No reino da
felicidade
por Armelim
Guimarães (do livro inédito "Bernardo Guimarães, o
romancista da Abolição")
Bernardo Guimarães,
residindo na Rancharia, tinha de cavalgar quase duas léguas nos dias
em que havia suas aulas no Liceu Mineiro, o que era realmente um
sacrifício. Via-se obrigado a pernoitar na cidade, em casa de algum
amigo para, no outro dia, após outras aulas, regressar à fazenda.
Adquirindo o sobrado das Cabeças, a boa sogra livrou, afinal, o
genro professor da estafante jurema, "desse penar de Sísifo",
conforme classificou Sousa de Ataíde, indo Bernardo morar no
espaçoso casarão, dentro da urbe metropolitana da então
Província.
Ouro Preto, a Vila Rica dos
dias coloniais, a vetusta cidade de tão profundas evocações cívicas,
esplêndido escrínio de relíquias da história, da fé e da arte, é,
pelo misticismo de suas igrejas e seus sinos, e pelos estigmas
impressionantes deixados pelo sangue dos mártires da liberdade, o
colendo Panteão de lêmures de horas sinistras e de vultos vinculados
a glórias da mais sadias tradições mineiras patrióticas. Cada
sobrado, cada ponte, cada chafariz, cada praça, cada templo, cada
campanário, cada pedra, cada escultura ali fala, com mais ênfase e
veemência do que qualquer compêndio, das horas faustosas ou
tenebrosas que marcam, minuto por minuto, o passado das
Gerais.
Entre os lugares de maior
significação histórica da lendária Vila Rica, salienta-se o bairro
ou Alto das Cabeças, de lúgubre memória, assim denominado em alusão
às cabeças dos enforcados que ali se justiçavam, no Campo da Porca,
próximo à Capela do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em tempo idos
conhecida por Capela de São Miguel e Almas.
Precisamente
naquele canto expiatório, povoado de manes dos sentenciados e
envolto nas sombras da ameaça e da morte, é que ainda está de pé,
neste começo do século 21, o sobrado em que residiu e em que faleceu
o romancista de "A Escrava Isaura".
O que se passava naquela
banda de Ouro Preto, nos tempos cruentos e macabros do Brasil
Colônia, era de suma tetricidade. O próprio Bernardo nos conta, em
"Uma História de Quilombolas" (incluídas em "Lendas e Romances", o
que de fúnebre e medonho ele poderia ter presenciado da janela do
casarão em que agora residia. O préstito sinistro, com o seu piquete
de cavalaria, o carrasco, a Irmandade da Misericórdia com o seu
guião negro, o sacristão com as campainhas agourentas, o escrivão,
os guardas e esbirros, e toda a multidão que, com aparantosa
solenidade, levava o condenado até a rua das Cabeças, ao Campo da
Forca, bem juntinho da casa construída pelo Padre Gatto, onde,
depois do enforcamento, lhe era decepada a cabeça, que pertencia à
Justiça.
Pois foi no meio desse cenário impressionante e de
opróbrios das leis de então, denunciante das horas severas do
despotismo lusitano, no trágico Alto das Cabeças, que se construiu o
enorme sobrado, que tempos depois seria do poeta e prosador Bernardo
Guimarães, herdado de D. Felicidade Gomes de Lima, sua boníssima
sogra. É um solar amplo e arejado como todas as pesadas residências
daqueles idos. As novas janelas do pavimento superior, que mais se
assemelham a portas, são guarnecidas por varandins ou balcões de
balaustradas de madeira. Em baixo há as desmedidas portas, que se
apóiam sobre a calçada. O pare Manuel da Silva Gatto construíra-o,
no século XVIII, para sua residência. Essa velha mansão, no qual
faleceu o poeta ouro-pretano, depois de ter mela residido, por
muitos anos, D. Teresa Guimarães com seus filhos, foi aproveitada
para asilo de velhinhos desamparados, e assim estava até o final do
século passado.
Em 12 de junho de 1825, precisamente o ano em
que nasceu Bernardo Guimarães, à sombra sinistra desse sobrado,
iria, pela última vez, ocorrer um enforcamento. Porém, "à ultima
hora chegou o perdão real, e o condenado, prestes a ser executado,
libertou-se". (Eponina Ruas, Ouro Preto, Rio, 1950). Era o bom
fadário do poeta vila-riquense que repelia, para sempre, o patíbulo
impiedoso, que um dia seria sua.
O romancista mineiro sempre
pilheriava com o nome de sua sogra. A Augusto de Lima, que o visitou
na Rancharia, disse ele:
-- Não me queixo da sorte. O meu
destiino é de tal ordem, meu amigo, que a minha sogra tem o nome de
Felicidade.
Referindo à Teresa, repetia o poeta:
-- É
meu anjo tutelar. Pudera! Pois nãão foi a Felicidade quem ma
deu?
