eloy.arraes@itelefonica.com.br
Até
que fossem decifrados os escritos cuneiformes,
ele era só conhecido no livro de Daniel e por sua reprodução
em Josephus, onde ele é representado como o filho de Nabucodonozor e o último
rei de Babilônia.
Como
o nome dele não se aparece na lista dos sucessores de Nabucodonozor feita pelos
escritores gregos, foram estudadas várias sugestões sobre a identidade dele:
Niebuhr
o identificou com Evil-Merodach,
Ewald
com Nabonidos
outros
ainda com Neriglisser.
A decifração dos textos de cuneiformes acabaram com todas as tais especulações.
Em
1854 H. C. Rawhinson decifrou o texto em uma inscrição que pertence ao primeiro
ano de Nabonidos o qual tinha sido descoberto nas ruínas do templo do Deus
Lua em Muqayyar ou Ur: dizia o texto: Bel-sarrauzur ,
defenda o rei,. Nesse texto, Nabonidos o chama
de seu filho primogênito, e
reza para que ele possa não dar oportunidades
para pecar, mas que o medo da grande divindade do Deus-Lua pudesse morar
no coração dele. Nos contratos e documentos há semelhantes referências freqüentes
a Belshazzar que às vezes é intitulado simplesmente o filho do rei.
Ele
nunca foi Rei e nem era filho de
Nabucodonozor, na verdade o pai dele era Nabonidos
(Nabunaid), o filho de Nabu - ~ baladsu-iqbi, não relacionado com a família de
Nabucodonozor o qual deveu a sua acessão ao trono a uma revolução palaciana.
Porém, Belshazzar parece ter tido mais energia política e militar que o pai
cujos gostos eram a arqueologia e a religião; Belshazzar
foi comandante do exército, e enquanto isso morava no acampamento perto de Sippara, e organizava a
defesa contra a invasão de CIRO. Por essa razão a tradição
judaica substituiu o nome do pai pelo nome dele, e usou a morte dele para marcar
a queda da monarquia babilônica.
Nós
aprendemos da crônica babilônica que do
7º ano de Nabonidos (548 A.C.) em diante o filho do rei estava com o exército
em Akkad nas vizinhanças de Sippara. Isto de acordo com o. Dr Th. G. Pinches, o
qual fala dos numerosos presentes dados por ele ao templo do Deus-Sol
em Sippara. Então no 5º dia
de Ab dentro do 7º ano de Nabonidos quer dizer, aproximadamente três
semanas depois que as forças de Ciro entraram na Babilônia e só três meses
antes da morte de Belshazzar o
encontramos pagando 47 shekels de prata ao templo em nome da irmã dele, valor
esse que representava o dízimo devido por ela. Num período mais cedo há menção freqüente das transações
de comércio dele que foram levadas a cabo pelo seu mordomo. Assim em 545 A.C.
ele emprestou 20 manehs de prata a um indivíduo,
e um ano depois o mordomo dele negociou um empréstimo de 16 shekels.
A
história do banquete de Belshazzar e do assédio e captura de Babilônia por Ciro
que está descrita nos livros de Daniel e no Cyropaedia de Xenophon indicam ser
reproduções por retro-projeção da re-conquista da cidade por Darius
Hystaspis.(Dario o Medo)
Na realidade os fatos teriam sido muito diferentes. Ciro tinha invadido a Babilônia em duas direções, ele marchou para a confluência do Tigre e Diyaleh, enquanto Gobryas, o sátrapa do Kurdistão, conduziu outro corpo de tropas ao longo do curso do Adhem.
A
parte do exército babilônico que deveria proteger a fronteira oriental tinha
sido confiada a Opis e foi derrotada nos bancos do Nizallat, e os invasores entraram
pelo rio Tigre na cidade de Babilônia. No 14º dia de Tammuz (junho), 538 A.C., Nabonidos fugiu de Sippara
para onde ele tinha levado os filhos, e a cidade de Babilônia se rendeu
ao inimigo. Enquanto isso Gobryas tinha sido despachado para Babilônia
abriu seus portões ao invasor nos 16º do mês sem combate ou batalha, depois
de alguns dias Nabonidos foi tirado do seu esconderijo e foi feito prisioneiro.
De
acordo com Berossus, Nabonidos posteriormente foi designado pelo conquistador
como governador de Karmania . Porém, Belshazzar ainda ofereceu resistência, e
provavelmente o próprio Ciro não chegou Babilônia até quase quatro meses
depois, em 3º de Marchesvan. No dia 11º daquele mês Gobryas foi despachado
para pôr termo à última ameaça de resistência no país, e o filho do rei
morreu.
Conforme
a política conciliatória de Ciro, um luto geral foi proclamado por causa da
morte dele, e isto durou seis dias, de 27º de Adar até 3º de Nisan.
Infelizmente as letras que representam o palavra filho está indistinta no
tablete que contém os anais de Nabonidos, de forma que a leitura não é
absolutamente certa. Porém, a única outra leitura possível seria “o rei
morreu”, e esta leitura é excluída pelo fato que Nabonidos se tornou um sátrapa
Persa, e em parte porque não se fala mais em Belshazzar nos anais da época
A
morte de Belshazzar subseqüentemente a rendição de Babilônia e a captura de
Nabonidos, e com isto o último esforço nativo para resistir ao invasor,
responderia pela posição que ele assumiu na tradição posterior e ter o seu
nome em substituição ao do Rei.
Texto original em http://17.1911encyclopedia.org/B/BE/BELSHAZZAR.htm
Bibliografia: See Th. G. Pinches, P.S.B,A., May 1884; H. Winckler, Zeitschriftfiir Assyriologie, ii. 2, 3 (1887); Records of the Past, new series, i. pp. 22-3 I (1888); A. H. Sayce, The Higher Criticism, pp. 497-537
+189