Morre José Armelim
(1915-2004),
neto de Bernardo Guimarães
Morreu no dia 22 de setembro de
2004, aos 89 anos, o mineiro e itajubense José Armelim Bernardo Guimarães, estudioso de
Bernardo Guimarães e neto do poeta e romancista. Armelim escreveu duas
biografias sobre o seu avô paterno: “Assim Nasceu a Escrava Isaura” (1985
– Editora Imprensa do Senado Federal) e o inédito “Bernardo Guimarães, o
romancista da abolição”, cujos capítulos estão sendo transcritos neste
site (ver ao lado). Parte das informações deste site foi extraída
do “Assim Nasceu a Escrava Isaura”.
Foi sepultado na manhã do dia
23, no cemitério de Itajubá.
Em 1998, Armelim escreveu para
este site depoimento no qual ressalta o seguinte: “Sempre fui um fascinado
admirador de meu avô paterno, do qual muito me envaideço de descender,
encantado com sua vida inteiramente consagrada à arte literária, com seu
talento criativo e seu devotamento a Minas Gerais e ao Brasil, e ainda com seu
temperamento do homem desambicioso, inimigo e fugitivo de gloriolas sociais, da
pabulagem e da sofomania, mas um genial enamorado da natureza, um entusiasta do
viver simples do sertanejo, um escravo da estesia, um boêmio sui generis, à
moda d'ele...”
Em fevereiro de 2001, quando o
editor deste site esteve com Armelim, ele queixou-se do fato de nenhuma editora
ter-se interessado por “Bernardo Guimarães, o romancista da abolição”.
Disse que cópias dos originais do
livro tinham sido enviadas para algumas editoras, mas em vão.
Informou que havia pouco tempo
as águas de uma enchente tinham invadido a sua casa, na altura de um metro, e delas ele tinha
conseguido colocar a salvo algumas raridades: manuscritos de páginas de livros
de Bernardo Guimarães.
Já naquela época, a saúde de
Armelim se mostrava debilitada. Ele inclusive estava com problema de audição e
tinha diabetes. Recentemente quebrara a perna e chegara a ser internado um dia
antes de morrer.
Armelim era filho de Pedro
Bernardo Guimarães (1884-1948), o primeiro historiador de Itajubá e filho
caçula de Bernardo Guimarães, e de Gabriela. No "Assim Nasceu a Escrava
Isaura", ele conta que o seu pai morreu em seus braços.
Como o seu pai, também
dedicou-se à história de Itajubá. Escreveu “Efemérides Itajubenses”, “Colméia
Itajubense”; “Famílias Tradicionais de Itajubá”, “Itajubá
Contemporâneo” e “História de Itajubá”
Ainda escreveu “Wenceslau
Braz, o Mineiro que Dobrou o Caudilho” (1966 - Editora Gráfica O Sul de
Minas). Por mais de quarenta anos publicou crônicas históricas no semanário
“O Sul de Minas”, de Itajubá.
Teve doze filhos: Isabel, José
Nogueira, Maria Aparecida, Agostinho, Fabiano, Tereza, Anchieta, João Bosco,
Fátima, Bernadete, Eugênio e Gabriela.
24 de setembro de 2004
Troca de e-mail
entre Marcelo Guimarães,
neto de Armelim, e o editor deste site
Data: Fri, 24 Sep 2004
00:36:34 -0300
Assunto: Armelim Guimarães
De: mgfmalta
Para: "Paulo Roberto Lopes"
Prezado Paulo,
Sinto lhe informar que meu avô Armelim Guimarães faleceu na tarde de 22 de
setembro. Para mais informações entre no site www.projesom.com.br.
Marcelo Guimarães
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Para: Marcelo Guimarães
Data: Fri, 24 Sep 2004 15:19:01 -0300
Assunto: Fwd: Armelim Guimarães
Caro Marcelo, lamento a morte do seu avô. Ele foi um homem cujo valor não
teve o merecido reconhecimento.
Comuniquei a morte a Bebel, tia
de minha ex-mulher. Bebel telefonou para aí, Itajubá, e comunicou os pêsames a
Eugênio [filho de Armelim].
Coloquei no site de Bernardo Guimarães a notícia da morte, conforme você
poderá verificar neste link:
http://geocities.yahoo.com.br
/paulopes.geo/armelim2.htm
Na notícia, falo da visita que fiz a Armelim em fevereiro de 2001.
Naquela época, ele se mostrou frustrado com o fato de o livro "Bernardo
Guimarães, o romancista da Abolição" não ter despertado o interesse das
editoras.
Tirei então uma cópia dos originais do livro e aos poucos estou transcrevendo-o
no site. Assim, além de enriquecer o site, estou realizando um desejo do seu avô.
Um abraço.
Paulo
PS.: O site continua aberto para toda e qualquer
nova informação sobre Bernardo Guimarães e sobre o seu avô.
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From: Marcelo Guimarães
To: Paulo Roberto Lopes
Date: sat, 25 Sep 2004 04:35:07 - 0300
Subject: Armelim Guimarães
Prezado Paulo,
Muito obrigado por estar realizando o desejo de meu avô.
Gostaria que você soubesse de uma coisa: Duas semanas antes de sua morte ele me
entregou um livro ("Assim Nasceu a Escrava Isaura"), que era para ser
entregue a você em forma de agradecimento. Eu logo entraria em contato com você,
para saber como entregá-lo.
Então gostaria muito de entregar este livro a você. Se for possível, me passe
seu endereço ou caixa postal.
Foi uma pena ele não ter tido tempo para colocar uma dedicatória, mas mesmo
assim gostaria muito de entregá-lo, pois esse foi o último livro que ele
entregou em minhas mãos.
Muito obrigado, Paulo, por ajudar a manter viva a memória de meu avô.
Um abraço
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From: Paulo Roberto Lopes
To: Marcelo Guimarães
Date: Sat, 25 Sep 2004 12:12:10 - 0300
Subject: Re: Armelim Guimarães
Marcelo,
Fiquei comovido em saber que
seu avô deixou um de seus livros, o “Assim Nasceu a Escrava Isaura”, para
ser entregue a mim. Principalmente porque sei da importância que ele dava aos
livros.
Como ele não pôde deixar
dedicatória, peço-lhe que você mesmo escreva na primeira página do livro que
se trata de uma lembrança de José Armelim. Ficarei grato se eu tiver
uma dedicatória sua em nome do seu avô.
Espero que a gente volte a se
comunicar sobre o que mais pode ser feito pela memória de Armelim. Tenho
algumas fotos nas quais apareço com ele, e oportunamente pretendo colocá-las
no site.
O meu endereço segue abaixo.
Um abraço.
Paulo
PS.: Tomei a liberdade de
colocar no site, na página da notícia da morte do seu avô, a nossa troca de
e-mails destes últimos dias. Se você fizer objeção, retiro-a. Também coloquei
na mesma página links para os capítulos do "Bernardo Guimarães, o
romancista da abolição".
Depoimento de
Armelim
Árvore genealógica
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Armelim morreu aos 89 anos
"Bernardo Guimarães, o
romancista da abolição"
livro inédito de José Armelim
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