Realmente, D. Felicidade -- a vovô Dade, como lhe
chamavam os filhos de Bernardo -- foi, para com o escritor,
uma verdadeira Felicidade. Ela que o amparou, que lhe propiciou
sustento, a ele e à família, por muito tempo, e ainda o
teto.
Carlos José dos Santos conta as seguintes ocorrências,
e o episódio interessante por ocasião de uma das viagens semanais do
poeta a Ouro Preto, onde era professor:
"Tempos depois,
passeando nós dois juntos, Bernardo disse de
repente:
"-- Carlos, fostes meu discípulo e és
meu amigo; devo casar-me com D. Teresa?
"Respondi-lhe
afirmativamente e, depois de caso, pagou-me ele este conselho,
abraçando-me, em uma expansão de alegria:
"-- Carlos, foi uma
felicidade para mim casar-me com a filha de Dona
Felicidade!
"Realmente, D. Felicidade tratava o poeta com o
carinho de uma verdadeira mãe. Depois de seu casamento, Bernardo
residiu muito tempo com ela, mp sítio Rancharia.
Foi nesse
tempo que se deu o seguinte episódio:
"Em companhia do
Comendador Paula Santos (avô de Santos Dumont), eu acompanhava a
Brigada Mineira que, sob o comando do Coronel Galvão, partia de Mato
Grosso, Lá estava também o poeta. Apenas me viu, chamou-me de parte,
e disse:
"-- Minha sogra, Carlos, há mais de três meses não
me deixa tomar uma teles.
"Perto, o rancho regurgitava de
passageiros, de regresso do Rio de Janeiro. Fomos para lá e
entramos. Muitos estavam sentados em suas redes de tucum e outros em
suas canastras. Nenhuma atenção nos deram, pois não conheciam o
poeta. Bernardo tirou um tição e, acendendo o cigarro, disse
calmamente (alguns versos), e, fitando um, que estava na rede mais
próxima, começou a declamar bestialógicos engraçados. Todos
acorreram e escutaram atentos. Bernardo continuou recitando versos
pantagruélicos, gênero de sua criação. Aplausos por toda parte. Um
deles abriu uma garrafa e ofereceu ao poeta um cálice de excelente
vinho, Bernareo bebeu e continuou a espirituosa declamação. A um
sujeito que estava próximo, disse:
E tu, que és o primeiro
espirro Que Adão deu no Paraíso!
"Todos afirmaram una
voice:
-- É Bernardo Guimarães! É Bernardo! Eram
todos de Diamantina, já se sabe: são todos inteligentes. Nesse
momento, montava a cavalo meus companheiros. Saí apressado, deixando
Bernardo Guimarães recitando." (op. cit., págs. 7/9).
De José
Afonso Mendonça Azevedo são estas valiosas
reminiscências:
"Quando, em 1888, minha família se transferiu
do sul de Minas para Ouro Preto, foi residir na rua das Cabeças, em
cuja extrema e, pois, na sua parte mais elevada, entestando com a
larga estrada que conduzia ao Passo Dez de Cima, erguia-se o velho
casarão de D. Felicidade Gomes de Lima, sogra que foi de Bernardo
Guimarães". ("A sogra de Bernardo Guimarães", revista "Sul América",
junho de 1946).
Então, como se vê, naquele ano D. Felicidade
já não morava na Rancharia, mas no sobrado das Cabeças, de sua
propriedade.
"Pouco depois -- continua José Afonso Azevedo --
começo a tomar conhecimento do mundo, e o velho casarão de D.
Felicidade, em cuja companhia a filha sempre viveu, abre-se diante
de mim um mundo encantado: casa é a casa minha e dos meus irmãos,
como a nossa o é a dos filhos de Bernardo Guimarães.
"D.
Felicidade é uma velhinha isenta de carnes -- como Bilac pinta D.
Quixote -- de olhinhos vivos, andar ligeiro, inteligência aguda,
vontade viril, castigando, já depois da abolição, com a sua
manguara, o Belmiro, um alentado preto, por causa da Fortunata, a
mulher, a quem maltratava, mas também distribuindo mezinhas, frutas,
roupas e até dinheiro aos necessitados, quando não lhes batendo à
porta para levar o amparo necessário.
"Certa feita, alta hora
da noite, recebe por um próprio a comunicação de que, na
Estrada Real, que conduz à Corte, próximo de Queluz (atual
Conselheiro Lafaiete), seu filho Geral já por terra, morte,
assassinado. Dona Felicidade toma de seu animal, sai a galope
desenfreado e, dentro de algumas horas, garrucha em punho, vela o
corpo do filho até que, com o dia, a autoridade tome conhecimento do
fato.
"É a esta criatura justa, boa, mas severa quando é
preciso, que se rende à bonomia de Bernardo Guimarães.
