"A minha mãe é branca, o meu pai é negro e a minha bisavó é índia. O que eu sou?"



Pode-se afirmar que cerca de 50% dos morenos-mestiços, isto é, dos brasileiros de cor morena e de aparência mestiça, não sabem direito o que são. Apenas 40% deles sabem que são ou se identificam como mestiços. Alguns não sabem sequer o que significa a palavra mestiço. Isso se deve, por um lado, à decadência do sistema de educação pública e, por outro, às ideologias racistas que depreciavam (e ainda continuam a depreciar sutilmente) as pessoas de aparência mestiça. Uma delas era conhecida como a teoria do branqueamento. Ela foi substituída, em meados dos anos 1990, pela teoria do enegrecimento. Esta ignora atualmente a existência de morenos-mestiços no Brasil e afirma que o Brasil é "o maior país negro do mundo, depois da Nigéria". Os teóricos do branqueamento sonhavam, por outro lado, com um Brasil branco e sem pessoas de aparência mestiça, negros e índios.

A ideologia do branqueamento começou a entrar em decadência no final da década de 1920, mas ainda ecoou numa publicação do Ministério das Relações Exteriores na década de 1960. Tal publicação afirmava que a maioria da população brasileira era branca e que a porcentagem de mestiços havia diminuído. As atuais publicações oficiais, por outro lado, não mencionam a palavra "mestiço" e afirmam que todos os pardos - como são denominados oficialmente os morenos-mestiços - são negros ou apenas descendentes de africanos.

Alguns livros escolares dos anos 1970 e 1980 mostravam numa ilustração as seguintes denominações tradicionais referentes aos brasileiros nascidos da mestiçagem entre pessoas do grupo indígena, negro e branco: caboclo ou mameluco (branco + índio), mulato (negro + branco) e cafuzo (índio + negro).Tal ilustração não apresentava o mestiço descendente dos três grupos mencionados (ler "O Mestiço Multiétnico" no menu). Tampouco se fazia - e ainda pouco se faz -referência ao mestiço de origem oriental.

Estudos recentes de Genética Molecular demonstraram que há muitos brancos de origem africana e indígena e, por outro lado, muitos negros de origem européia e indígena (ler "Brasil Mestiço" no menu). No entanto, o descendente de aparência mestiça destas três matrizes será denominado mestiço multiétnico ou moreno-multiétnico por questões de identidade. Este site pretende chamar atenção para este mestiço.


24/7/2008