chão e o pão" demonstrando a evolução da vida e como tudo começa no chão e a ele volta, demonstrando no último verso um sentimento de descontentamento com o desfecho.

"O chão.

O grão.

O grão no chão.

O pão.

O pão e a mão.

A mão no pão.

O pão na mão

O pão no chão?

Não."

Como em toda a poesia de Cecília Meireles está presente a efemeridade das coisas e da vida. Pode-se perceber tal característica claramente nos versos de "As duas velhinhas"

"...Ontem, eu era pequenina,

diz Marina.

Ontem, nós éramos crianças,

diz Mariana..."

Outra característica da obra de Cecília Meireles é a abordagem de temas com humildes manifestações da vida, seres diminutos, episódios singelos. Tudo isso é representado através de seres da natureza, que estão presentes por toda a obra. Sabemos que a criança adora os animais em especial aos pequeninos pois refletem o ser pequenino que elas próprias o são. Em "O cavalinho branco" pode-se observar essa característica.

"...Descansa entre flores, cavalinho branco,

de crina dourada..."

Em "Leilão de jardim" há a presença de uma infinidade de pequenos seres que às vezes nem notamos:

"...borboletas de muitas

cores,

lavadeiras e

passarinhos,

....................

...Um lagarto entre o muro

e a hera,..."

Outra característica de Cecília Meireles presente na obra OU ISTO OU AQUILO é tratar da morte com naturalidade mostrando que ela acreditava que existiria algo depois da morte. No poema "O último andar" o eu lírico usa o misticismo para nos remeter a uma possível separação do material (corpo) e do espiritual. Como nos mostra a vida "lá de cima", ansiando lá morar, não é possível no plano material. Logo o anseio pela morte, e a descoberta enfim de que há um lugar melhor, nos é insinuado neste poema.

"No último andar é mais bonito:

do último andar se vê o mar.

É lá que eu quero morar..."

CONCLUSÃO

Como conclusão queremos ressaltar que embora toda a obra de Cecília Meireles seja sempre trazida como algo pessimista, triste, melancólico, podemos notar em todo o trabalho educacional efetuado pela autora uma produtividade muito positiva e muito otimista quanto ao futuro. Em nenhum momento da obra pudemos definir um eu lírico passivo, mas sempre atuante. E em todos os poemas da obra ora estudada pudemos verificar que embora a vida fosse realmente efêmera para a autora ela sempre propõe ao seu público que ele faça o seu próprio destino. Mostra-nos também que dependendo do ponto de vista aquilo que parece ruim pode vir a ser considerado como bom desde que tenha um uso prático.

Talvez Cecília Meireles esteja querendo nos dizer que "Deus escreve certo por linhas tortas" ou algo parecido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

 

Damasceno, Darcy

"Poesia do Sensível e do Imaginário"

in Meireles, CecíliaOBRA POÉTICA

1987 – Rio de Janeiro

Editora Nova Aguilar

 

Meireles, Cecília (1901-1964)

PROBLEMAS DA LITERATURA INFANTIL

Terceira edição - 1984 – Rio de Janeiro

Editora Nova Fronteira

 

Meireles, Cecília

CRIANÇA MEU AMOR

Quarta edição – Rio de Janeiro

Editora Nova Fronteira

 

Meireles, Cecília

OU ISTO OU AQUILO

Sétima edição – 1990 – Rio de Janeiro

Editora Nova Fronteira