"O
poeta estava se excedendo no seu culto báquico, e Dona Felicidade
deliberou submetê-lo a um regime de pequenas rações diárias. Comprou
uma ancoreta da boa, pô-la na copa, propinando ao vate, de quando em
vez, um cálice do líquido dionisíaco. Alguns dias Bernardo suportou
aquele regime, mas não tardou que Dona Felicidade notasse que nem
sempre as reações do poeta estavam na proporção da ração
servida, e isto se dava justamente quando o genro se demorava nos
seus passeios pelo quintal, que era imenso e coberto de árvores
ramalhudas e propícias. O caso é que Bernardo conseguira baldear,
através o intérmino paredão, que entestava com a estrada do Passa
Dez, um décimo do precioso líquido, enterrara-o, e por meio de um
canudo, barriga contra o chão, tranqüilamente sugava o néctar dos
seus desejos.
"Para Dona Felicidade, Bernardo era uma
criatura traquinas, cujas traquinagens ela repreendeu pela frente,
mas que, talvez, sorriso com ternura, perdoando-o, desculpando-o com
a sua santa bondade. Conheci-a já bem velhinha, fungando o seu
simonte, arrimada a um cajado, repreendendo os netos a qualquer
propósito e encerrando sempre a reprimenda com uma distribuição aos
repreendidos, e a nós, seus eternos companheiros, das muitas
gulodices que guardava na copa, ali onde morava a alma do Padre
Gatto, era, talvez, o último repouso da caveira de Tiradentes". (op.
cit., págs. 13 e 47).
Quanto à caveira de Tiradentes, que a
lenda afirma estar sepultada na casa de Bernardo Guimarães, é
assunto que se verá em capítulo seguinte.
O caso do corote ou
garrafão de cachaça enterrado no quintal do sobrado das Cabeças, no
qual, de bruços, no chão entre folhagem, o poeta ia sugar a bebida,
era uma velha e ridícula história havia muito tempo inventada por
algum bufão gaiato, e que José Afonso Mendonça Azevedo reproduz na
sua crônica publicada na revista "Sul América". Consultada D. Teresa
Guimarães sobre a veracidade de tão tola invencionice, afiançou ela
tratar-se de mais uma anedota de mau gosto, concebida para
perversamente macula a vida de Bernardo Guimarães. Não negava,
porém, que sua mãe deveras intransigentemente fiscalizava o uso de
aperitivos em sua casa, não os tolerando além do golezinho muito
moderado, assim procedendo não só para com o genro escritor como
para com qualquer outra pessoa que participava de sua
mesa.
Dona Felicidade Gomes de Lima faleceu já na República,
com quase 95 anos vividos numa existência de piedade e de virtudes,
tendo distribuído quase tudo que possuía -- e que não era pouco --
aos pobres e às instituições pias. Acha-se sepultada no interior da
capela do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, no bairro das Cabeças. Lá
já a esperava o seu marido Sebastião Gomes do Val.
Uma nota
me parece oportuno aqui acrescentar: a primeira edição desta
biografia, feita pelo Centro Gráfico do Senado Federal, em 1985,
além dos incontáveis erros tipográficos, como até troca de palavras
e omissões, ressente-se também de uma falha de minha parte, cometida
por culpa de uma informação imprecisa, com respeito à propriedade do
alto das Cabeças, de Ouro Preto, várias vezes mencionada neste
capítulo. Essa histórica mansão, tão ligada à vida de Bernardo
Guimarães, nunca pertencera a João Joaquim da Silva Guimarães, pai
do poeta mineiro, mas sim a Dona Felicidade Gomes de Lima, que a
comprou do padre Manuel da Silva Gatto.
Casando-se, e agora
nos braços de Eros, Bernardo Guimarães passou alguns meses
divorciado das Musas. Mas nada demorou para que se lhe reacendesse a
magia da poesia.
"O casamento -- escreveu João Alphonsus na
"Revista do Brasil", de maio de 1941 --, se não pôde mudar de todo a
sua vida de eterno despreocupado, ordenou a sua produção literária.
Sua esposa, Dona Teresa, admirava o escritor e fizera um casamento
por admiração."
Naqueles doces dias, andava o poeta empolgado
com os acontecimentos no sul do País, ocorridos na guerra com o
Paraguai. Na Rancharia, onde ainda estava residindo, sob o carinhoso
conforto prodigalizado por D. Felicidade, o vate compunha
versos patrióticos, exaltando os feitos de Curupaiti, de Avaí, de
Lomas Valentinas, de Itororó, Tuiuti. Nas "Heróides Brasileiras",
coleção de poemas depois insertos em "Novas Poesias", ele incluiria
alguns desses cantos cívicos.
Escreveu Carlos José dos
Santos:
"Como já disse em outra parte, [Bernardo] era um
ardente patriota. Sua lira inspiradora, durante a guerra do
Paraguai, afinou acordes vibrantes dos mais entusiásticos hinos
patrióticos. Não pôde, por isso, conter-se, vendo no Rio de Janeiro,
um mineiro -- B.R. -- inadvertidamente censurar a Minas, dizendo que
ela se colocara na retaguarda das outras Províncias, por não haver
concorrido com contingente algum para debelar a guerra contra o
tirano do Paraguai.
