Foi o primeiro grande poeta do Romantismo brasileiro e o de obra mais perene e consistente. Nasceu em Caxias, MA, em 10 de agosto de 1823 e morreu no naufrágio de ville de Boulogne, no Baixio dos Atins, MA, em 3 de novembro de 1864.
DEUS
“Toujours lui, - lui partout.”
V. Hugo
No côncavo rochedo o mar em iras
Convulsivo rebenta em flórea espuma
E além, enovelado rebramando
Na paria nua quebra;
De açafroadas nuvens despedido
Reboador trovão estruge ao longe
E a rouquejar nos ecos afastados
De roldão emudece;
O astro inefável, a perdida estrela,
Bela vagueia na azulada esfera,
D’espaço a espaço a intensa escuridade;
Temerosa rasgando;
O empinado rochedo austero e mudo,
Titão adormecido entre as borrascas,
Na base pedestal sente ufanoso
Arquejaram as vagas;
Da margem o salgueiro, a voz das aves,
O choro do oceano embravecido,
Da terra e céu as harmonias santas
Se abraça, sussurrando;
E o que nos diz tudo isso – o que responde
Nossa alma embevecida, a mente acesa,
E alado em preces o pensar altivo?
por toda a parte Deus.
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