É enorme e absolutamente perceptível, tanto ao cantor quanto ao orador, a diferença entre uma emissão de voz com o corpo livre de tensões e na situação inversa.

O primeiro passo para se trabalhar esta questão, é aprender a identificar e localizar as tensões existentes, ou seja, desenvolver a sensibilidade ou a auto-percepção.

No caso das tensões musculares, que atingem mais intensamente a região dos ombros e pescoço, devem ser percebidas e eliminadas antes de se iniciar qualquer tipo de trabalho com a voz, pois podem causar tensão nas cordas vocais e propiciar uma "batida" brusca das mesmas, criando possibilidades de edemização ou uma evolução para um "calo das cordas vocais", o que apresentará um resultado sonoro de disfonia e rouquidão.

É importante observar que muitas das tensões existentes têm origem em vícios posturais, que devem ser observados e corrigidos. Para tal, existem excelentes técnicas atualmente, como a RPG (Reposturamento Global), o Rolfismo, a Técnica de Alexander (já bem antiga, porém conhecida por poucos), bem como algumas manobras de auto-massagem, alongamento e pontos de reflexologia. Em breve disponibilizarei maiores informações sobre cada uma destas técnicas.

No referido processo de sensibilização ou desenvolvimento da auto-percepção, são grandes aliados os exercícios de respiração, estando alguns disponíveis no link referente a este assunto.

Uma vez identificadas as tensões, passamos a trabalhar diretamente com elas, através de exercícios de massagem, alongamento e aqueles de relaxamento propriamente ditos...

Recomendo que se inicie com os movimentos mais amplos e exercícios mais generalizados, para depois passar aos mais sutis. Assim, sugiro a seguinte seqüência:

1. Alongando: Em pé, com pernas ligeiramente afastadas, levantar os braços, esticando-os ao máximo, acima da cabeça, concomitantemente a uma inspiração nasal. Permanecer "esticado" durante alguns segundos e em seguida soltar (relaxar) os braços, deixando que "caiam" (repousem) ao longo do corpo, acompanhados de uma expiração bucal no mesmo ritmo.
2. Alongando II: Neste movimento, comumente chamado de "cachoeirar", ergue-se novamente os braços, acompanhando o movimento com a inspiração, e em seguida, expira-se relaxando os braços, mas desta vez, em ritmo um pouco mais lento e acompanhado de um movimento da coluna, para a frente, até que o tórax desça completamente, levando as mãos na direção dos pés e permanecendo nesta posição durante alguns segundos. A volta ocorre de maneira lenta, gradual e independente da respiração, pois que o movimento deve ser muito lento e deve-se prestar muita atenção ao movimento da coluna, procurando "encaixar" cada vértebra, sentindo seu retorno à posição vertical.
3. Articulações : Procurar movimentar suavemente e com movimentos circulares, uniformes e nos dois sentidos (horário e anti-horário), uma a uma, todas as articulações do corpo, iniciando pelos pés, passando aos joelhos (pessoas com problemas nesta articulação não devem movimenta-la sem orientação), depois à cintura (movimento do bambolê), ombros, cotovelos, mãos, pescoço (não se deve falar enquanto se movimenta esta região).
4. Massagens no rosto : Na posição sentada, com uma boa postura, massagear os músculos da face, base da língua (região entre queixo e pescoço, geralmente dolorida), traquéia, masséter (o "músculo da mastigação"), laterais do nariz, sobrancelhas, testa, base do couro cabeludo e nuca. Geralmente esta massagem traz uma sensação muito agradável de alívio imediato de tensões, sendo que algumas destas nem mesmo estavam sendo conscientemente percebidas antes deste processo.