Bernardo tinha razões para estranhar a
asserção desarrazoada de B.R., pois, entre os numerosos e destemidos
voluntários partidos de Minas para o front do Sul, estava o Padre
Manuel, seu irmão, e aina o Dr. Calixto José Arieira, seu concunhado
e amigo íntimo, que prestou relevantes serviços como cirurgião nos
campos ensangüentados das pelejas contra o ditador López.
Foi
inspirado nos combates de Curupaiti e Humaitá que Bernardo Guimarães
compôs o drama histórico "Os Dois Recrutas", cujos originais
lamentavelmente se perderam sem terem sido publicados. Alguns
autores, como Escragnolle Dória (em "Minas Gerais em 1925", de
Victor Silveira, pág. 409), registram "Três Recrutas". Parece-me que
o sumiço desta peça deve-se a um circo, ao qual o escritor teria
emprestado, ou dado, os originais. É possível que até hoje ainda
tenha sido representada por este Brasil afora, com outro título e
atribuída a algum profissional do picadeiro.
Assegura Sousa
Ataíde:
"A peça "Os Dois Recrutas" foi ensaiada pelo mesmo
pessoa dos "Inconfidentes", cabendo o papel de Tibúrcio a Antônio
Fonseca, e de Argolo ao Prof. Rodolfo Bretas, os mesmos que depois
ensaiaram as "Nereidas de Vila Rica" ou "As Fadas da Liberdade",
drama este do mesmo autor e que não pôde ser levado ao palco por
conselho do sr. delegado de polícia, grande amigo de Bernardo". (op.
cit.).
Dos cronistas que me foi possível consultar, nenhum
outro, além de Ataíde, menciona essas "Nereidas de Vila Rica". Foi
drama que teve o mesmo destino de "Os Dois Recrutas", isto é,
ignora-se o paradeiro. Das peças teatrais de Bernardo Guimarães, só
se salvou "A Voz do Pajé", impresso por iniciativa de Dilermando
Cruz, que o incluiu, na íntegra, em sua biografia de
poeta.
Bernardo, sem pensar em direitos autorais, e sem se
preocupar com a possibilidade de lhe roubarem a autoria de suas
peças teatrais, entregava-as a mambembes, ou a troupes
profissionais que passavam pelas ribaltas de Ouro Preto, ou a
companhias circenses, depois de apresentadas por amadores da antiga
capital de Minas. Dos circos, cujos diretores e atores fizeram
amizade com Bernardo, sabe-se de uma companhia de acrobatas e do
Circo Eqüestre de Luís Casali, os quais, além do picadeiro, também
armavam palcos em que exibiam dramalhões e outras peças muito
aplaudidas pelo público de então. À jovem trapezista Seinel, deste
último, dedicou o poeta, em 1881, os versos O vôo
angélico, que inseriu nas "Folhas de Outono".
E não vamos
pensar que Bernardo Guimarães, nessa quadra tranqüila de sua vida,
estivesse vivendo unicamente às custas de D. Felicidade. Abandonou a
magistratura, é verdade, e nem mais queria ouvir falar em trabalhos
forenses, mas encontrou na pena e no magistério o agradável
passatempo e o regular ganha-pão.
Assim, regressara do Rio de
Janeiro, e ainda quando residia na casa de Carlos José dos Santos,
submetera-se o poeta a um concurso para provimento de uma cadeira de
latim. "Obteve ótima aprovação" -- informa Carlos dos Santos. Porém,
segundo esse mesmo autor, não lhe deram essa cadeira. Confiou-lhe,
contudo, o Conselheiro Joaquim Saldanha Marinho, então Presidente da
Província, as cadeiras de Retórica e de Filosofia do Liceu Mineiro.
E foi como professor e escritor que Bernardo Guimarães acabaria seus
dias.
Também lecionou Língua Pátria. "Em sua aula de
Português adotava a gramática Cirilo Delermand. Todos os dias
bradava contra o seu autor. Nesse tempo só havia a de Soares
Barbosa, Sotero dos Reis e mais uma outra." (Carlos José dos Santos,
op. cit., pág. 13).
Pois, mesmo como professor, e sob a
necessidade de compostura quando em cátedra, Bernardo não abandonava
o velho hábito de brinca e de pilheriar com todos, indistintamente,
pouco se preocupando com os bons ditames da circunspeção e das
conveniências.
