Cabeleireiro assassinado em Cravinhos foi traído por falsos amigos

Fonte: Jornal A VERDADE

(a fonte original sofreu algumas modificações a fim de preservar a identidade dos envolvidos)


       Menos de doze horas após o início das investigações, o Setor de Patrimônio da DIG, já tinha esclarecido o assassinato do cabeleireiro Fernando A. M., de 33 anos, cujo corpo foi encontrado na tarde da última Sexta-feira na Fazenda Cantagalo em Cravinhos. Três pessoas foram presas, acusadas de envolvimento do crime, qualificado como latrocínio, já que vários objetos foram roubados da casa da vítima.

        Investigações - A polícia começou as investigações suspeitando da participação de um Escort, que fora visto por uma testemunha estacionado em frente à casa de Fernando na Sexta-feira, dia em que o corpo foi encontrado.

        Os investigadores trabalharam inicialmente para estabelecer uma relação entre o assassinato e o roubo de um veículo em Ribeirão Preto, encontrado abandonado nas proximidades de Cravinhos na noite da mesma Sexta-feira. Como a hipótese não se confirmou, a equipe responsável pelo caso resolveu investigar outras alternativas e acabou levantando o número do celular de um mototaxista de Cravinhos.

        Ouvindo várias pessoas da cidade vizinha, os policiais chegaram inicialmente à casa de um dos acusados, onde foram encontrados vários objetos que pertenciam à vítima. Com a identificação de outro suspeito, em pouco tempo o crime começava a ser esclarecido.

        Premeditação - O cabeleireiro, morto com três tiros nas costas, cujo reconhecimento, feito pelos próprios familiares a partir de uma fotografia estampada na primeira página do Verdade, teve sua morte planejada uma semana antes. Dela participaram os acusados A.R., de 25 anos, A.H.L., 19 anos, ambos mototaxistas e residentes em Cravinhos, e C.L.P.N., 38 anos, residente em Ribeirão Preto.

        Segundo a polícia, o assassinato foi cometido na própria fazenda em que o corpo foi encontrado, para onde Fernando fora atraído com o argumento de que ali seria um local para se caçar passarinhos. Levado até lá pelos três acusados, o cabeleireiro acabou sendo assassinado friamente, apesar dos apelos para que não o matassem.

        Ao tomar o primeiro tiro, ele correu, mas acabou recebendo mais dois tiros pelas costas.

        Presos - Os investigadores conseguiram levantar os acusados da autoria do crime afastando a suspeita inicial de que os ladrões do Escort roubado em Ribeirão Preto estivessem envolvidos no latrocínio.

        Mas, através de depoimento de uma testemunha, a polícia soube com certeza que um Escort havia ficado estacionado até o início da tarde de sexta-feira em frente à casa do cabeleireiro, e que nele haviam sido colocados diversos objetos da casa da vítima.

        Investigando o número do celular de um mototaxista, os policiais acabaram descobrindo os sus[peitos do assassinato. O primeiro a ser encontrado R., a princípio negou Ter participado do crime, mas com o encontro de equipamentos de som com duas caixas acústicas, garrafas de bebidas, Cds, fitas de vídeo e um toca-discos da vítima em sua residência ele não pôde continuar negando seu envolvimento.

        O segundo suspeito, H., também detido em Cravinhos, facilitou o trabalho para os policiais, admitindo de pronto Ter participado da morte do cabeleireiro, mas tanto ele como A. afirmaram não Ter matado Fernando. Segundo ambos, a incumbência de eliminar o cabeleireiro ficara com C.

        Confissões - Ao serem detidos e conduzidos à Delegacia de Investigações Gerais, todos contaram as suas versões para o assassinato. C. , acusado pelos outros de Ter atirado contra o cabeleireiro, admitiu que o fez, mas tinha os seus motivos. H. disse que sabia que Fernando iria ser morto e sua tarefa iria ser atrair a vítima para a "escama", a armadilha. R., um pouco mais ciente e temerosos quanto à gravidade do crime, preferiu ser mais discreto mas não chegou a negar seu envolvimento .

        Ao descrever as circunstâncias do assassinato, C. disse que matou o cabeleireiro em razão de comentários sobre um possível relacionamento dele com Fernando, que era homossexual assumido. Isso o teria incomodado muito, inclusive provocando a separação com sua mulher.

        Ele disse que estava em casa quando H. passou de motocicleta e o levou para Cravinhos, onde já se encontrava R., em companhia de Fernando. C. afirmou que a arma, um revólver calibre 38 de cano curto, estava com R., que apenas lhe entregou o objeto momentos antes do crime.

        H. - A versão de C. não foi confirmada por H., que sem meias palavras afirmou que a morte do cabeleireiro vinha sendo planejada havia uma semana, quando ele, H., havia sido convidado para participar do crime, recebendo como recompensa uma televisão 29 polegadas, pertencente à vítima. O mototaxista contou que, tomando emprestado um Escort de um parente, esteve pela manhã na casa do cabeleireiro e de lá, juntamente com seu cunhado R. e C., seguiram para Cravinhos, todos já com a intenção de eliminar Fernando e depois assaltar sua residência. H. contou friamente que durante a viagem até Cravinhos os quatro brincaram muito, falando cada um sobre os passarinhos que iriam caçar, e que o cabeleireiro estava muito contente, com certeza de que desfrutava de uma momento de intensa felicidade, com amigos em que ele confiava plenamente.

        Sobre a maneira como o cabeleireiro foi morto, H. disse que foi tudo muito rápido. C. desceu do carro, sacou a arma e a apontou para Fernando. De início, ele pensou que fosse uma brincadeira, mas ou perceber que eles não estavam brincando implorou para não ser morto. O seu pedido não chegou sequer a ser levado em consideração. Segundo C., logo depois de disparado o primeiro tiro a vítima saiu correndo , quando outros disparos foram efetuados, três deles atingindo o cabeleireiro pelas costas.

        Chave - H. contou também, em seguida, depois de se certificarem da morte da vítima, C. revistou-o para apanhar a chave da casa dele, que se encontrava no bolsa da calça, quando voltaram para Ribeirão.

        A duas quadras da casa do cabeleireiro, C. desceu do carro, deixando que Humberto fosse sozinho até a residência e retirasse os objetos, que depois de colocados no carro, foram divididos entre os três, ficando H. com a televisão de 29 polegadas e uma máquina de lava-jato, enquanto os outros aparelhos, bebidas e roupas, fossem divididas entre os outros dois. Quase tudo foi recuperado.

        Foi decretada prisão temporária de dez dias para os três envolvidos, que permanecerão recolhidos no anexo do 1º Distrito Policial até a conclusão do Inquérito. A polícia ainda deve ouvir outras testemunhas e tentar localizar um indivíduo, já identificado, que forneceu a arma a C. para consumação do latrocínio.

       Leia em Temas de Discussão - Preconceito, maiores informações sobre o caso.


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