"O Major Luís Maria de Sá Pinto, Diretor do
Liceu Mineiro de Ouro Preto, era muito corcunda. Presidia a uma
banca de exames. Bernardo, distraidamente, em um exercício seu que
estava a seu lado, traça a caricatura do Diretor, acompanhada de uma
série de versos mi lindos e engraçados. O Bretas leu e riu-se. O
Lagoa ficou muito sério. O Bernardo quase caiu da cadeira, quando
viu o Diretor tomar todos os exercícios e pegar no em que estava a
versalhada. Bernardo levantou-se e, saindo, ainda ouviu as
expressões de desagrado do Diretor". (Carlos José dos Santos, op.
cit., pág. 13).
Contava-me o saudoso e venerando clínico Dr.
Antônio Maximiano Xavier Lisboa (1860-1957), falecido quase
centenário, meu padrinho dd batismo, médico em minha cidade natal
(Itajubá), o episódio que presenciara, quando estudante de
preparatórios, em Ouro Preto:
Simeão e Ernesto Lacerda eram
irmãos, alunos do Liceu Mineiro. Maus discípulos, por isso fizeram
péssima prova de Português, sendo, com justiça, ambos reprovados por
Bernardo. Ernesto, porém, indignado, solicitou ao Diretor, Major
Luís Pinto, a revisão das provas. A Bernardo foi determinada a
reconsideração das notas dadas aos Lacerdas. O poeta revisou as
provas, findo o quê escreveu num bilhetinho qualquer coisa, que
entregou ao Ernesto. Era uma quadrinha em que dizia mais ou mesmo
isto:
Fiz a revisão nova, Meu amigo Lacerda, P'ra
dizer-te que a prova Está mesmo uma merda
Esse idôneo e
culto Dr. Xavier Lisboa, que bem conhecera a Bernardo Guimarães
quando professor em Ouro Preto, igualmente afiançava haver grande
exagero nas esbórnias atribuídas ao poeta
vila-riquense.
Bernardo Guimarães, dos irmãos, foi o que mais
viveu em Ouro Preto. Quando se casou, o mais velho, Joaquim Caetano
da Silva, encontrava-se no Maranhão, onde exercia a magistratura. só
na velhice retornaria à cidade natal. Jaques da Silva Guimarães
morrera jovem, quase ainda adolescente. O mano Manuel, vigário de
Araxá, fora para o Sul, como Capelão do Exército durante a guerra
com o Paraguai, e exercera o sacerdócio em várias outras
localidades. Maria Fausta, a irmã mais velha, estava casada com João
Inocêncio de Faria Alvim, e mora no distrito de Santo Antônio da
Casa Branca; seria a avó do grande poeta místico e simbolista
Alphonsus de Guimaraens. A mana Isabel residia em Entre Rios de
Minas, cidade que também já se chamou João Ribeiro.
Depois de
quase um ano de casado, o escritor mineiro passou por um grande
desgosto: faleceu, em 24 de janeiro de 1868, o Dr. Francisco de
Paula Pereira Lagoa, nascido em Ouro Preto em 8 de abril de 1828,
filho do Major Silvério Pereira da Silva Lagoa, ilustre varão, e de
Balbina Carlota dos Reis Lagoa. Diplomou-se em medicina em
1853.
Bernardo sentiu profundamente a morte desse notável
conterrâneo, a quem efusivamente se ligava pela intimidade, pela
sólida amizade, pela admiração e ainda pela gratidão. Viveu semanas
sobremaneira abatido com esse passamento.
Naquela mesmo ano,
um novo acontecimento estava reservada para o poeta. Não mais um
túmulo, mas um berço: nasceu-lhe o primogênito, o João
Nabor.
E foi ainda por aquela mesma época que Pedro
Fernandes, seu grande admirador e amigo, o surpreendeu com o
oferecimento de um longo poema, intitulado A
Bernardo Guimarães, composição de 18 estrofes, que Bernardo
enfeixou no volume das "Novas Poesias".
Esse poema de Pedro
Fernandes foi composto em 1868, mas, por razões que ignoro, somente
cinco anos depois, em 1973, quando Bernardo já estava como professor
em Queluz, é que o bardo ouro-pretano responderia, com uma
composição também longa, e também incluída nas "Novas Poesias". Esse
poema, "resposta a Pedro Fernandes", tem como título A
poesia.
Mas quem é Pedro Fernandes?
Pedro
Fernandes Pereira Correa foi um grande talento. Nasceu em Montes
Claros, MG, em 29 de junho de 1837, e faleceu no Serro em 9 de
dezembro de 1879 (e não em 9 de novembro de 1878, conforme registram
Xavier da Veiga nas "Efemérides Mineiras", e Alphonsus de Guimarães
Filho nas "Poesias Completas de Bernardo Guimarães).
Filho de
José Fernandes Pereira Correa e de Eduarda Maria de Jesus. Estudou
nas primeiras letras em sua terra natal, e os preparatórios no
Seminário de Diamantina e no Ateneu de São Vicente de Paula desta
mesma cidade. Fez o curso de Direito em São Paulo, diplomando-se em
1864. Exerceu a advocacia em Diamantina e em outras cidades de norte
de Minas.
De Basílio de Magalhães (op. cit., pág. 93) são as
seguintes informações sobre Pedro Fernandes: "Talento robusto e
desabusado, granjeou invejosos e desafetos, porque não sabia poupar
os medíocres e os sandeus do seu tempo. Versejou desde os bancos
acadêmicos, onde sobremaneira se destacou entre os colegas. Não se
esterilizou de todo na magistratura e na politicagem do sertão, pois
ainda escreveu versos líricos e satíricos, tentando também o
condoreirismo, nas belas sextilhas denominadas "A Ventania". Mas as
suas produções poéticas, não poucas, deixaram de ser reunidas em
livro".
Bernardo Guimarães foi
violonista e flautista de rara habilidade, bom conhecedor de música
teórica e inspirado compositor de valsas e canções sentimentais,
no gênero em que tanto se notabilizariam Chiquinha Gonzaga, Freire
Júnior, Zequinha de Abreu, Décio Pacheco Silveira, Santos Coelho e
também outras justas glórias de nossa autêntica música popular.
Boêmio e indiferente, não se preocupou nunca o poeta em
gurdar e perpetuar suas belíssimas composições, pois jamais
sonhou com louros. A não ser algumas peças que se conhecem hoje
sob a paternidade de outros autores, ou uma ou outra composição
truncada, conservada, de ouvido, pela família, o resta está
lamentavelmente perdido.
“Muita música manuscrita, composto por nossos mineiros, se
perdeu, utilizada como papel de embrulho ou no fabrico de fotos de
artíficos”, diz Eurico Nogueira Franca, em “A Música no
Brasil”, 1935, página 6.
As Bernardo Guimarães não tiveram destino diferente, e um
dia subiram no rabo de rojões, ou serviram para embrulhar rapadura
e sabão nas tavernas da estrada da Rancharia ou na venda do Alto
das Cabeças.
Souza de Ataíde chegou a ouvir Bernardo executar, na flauta,
a “Madrugada do Pastor”, de autoria do próprio Bernardo, e
Carlos José dos Santos assim informa: “Tocava bem violão. Vi-o
(a Bernardo) muitas vezes tocar o “Suicídio”, “Último
Pensamento de Weber”, com todas as variações que se encontram no
método de Carcassi”.
O mesmo Carlos dos Santos assim escreveu: “Bernardo tinha
excelente voz de tenor; era bom músico e assim pôs em música
diversas poesias suas e de outros, entre as quais esta:
Pensam que vejo, -- não vejo,
Não vejo que cego estou.
De quem servem teus olhos
Se minha luz se acabou?
Ah! Não deixes que eu me perca
Nesta imensa escuridão!
Oh! anjo, que me cegaste,
Vem, ao menos, dar-me a mão.
Depois de transcrever uma longa poesia de 16 estrofes,
assegura Carlos dos Santos havê-las Bernado posto em múscia. É
esta a primeira copla:
A minha amada de ontem
Era formosa e linda;
Mas, tu, que hoje adoro,
És mais formosa ainda!
De “Catalão de ontem e de Hoje”, de Cornélio Ramos,
membro da Academia Catalana de Letras, páginas 49/50, colho mais as
seguintes informações:
“Ricardo Paranhos, em suas memórias, informa-nos que
Bernardo era um bom músico e excelente poeta. O instrumento de sua
preferência era o violão. Chegava, às vezes, em suas repetidas
serenatas, a executar belíssimos números musicais compostos de
improvisos, número que não conseguia recompor posteriormente por não
guardar na memória letra e música ao mesmo tempo. Boêmio incorrigível,
acompanhado sempre por amigos, pessoas de destaque nos meios
culturais da cidade, entre os quais o poeta Roque Alves de Azevedo
(Roquinho). Roquinho e Bernardo foram introdutores das românticas
serenatas em Catalão. Segundo Prestes Paranhos, “Catalão ouvi
suas primeiras serenatas por Bernardo e Roquinho, os quais
adentravam a noite catalana versejando ilusões desfeitas, amores
impossíveis, romances destruídos. Quanto coração chorou a
saudade do passado, na música rimada, nos acordes sonoros das serenatas e no estro poético de Bernardo Guimarães?
Mais moderados, em 15 de agosto de 1867 contrairia núpcias com
D. Teresa Gomes de Lima, senhora portadora de apreciável
cultura.”
Já se imaginou que espécie de juiz municipal e de direito ,
e de delgado de polícia foi esse que, às vezes, deixando as lides
forenses e o escritório da autoridade que representava, ia para o
mato, longe da civilização, para participar do sodalício de
escravos fugidos, de muladeiros, de capuava que arrotavam valentias,
de criminosos, de foragidos da justiça, de gatunos sentado em
bancos toscos das cabanas de sapé ou do esconderijo da floresta,
para ouvir cavaqueiras de faquistas, ou com eles comer pinhão
saborear uma dosezinha da boa sete-virtudes legitimamente goiana,
depois de ter nadado, nuzinho da silva, no Paranaíba, e de um exercício
de pescaria no remanso dum ribeirão? Esse meritíssimo juiz que, de
violão em punho, à luz do luar, mandando a toga às favas, ia
cantar modinhas, sem mais aquela, fazer versos e libertar todos os
perigosos, seus amigos?!
A “Canção de Sereia”, incluída pelo poeta em “A Ilha
Maldita”, foi posta em música pelo próprio Bernardo, composição
que ele gostava de ouvir interpretada por Maria Vasconcelos, beldade
ouro-pretana, acompanhada à flauta por ele próprio. Às vezes
galhofava com composições alheias, fazendo paródias humorísticas,
como aque.a que fez quando de “Quanto custa uma saudade”,
brincadeira transcrita por Carlos José dos Santos no seu
“Bernardo Guimarães na Intimidade”. Nem mesmo o seu saudoso
companheiro Aureliano Lessa pouparia o divertido vate, chegando a
publicar uma chocarreira paródia das “Lembranças do nosso
amor”, canção de Aureliano muito em moda naquele tempo, paródia
esta estampada pelo “Constitucional” de Ouro Preto, e
reproduzida por Basílio de Magalhães no seu “Bernardo Guimarães”.
O poeta e músico de Ouro Preto chegou até a fazer um
“arranjo” para a quatragem. A quem desejar saber o que era uma
quatragem, o próprio Bernardo o explicará nas páginas 84 e 85 de
“O Seminarista”, da edição de 1931.
Em 1882, compôs o “Hino a Tiradentes”, excelente pela,
posta em música pelo maestro e compositor Emílio Soares de
Gouveia. A primeira estrofe e a quadra do refrão assim eram:
Salve, salve, ínclito mártir,
Respandecente farol!
Da aurora da liberdade
Foste o sangrento arrebol.
Veja o estribilho:
Em soberbos monumentos
Grave a mão da pátria histórica:
-- Maldição a teus algozes,
Ao teu nome eterna glória.
São sete estrofes além deste ritornelo.
O poema “Sei eu de ti me esquecer”, incluído em “Novas
Poesias”, é composto de seis estrofes uniformes. A primeira assim
é:
Se eu de Tim me esquecer, nem mais um riso
Possam meus tristes lábios desprender;
Para sempre abandone-me a esperança
Se eu de Ti me esquecer!
A essa composição, Alphonsus de Guimaraens Filho faz a
seguinte elucidação: “Este poema, sem dúvida dos mais característicos
do movimento romântico em nosso país e da poesia propriamente romântica
de Bernardo Guimarães, alcançou grande popularidade em seu tempo,
sendo, ao que nos consta, musicado e cantado por nossa gente,
sobretudo em Minas Gerais”.
Muitas outras composições de Bernardo Guimarães foram
postas em música, ou por ele próprio, ou por competentes maestros.
Afiançam-me que “A uma estrela”, do volume “Cantos da Solidão”,
e “Olhos Verdes”, das “Poesias Diversas”, chegaram a ser
gravadas em “discos da Casa Edson”, de gramofone, nos idos do
Baiano, Eduardo das Neves e do Mário. E não se pode esquecer que
“Jupira”, novela de Bernardo, já foi transformada em ópera.
Muito contribui, pois , Bernrdo Guimarães para a música
brasileira.
Para que não fique este capítulo sem, pelo menos, uma
pequena amostra das composições musicadas do poeta mineiro, aqui
fica, canção hoffmannesca “A orgia do duendes”. Compõe-se a
letra de 61 estrofes, de versos todos corretamente rimados,
obra-prima de eneassílabos impecavelmente ritmados pela tônica nas
terceiras sílabas, como bem poucos poetas souberam fazer igual.
Não se levando em conta lamentáveis e desrespeitosas figurações
de alguns vultos participantes dessa orgia, esses versos são de
grande significação cultural, pois é uma artística evocação
folclórica de mitos ainda vivos na mente dos ignorantes e
supersticiosos. O meio da noite, e onde, naquelas horas, na sua
imaginação ocorrem cenas sinistras, durante o dia, à luz do sol,
tudo de horrífico se desvanece. É o sentido do poeta. O poeta aqui
se valeu da crendice popular, de almas do outro mundo, de reencarnações
tétricas, de lêmures fabulosos, de trasgos fantásticos, de
mafarricos de ritos macabros vividos nas horas mortas da noite.
A orgia infernal é realizada no seio da floresta, no
instante sinistro da meia-noite. Aparecem todos os comensais de um
epicureu e soturno esqueleto, o sapo-inchado, o caturra, a
mula-sem-cabeça, os captas, os demônios, as bruxas. Ao surgir da
autora, porém, nem “se viam vestígios da nefanda, asquerosa
folia, mas onde “inda pouco se viu tanto horror”, passeava sem
medo uma linda virgem cismando de amores. A integra do poema está aqui.
Coelho Neto, no seu “Compêndio da Literatura
Brasileira”, julga que Bernardo Guimarães, “mais notável como
romancista”, foi na poesia um diletante. Entre “A Orgia do
duendes”, composição macabra, e o “Dilúvio de papel”,
fantasia humorística, há um abismo. Não foi um filiado: seguia a
imaginação, deixando-se arrebatar à altura, ou consentido, sem
protesto, em segui-la no charco, se elas entendesse leva-lo.”
Que Bernardo era um independente, isso é verdade manifestada
em todos os atos de sua vida, fato que o marcaria para sempre,
evidente em sua boêmia. Mas Coelho Neto andava in albis em poética,
e, pelo que se infere, não compreendeu devidamente a composição
do vate mineiro. Se bem a interpretasse, o abismo desapareceria.
Melhor concepção está com Antônio Cândido, em
“Aspectos sociais da literatura em São Paulo (“Estado de S.
Paulo”, de 25-1-1954). Com restrição à infundada melancolia que
ele divisa nesse xadrez, assim ajuíza: “Outro traço, que reforça
a semelhança geral do romantismo com o modernismo, é a atitude de
negação, que lá foi satanismo, aqui troça e piada. O humor e
chacota pertencem também à atitude romântica, e uma de suas
manifestações mais típicas, “A Orgia dos duendes”, de
Bernardo Guimarães, é um xadrez de brincadeiras, melancolia e
perversidade; são esta duas, porém, que mais predominam”.
Mais de um cronista, sem atentar para o tema folclórico da
composição, chegam à estultícia de imaginar que o poeta tenha
aqui composto uma loa infernal de mancomunação com a bruxaria, o
satanismo, o vampirismo!
Alguns autores vêem nessa obra bernardina uma arremedo de
Macbeth. É mera dedução, em face da semelhança das extravagâncias
metuendas e fantásticas, embora sem o cunho cultural e a
genialidade métrica que se notam na composição do poeta mineiro.
Isto porque Shakespeare, no Ato VI, cena I de seu famoso drama, também
concebe bruxas horríficas, numa caverna sinistra, ao redor de uma
caldeira infernal na qual são atirados sapos, “intestinos
envenenados”, “filé de serpente dos pântanos”, “olhos de
camaleão e dedos de rãs”, “pêlos de morcego e língua de cão,
forquilha de víbora e ferrão de lacrau, perna de lagarto e asa de
corujinha”, “escamas do dragão, dente de lobo, múmias de
feiticeiras”, “fígado de judeu blasfemo, fel de bode”,
“nariz de turco”, “entranhas de tigre”, “dedo de criança
estrangulada ao nascer” e outros semelhantes ingredientes,
enquanto as feiticeiras dançam ao redor do panelão a ferver. Nada
disso se compara à engenhosidade de Bernardo Guimarães.
Outros imaginam que o escritor mineiro tenha-se inspirado na
“Noite de Walpurgis”, do Fausto. Nem percebem que a pela de
Goethe é uma desenxabida e monótono miscelânea de figuras mitológicas,
de fracas fantasias, uma mixórdia com sábios da velha Grécia e diálogos
enfadonhos e dramalhonescos. Só porque o poeta alemão fala em
espectros, em aparições, em fantasmas?
Publicado, com outra música, duas estrofes de “Orgia dos
duendes”, Alexina de Magalhães Pinto fez estampar, nas
“Cantigas das Crianças e do Povo” (Livraria Francisco Alves, página
270, esta descabida observação: “Atribuem alguns a Bernardo
Guimarães esses versos; não me foi dado verificar com que
fundamento”. Ora, D. Alexina, o que deveria fazer era procurar nos
livros do poeta o “fundamento” dessa informação! E o encontraria no volume de “Poesias Diversas”. Aliás,
Artur Neiva, nos “Estudos da Língua Nacional” (1940, página
265), também pôs em dúvida a autoria, tanto foi que omitiu o nome
do divertido boêmio, por culpa de D. Alexina.
Para os folcloristas, “A Orgia dos Duendes” cabe ser
estimada como uma composição muito interessante, já que desfilam
por suas estâncias alguns mitos e lendas da crendice popular. E
para os estudiosos de nossa língua, esse poema é também
interessante pelo grande número de vocábulo genuinamente
nossos”, lembra Basílio de Magalhães, tais como jirau, jitirana,
jetiranabóia, combuca, mutuca, bandurra, capetinha, marimbau,
cateretê, rebenque... |
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Dona Felicidade, sogra de
BG
Em novembro de 2001, o escritor Marcos
Teixeira flagrou o estado de abandono em que se encontrava
o casarão onde BG morou em Ouro Preto. As fotos
seguem abaixo.
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